Bancada bolsonarista no Senado vai mirar em Alexandre de Moraes, em 2023

Publicado em coluna Brasília-DF

A decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de rejeitar a petição da campanha do presidente-candidato Jair Bolsonaro (PL) sobre as inserções e, de quebra, ameaçar quem pede a investigação, vai fermentar o terceiro turno das eleições. A intenção da campanha é ir a todas as instâncias para cobrar que a Justiça Eleitoral investigue se, realmente, houve favorecimento à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na seara do Judiciário, espera-se uma chuva de recursos.

Os militares, porém, não aceitam nada que resvale para fora das “quatro linhas da Constituição”. Ninguém quer saber de adiamento das eleições ou coisa que o valha. Daí, o fato de o presidente dizer que ganhará no domingo quem tiver mais voto na urna (ah!, e urna eletrônica). Até aqui, venceu a cautela e a atuação dentro das regras do jogo. O país e o mercado agradecem.

A linha de Lula
A campanha do ex-presidente vai aproveitar o embalo do pedido da campanha de Bolsonaro sobre as inserções para reforçar o discurso de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara “maldades” contra os trabalhadores. A ordem, agora, é só falar de economia, imposto de renda e aposentados.

Te cuida, Xandão
O fato de Alexandre de Moraes ter dobrado a aposta contra o pedido da campanha de Bolsonaro, jogando o caso para dentro do inquérito das milícias digitais no STF, acirrou a nova bancada bolsonarista no Senado. Após as eleições, a pressão para fazer tramitar o impeachment do ministro vai crescer. Seja quem for o presidente eleito.

Alhos e bugalhos
No TSE, há quem diga que o documento entregue à Corte não separou o que foi divulgado em streaming (canal de rádio na internet) e na concessão, ou seja, na frequência radiofônica. Na web, não há obrigatoriedade de veiculação das inserções. Nas rádios, sim.

PG na defesa/ Paulo Guedes está rouco de tanto dizer que não irá rever direitos trabalhistas. Em Belo Horizonte, ao conversar com empresários, afirmou com todas as letras sobre o vazamento de um documento do ministério, que chegou a ser estudado, mas nunca foi levado avante: “Tem pica-pau nessa arca”.

Presença da Justiça/ A presença do ministro da Justiça, Anderson Torres, ao lado de Bolsonaro na coletiva, e o chamamento dos militares ao Planalto, foi vista como uma perspectiva de tensão institucional depois das eleições. Independentemente de quem vencer.

Cadê o respeito à democracia? / Duas mulheres, na faixa de 40 e poucos anos, caminhavam no Eixão como fazem todos os domingos. A diferença é que, no último, houve manifestação pró-Lula. Quando voltavam para casa, atravessando o eixinho, passou um carro com adesivos de Bolsonaro com duas mulheres e dois homens. O motorista reduziu a marcha e os ocupantes do veículo gritaram “petistas, maconheiras, prostitutas”. Detalhe: elas não tinham adesivos na roupa ou algo que as identificasse como eleitoras de Lula. E se fossem, não dá o direito a ninguém de desrespeitá-las. Isso tem que acabar.

Por falar em Lula…/ A entrevista de Lula à Rádio Clube FM e ao CB.Poder é hoje, às 8h. Acompanhe também nas redes do Correio. E, amanhã, sai no impresso deste mesmo Correio.

Campanha de Bolsonaro vai se fazer de vítima no caso da Jovem Pan

Publicado em coluna Brasília-DF

Quando o remédio é demais,  vira veneno. A censura à Jovem Pan News será usada como um ativo da campanha de Jair Bolsonaro (PL) para se colocar como uma vítima e tirar do PT de Luiz Inácio Lula da Silva o discurso de defesa da democracia. Para os próximos dias, quando o petista terá mais inserções na tevê do que o presidente por causa da concessão de direitos de resposta, a turma da campanha à reeleição focará nas redes sociais.

De quebra, alguns aliados vão acusar ministros do TSE de dois pesos e duas medidas ao permitir que os petistas chamem Bolsonaro de genocida e impedir que jornalistas e comentaristas de uma emissora de tevê se refiram à condenação de Lula no processo da Lava-Jato — condenação que foi revista mais à frente por erros processuais, cujo processo foi remetido à Justiça do Distrito Federal, onde, depois da suspeição de Sergio Moro, deveria começar do zero e terminou sepultado. O arquivamento foi feito com base em pedido da Procuradoria da República no DF, que considerou a prescrição dos crimes de que Lula era suspeito. O ex-presidente, assim, passou a não dever mais nada à Justiça.

Mas há quem diga, como reforçou o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Melo, em agosto, no Podcast do Correio, que Lula não foi inocentado. A Jovem Pan, porém, não pode comentar mais nada a respeito. E Bolsonaro tentará surfar nessa onda.

Os trabalhos de Geraldo

Enquanto Lula sai em campanha no Sudeste, Geraldo Alckmin faz reuniões com empresários. Em Porto Alegre, por exemplo, segundo relatos feitos à coluna, o candidato a vice na chapa petista foi incisivo ao dizer que se Lula for eleito não será um governo de um partido só.

O passado não recomenda
Muitos empresários gaúchos, porém, consideram que ao ser reeleita, Dilma Rousseff tinha o país dividido e não entendeu. Já na noite da eleição, em 2014, discursou como se tivesse uma ampla maioria lhe dando suporte, e não pouco mais de 50% dos votos válidos.

E o futuro é incerto
Há quem defenda que Lula, além da carta aos evangélicos, apresente uma nova carta aos brasileiros. Há empresários dizendo que, oito anos depois da reeleição de Dilma, o próprio PT deveria deixar mais claro que não tentará impor o seu projeto partidário. Só a presença de Alckmin na chapa não basta.

A disputa do bilhão
A Câmara aprovou um projeto que manda para as Santas Casas o saldo dos recursos federais repassados aos fundos de saúde e de assistência social dos estados, DF e municípios. O Senado, porém, deseja enviar essa verba às prefeituras. Mas só vão resolver depois da eleição.

Guedes na lida
Diante das especulações de estudos sobre a desvinculação entre correção do salário mínimo e inflação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, veio a público falando de aumento real do piso e também do reajuste dos servidores. Na reta final da eleição, a hora é de promessas e de notícias que possam atrair parcelas do eleitorado.

Projeto anti-caciques/ O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) aproveita esse lusco-fusco do Parlamento antes do segundo turno para trabalhar alguns projetos. Está no forno uma proposta que tentará vincular a concessão de fundo partidário às legendas que tiverem renovação de suas direções.

Te cuida, Valdemar/ A proposta consiste em fixação de apenas uma reeleição para as comissões executivas nacionais. Há quem diga que os atuais dirigentes, como Valdemar da Costa Neto, do PL, podem até colocar um aliado no cargo, mas, pelo menos, a comissão executiva terá que ser renovada.

Falta combinar/ O projeto de Izalci ainda não foi discutido com os líderes partidários e nem com os partidos. É assunto para depois da eleição.

A escalada da tensão/ A contar pelo número de denúncias e notícias de fake news que desaguam diariamente no Tribunal Superior Eleitoral, nada
vai mudar.

Governo apostará em reforma do IR para tornar Auxílio de R$ 600 permanente

Publicado em Economia, ELEIÇÕES 2022

 

O governo faz estudos para adotar o Auxílio Brasil permanente a partir de 2023 e, para isso, não descarta utilizar os recursos decorrentes da taxação de lucros e dividendos, aprovada pela Câmara dos Deputados. “Não me esqueci da reforma tributária que aprovamos na Câmara no ano passado e ainda está pendente de análise no Senado”, diz o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participou de uma reunião hoje pela manhã no Planalto. Ele se refere ao texto da segunda fase da reforma tributária que deputados aprovaram em setembro do ano passado. A proposta corrige a tabela do Imposto de Renda e define a taxação sobre lucros e dividendos, que, conforme os cálculos do governo, será destinada aos 60 mil mais ricos.  É daí que, avalia o governo, será possível obter parte dos recursos para o Auxílio.

A ideia é voltar a trabalhar essa proposta depois da eleição. Até aqui, apesar dos esforços do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ainda não houve maioria consolidada para votação entre os senadores e o projeto está parado. Guedes, porém, vai insistir.

A taxação de lucros e dividendos é um ponto que será levado adiante independentemente de quem vencer a eleição presidencial. O economista Guilherme Mello, que faz parte do time de consultores do PT, tem defendido a taxação de lucros e dividendos em todas as palestras que tem feito Brasil afora. O PT, no entanto, não detalhará sua proposta econômica ao longo do processo eleitoral.

 

 

Medo da derrota fez oposição votar a favor de PEC

Publicado em coluna Brasília-DF

O grande placar de 72 votos para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta o Auxílio Brasil e cria outros benefícios, a menos de 100 dias da eleição, foi para não deixar o governo com o discurso de que a oposição foi contra dar um alívio aos brasileiros mais pobres. Afinal, o governo, no fim do dia, já tinha conseguido os 49 votos para aprovar a PEC. Os partidos de esquerda ficariam sozinhos, com a pecha de que não ajudaram os que mais necessitam.

A corrida dos senadores, com quebra de interstícios e votações a toque de caixa, é para cumprir o “Cenário Disney”. Ou seja, aprovar tudo até 13 de julho na Câmara dos Deputados. Com a retirada do dispositivo que dava um “cheque em branco” para o governo fazer outras concessões fora da PEC, até o PT na Câmara já avisou que votará favoravelmente.

E agora, Paulo Guedes?

A oposição pretende explorar o fato de se aprovar o estado de emergência nesses dias em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, repete, dia e noite, que a economia melhorou a tendência é melhorar ainda mais — haja vista a queda do desemprego.

Ou uma coisa ou outra
Os oposicionistas pretendem dizer que se estivesse tudo bem e o discurso de Guedes retratasse a vida das pessoas, o governo não precisaria defender estado de emergência.

Dois ministérios contratados
Se conseguir a reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já colocou pelo menos dois novos ministérios na roda: o da Segurança Pública, que tem como nome mais cotado o do ex-deputado Alberto Fraga (União-DF), e o da Indústria e Comércio, que será ocupado por uma indicação das entidades empresariais.

Investiga e segue em frente
A intenção da futura presidente da Caixa, Daniella Marques, que toma posse na terça-feira, é dar uma resposta rápida aos casos de assédio e tocar o barco. Ela não pretende deixar que sua gestão seja tragada por esse tema.

Ganhou um voto e um ministro/ O senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) declarou voto em favor da senadora Simone Tebet, do MDB-MS, para a Presidência da República. E foi logo indicando o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para presidir a Petrobras.

Os movimentos pós-Datena/ Com a saída de José Luiz Datena da disputa para o Senado, falta apenas o PSD definir seu caminho para que Márcio França, do PSB, decida se continua na corrida para o governo estadual ou segue para a aliança com Fernando Haddad (PT).

Ele insiste/ Em suas redes sociais, França divulgou um vídeo dizendo que, há meses, “dizem” que ele não será candidato, mas continua em segundo lugar nas pesquisas. “Esse Márcio França…”, completa ele.

Os cálculos do PSB paulista/ A pressão para que França desista da disputa nunca foi tão forte. Porém, ele tem dito que a maior parte de seus eleitores não apoiará Haddad. A maioria ficará entre o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Zerar impostos de combustíveis terá reflexo na eleição

Publicado em coluna Brasília-DF

O anúncio da proposta para zerar o ICMS dos combustíveis e do gás de cozinha feito com a presença dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), representa uma convocação dos governadores e da oposição para que entrem no barco de redução dos impostos. O “sim” dos governadores a esse esforço virá, inclusive, com transferência de receita para compensar a perda de arrecadação. Quanto à oposição, a avaliação dos governistas é a de que os atores não terão muito poder de manobra. Aliados do presidente têm dito que agora é pegar ou largar e, nessa segunda hipótese, vem acoplada a perspectiva de arcar com as consequências de não aprovar a proposta — ou seja, não baixar os preços. Tudo agora terá reflexo eleitoral e, nesse sentido, o presidente Jair Bolsonaro (PL) atirou no alvo. Terá o discurso de que fez tudo o que estava ao seu alcance.

Obviamente, os partidos ainda vão analisar a proposta de emenda constitucional. O texto ainda não chegou ao Congresso formalmente, mas as apostas de Lira e de líderes próximos ao presidente são a de que é possível fazer esse esforço para votar rapidamente. Só a presença de todos, no anúncio da proposta, indica união para salvar
a lavoura — leia-se a eleição.

Guedes respira, mas…

Ao anunciar, na entrevista à Bandnews, que o ministro Paulo Guedes permanecerá no comando da Economia em caso de reeleição, Bolsonaro deixou a ala política com um frio na espinha. É que os políticos estão convencidos de que a área econômica é crucial para as eleições e não dá para “vender mais do mesmo ao eleitor”. O ministro, no entanto, é o padrinho da proposta de zerar impostos.

… tem que entregar mais
É preciso gerar esperança e muitos avaliam que Guedes ainda não conseguiu passar essa mensagem de forma clara, tanto é que as pesquisas continuam apontando dificuldades para a reeleição, e a economia como fator principal no humor do eleitorado. No governo, porém, a avaliação é de que houve geração de empregos, a economia “está melhorando” e, na campanha, será possível detalhar os ganhos que o país obteve apesar do cenário adverso gerado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. E com a PEC dos combustíveis em curso, Guedes ganhará oxigênio, inclusive entre os políticos.

Curtidas

O setor sabe o que quer/ A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) decidiu mudar o formato do encontro com os presidenciáveis. Em 2018, nem todos compareceram, especialmente os dois que foram à final, Bolsonaro e Fernando Haddad. Agora, a ideia da entidade é entregar o documento de suas propostas a representantes das campanhas, a serem indicados pelos candidatos. E ponto.

Muita calma nessa hora/ Na CNA, seus executivos já fizeram circular um comunicado sobre a necessidade de conversa com todos os atores do espectro político. O agro é majoritariamente eleitor de Bolsonaro e, até aqui, nada tem feito o setor mudar de rumo.

Quem diria…/ A ex-senadora Ana Amélia Lemos ficou praticamente enfurnada na suíte do hotel em que mora, em Porto Alegre, nos dias em que Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin passaram por lá. Ela, que foi vice de Alckmin em 2018, respeita o ex-governador paulista, mas não quer nem de longe posar para fotos ao lado do ex-tucano, hoje vice do petista.

… que seria assim/ Durante os dias em que Lula e Bolsonaro se hospedaram lá, o hotel ficou praticamente sitiado, com atiradores de elite posicionados em todos os telhados dos edifícios próximos. A segurança do petista está cada dia mais reforçada.

Grave, muito grave/ As ameaças ao jornalista Lucas Neiva, do Congresso em Foco, depois que ele denunciou um fórum na internet que pretende disseminar fake news e ódio a jornalistas profissionais, terá investigação profunda. Todos os Poderes já foram acionados para buscar os culpados e uma resposta que acabe com as intimidações. Um governo que diz pregar liberdade de imprensa e de expressão não pode compactuar com esse tipo de ameaça. Alô, ministro da Justiça Anderson Torres!!!

Aliados pressionam Guedes por medidas para baratear alimentos

Publicado em coluna Brasília-DF

Faltando quatro meses para a eleição, a área política do governo vai aumentar a pressão para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, dê um jeito de o país apresentar um quadro de recuperação mais visível, especialmente, nos preços dos alimentos. Ainda que o governo tenha que subsidiar alguma coisa a mais para as classes mais pobres.

Te vira nos 90
O presidente Jair Bolsonaro (PL) não irá demiti-lo — longe disso. Mas a área política quer algo que permita à população conseguir ampliar seu poder de consumo de alimentos. A avaliação é a de que os efeitos dos R$ 400 do Auxílio Brasil não foram sentidos por causa da inflação.

Se for a votos, passa

Com o projeto que limita o ICMS de energia e combustíveis previsto para votação em junho, os governadores dão uma demonstração de boa vontade para com a redução dos preços dos combustíveis ou a proposta aprovada na Câmara será a saída adotada pelos senadores. Esse é o resultado político dos primeiros encontros e conversas das excelências para sobre o texto. Os senadores não ficaram nada satisfeitos com a “volta” que levaram dos estados no projeto que pretendia estabilizar a cobrança do ICMS do diesel em patamares mais baixos, e os estados optaram pelo percentual mais alto. Dessa vez, será diferente. O Senado deu tempo para buscar a solução, mas isso não significa que largará a proposta a “Deus dará”.

» » »

Vale lembrar: Miguel Coelho, filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), é pré-candidato a governador de Pernambuco e o projeto tem tudo para dar discurso a quem for candidato. No Ceará, por exemplo, Capitão Wagner, pré-candidato a governador, tem dito em suas redes que mesmo sem a aprovação do Senado, baixará o ICMS se estiver no comando do estado em 1 de janeiro de 2023.

E as pesquisas, hein?

Ao comparar a recepção ao presidente da República Brasil afora com os resultados das pesquisas pré-eleitorais, os bolsonaristas ficam irritados. Mas, nos bastidores da campanha, seguem o que dizem essas consultas para melhorar a performance presidencial.

Enquanto isso, em Pernambuco…

A liberação de R$ 500 milhões para a reconstrução das áreas atingidas é um alento para a população que sofre com as chuvas. Mas sem um planejamento para conviver com as fortes chuvas, a tragédia se repetirá no futuro.

O Hang da Colômbia/ Brasileiros que acompanham atentamente a eleição na Colômbia só se referem a Rodolpho Hernandez, também conhecido “viejito do TikTok”, como o “Velho da Havan” colombiano. Só tem uma diferença: por aqui, Luciano Hang apoia Bolsonaro, mas não é visto como alguém disposto a ocupar a cadeira do presidente.

Milton Gonçalves/ O grande ator, falecido ontem, aos 88 anos, era um emedebista histórico. Chegou a concorrer ao governo do Rio de Janeiro, em 1994, e a participar de campanhas presidenciais, como, por exemplo, a de Ulysses Guimarães.

Por falar em MDB…/ Alguns senadores ainda não desistiram de tentar tirar Simone Tebet do páreo. Só em um probleminha: faltam a eles votos na convenção nacional do partido, prevista para julho.

Hoje tem!/ Sabatina do Correio com os presidenciáveis com transmissão nas redes sociais do jornal. Vem com a gente!

Venda da Petrobras volta à pauta

Publicado em coluna Brasília-DF

Deixado para escanteio nesse período pré-eleitoral, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi o que restou ao presidente Jair Bolsonaro para ajudar na busca de um novo presidente para a Petrobras. E, com Guedes, volta à cena a agenda que o ministro sempre defendeu, de privatização da empresa. Não por acaso, até o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), entrou nesse embalo. A privatização é o bode que entra para esconder o vaivém na troca de comando na petroleira.

Ao colocar a privatização em pauta, deixa-se de discutir o preço dos combustíveis, a confusão criada pelo presidente ao demitir o general Joaquim Silva e Luna, o problema causado pelas indicações de Adriano Pires e do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. Passa-se diretamente ao privatiza ou não privatiza. Vale lembrar que, em 2006, essa discussão ajudou na reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra Geraldo Alckmin. Naquela época, o PT acusava os tucanos de privativistas. A política deu voltas, mas a pauta continua a mesma.

“Caio do e-gov”
O secretário de Desburocratização Caio Paes de Andrade, nome cotado para a Petrobras, é sempre citado no governo como o criador do e-gov. E já tem no radar uma ideia que recebeu do deputado Júlio Lopes (PP-RJ), hoje na suplência. Criar a “bomba on-line”.

Na bagagem
Lopes, que é suplente e exerceu o mandato de deputado até a semana passada, levou ao governo o projeto de monitoramento on-line de todas as bombas de combustível, nos 39.763 postos de abastecimento do Brasil. A ideia, que já havia sido discutida tanto com Adriano Pires quanto com o governo, consiste em registrar, cada vez que o cidadão abastecer o carro, o total de litros e o valor pago.

Por que o PL cresceu?

O tamanho do partido de Jair Bolsonaro, com 76 deputados, e seus principais aliados, PP e Republicanos, é o maior sinal de que a classe política vê ali um “perfume de poder”. Ou seja, acredita piamente na recuperação do presidente.

Retorno à clandestinidade
O ex-ministro José Dirceu tem sinal verde de Lula para as conversas que tem feito Brasil afora. A ordem é deixá-lo trabalhar sem que seja visto como algo feito oficialmente pelo partido.

Roteiro/ A reunião em que o PSB apresentará Geraldo Alckmin como o nome a vice de Lula, nesta sexta-feira, é o primeiro passo para o ex-presidente tentar convencer a ala do PT que não deseja a parceria com o ex-tucano. E se não colar, Geraldo será o vice assim mesmo.

Vale lembrar/ Lula tem dito ao PT que sempre fez o que o partido quis. Agora, está na hora de o PT seguir o que ele deseja para ser o candidato.

Oráculo de Delphos/ O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ganhou o apelido de “pitonisa do PP”. Há alguns meses, ele havia dito que o ex-juiz Sergio Moro iria “trair” o Podemos e iria para o União Brasil. E chegando lá, também haveria problemas.

Por falar em Moro…/ O ex-juiz começou, em dezembro de 2021, como a maior aposta para enfrentar Lula e Bolsonaro. Agora, chega à segunda temporada em baixa, uma vez que seu partido não deseja sua candidatura. O União Brasil trabalha é para recuperar a parcela expressiva de deputados que deixaram a legenda em março. Hoje, a bancada fará uma reunião para discutir esse assunto e tentar tirar uma posição a respeito.

Mudam os nomes,mas o problema da Petrobras se mantém

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

O recuo de Adriano Pires e Rodolfo Landim, em razão de conflitos de interesses que impediriam a troca no comando da Petrobras, mostra um exemplo das complicadas relações entre a iniciativa privada e o governo no âmbito da indústria de energia. Com profundo conhecimento técnico e experiência no mundo empresarial, ambos desistiram de ocupar cargos-chave na estatal porque entenderam que não havia condições de conciliar a trajetória profissional com as normas de compliance da Petrobras.

Nomeações frustradas não constituem, porém, o problema mais complicado para o governo ou para a Petrobras. A dificuldade fundamental para a empresa ainda está pendente: encontrar alguém disposto a seguir a toada definida pelo Palácio do Planalto e pelo Centrão de segurar o preço dos combustíveis em um cenário de incertezas internacionais e — mais importante — em um ano eleitoral.

Adriano Pires e Rodolfo Landim declinaram da tarefa que custou a cabeça de Silva e Luna e Castello Branco, presidentes demitidos da Petrobras. A dupla caiu fora antes mesmo de sentir a pressão para estancar a política de paridade de preços adotada pela estatal. Quem se habilita?

No escuro
Sistematicamente preterido nas articulações do governo, Paulo Guedes manteve a tática de evitar qualquer chamusco na fogueira que se transformou a Petrobras. No final de março, disse que a substituição na estatal não era problema dele. Ontem, o ministro fez uso da ironia. “Estou sem a luz”, comentou, a respeito do futuro da estatal.

Na pista
Guedes, no entanto, indica estar mais envolvido do que parece no imbróglio chamado Petrobras. Basta considerar que Caio Paes de Andrade, secretário de desburocratização do Ministério da Economia, está cotado para assumir o posto de Silva e Luna.

Que ônibus é esse?

Um grupo de parlamentares protocolou um pedido para que o Tribunal de Contas da União suspenda licitação para a compra de ônibus escolares pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Segundo a petição, há suspeita de superfaturamento no preço dos veículos. Cada veículo custa R$ 270 mil no mercado. Na licitação, a previsão é de até R$ 480 mil por ônibus. Assinam a petição o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (União Brasil-ES).

Robô eleitoral
O TSE continua a estreitar a parceria com plataformas digitais para combater fake news. O tribunal lançou ontem, em cooperação com o WhatsApp, uma nova versão da ferramenta chatbot, assistente virtual que tira dúvidas sobre o processo eleitoral. Para ter acesso a esse serviço do TSE, o interessado deve se inscrever no número (61) 99637-1078.

Mensagens do bem
É a segunda vez que a Justiça Eleitoral e a plataforma trabalham juntas. “Além de ser um importante avanço no enfrentamento da desinformação, a parceria com o WhatsApp facilitará o acesso aos serviços da Justiça Eleitoral. Este ano, uma das novidades é que o chatbot deverá enviar mensagens proativas aos eleitores para que aprendam a lidar com as notícias falsas disseminadas durante o processo eleitoral”, afirmou o presidente do TSE, Edson Fachin.

Pela democracia
As tratativas não se limitam ao WhatsApp. Em reunião virtual com representantes do YouTube, o ministro Edson Fachin reforçou a importância do trabalho conjunto das instituições e das plataformas digitais para “defender a democracia e preservar uma sociedade livre e aberta”. O diretor de Produtos do YouTube, Neal Mohan, destacou as ações da empresa contra a desinformação e o discurso do ódio.

Propina do MEC
Para quem achava que a demissão de Milton Ribeiro iria esfriar o escândalo dos pastores lobistas no MEC, o Senado promete aumentar novamente a temperatura. Está previsto para hoje, na Comissão de Educação do Senado, o depoimento de dez prefeitos sobre as denúncias de propina feitas por religiosos ligados ao ex-ministro.

Bíblia com foto
Na quinta-feira, a temperatura promete ser ainda mais alta. Os senadores vão ouvir o presidente do FNDE, Marcelo Pontes, e os dois personagens centrais no escândalo: os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles terão de explicar, entre outros episódios, a distribuição de Bíblias com a foto de Milton Ribeiro em evento promovido pelo ministério.

O recado da OCDE para o governo brasileiro

Publicado em coluna Brasília-DF

Acostumados a um olhar mais acurado sobre os movimentos internacionais como um todo, embaixadores brasileiros viram uma mensagem muito clara no fato de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mandar uma carta-convite para o ingresso do Brasil no seleto clube, ao mesmo tempo em que a Transparência Internacional apontou a queda do Brasil em duas posições no ranking da corrupção mundial.

A visão é a de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, avançou algumas casas nessa discussão, mas, nas demais áreas governamentais, o Brasil tem um longo caminho pela frente — como combate à corrupção, preservação do meio ambiente e reformas estruturais. O governo, porém, vai bater bumbo sobre a carta-convite como se estivesse tudo certo e cor-de-rosa em todas as áreas.

Guedes respira
A carta-convite que o governo brasileiro recebeu deu novo fôlego a Paulo Guedes e ajudará o presidente Jair Bolsonaro a reforçar o discurso de que os problemas brasileiros são reflexos da pandemia e do #fiqueemcasa. Num ano eleitoral, avisam os aliados do governo, foi a melhor notícia deste mês.

A simbologia do local
O anúncio da carta-convite no Palácio do Planalto foi justamente para marcar esse ato como uma vitória do governo Bolsonaro como um todo, e não deixar apenas os ministros de Relações Exteriores, Carlos França, e da Economia, Paulo Guedes, na foto.

Vai afunilar agora

Fevereiro será dedicado a definir quem será candidato a presidente da República e quem vai desistir da empreitada. Quem está buscando federações com outras legendas, caso do Cidadania com o PSDB, por exemplo, avisa de antemão que terá candidato: “Se fecharmos a federação, não vamos insistir na candidatura”, diz Roberto Freire.

O que está pegando
Falta o PSDB se reunir e decidir que deseja a federação com o Cidadania. Até aqui, só o Cidadania tirou uma indicação favorável em seu diretório nacional.

Tchau, Trump!/ Os embaixadores registram, ainda, que a posição dos EUA sem Donald Trump foi fundamental para que a OCDE enviasse o convite ao Brasil. Eram os norte-americanos que estavam segurando essa ampliação da entidade.

Esqueceram dele/ O pedido inicial para ingresso na OCDE foi feito no governo do ex-presidente Michel Temer, e o MDB vai tentar buscar uma vaga na foto desse processo.

Por falar em MDB…/ No papel de pré-candidata ao Planalto, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem conversado bastante com o ex-juiz Sergio Moro.

Olavo de Carvalho/ A forma como alguns se manifestaram nas redes sociais sobre a morte do escritor nos remete a um tempo medieval, em que algumas tribos exibiam cabeças de seus adversários espetadas sobre estacas. Retrocedemos várias casas na chamada civilidade e respeito.

 

Planalto admite que inflação é o maior obstáculo à reeleição

Publicado em coluna Brasília-DF

Dentro do governo, a avaliação é de que a inflação consiste, hoje, no adversário mais feroz aos planos de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Associado ao discurso antivacina — que embaça o fato de o governo comprar imunizante para todos —, o aumento dos preços é o que mais afeta a população pobre. Por isso, a ordem, daqui para a frente, é cuidar de trabalhar para melhorar a sensação das pessoas de que o governo tem feito o que pode para aliviar a situação dos brasileiros. De quebra, virá ainda o discurso de que os “ataques de nervos” do presidente da República se devem a querer fazer mais e estar com as mãos atadas. Se vai funcionar, cabe ao eleitor decidir em outubro.

O discurso de Bolsonaro, durante lançamento do crédito para aquicultura e pesca, já foi nesse sentido. Ele aproveitou, também, para reforçar a polarização com Lula, ao citar que a turma que roubou quer voltar ao governo, com Geraldo Alckmin. No momento em que citações sobre adversários entram em discursos oficiais no Planalto, fica difícil retirar.

A corrida de Lula

Embora o ex-presidente lidere todos os cenários eleitorais, os petistas têm um certo receio de que esses 45% registrados na pesquisa Genial/Quaest sejam apenas um “recall” e que, quando Lula começar a “apanhar” dos adversários com mais força — como fez Bolsonaro, que tem 23%, no evento de ontem no Planalto —, tudo fique mais difícil. Aí, a largada de 45% poderá aparecer como um teto complicado de ultrapassar.

Sem volta
Se for para ser candidato ao Senado numa chapa encabeçada por ACM Neto, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), deve terminar concorrendo mesmo a uma vaga de deputado federal. É que, dizem aliados dele, aceitar uma candidatura ao lado de Neto, hoje, seria retornar para a aba do ex-prefeito, e o Republicanos prefere que Roma continue como uma promessa para o futuro. Hoje, avaliam alguns, o ministro já adquiriu luz própria.

Até eles
A inflação de 7% nos Estados Unidos, a mais alta desde 1982, será amplamente divulgada pelo governo para mostrar que o aumento de preços é geral e não exclusividade da economia brasileira. A ideia é deixar claro que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não é o culpado pela inflação por aqui.

Por falar em inflação…
Os 10,06% vão pressionar ainda mais o governo a reajustar salários das mais diversas categorias. Na Receita Federal, por exemplo, agora são os analistas tributários que deflagram operação-padrão.

A la Russomanno não dá/ Uma turma de São Paulo teme que Lula repita o que sempre ocorre com o deputado Celso Russomanno na corrida pela prefeitura da capital paulista. Ele começava a disputa lá em cima nas pesquisas e, quando a campanha tinha início, de fato, derretia aos poucos.

Feliz ano velho/ Em marco de 2020, um dos problemas do Brasil era a baixa testagem da população. Agora, dada a falta de insumos para produção de testes, a escassez se repete.

Bom começo/ É assim que muita gente avalia os primeiros passos do ministro André Mendonça no Supremo Tribunal Federal. A perspectiva de aposta na decisão colegiada para o caso do fundo eleitoral, em vez do vício monocrático adotado por muitos ministros, foi considerada uma boa largada por juristas.

No mais, é de praxe/ Quanto ao pedido de informações a respeito do fundo eleitoral, com base numa reclamação do partido Novo, tão destacada nas redes sociais como uma “cobrança de explicações”, o despacho não passa de uma tramitação normal dos processos.