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Planalto pega receita para evitar processos de impeachment

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao nomear Carlos Henrique Sobral para número 2 da Secretaria de Governo, a ministra Flávia Arruda leva para dentro do Palácio do Planalto um dos poucos que acompanhou, de dentro, todos os processos de impeachment e de denúncias contra presidentes da República que tramitaram na Câmara, neste século. Carlos Henrique tem a memória das votações do impeachment de Dilma Rousseff e das duas denúncias contra Michel Temer. E, nos três casos, atuou do lado vitorioso.

Nos tempos de Dilma, era braço direito do todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Depois, nos tempos de Michel, era chefe de gabinete da mesma Secretaria de Governo em que está agora. Chegou com Geddel Vieira Lima e ficou com os ministros Antônio Imbassahy e Carlos Marun. Dadas as investigações que correm no Supremo Tribunal Federal, a ordem é se preparar para o caso de Jair Bolsonaro ser submetido a algo parecido pelo STF. Temer venceu a primeira denúncia por 263 votos a 227, em 2 de agosto de 2017, e a segunda por 251 a 233, em outubro do mesmo ano. E sabem como é: com esse novo inquérito envolvendo o presidente, todo cuidado é pouco.

Paulo Guedes perde mais uma

Depois de ver a área de Trabalho e Previdência sair da sua pasta, o ministro da Economia está prestes a perder mais uma: é voz isolada dentro do governo a favor do Bolsa Família de, no máximo, R$ 300, enquanto a área política pretende elevar para R$ 400. O programa, como o leitor da coluna sabe, é visto como o passaporte para melhorar a popularidade de Bolsonaro.

Mas não entrega os pontos
A equipe de Guedes tem dito que, para ter um programa social robusto, será preciso demonstrar capacidade de controle do gasto publico. Não adianta aumentar os valores de auxílios e benefícios sociais se o mercado entender que a proposta é eleitoreira e não tem sustentação fiscal. O resultado será inflação, queda da bolsa e dólar nas alturas. No mínimo, será preciso garantir o parcelamento dos precatórios de R$ 89 bilhões que vencem em 2022, um valor que compromete o teto de gastos.

E o voto impresso, hein?
O relator da PEC do voto impresso na comissão especial, deputado Felipe Barros (PSL-PR), anunciou que vai procurar o ministro Ciro Nogueira em busca de apoio para tentar salvar a proposta. O titular da Casa Civil, porém, tem outras prioridades. Como garantir as bases que possam levar o presidente a recuperar popularidade.

Segura aí
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pisou no freio para a reforma tributária. Se colocasse para votar hoje, a perspectiva de derrota era grande.

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O quarteto/ Os quatro ministros que aparecem na foto à porta da residência oficial do Senado, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o da Câmara, Arthur Lira, mostram quem está com a responsabilidade política de comandar a relação entre Congresso e Parlamento: Ciro Nogueira, Flávia Arruda, João Roma (Cidadania) e… Paulo Guedes, o detentor da chave do cofre.

Looks em sintonia/ A calça com listras brancas e pretas de Flávia Arruda estava em sintonia com a gravata de Pacheco, enquanto Ciro, Roma, Guedes e Lira desfilaram de gravatas azuis.

Chuva de processos/ Advogados do ex-presidente Lula avaliam processar quem repassou vídeos com áudios adulterados com a entrevista do petista de 20 de julho. A velocidade da gravação foi alterada para sugerir embriaguez. O vídeo foi compartilhado, por exemplo, pelo cantor Roger Moreira, da banda de rock Ultraje a Rigor.

Agosto começa em alta-tensão/ Bolsonaro deu a largada dizendo que Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, não pode presidir o processo eleitoral depois da soltura de Lula pelo STF. O presidente do STF, Luiz Fux, falou que diálogo e harmonia entre os Poderes não implica impunidade. De quebra, o TSE instaurou inquérito para investigar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral sem provas. O clima não está para bandeira branca.