Lula é aconselhado a deixar Lira e Pacheco de lado e focar em futuros presidentes da Câmara e do Senado

Publicado em coluna Brasília-DF, Congresso, GOVERNO LULA

Por Denise Rothenburg — O presidente Lula foi aconselhado a deixar para o ano que vem um acordo de cavalheiros com os futuros presidentes da Câmara e do Senado, a fim de garantir ao governo maior controle sobre o Orçamento. A avaliação é a de que, com o tempo de comando de Arthur Lira (PP-AL) e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) mais próximo do fim, não adianta discutir esse tema com ambos. Uma das ideias em debate na seara do chefe do Planalto é oferecer o reajuste nominal das emendas a partir de 2025, o que, aos poucos, permitiria ao Executivo controle sobre uma fatia maior dos recursos.

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Em tempo: já está claro que, assim como a área econômica não desistiu de acabar com desonerações, a turma da política quer recuperar o controle sobre os recursos orçamentários. A discussão ainda não foi levada aos candidatos e tem gente no governo defendendo que só seja tratada no ano que vem.

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Preocupante

Na mesma exposição do Fórum Esfera em que acusou o governo de “morder” a iniciativa privada, o CEO da Cosan, Rubens Ometto, alertou sobre a participação da iniciativa privada no setor de combustíveis. Disse que são mais de mil postos de combustíveis e quatro refinarias de etanol nas mãos do crime organizado. “E ninguém faz nada”, disse, sugerindo ao governo que vá cobrar impostos também dos devedores contumazes.

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Novo embate

Palestrante no mesmo Fórum Esfera, no Guarujá, o Secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubo, protagonizou um embate com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Sarrubo anunciou que o governo estuda uma proposta de emenda constitucional para ganhar mais protagonismo nas diretrizes de segurança pública, especialmente, compartilhamento de informações. Caiado reclamou: “As informações estão com a Polícia Federal. Eu estou pedindo dois helicópteros e até hoje nada”. Mas acontece que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já avisou que não tem dinheiro para as aeronaves.

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Cravo & ferradura

Nesta quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) se reúne para analisar as contas do primeiro ano do governo Lula. E, se for na linha do que disse o presidente da Corte, ministro Bruno Dantas, no Fórum Esfera, vem bronca: “As regras de finanças públicas praticamente todas foram afrouxadas. 2024 é um ano mais desafiador e exige daqueles que administram as finanças um cuidado adicional. Felizmente, os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet têm se mostrado atentos à lei de responsabilidade fiscal.”

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Climão

O mau-humor de parte do empresariado com o governo pode ser sentido logo na abertura do segundo dia do Fórum Esfera. Quando a chairman do thinkthank, Camila Camargo Dantas, elencou os pontos positivos da economia, ninguém se mexeu na plateia. Bastou ela citar que “ o que causa angústia e preocupação é a saga incessante do governo de aumentar a carga tributária” para ser aplaudida de forma efusiva pela nata do empresariado.

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Curtidas

Quem avisa…/ Amigo do CEO da Cosan, Rubens Ometto, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, cruzou no auditório do evento Esfera com o empresário, logo depois do discurso em que Ometto acusara o governo de “morder e tomar dinheiro” da iniciativa privada pelas beiradas. “Fica aí que eu vou bater em você na minha fala”. Ometto sorriu e deixou o auditório, alegando compromissos na capital paulista.

Quem cochicha.. / Mal o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, havia deixado o palco do Fórum Esfera 2024, onde reafirmou sua posição de “bolsonarista”, foi puxado para uma conversa ao pé do ouvido pelo ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Foi um convite para detalhar a respeito do Porto de São Sebastião e o túnel Guarujá-Santos, duas obras importantíssimas para o estado de São Paulo.

… e quem afaga/ Tarcísio foi ainda saudado como “presidente” pelo diretor-presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSeg), o ex-ministro do Planejamento Dyogo Oliveira. O governador apenas sorriu, bem ao estilo de quem cala, consente.

Maria da Conceição Tavares/ Um dos momentos que deixou muitos com os olhos marejados no Fórum Esfera foi quando Aloízio Mercadante pediu um minuto de silêncio pela morte da economista com quem trabalhou por vários anos. “Vou pedir ajuda um minuto de silêncio e peço licença pra falar um palavrão repetindo o que ela diria se estivesse aqui: “vá a m…, Mercadante, pedir um minuto de silêncio pra mim? Por isso, vou pedir uma salva de palmas”.

Pacheco vai avisar a Lula que líderes tendem a apostar na devolução da MP da reonerou da folha

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pretende aproveitar a viagem de hoje a Belo Horizonte para avisar ao presidente Lula que a maioria dos líderes tende a apostar na devolução da medida provisória que reonerou a folha de salários e mexeu no Perse, o programa criado na pandemia para atender o setor de eventos. Também há pressão para que se avalie logo os vetos ao Orçamento. Se o governo insistir em manter tudo, ainda que transforme a reoneração em projeto de lei, algo vai escapar pelos dedos de seus articuladores políticos. A avaliação geral, no Parlamento, é a de que Lula criou embates demais para este início de ano.

O presidente Lula sempre ouve as ponderações dos congressistas, mas costuma fazer o que o seu instituto político recomenda. Há quem diga que Lula, escolado e experiente, vai contar com a “virada da ampulheta” do poder de Arthur Lira para negociar tudo. Ele sabe que os líderes do Centrão se sucedem ao sabor dos cargos que ocupam. E vai apostar nisso.

Nem vem

O que “pegou” para os deputados foi o governo começar a vazar suspeitas sobre os benefícios do programa do setor de eventos. A toada do Parlamento é deixar claro que, se houve algum erro, a culpa é de quem não fiscalizou o programa, e

não o programa em si.

Caso a caso

Entre os congressistas, prevalece a visão de que, se fosse para extinguir todos os projetos que apresentaram problemas, nenhum ficaria de pé. Até no Bolsa Família já houve casos de pessoas receberem o benefício sem atender aos critérios. Esses foram cortados.

Juntos chegaremos lá

Líder do PP no Senado, Tereza Cristina (MS) esteve com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para conversar sobre a eleição em seu estado. Ela defende que o PP feche com o PL “onde for possível”.

Espremido, mas…

A movimentação do PL e do PP deixa o ministro do Esporte, André Fufuca, no meio do fogo cruzado entre governo e oposição. Na Câmara, quem conhece o ministro, que já foi líder da bancada, não tem dúvidas: ele jogará para os candidatos do PP.

O samba de Randolfe/ Líder do governo no Congresso, o senador pelo Amapá Randolfe Rodrigues (foto) — ainda sem partido —, fez questão de colocar em suas redes o samba de Zé Paulo Sierra, da Mocidade Independente, que traz na letra o seguinte verso: “Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio”. No vídeo, Randolfe emenda: “Se até Zé Paulo, o intérprete, está dizendo, quem sou eu para contestar?”

Espaço reservado/ Quem costuma fazer o trajeto Brasília—São Paulo já notou que, quando tem algum evento jurídico na capital paulista, alguns voos saem rumo a Brasília com a área “conforto” ou “premium” tomada por ministros ou ex-ministros do Supremo, mais a segurança de cada um deles.

Todo cuidado é pouco/ Desde que Alexandre de Moraes foi agredido em Roma, no ano passado, a segurança pede que os ministros sejam os últimos a entrar nas aeronaves e os primeiros a sair. Embora Moraes não tenha sido atacado dentro do avião, a prevenção é o melhor remédio.

Todos em movimento/ Lula nas capitais, Jair Bolsonaro no interior de São Paulo. Até a eleição, ambos não saem das ruas. É o esquenta para 2026 começando mais cedo do que o esperado.

 

Lira assumirá papel de defender o Supremo

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai “matar no peito” a proposta que limita decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal aprovada no Senado. Até aqui, quem segurava as decisões que poderiam arranhar os poderes do STF, era o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Assim, Lira, na visão de muitos, assumirá o papel institucional de defesa do Supremo que, na pandemia e em períodos difíceis, muitas vezes por decisões monocráticas, assegurou não só o poder da federação bem como a democracia.

O placar, porém, não foi desprezível. Mostra que a blindagem do STF foi violada. Assim, na hipótese de um presidente mais radical, outros problemas virão.

O esforço de Wagner

O voto do líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), em favor de limite para decisões monocráticas do STF tinha um objetivo claro: abrir pontes com a oposição e não jogar uma derrota no colo do Poder Executivo. O principal para Wagner é a pauta econômica, a ser votada na semana
que vem.

Goleiro menos vazado

Jaques Wagner ajudou a aprovar a proposta e recebeu acenos positivos para as propostas de interesse do governo. Até aqui, a gestão Lula 3 não perdeu nada muito comprometedor no Parlamento. E Wagner espera fechar o ano assim.

O futuro de Raquel

O PSD estendeu os tapetes para receber a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra. Ela é considerada importante para ajudar na formação de uma base nordestina.

Projetos

Hoje, o PSD tem Ratinho Júnior, no Paraná, como possível candidato ao Planalto. Na hipótese de Tarcísio de Freitas não concorrer ao Planalto, a tendência do PSD é ter candidato próprio.

As meias…/ O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) saía do lançamento do livro do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), quando chega o fotógrafo Ricardo Stuckert, que sempre acompanha Lula. “Deixa eu ver a sua meia”, diz Alckmin.

Denise Rothenburg/CB/DA.Press

… viraram moda/ “Ah, a sua ganhou, presidente”. Geraldo estava com uma meia de flamingos. E Stuckert, de dinossauros.

Outro adepto/ Quem entrou na onda das meias nerds foi o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Sempre que pode, mostra o acessório a Alckmin.

Alcolumbre se movimenta e flerta com bolsonaristas para conseguir presidência do Senado

Publicado em Congresso, Senado

Por Luana Patriolino (interina) — De olho na presidência do Senado, em 2025, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), dá passos importantes em busca de seus planos políticos. Nos corredores do Congresso, ele negocia o apoio de seus pares e flerta com a bancada bolsonarista. Tudo isso em aliança com o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que recentemente sinalizou estar interessado em outros horizontes para a trajetória política.

Concorrentes

Os interessados na disputa pela presidência do Senado ainda não se manifestaram publicamente, mas é dado como certo que o candidato da ala bolsonarista mais radical será Rogério Marinho (PL-RN). No último pleito, ele foi derrotado por Pacheco, que, à época, era o nome do governo Lula.

E por falar em Pacheco…

O senador vive um momento distinto do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que, atualmente, busca mais espaço no governo Lula e aparece como peça de contenção de crises. Rodrigo Pacheco adotou uma agenda que confronta os interesses do governo e também do Judiciário. Ontem, o presidente do Congresso defendeu a PEC que limita a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo ele, servirá “para aprimorar o sistema constitucional”.

Rancores

Apesar de Davi Alcolumbre tentar se aproximar dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não foi esquecido o fato de que ele adiou por 141 dias a sabatina de André Mendonça, em 2021, na CCJ — indicado pelo ex-chefe do Planalto para assumir uma cadeira na Suprema Corte. À época, o parlamentar tentava emplacar o então procurador-geral da República, Augusto Aras, para o STF.

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De cara nova

Prestes a completar 70 anos, a Petrobras lançou um novo site, como uma estratégia de aproximação do novo posicionamento da marca com os brasileiros. O novo portal foi desenvolvido pela Brivia, que apostou no destaque de assuntos conhecidos ou em alta no país. Na página, há espaços interativos sobre o pré-sal, inovação e tecnologia, novas energias, entre outros. “Trabalhamos dois anos para captar a essência que a empresa buscava”, relata à coluna o diretor da Brivia, Eliel Allebrandt.

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Inteligência artificial nas eleições

Após o uso massivo de redes sociais e robôs nas campanhas eleitorais, a novidade do pleito municipal de 2024 será o emprego da inteligência artificial (IA). A análise é do consultor de marketing e especialista em Inteligência Artificial, Rodrigo Bertozzi. Segundo ele, a expectativa é de que a disputa do ano que vem supere o volume de investimentos de 2022 — quando 42% de todo o investimento financeiro foi direcionado para o ambiente digital.

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Curtidas

Assistência psicológica / O Senado aprovou, nesta semana, um projeto que visa garantir às gestantes e puérperas o direito à assistência psicológica no Sistema Único de Saúde (SUS). A matéria é de autoria da deputada federal Renata Abreu (SP, foto), presidente nacional do Podemos, e segue para sanção presidencial — última etapa do processo legislativo antes de virar lei. “O estado emocional da mãe é determinante para o bom andamento do trabalho de parto e para o bebê. Igualmente, o puerpério é um período em que a mulher está debilitada física e emocionalmente”, disse a parlamentar à coluna.

Projeto imobiliário / Um grupo de 13 terrenos de propriedade da Fundação Universidade de Brasília (FUB) será objeto de estudos para geração de renda complementar para a Universidade de Brasília (UnB). A instituição contratou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estruturar o projeto de valorização de ativos imobiliários do local. De acordo com a modelagem preliminar, as áreas serão objeto de permuta para a construção de unidades residenciais e comerciais que, posteriormente, possam gerar receitas para a realização das atividades da UnB.

 

Pacheco promete resistir ao pedido de urgência do marco temporal

Publicado em coluna Brasília-DF

Pressionado por 23 senadores, inclusive os do seu partido, para levar o projeto do marco temporal ao Plenário por meio de regime de urgência, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cancelou a sessão da Casa pré-feriado esperando que o Supremo Tribunal Federal (STF) resolvesse o problema. O STF, porém, adiou a solução. Não deu certo e, agora, na semana que vem, o pedido de urgência será lido. Pacheco, porém, promete resistir. Se depender da disposição dele, a proposta será debatida nas comissões técnicas da Casa.

Só tem um probleminha: o Regimento do Senado, conforme o leitor assíduo da coluna já sabe, dá respaldo ao pedido dos senadores. Dispensa o parecer de uma comissão técnica e a matéria pode ser levada diretamente ao plenário.

Em tempo: o pedido de urgência conta com a assinatura de vários integrantes do PSD. Além disso, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também já se colocou à favor do marco temporal. Pacheco está numa encruzilhada.

Ruim com ele…

O governo desistiu de tentar quebrar as pernas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O aviso do Planalto é que a conversa com o Republicanos, o PP e o União Brasil por ministérios será feita com lealdade ao deputado alagoano.

…pior sem ele

A avaliação do Planalto e de líderes de partidos mais à esquerda é de que não dá para isolar o presidente da Câmara. Se for por esse caminho, aí é que desanda tudo no Congresso.

Nada é para já

Antes de escolher os novos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer ter certeza de que a relação será de confiança. Não dá para fazer como em dezembro, quando os ministros foram escolhidos de afogadilho. O que se viu até agora foi um susto enorme para aprovar a reestruturação do governo.

Flávio Dino na área/ Detentor de engajamento nas redes sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, está no páreo, caso Lula não seja candidato à reeleição. Em entrevista ao canal MyNews, que vai ao ar no domingo, ele respondeu assim quando perguntado sobre o tema: “Espero que você vote em mim”. Se o presidente desistir da reeleição, a esquerda vai se pulverizar em uma profusão de nomes.

Todos por Zanin/ A turma que trabalha silenciosamente e discretamente dentro do PT começou a percorrer os gabinetes do Senado em busca de votos a favor de Cristiano Zanin (foto) para ministro do Supremo Tribunal Federal. Leia-se aí a maioria de seus ex-deputados.

O problema é a outra vaga/ Nessas conversas, tem gente querendo atrelar o voto favorável a Zanin ao compromisso de indicação para a vaga de Rosa Weber. Não vai funcionar.

Pressão geral/ O grupo Prerrogativas se encontra pulverizado em várias candidaturas. O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), como o leitor da coluna sabe, prefere o ministro Luiz Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça. E tem toda uma torcida da bancada do PT para que Lula escolha uma mulher.

Uma pequena pausa/ Vou ali e volto a escrever na semana que vem. Bom feriado a todos.

 

Governabilidade em jogo na eleição no Congresso Nacional

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza (interino)

A votação para escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, hoje, representa a consolidação de um pacto firmado logo após o segundo turno das eleições presidenciais entre o então candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e os presidentes das duas Casas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Diante de um país fraturado pela polarização política, os atuais comandantes do Congresso se comprometeram com Lula a trabalhar pela governabilidade da nova gestão, independentemente da coloração partidária e sem intromissões de um Poder no outro.

Pacheco integra a rede de alianças do governo Lula, mas, para se reeleger, precisa vencer a oposição bolsonarista que se aglutina em torno do senador Rogério Marinho (PL-RN). A vitória de Pacheco é dada como certa pelos aliados, mas ninguém crava a quantidade de votos que ele terá — as previsões variam de 45 a 55 votos, em um universo de 81 senadores. Uma derrota, além de inesperada, comprometeria o tripé da governabilidade que Lula sonha construir. Pior: daria ao bolsonarismo mais uma base de atuação política e dois anos de confronto com o Palácio do Planalto. Por isso, os ministros-senadores de Lula estarão no Plenário da Casa pedindo votos para Pacheco.

O fator Lira
No caso de Arthur Lira, em que pese o apoio que ele deu ao governo e à reeleição de Jair Bolsonaro, a manutenção do comando da Câmara coroará a articulação que envolveu a base governista e a oposição em favor de um nome de consenso que não alimentasse tensões, principalmente no primeiro ano de governo Lula. Pesou muito para construção dessa aliança a postura de Lira logo após a eleição presidencial: ele foi o primeiro presidente de Poder a reconhecer o resultado da eleição.

Vetados

O presidente Lula vetou 18 indicações do antecessor Jair Bolsonaro. Boa parte dos vetos aplica-se a nomes escolhidos para agências reguladoras e postos em embaixadas e representações brasileiras. A lista foi publicada ontem no Diário Oficial da União. Em relação aos diplomatas, o novo governo substituirá os indicados para postos importantes, como Argentina, França, Itália, Holanda, Grécia, Emirados Árabes e a representação junto à OMC.

Pedido de relaxamento
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes cobrou manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre o pedido de revogação de prisão apresentado pela defesa do ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto Vieira. O militar foi preso em decorrência dos ataques terroristas do dia 8. Na petição, a defesa alega que Vieira não participou do planejamento da operação de segurança naquele domingo. O trabalho teria ficado a cargo do Departamento Operacional (DOP) da Polícia Militar.

Olha eu aqui
A terça-feira foi agitada no Congresso Nacional. Além das articulações políticas em torno da eleição para a presidência da Câmara e do Senado, da movimentação de jornalistas e do trabalho de funcionários para deixar tudo pronto para a sessão de abertura da nova Legislatura, a sede do Parlamento recebeu muito visitantes: a grande maioria, parentes de deputados e senadores eleitos pela primeira vez, que fizeram questão de visitar as instalações do Congresso, praticamente reformado após os ataques de 8 de janeiro.

Bem-vinda
Está prevista para hoje, em Brasília, a chegada de Elizabeth Frawley Bagley, a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil. Com longa experiência diplomática, ela foi conselheira sênior de três secretários de Estado da Casa Branca. Em vídeo divulgado ontem — com direito a uma saudação em português —, Bagley se disse “honrada” por representar o governo Biden e o povo norte-americano no Brasil.

Cooperação
A nova embaixadora afirmou que pretende trabalhar muito para robustecer os fortes laços já existentes entre as duas nações; apoiar e defender a democracia; os direitos humanos e o Estado de Direito. E acrescentou que pretende cooperar com o governo Lula para preservar a Amazônia. Por último, Bagley se diz ansiosa por trabalhar e conhecer um país tão diverso como o Brasil. E finaliza: “Muito obrigada!”

Elas à frente
Se confirmada a indicação da embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti para chefiar a Embaixada brasileira em Washington, as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos terão duas mulheres em cargos estratégicos. No caso do Itamaraty, a nomeação de Viotti, além do reconhecimento à competência da diplomata, confirma a decisão do governo Lula de dar mais visibilidade às mulheres na política externa.