Disponível no Brasil na Paramount+, Pen15 aposta alto no constrangimento de ser adolescente para tentar desbancar a favorita Ted Lasso
É difícil sobreviver à mudança da infância para o mundo adulto sem passar por uma boa dose de tropeços e constrangimentos, é exatamente neste delicado “ponto de passagem” que Pen15 aposta todas as fichas na disputada indicação de melhor série de comédia, uma das três emplacadas na edição 2021 do Emmy.
Criada por Maya Erskine, Anna Konkle e Sam Zvibleman, Pen15 tem sua exibição original nos Estados Unidos pela Hulu. No Brasil, a produção já foi transmitida pela MTV e agora está disponível no streaming da Paramount+. Maya e Anna protagonizam a série (e dão nome às personagens). Mesmo com mais de 30 anos, as atrizes interpretam duas garotas de 13 anos que estão descobrindo o mundo, os amores e os limites da amizade.
Amizade e vergonha
A grande veia cômica de Pen15 é o fato de que praticamente tudo que “Ma” e “Na” fazem resulta em constrangimento. Certas cenas fazem os telespectadores fecharem os olhos de tanta vergonha — como imitar uma coruja durante o quase primeiro beijo.
Entretanto, no andar dos primeiros episódios, em uma camada abaixo desta vertente mais “pastelona” de humor, Pen15 discute com muita sagacidade dois aspectos muito relevantes socialmente (e difíceis de serem explorados na TV): a força da amizade jovem e o que todos gostaríamos de esquecer da adolescência.
Todo o constrangimento dos altos e baixos de Maya e Anna talvez nem ocorram tanto por conta da idade, mas porque as meninas não querem destruir a amizade que tem uma com a outra durante este processo de crescimento. Amizades de adolescência são complexas ao ponto de parecerem indestrutíveis e para a vida , mas também podem ser esquecidas quase que completamente alguns anos depois.
Em síntese, Pen15 definitivamente merece a indicação como melhor série de comédia, e sim, merecia até a vitória! A tarefa, contudo, deve ser complicada, tendo em vista as concorrentes mais “badaladas”, como Hacks, The flight attendant, e (especialmente) Ted Lasso.
Leia sobre os indicados ao Emmy no Próximo Capítulo
Bridgerton – Entre Downton Abbey e Gossip girl, Bridgerton aposta em monarquia em formato pop
Emily in Paris – Vale a pena dar uma chance para a série Emily in Paris
Hacks – Aquecimento para o Emmy: Jogo entre atrizes é o que vale em Hacks
Halston – Você não precisa entender de moda para gostar da minissérie Halston
I may destroy you – I may destroy you tem trama desconexa apesar do mérito de abordar tema tabu, o abuso sexual
Lovecraft country – O racismo é o grande monstro a se combater
Mare of Easttown – Mare of Easttown não só uma série policial
O gambito da rainha – Trama envolvente até para quem não entende de xadrez
Ted Lasso – Ted Lasso é a comédia Sessão da tarde da Apple TV+ (e isso não é ruim)
The boys – Três pontos positivos e negativos sobre a 2ª temporada
The crown – Quarta temporada de The crown é dominada por mulheres fortes
The flight attendant – Kaley Cuoco manda e desmanda em The flight attendant
The handmaid’s tale – O trabalho (e o prazer) de evoluir
The mandalorian – Universo de Star wars é revivido na série The mandalorian
The undoing – Trama repleta de mistério e suspense
WandaVision – Seriado entrega mensagem que vai além do heroísmo