Jamal Bittar, presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra)

Fibra celebra 50 anos em exercício no DF

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Completando cinco décadas de atuação na próxima quarta-feira (21), a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) representa os interesses do setor industrial na busca pela inovação, pelo crescimento dos níveis de sustentabilidade e pela melhoria da competitividade no Distrito Federal. Desde 2014, é presidida pelo empresário do setor metalomecânico Jamal Jorge Bittar.

Com a participação de 10 sindicatos, a Fibra também conta com três braços importantes em sua atuação, sendo eles o Serviço Social da Indústria (Sesi-DF), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-DF). Esse conjunto se encarrega da interface com os setores da economia local, com o propósito de assegurar que Brasília seja reconhecida como a cidade do empreendedorismo.

Ainda na década de 1970, a federação se instalou no Setor Comercial Sul (SCS), mas foi em 1986 que passou a ter a própria sede localizada no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) – endereço que permanece até os dias de hoje. Desde o seu surgimento, a Fibra realiza ações voltadas à promoção de uma indústria forte e competitiva, em um ambiente que seja favorável à produção e ao desenvolvimento econômico sustentável.

Essas iniciativas para destacar e impulsionar o segmento têm gerado resultados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), a indústria da capital representa R$ 9,5 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB) total do Distrito Federal. Em questão de tributos, o setor gerou R$ 1,6 bilhão de ICMS e, além disso, gerou mais de 85 mil empregos diretos. Os dados são referentes ao ano de 2019. 

“Para cada R$ 1 produzido pela indústria, são gerados outros R$ 2,43 na economia. Este valor supera muito o retorno de outros setores, como R$ 1,75 na agropecuária e R$ 1,49 no setor de comércio e de serviços”, informa Bittar. Levando em consideração a relevância do segmento, o empresário ressalta a importância de soluções emergenciais para destacar ainda mais o setor produtivo. 

Segundo Bittar, é necessário, por exemplo, a melhoria das condições de créditos para a indústria, visto que há investimentos de longo prazo e de alto custo e que entregam grandes retornos diante da aplicação de recursos e esforços realizados. De modo geral, o presidente avalia que o Brasil possui problemas tributários, fiscais e de financiamento.

“É preciso que os bancos públicos, que já executam tão bem o crédito agrícola, abracem com urgência a pauta industrial e ofereçam crédito para o setor com maior volume, com melhores condições de pagamento e com exigências de garantias mais adequadas à realidade do setor”, contextualiza. Por essa razão, o empresário enxerga que a pauta da reforma tributária caminhe no Congresso Nacional com urgência para simplificar a lida do empresário na rotina de cálculo e de pagamento de tributos.

Em conjunto com a temática defendida pela federação, há dois aspectos igualmente essenciais que são discutidos pela organização e que foram publicados na Pauta da Indústria 2023-206 – Diretrizes para o desenvolvimento industrial do DF, sendo eles a implantação da Política de Desenvolvimento Sustentável do DF e a criação da Agência de Promoção de Investimentos da região. 

Bittar explica que os assuntos serão trabalhados pela Fibra nos próximos anos por serem fundamentais para o futuro do setor. “Precisamos estabelecer uma política de desenvolvimento de longo prazo, que seja uma diretriz de Estado, que passa por diferentes governos mantendo sempre o norte. E o formato de agência de desenvolvimento é efetivo para o fomento dos setores econômicos, com casos de sucessos em vários países e em outras unidades da Federação”, destaca.

Há quase uma década como presidente, Jamal Jorge Bittar possui expertise acerca das temáticas que devem ser abordadas em prol do segmento. Ademais, a longa caminhada do empresário na liderança da Fibra trouxe cenários variados da economia brasileira, onde cada situação exigiu diferentes posturas para fomentar a evolução do setor industrial ao longo dos anos. 

Entre as adversidades, crises globais e locais; políticas, econômicas e, inclusive, de saúde, com a chegada da covid-19 na região, em 2020. Em todas as situações, a Fibra buscou diálogo com o Executivo e Legislativo para a defesa do setor industrial. 

“Além do trabalho constante pela busca da melhoria do ambiente de negócios, entregamos ainda mais serviços das casas da indústria — Sesi-DF, Senai-DF e IEL-DF —, qualificando profissionais, oferecendo ações de educação básica e continuada para trabalhadores da indústria e trabalhando diretamente no apoio à melhoria da gestão dos negócios e no incentivo à inovação industrial”, recorda. 

Ainda assim, há desafios para serem superados nos próximos anos. O maior deles, na visão de Bittar, envolve a competitividade da indústria no DF e em todas as demais regiões brasileiras. Contudo, ele indica que apesar da força agrícola ser um diferencial global, também é fundamental alentar a indústria.

“Um país com setor industrial forte gera mais empregos, que são de melhor qualidade e que pagam melhores salários. Também produz mais inovação, tecnologia e patentes. Ao final, um país industrializado gera mais renda, mais empregos e entrega maior qualidade de vida para a população”, diz. 

Quais são as diretrizes para o desenvolvimento industrial do DF, apresentada em cada período eleitoral? 

A Fibra trabalha com diálogo, com transparência e com a produção de informação qualificada para dar suporte aos tomadores de decisão das esferas pública e privada. Quando publicamos a Pauta da Indústria, a cada quatro anos, apresentamos a esses públicos qual o melhor caminho para que o setor industrial local se desenvolva. O documento é uma síntese do que a indústria do DF entende como caminho para o crescimento do setor e é uma porta para o debate com as instituições

Qual a importância de estimular negócios sustentáveis dentro do segmento?  

Na Fibra, temos uma diretoria dedicada exclusivamente ao tema da sustentabilidade, tanto pela responsabilidade que o setor tem com o meio ambiente como pela exigência do mercado por uma produção limpa. As empresas estão evoluindo processos para serem cada vez mais sustentáveis e integradas ao meio ambiente em que estão inseridas e à comunidade onde estão instaladas. 

Qual a opinião da Fibra sobre o conceito ESG dentro do setor industrial?

Apesar de o conceito ESG ter despontado com maior força nos últimos anos, o setor industrial trata a governança ambiental, social e corporativa com muita atenção já faz tempo. A indústria é um setor que influencia muito o ambiente em que está instalada e precisa estar atenta a estes tópicos. ESG não pode ser mais tratado como mero conceito, mas como base para o setor industrial, com empresas que produzem com qualidade e com responsabilidade.