Autor: Ana Paula Lisboa
*Isadora Martins
A conclusão é de uma pesquisa elaborada pelo Comitê Científico do NCPI. A Estratégia Saúde da Família também aumenta a frequência escolar das crianças
O programa Estratégia Saúde da Família (EFS), uma das iniciativas do Sistema Único de Saúde (SUS), reduz em até 34% a mortalidade infantil. É o que aponta uma pesquisa elaborada pelo Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI)*, apresentado na última terça-feira (10), em São Paulo. Implementada pelo Ministério da Saúde em 1994, a EFS inclui uma série de ações de prevenção a doenças e cuidados básicos à população dos municípios cadastrados, por meio de equipes formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários.
Cada equipe atende entre 800 e 1000 famílias, o que corresponde a cerca de 4000 pessoas. Os médicos e enfermeiros oferecem assistência nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), enquantos os agentes visitam as residências, escolas e organizações dos municípios, ensinando cuidados básicos de saúde e práticas de higiene. Vale ressaltar que os recursos são repassados às prefeituras pelo governo federal.
Por meio de uma análise das quase três décadas de funcionamento da iniciativa, o NCPI concluiu que, no segundo ano de atuação da EFS em uma comunidade, a taxa de mortalidade infantil — número de crianças que morrem antes de completar um ano de vida — diminui, em média, de 3 a 9% em relação ao período anterior. No terceiro ano, o índice se reduz entre 6,7% e 14%. Depois de oito anos, a queda fica entre 20 e 34%.
O economista Naercio Menezes Filho, responsável pela elaboração do estudo, explica que a implementação da iniciativa não tem efeito imediato na redução da mortalidade infantil porque o processo de estruturação e expansão do programa nos municípios leva tempo. “No Piauí, por exemplo, no início da EFS, apenas 8% dos domicílios eram cobertos. Depois, esse índice passou para 99%”, acrescenta o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e membro do Comitê Científico do NCPI.
Impacto em números
Para se ter uma ideia, em 1994, a taxa de mortalidade infantil era de 43 mortos entre 1000 nascidos vivos no Brasil. Em 2017, o índice foi de 12,4 mortes entre 1000 nascidos vivos. Em 2011, o país atingiu a meta do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 4 — reduziu a taxa de mortalidade infantil para 15,3 por 1000.
De acordo com a pesquisa, essa diminuição pode estar relacionada também à redução do índice de pobreza no Brasil ao longo dos 26 anos. Mas a importância da iniciativa do SUS nesse processo é inegável: o estudo do NCPI mostra que as comunidades que aderiram ao programa tiveram uma redução acentuada na mortalidade de crianças de até um ano de idade, independentemente do nível socioeconômico.
A Estratégia Saúde da Família teve impacto na redução dessa taxa por meio de diversas iniciativas. As equipes médicas promovem aleitamento materno, cuidados pré-natais, neonatais, imunização e controle de doenças contagiosas que afetam os pequenos.
O estudo também revela que a ESF melhora a frequência escolar. Crianças que participam do programa nos primeiros anos de vida têm maior probabilidade de continuarem na escola entre os 7 e os 9 anos e aos 12 anos de idade. Além disso, a pesquisa aponta uma diminuição no atraso escolar aos 7 e aos 10 anos de idade.
Perspectivas para os próximos anos
Na opinião de Naercio, um desafio a ser alcançado no futuro é a incorporação de novas tecnologias à Estratégia Saúde da Família, o que tornaria as ações da iniciativa ainda mais eficientes.
“Dado que já há um programa nacional que atinge quase todos os municípios pobres, é preciso aproveitar a tecnologia para aumentar eficácia e impacto desse programa”, diz.
Ele explica que seria interessante, por exemplo, um mecanismo para integrar a ESF a outras políticas públicas que contribuem para o desenvolvimento infantil, como o Bolsa-Família e o programa Criança Feliz, voltado à primeira infância.
Além disso, o economista reconhece que ainda é possível aumentar a cobertura em algumas regiões. Em São Paulo, por exemplo, a iniciativa cobre cerca de 40% das famílias, ao passo que, em alguns locais do Nordeste, a taxa chega a mais de 90%.
Ainda de acordo com o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, para o futuro, é necessário continuar ampliando os investimentos alocados para o programa. “Não pode haver restrição de recursos, especialmente em épocas de crise econômica, quando a pobreza aumenta.”
A pesquisa completa está disponível no site
Sobre o NCPI
O NCPI foi criado em 2011 e tem como objetivo produzir e divulgar conteúdo científico sobre o desenvolvimento da Primeira Infância (período que vai de 0 a 6 anos). Dessa forma, contribui para promover políticas públicas voltadas às crianças em situação de vulnerabilidade no Brasil. Fazem parte do grupo a Fundação Bernard van Leer, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Insper e a Universidade Harvard — por meio do David Rockfeller Center for Latin American Studies (DRCLAS) e do Center on The Developing Child.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá, viajou para São Paulo a convite da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
38% das mortes por acidentes na infância acontecem durante as férias
Por Isadora Martins*
As férias escolares, período em que as crianças estão mais expostas a riscos durante viagens de carro e brincadeiras na piscina, por exemplo, o número de incidentes aumenta. De acordo com levantamento da organização não governamental (ONG) Criança Segura, 38% dos acidentes fatais na infância acontecem durante o recesso. Ainda segundo a organização, eles são causados, principalmente, por afogamento, queimaduras e desastres no trânsito.
Só em 2017, mais de 3.600 crianças morreram e outras 111 mil foram internadas por causa de acidentes. Eles são a principal causa da morte de pessoas de 1 a 14 anos no Brasil. Estudos mostram, no entanto, que 90% dessas fatalidades podem ser evitadas com medidas de prevenção. Por isso, a ONG Criança Segura alerta que, nas férias, os pais e responsáveis precisam reforçar os cuidados com os pequenos, para que eles possam se divertir e crescer de forma segura. Durante atividades que ofereçam riscos, é fundamental que as crianças sejam supervisionadas por um adulto e, quando necessário, utilizem equipamentos de segurança.
Sobre a Criança Segura
A Criança Segura é uma organização não governamental e sem fins lucrativos dedicada à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. Ela atua no Brasil desde 2001 e faz parte da rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos.
Para cumprir sua missão, a ONG desenvolve ações de políticas públicas – incentivo ao debate e participação nas discussões sobre leis ligadas à criança, objetivando inserir a causa na agenda e orçamento público; comunicação – desenvolvimento de campanhas de mídia para alertar e conscientizar a sociedade sobre a causa; e mobilização – cursos a distância, oficinas presenciais e sistematização de conteúdos para profissionais ligados à infância.
CNJ abre vagas para pesquisadores em estudo sobre primeira infância
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), selecionará profissionais para compor a equipe responsável pela análise qualitativa da pesquisa “Diagnóstico da situação de atenção às crianças na primeira infância no sistema de justiça brasileiro”. Inicialmente, as inscrições começariam nesta quarta-feira (15/1), mas a data de início de candidaturas foi adiada para 20 de janeiro. Para se inscrever, acesse a página do CNJ e escolha o eixo de maior identificação.
As sete vagas abertas são para consultores da equipe que produzirá dados em campo, utilizando metodologia comparativa para garantir a diversidade regional, de porte dos municípios, taxa local de violência, taxa de congestionamento, existência ou não de varas exclusivas, regiões de fronteira, serviços prestados pela rede ou demais critérios que se apresentem relevantes para o desenho da pesquisa.
A pesquisa completa contará com 18 pesquisadores para a formação de duas equipes: a de análises qualitativas e outra de análises quantitativas, com 11 profissionais. O trabalho visa conhecer, de forma mais abrangente, a situação do atendimento às crianças no sistema do Poder Judiciário.
Para isso, haverá cruzamento de dados e informações para financiar as ações do Pacto Nacional pela Primeira Infância, firmado neste ano entre o CNJ e diversos atores que integram a rede de proteção à infância no Brasil, que conta com adesão de cerca de 100 entidades públicas e particulares. O intuito do pacto é estimular a elaboração de políticas públicas para as crianças durante a primeira infância, fase em que estão mais vulneráveis.
Leitura de férias: veja sugestões de livros para ler com as crianças
Por Wanessa Alves*
Segundo a cartilha Primeiros anos em suas mãos, distribuída pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o desenvolvimento infantil e a forma como uma pessoa lidará com o mundo estão ligados aos estímulos recebidos nos primeiros anos de vida. Falar, cantar, brincar e ler para e com crianças estão entre as opções mais efetivas para melhorar a aprendizagem e fazer com que meninas e meninos se tornem emocionalmente mais saudáveis e tenham boas habilidades intelectuais e motoras.
Ao entrar na escola, idealmente, o hábito da leitura começa a ser inserido na vida dos alunos de forma divertida, por meio de projetos, apresentações musicais e rodas de leitura, por exemplo. Ao longo da vida, esse costume deve ser mantido também pela família. Para a professora de literatura e doutoranda em crítica literária pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura pela Universidade de Brasília (PósLit/UnB) Luciana Aguiar, “é em casa que os pais devem incentivar esse hábito, lendo com e para as crianças, comprando livros e levando-as à biblioteca”. E é isso que ela faz com o filho de 4 anos, Davi Aguiar.
Segundo ela, esse é o caminho para que o costume surja gradualmente. “Com o passar do tempo elas se apaixonam pela leitura”, afirma. Luciana explica que a leitura abre possibilidades de novas formas de pensar, de ver o mundo e de compreender as mudanças. A sugestão da pesquisadora é de que os pais também leiam para os filhos as obras de autores renomados no país. “Se a literatura tem essa conexão com a vida e se é por meio dela que nós entendemos a nossa realidade, é interessante ler os clássicos nacionais”, indica. Alguns exemplos são Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (a sugestão é ler a obra na versão em quadrinhos), e A terra dos meninos pelados, de Graciliano Ramos.
Leia!
Memórias póstumas de Brás Cubas — em quadrinhos
Em um romance repleto de digressões filosóficas, o escritor se vale da posição privilegiada de Brás Cubas, como “defunto autor” ou “autor defunto”, para narrar as suas desventuras e revela as contradições da sociedade brasileira do século 19, especialmente por meio da análise aprofundada da psicologia das personagens.
Autor: Machado de Assis
Editora: Principis
80 páginas
R$ 10,90
A terra dos meninos pelados
Edição ilustrada de um clássico de Graciliano Ramos, A terra dos meninos pelados é o país de Tatipirun, onde não há cabelos e as pessoas têm um olho preto e outro azul. Mas este país é imaginário: criado por um menino diferente que, não tendo com quem se entender, falava sozinho. Raimundo Pelado, como era apelidado pelos vizinhos, tinha o olho direito preto, o esquerdo azul e a cabeça pelada. Nesta nova edição da clássica história de Graciliano Ramos, contamos com os traços e cores de outro Ramos, Jean-Claude, que apresenta um novo estilo para a obra.
Autor: Graciliano Ramos
Ilustrações: Jean-Claude Ramos Alphen
Editora: Galera Junior
88 páginas
R$ 49,90
Confira sugestões de lançamentos para ler nestas férias
As obras podem ser aproveitadas por crianças alfabetizadas, que poderão ler sozinhas, ou na companhia de outro leitor, que pode estimular meninos e meninas menores a curtirem a história mesmo sem ainda saberem ler
Pelo nariz
Quais aromas estão guardados na memória e que o fazem lembrar de algum lugar ou momento da vida? Por exemplo, você recorda do cheiro que sentiu quando viajou à praia? E do cheiro do pãozinho da padaria, você lembra? O livro Pelo nariz, escrito pelo brasileiro Arthur Nestrovski e ilustrado por Marcelo Cipis, instiga o leitor a relembrar ocasiões especiais a partir da memória olfativa.
Autor: Arthur Nestrovski
Ilustrador: Marcelo Cipis
Editora: Sesi-SP
48 páginas
R$ 44
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Quem quer este rinoceronte?
Do mesmo autor de A parte que falta — livro que ficou famoso nas redes sociais por abordar a busca incessante das pessoas em procurar a felicidade no outro —, Quem quer este rinoceronte? chega às livrarias com um estilo de escrita e ilustração leve e divertido. As páginas apresentam ao leitor as vantagens de criar um rinoceronte em casa. “Ele está à venda, bem barato, é enorme, o chifre, curvo e longo, é quietinho como um camundongo. Abana a cauda, contente, é bom de abraçar toda hora e muito útil ao redor da casa onde a gente mora”, descreve autor.
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradutor: Alípio Correia de Franca Neto
Editora: Companhia das Letrinhas
64 páginas
R$ 49,90
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Álbum de família
Escrito pela jornalista, documentarista e crítica teatral Gabriela Romeu, Álbum de família é uma biografia poética da trupe familiar Carroça de Mamulengos, uma das mais importantes companhias culturais do país. O grupo teatral surgiu há 40 anos em Brasília, com Babau e Schirley e, hoje, é formado por filhos, netos, genros e noras. A narrativa é escrita de forma simples e mistura fotos da família com as ilustrações de Catarina Bessell. A obra nos faz embarcar na história, assim como acontece quando vemos um álbum de família na casa de um amigo e ele vai nos contando o que aconteceu nos momentos em que a foto foi tirada. Confira um trecho do livro: “Era uma vez dois. Babau e Schirley, moça da saia rodada e olhar a plantar horizontes que ele encontrou nas primeiras curvas da estrada. Ela mais ele seguiram juntos, queriam formar uma trupe. Fizeram da estrada sua morada”.
Autora: Gabriela Romeu
Ilustradora: Catarina Bessell
Editora: Peirópolis
96 páginas
R$ 56
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Dó-Ré Mundo
O projeto musical Dó-Ré Mundo, presente na plataforma de conteúdos educativos PlayKids, lançou um livro com letras, cifras para violão e guitarra e QR code que levam direto para os videoclipes das canções. O projeto também pode ser acessado no YouTube [www.youtube.com/doremundo].
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Brinquedos miúdos e graúdos, nascidos na barriga da língua portuguesa
Escrito e ilustrado pela poeta e pesquisadora Selma Maria Kuasne, o livro apresenta, em forma de versos, as brincadeiras, a cultura, rimas, trava-línguas e adivinhas vindas de outros países que também falam português. As ilustrações, feitas pela autora, lembram desenhos infantis feitos à mão, com lápis, giz de cera e caneta colorida, o que torna a leitura rimada ainda mais animada.
Autora e ilustradora: Selma Maria Kuasne
Editora: Estrela Cultural
64 páginas
R$ 30
Classificação indicativa: a partir dos 10 anos
A menina do dia
Este é o primeiro livro infantojuvenil escrito pela escritora e atriz paulista Renata Bortoleto. A narrativa conta a vida de Íris, uma adolescente que sofre de insônia. Em uma madrugada, um estranho ancião sem rosto surge no quarto dela e, juntos, eles embarcam em uma aventura. Os percalços do caminho fazem com que a garota, que está entrando na adolescência, sinta saudade da infância e da família — um sentimento com que muitos vão se identificar. “De repente, vem um desejo de estar sendo cuidada pelos pais e na companhia da irmã, mesmo sabendo que heróis eles também não são. E de voltar no tempo, quando suas necessidades eram tão poucas e tão triviais”, diz um trecho do livro. A história da jovem convida o leitor a refletir sobre dramas, emoções, dúvidas e descobertas que sempre estão presentes nesta fase da vida.
Autora: Renata Bortoleto
Ilustradora: Lais Oliveira
Editora: Estrela Cultural
80 páginas
R$ 49,90
Classificação indicativa: a partir dos 12 anos
*Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa
GDF promete mais 6,7 mil vagas em creches em 2020 em Cepis e convênios
O Governo do Distrito Federal prometeu criar mais de 6,7 mil novas vagas em creches em 2020. A meta é inaugurar 10 novas unidades, além de ampliar convênios a fim de garantir as novas vagas. O GDF se comprometeu a entregar cinco novos Centros de Ensino da Primeira Infância (Cepi) no primeiro semestre e outros cinco no segundo semestre do ano. A construção deles custará R$ 35 milhões, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Cada Cepi atenderá 174 crianças — com a inauguração de 10 unidades, deve-se chegar a um total de 1.740 meninos e meninos atendidos. Outras 5 mil vagas devem ser criadas por meio de convênios com creches particulares.O déficit de vagas para crianças de até 3 anos em creche chega a 20 mil no DF. A lista de pais inscritos por uma vaga está sempre crescendo. Segundo a Secretaria de Educação do Distrito Federal, a iniciativa de criar 6,7 mil postos deve acabar com 30% da espera em 2020.
“A busca por vagas é alta, mas nosso esforço está voltado para reduzir sensivelmente essa carência”, declarou à Agência Brasília o secretário de Educação do DF, João Pedro Ferraz. À Agência Brasília, o governador Ibabeis Rocha afirmou que “uma mulher que tem com quem deixar o filho se mantém no mercado de trabalho, tem independência financeira e, inclusive, mais autonomia para não sofrer violência doméstica”.
Assim, aumentar o número de atendimentos de creche na primeira infância traz impactos social, econômico, trabalhista, político, entre outros. O Buriti também estuda aumentar as vagas em educação integral por meio de rede credenciada para oferecer atividades extra-classe, como cursos de idiomas, profissionalizantes e esportivos.
Saiba mais
Quer colocar seu filho numa creche pública? As matrículas para creche na rede pública são feitas a qualquer época do ano pelo telefone 156 ou na regional de ensino de cada cidade. Saiba onde fica a creche mais próxima pelo site.
Leia mais sobre creches aqui.
Projeto de lei prevê pré-escola integral para crianças de 4 a 5 anos
Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei nº 4.380/2019, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de nº 9.394/1996, para tornar obrigatório que sejam oferecidas pré-escolas em período integral a todas as crianças de 4 e 5 anos do país. A LDB já prevê a obrigatoriedade de pré-escola nessa faixa etária, mas sem a especificidade da oferta em período integral.
O PL estabelece carga mínima anual de 1,4 mil horas em pelo menos 200 dias letivos. O atendimento deve durar a partir de sete horas diárias. A responsável pela proposta é a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF). Em entrevista ao Blog da Primeira Infância, a parlamentar, que teve seis filhos, defende mais proteção às crianças brasileiras em todos os sentidos.
Além disso, as mulheres precisam de apoio para poder voltar ao mercado de trabalho. “Muitas das nossas crianças estão desnutridas, em vulnerabilidade, em perigo… Quando a gente fala de oferecer a elas maior tempo na escola é para protegê-las e para visar também a prevenção de violência”, argumenta. “Isso também permite à mulher trabalhar com tranquilidade, sabendo que o filho estará em um ambiente seguro”, acrescenta.
“A gente tem um plano nacional para colocar pelo menos 50% das crianças na creche, mas estamos longe disso. E as crianças ficam muito vulneráveis, pela questão da inocência mesmo, enquanto as mães estão trabalhando”, pondera a vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância. Ela conta que a frente vem trabalhando para que o período da vida que vai do ventre da mãe aos 6 anos de idade se torne política de estado.
“Hoje, as pessoas estão percebendo a importância disso, é um momento propício”, avalia. Também de autoria de Paula Belmonte, o projeto de lei nº 2721/2019 define o período entre 2020 e 2021 como o Biênio da Primeira Infância do Brasil. A deputada federal cresceu em Brasília, onde sempre estudou em colégios públicos.
Questão financeira
Com relação à viabilidade orçamentária da proposta, Paula Belmonte observa que a questão orçamentária pode ser um desafio, mas é preciso priorizar a questão, que poderá trazer economia futura. “Sempre precisa ter uma adequação”, diz. “A primeira infância é um momento em que a criança está no ápice. E, estando na creche, ela terá, em primeiro lugar, segurança; em segundo, alimentação; em terceiro, um bom estímulo”, aponta.
“Em quarto lugar, está a chance de as mães poderem trabalhar. Muitas não conseguem por não terem com quem deixar os filhos, e isso se torna um ciclo vicioso.” Dessa maneira, apesar de a implementação, num primeiro momento, exigir um bom orçamento, isso poderá resultar ganhos financeiros posteriores. “Isso vai gerar uma economia imensa para o estado, que deixa de ter várias outras questões que geram custos”, diz.
“Uma criança que vai para um ambiente adequado tem a possibilidade de não ficar exposta a vulnerabilidades”, completa. “Estaremos criando um ambiente saudável que vai trazer um impacto de economia mesmo.” De acordo com o vencedor do Nobel de Economia James Heckman, cada dólar investido na primeira infância traz um retorno de 7 dólares, sendo um investimento como nenhum outro.
“Precisamos dessa conscientização no sentido de que se as crianças tiverem uma condição básica, com certeza veremos um reflexo de um Brasil superior, mais desenvolvido, com crianças dentro da escola”, afirma Paula. Uma realidade muito distante da atual, em que há meninas e meninos em situação de risco mesmo em Brasília.
“A gente tem lixão e esgoto a céu aberto. Uma criança que tem contato com esse tipo de ambiente é mais propícia a doenças,o que também gera impacto financeiro.” Paula acredita também que, muitas vezes, deixa-se de investir na primeira infância não por falta de dinheiro, mas por não enxergarem valor nisso. “Brasília, por exemplo, deixou de construir várias creches públicas. O estado tem o dinheiro, mas vê creches como passivo”, denuncia.
“Não é visto como investimento. Aí gera essa situação que vemos hoje.” É por isso que outro projeto de lei de Paula Belmonte, de nº 5148/2019, destina 25% do Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente a políticas públicas, projetos e programas voltados para a primeira infância. O texto pretende mudar a Lei 8.242/91, que criou o fundo.
App de empresa júnior da USP mostra exames mais rápido a gestantes de GO
Sistema desenvolvido pela Poli Júnior leva informações sobre os resultados de exames até 87% mais rápido do que o método tradicional para as mamães em Goiás. A situação da saúde pública no Brasil é sempre preocupante, principalmente quando se trata de mulheres grávidas. Não é incomum que muitas percam os bebês devido a atrasos no atendimento.
Em função deste cenário a, Poli Júnior, empresa júnior formada por alunos de engenharia da Universidade de São Paulo (USP), criaram o aplicativo Teste da mamãe. O app surgiu a partir do desafio proposto por um dos laboratórios de biomedicina de atendimento do Programa de Proteção à Gestante (PPG) do Estado de Goiás.
Operando desde o início do ano gratuitamente, para usuários do sistema Android, o projeto é capaz de entregar as informações para as grávidas até 87% mais rápido do que a maneira tradicional, que conta com filas, horas em pé e desencontro de informações.
Os estudantes desenvolveram o aplicativo com o uso de inteligência artificial capaz de aproximar gestantes dos postos de saúde, dando acesso mais ágil aos resultados dos exames realizados no pré-natal.
Além disso, o sistema conta com informações gerais para tirar dúvidas frequentes sobre a gravidez, para as mamães conseguirem acompanhar o desenvolvimento do bebê de forma mais saudável e humanizada.
O público-alvo são mulheres de baixa renda que moram em locais distantes dos postos de saúde e, como moram no interior de Goiás, têm baixo acesso a informações e não é cômodo realizarem o trajeto de ida e volta entre posto de saúde e suas residências regularmente.
Licença-maternidade de um ano, comentada por Damares, é possível no Brasil?
Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, mencionou, em uma entrevista conjunta ao portal UOL e Folha de São Paulo, em 29 de setembro, que mulheres deveriam ter direito a licença-maternidade por um ano. Depois, Damares escreveu, em um tweet, que isso se trata de um “desejo apenas.”
Atualmente, no Brasil, o benefício da licença-maternidade garante quatro meses de afastamento para a mulher da iniciativa privada. Esse período pode chegar a seis meses para empregadas de empresas participantes do programa Empresa Cidadã e servidoras públicas. Caso a mulher trabalhe na empresa há mais de um ano, ela pode emendar as férias à licença. Na entrevista, a ministra mencionou o caso da Hungria, onde as mulheres têm direito a três anos de licença-maternidade. No primeiro ano, a mãe ganha 110% do salário; no segundo, 80% e no terceiro, 50%.
Debora Ghelman, advogada especializada em direito humanizado nas áreas de família e sucessões, conta que, apesar da boa intenção da ministra Damares, a sugestão dela é um retrocesso quando se fala da era de igualdade de gêneros. Se o projeto fosse aceito, a advogada acredita que as empresas ficaram desestimuladas a contratarem mulheres na idade biológica para se tornarem mães, além da possibilidade de oferecerem salários ainda mais baixos para o público feminino e de haver risco de demissão em massa das profissionais.
A ministra também opinou sobre a licença-paternidade, que atualmente dá aos pais cinco dias de afastamento do trabalho. O prazo pode ser estendido por até 20 dias. Damares acredita que “seria ótimo” se os pais pudessem ter dois ou três meses de benefício e, mais uma vez, citou o exemplo da Hungria.
Debora sugere que os homens tenham uma licença como o modelo da Suécia, onde o benefício é compartilhado entre homens e mulheres. 90 dias para cada um e os outros 300 dias são convencionados entre o casal. A advogada acredita que, como a legislação evoluiu na defesa da igualdade de gêneros, os pais também podem ter uma licença estendida. Assim, os homens poderiam aumentar o vínculo afetivo com os filhos, e as mulheres retornariam em paz ao mercado de trabalho.
Brasiliense faz vaquinha para publicar livro sobre gravidez inesperada
Com Luiz Neto*
Jovem autora brasiliense organiza campanha de financiamento coletivo no Catarse para lançar livro premiado em plataforma de leitura na internet e tem 10 dias para bater a meta. Julia Braga, 26 anos, publicou 13 obras no Wattpad, entre elas Querido Bebê, que ganhou o prêmio Wattys 2016 – Edição de Colecionador.
O selo celebra os textos mais adicionados à biblioteca pessoal dos leitores. No Wattpad, o livro de Julia, voltado ao público jovem adulto, conquistou 4 milhões de leitores. Outras publicações da autora brasiliense são Eu, Cupido e Eu Não Amo Você. Atualmente, ela está escrevendo vários livros ao mesmo tempo e postando os capítulos no Wattpad. Algumas das obras em andamento são Psicologia Reversa e Senhor Cupido.
Depois do sucesso na internet, a escritora decidiu lançar, em parceira com o grupo editorial Mapalab, a versão física do livro Querido Bebê. Ter a obra impressa em mãos, inclusive, era um pedido antigo dos leitores. Para realizar o objetivo, Julia busca ajuda do público: ela lançou uma vaquinha virtual a fim de financiar o projeto. De 1º de outubro até agora, a escritora arrecadou R$ 14.950.
Julia relata que os leitores reagiram positivamente à iniciativa de trazer o livro para o mundo real. “Na primeira semana, a gente arrecadou, tipo, R$10 mil e eu não esperava isso. Eles estão apoiando muito, fazendo uma divulgação pesada”, comemora. “Eu sabia que os meus leitores ajudariam, mas eu não tinha noção do quanto”, disse a autora.
A meta é alcançar R$ 19.800 no total. Restam 10 dias para o fim da campanha, e interessados em colaborar com o financiamento coletivo devem clicar no link até 31 de outubro. A campanha é no estilo “tudo ou nada”. Isso quer dizer que, se a meta não for atingida, todos os colaboradores receberão seu dinheiro de volta, e o projeto será cancelado.
Para incentivar leitores a ajudarem, a autora disponibiliza recompensas para os apoiadores do projeto. Trechos inéditos, final alternativo, carta manuscrita, marcadores, bottons, ecobag com ilustração definida em concurso on-line na página da autora no Wattpad e até o nome de um personagem que pode ser escolhido por você são alguns dos prêmios possíveis por ajudar o projeto.
O livro Querido Bebê: um livro sobre planos imprevistos e encontros conta a história de Isabela, uma estudante do 3º ano que tinha grandes planos, até descobrir a gravidez. Na história, a adolescente encontra uma forma de alivar os dramas e as dúvidas de uma gestação inesperada ao escrever cartas para o bebê em sua barriga e publicá-las em um blog, chamado Querido bebê.
O portal começa a ter mais acessos que o esperado e a jovem passa a compartilhar sua nova vida com algumas milhares de pessoas. Uma semelhança com a vida de Julia é que, assim como a Isabela do livro, ela não esperava ter tantos acessos nas histórias que publica on-line. Para ler Querido Bebê on-line, acesse o site.
Confira relatos de leitores de Querido Bebê e um recado da autora no vídeo:
Saiba mais sobre a autora
Julia Braga tem 26 anos, não tem filhos, nasceu na capital federal e cursou letras na Universidade de Brasília (UnB). Depois, mudou-se para São Paulo, onde mora até hoje. Segundo ela, a cidade oferece mais possibilidades para escritores. Fez também um curso de escrita criativa na Irlanda, onde fez intercâmbio em 2017.
Apesar do sucesso on-line, infelizmente, Julia ainda não se sustenta com a escrita. “Até agora, eu não ganhei dinheiro com a literatura. Eu escrevo para os meus leitores”, explica ela, que é estagiária numa editora. Julia cursa produção editoria na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
Julia conta como nascem suas obras: “A história vem para mim e eu começo a pesquisar. Vou para o YouTube, vejo discussões das pessoas sobre o assunto e converso com quem vive a realidade que eu quero retratar”. O processo de escrita dela é bem orgânico. “Deixo a história correr solta e depois volto para ajeitar.”
Julia começou a escrever um livro aos 11 anos e, aos 16, passou a compartilhar histórias na internet. No começo, até o extinto Orkut servia de espaço. O livro preferido de Julia é O conto da aia, da autora canadense Margaret Atwood. A obra, de 1985, inspirou ópera, filme, romance gráfico e, mais recentemente, uma série televisiva estadunidense, conhecida pelo título original The Handmaid’s Tale.
*Estagiário sob supervisão de Ana Paula Lisboa
Ao longo de 2019, o programa Leia Para Uma Criança 2019 distribuirá 3,6 milhões de livros infantis gratuitos para pessoas físicas, além de 600 mil kits para escolas públicas de regiões vulneráveis. Em 2018, o total de obras enviadas para quem se cadastrou no site individualmente foi o mesmo: 3,6 milhões. O total de kits para colégios de locais carentes é que aumentou: este ano, são 400 mil a mais.
A iniciativa é organizado pelo Itaú-Unibanco e pelo Itaú Social. Os livros infantis do Leia Para Uma Criança são selecionados por meio de edital: as obras passam por curadoria de especialistas em literatura infantil, organizações da sociedade civil (OSCs), secretarias de educação, cultura e assistência social, bem como voluntários, adultos e crianças de diversas regiões do país. Este ano, estão sendo distribuídos 400 mil kits a mais do que no ano passado.
Desde a criação do programa, mais de 54 milhões de livros impressos foram distribuídos, incluindo edições em braile e letra expandida. Embora o estoque deste ano tenha acabado, interessados ainda podem acessar 13 livros digitais no site.
Conheça os livros da coleção 2019
Leo e a Baleia
Leo e seu pai vivem em uma casa perto do mar. Todos os dias, o pai de Leo sai cedo para trabalhar como pescador, e o menino passa o dia na companhia de seus gatinhos. Certa manhã, após forte tempestade, Leo encontra uma baleia na areia da praia e a leva para casa, pensando em ter uma companhia para ouvir suas histórias (a baleia é ótima ouvinte). Ele tenta manter a nova amiga em segredo, mas o plano não dura muito tempo, porque seu pai a encontra escondida na banheira. O gesto de Leo muda a vida dos dois, que se unem para levar a baleia de volta para o mar. Uma emocionante história sobre amizade.
O Tupi que você fala
O livro apresenta às crianças o lado curumim de cada um de nós, ao revelar a influência indígena nas palavras que usamos em nosso dia a dia, como guri, pipoca, saci, guaraná, abacaxi, entre outras. As palavras de origem indígena fazem parte do nosso cotidiano, e com o livro as crianças descobrirão que vários alimentos, animais e plantas têm nomes dados pelos índios, de forma divertida e aguçando a curiosidade dos pequenos a descobrir a origem das palavras.
Quer se formar em mediação de leitura?
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