Raphael Logam entre duas séries

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Ator Raphael Logam se reveza entre as gravações de Impuros e de O jogo que mudou a história. Em entrevista, ele fala sobre a importância do crescimento da representatividade no audiovisual

O ator Raphael Logam está dividido entre os sets de duas séries. Ele grava a quarta temporada de Impuros ao mesmo tempo da primeira de O jogo que mudou a história. Com personagens diferentes, Raphael também se prepara para Nada suspeitos ー desta vez uma comédia.

“É extremamente desafiador (gravar as séries ao mesmo tempo) porque demanda um ajuste de agendas e, ao mesmo tempo, é um grande privilégio. É um momento de celebração para mim. Quero que todos meus irmãos tenham o mesmo espaço que eu”, afirma Raphael, em entrevista ao Próximo Capítulo.

Tanto Impuros como O jogo que mudou a história têm a favela como pano de fundo, mas isso não incomoda Raphael, pois o ator acredita que a favela tem muitas histórias para contar e, mais do que isso: que elas precisam ser contadas. “O que mais tem lá é griô pra contar (imagina esses griôs trabalhando numa sala de roteiro). Mas tem que contar tudo. Não só a parte ruim. A quem desenvolve as histórias e/ou imagina como é na favela, sugiro subir e conhecer as histórias boas também”, afirma o ator.

Ele exemplifica com casos de pessoas que nem passaram perto do crime e se formaram em faculdades públicas (“que são feitas pra gente que tem dinheiro pra fazer cursinho caro”) ou de quem esteve no crime, mas, “felizmente”, deu a volta por cima. “Essas histórias têm que ser contadas. Porque parar de falar de favela nunca vai acontecer. O Rio de Janeiro não tem história sem as favelas, a Baixada, o subúrbio. Vamos investir e contar essas histórias boas”, comenta.

Trazer essas histórias ainda preenche uma lacuna histórica na nossa teledramaturgia: a de criar referências para que meninos e meninas negros se identifiquem na telinha. “Referência é uma das coisas que mais falta na TV em geral. É preciso normalizar o preto rico. É importante contar que venceu, mas é importante também colocar isso como uma coisa normal: é médico, juiz, ministro… e ponto. Já começa a trama daí. A gente precisa se ver nestes lugares e a TV é um, se não for o maior, canal pra isso”, afirma, enfático.

Entrevista // Raphael Logam

Você está gravando a quarta temporada de Impuros. Depois de tanto tempo como fazer para não cair na armadilha do “piloto automático” na composição do personagem?
Depois de algumas temporadas a gente “vira a chavezinha” e consegue acessar com mais facilidade a energia do personagem em cada situação. Mas isso não facilita totalmente no dever de casa. O estudo e a entrega continuam na mesma intensidade. Por exemplo, na minha construção de personagem, uma das coisas que faço é ficar jogando capoeira como o personagem jogaria. Isso eu nunca deixei de fazer em nenhuma temporada. É uma das coisas que me ajudam a acessar o Evandro.

O que o Evandro da primeira temporada e o Evandro que vamos encontrar agora têm em comum?
O Evandro continua o mesmo, com a mesma gana – o que muda são as situações. A ambição com os negócios e a preocupação dele com a família só aumentam. Ele continua crescendo, atuando em mais negócios e gerando mais inimigos.

Depois das duas indicações ao Emmy, a pressão sobre seu trabalho aumenta?
Aumenta, mas especificamente a minha, porque eu me cobro muito. Agora que consegui acessar esse lugar de receber duas importantíssimas indicações, quero mais. E, com isso, a cobrança aumenta, inevitavelmente.

Você também está gravando O jogo que mudou a história? Como é essa série e quem é seu personagem?
Estou gravando, sim, e o meu personagem é inspirado num personagem real, um agente penitenciário. A série vai mostrar toda trajetória desse agente que acompanha o surgimento das facções do narcotráfico no nosso Estado.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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