Fim da reeleição volta à baila; entenda

Publicado em coluna Brasília-DF, GOVERNO LULA, Michel Temer

Por Denise Rothenburg — Entusiasta do semipresidencialismo, o ex-presidente Michel Temer considera que há um ambiente positivo para a discussão da proposta no Parlamento, com o fim da reeleição. “Todo presidente que chega ao poder já está de olho na reeleição e não quer mexer em temas polêmicos. Eu, que não pensava nisso, fiz a reforma trabalhista e levei adiante a reforma da previdência”, afirmou à coluna e a um grupo de jornalistas durante conversa em Dubai.

As declarações de Temer combinam em gênero e grau com o que passa pela cabeça de parte do Centrão: levar adiante uma proposta que institucionalize o semipresidencialismo que o país vive hoje na prática e que sempre foi defendido pelo emedebista. Temer vai além: diz que seria “útil acabar com a reeleição” e implantar um mandato presidencial de cinco ou seis anos. Ocorre que, para levar isso adiante, será preciso ter um Centrão em paz com o bolsonarismo, uma vez que o semipresidencialismo não faz parte dos planos do PT.

——-

A vida é dura…

… E feita de escolhas. Com a queda de avaliação do presidente Lula em duas pesquisas, Genial Quaest e Atlas Intel, o governo não tem mais dúvidas de que, daqui para frente, o PT terá que definir suas batalhas por segmento. Não dá para brigar com muita gente ao mesmo tempo.

——-

Quanto mais, melhor

Perguntado sobre a situação da corrida para a prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Michel Temer defendeu que Ricardo Nunes abrace todos os votos que puder, inclusive o bolsonarismo. “Ricardo Nunes não pode recusar votos. Quanto mais puder somar as várias correntes para se opor às outras duas, mais útil será para ele”, disse o ex-presidente.

——-

Curtidas

Pule esta fase/ Integrante da comitiva do Lide ao Oriente Médio, o presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein em São Paulo, Claudio Lottenberg, deixou para se juntar ao grupo apenas em Dubai, nos Emirados Árabes. Não é hora de judeus visitarem países muçulmanos.

Todo cuidado é pouco/ Em São Paulo, muitos integrantes da comunidade judaica contrataram seguranças para acompanharem seus familiares. Os brasileiros desse segmento nunca se sentiram tão inseguros.

Eleição versus realidade/ Assim como Javier Milei na Argentina, o candidato da direita em Portugal tem dito ao longo da campanha que Lula não entrará no país. No governo, porém, segue a máxima: uma coisa é discurso de campanha. Outra é o dia a dia de quem governa.

Imortal/ Na véspera do Dia Internacional da Mulher, uma boa notícia: a historiadora Lilia Schwarcz (foto) foi eleita imortal pela Academia Brasileira de Letras. Vai ocupar a cadeira de nº 9, antes reservada para o o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva.

Mulher com orgulho / Autora renomada sobre o Brasil Colônia e outros temas, a nova imortal tem como missão montar a iconografia de Machado de Assis, patrono da ABL, e se debruçar sobre o arquivo da instituição centenária. “Quero entrar para agregar”, disse a nova integrante. Viva a mulher brasileira!

Temer está em clima de campanha nas redes sociais

Publicado em coluna Brasília-DF, Michel Temer, Política

Em suas redes sociais, Michel Temer segue com uma espécie de pré-campanha presidencial. Em seu Instagram, por exemplo, a imagem de destaque, neste fim de semana, era uma foto dele, as cores da bandeira do Brasil e as palavras “pacificação, articulação, conhecimento, união e diálogo”.

Veja bem

A avaliação de emedebistas que estão diariamente com o ex-presidente é de que ele teria tudo para atrair um grande time de políticos. Só tem um probleminha aí: o MDB não se uniria nem a Temer.

Por Denise Rothenburg, notas publicadas na coluna Brasília/DF de 24 de julho de 2022.

Temer apadrinha aliança entre MDB e PL no DF

Prisão de Temer afeta MDB
Publicado em Michel Temer, Política

É bom a senadora Simone Tebet, pré-candidata a presidente da República, começar a fazer as contas para ver que parcerias conseguirá manter ao seu lado país afora numa campanha presidencial. No Distrito Federal, por exemplo, seu partido, o MDB acaba de se apresentar publicamente ao lado do PL de Jair Bolsonaro, com direito a bênçãos do ex-presidente Michel Temer.

A filiação da secretária de Justiça do DF, Marcela Passamani, ao PL serviu de palco para que Temer apresentasse como fato consumado a parceria entre o MDB do governador-candidato, Ibaneis Rocha, e a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, candidata ao Senado. Não por acaso, Temer já chegou ao evento chamando Flávia de “senadora” e Ibaneis de “governador reeleito”, o que reforçou em seu discurso. “Fico muito feliz com esta união do PL com o MDB aqui no Distrito Federal, isso certamente levará os dois à vitória”, avaliou.

Quanto à terceira via, Temer disse que ainda há sete meses até a eleição e não vê empecilhos por causa da aliança no DF. Internamente, no MDB, porém, já tem muita gente dizendo que, para sobreviver, o partido terá que dividir alguns de seus candidatos a governador com Bolsonaro e outros presidenciáveis.

Pior que ciúme de mulher
… Só o de político. Está dando a maior ciumeira na base aliada a filiação de deputados ao PL. Há o receio de que o partido de Valdemar Costa Neto fique grande demais e acabe tirando espaço dos outros aliados. A receita de Valdemar para evitar briga agora é a paciência. Lá na frente, resolve.
Lá é pior
A forma como o PT da Bahia tratou o PP do vice-governador João Leão é citada em todas as conversas dos antigos aliados ao governo Lula com o seguinte comentário: Quem apoia o PT serve apenas de “escada”, os petistas nunca cedem espaços de poder para apoiar um aliado mais ao centro. Essa é a regra, com raríssimas exceções.
A esperança de Valdemar
O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, tem dito a amigos que não perdeu as esperanças de ter uma mulher candidata a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. Tem defendido com entusiasmo o nome da ministra Tereza Cristina, mas sabe que a escolha depende do presidente da República. Jair Bolsonaro já declarou publicamente que Tereza será candidata ao Senado. O nome que ele quer na vice é o do general Braga Neto, como todo o mundo político já sabe. Mas, até oficialização da chapa, a pressão continuará.

CURTIDAS

A compensação do Republicanos/ O ingresso do vice-presidente Hamilton Mourão ao Republicanos hoje amenizou um pouco a ciumeira na base, mas não resolveu. É que Mourão concorrerá ao Senado pelo Rio Grande do Sul, e isso não se traduz automaticamente em votos para os deputados federais da sigla, eleição que conta para fundo partidário e tempo de tevê.

Trabalho dobrado/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está “obrigando” vários deputados a fazerem duas campanhas: uma para a reeleição e outra para de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), na vaga decorrente da aposentadoria da ministra Ana Arraes, em julho.

Elas por ela/ A bancada feminina já fechou todos os votos das deputadas no exercício do mandato (são 76 hoje) para a deputada Soraya Santos (PL-RJ), na foto, a única mulher que concorrerá à vaga do TCU. A ministra Ana Arraes é hoje única mulher no colegiado e a campanha das parlamentares será no sentido de que, nada mais justo, ela seja substituída por outra pessoa do sexo feminino.

Quem manda/ Antes mesmo de chegar ao PL, a deputada Bia Kicis (DF) já foi avisada sobre as regras internas da legenda. No Distrito Federal, quem fala sobre candidaturas ao governo e ao Senado pelo partido é a presidente da sigla no DF e ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Aliás, nesse tema, não são raras as vezes em que Flávia é bem direta a quem resolve falar sobre as candidaturas majoritárias: “Aqui, quem decide sou eu. Eu concedo a legenda e também posso tirar”.

Setor do agronegócio falou alto na decisão de Bolsonaro de recuar nos ataques ao STF

Publicado em coluna Brasília-DF

A grita do agronegócio diante da paralisação dos caminhoneiros foi fundamental para levar o presidente Jair Bolsonaro ao recuo, depois do discurso radical nas manifestações de Sete de Setembro. Com a alta da inflação, queda do dólar, Florianópolis sem combustível, representantes do agro, que dependem das estradas para escoar a produção, fizeram chegar ao Planalto que era preciso pacificar o país e lembraram ao presidente que não mobilizaram seu pessoal às manifestações para instalar o caos no país.

Bolsonaro, então, recorreu a Michel Temer, que redigiu o esboço do documento divulgado pelo Palácio do Planalto. A frase, “é a economia, estúpido”, forjada pelo estrategista de Bill Clinton em 1992, foi devidamente aplicada pelo presidente brasileiro.

Uma das mãos…
Depois da nota divulgada pelo Planalto, em que o presidente Jair Bolsonaro atribui os excessos do discurso de Sete de Setembro ao “calor do momento”, foi o gesto do Poder Executivo que, agora, precisará ter reflexos nos demais Poderes.

… Lava a outra
Do Senado, o governo espera, agora, que seja marcada a sabatina de André Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça. O governo espera há mais de um mês que os senadores deliberem sobre a indicação de Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal.

Perdas & danos

A aposta de aliados do presidente é a de que parte de seu eleitorado ficou decepcionada com a nota presidencial tratando declarações de Sete de Setembro como fruto do “calor do momento”. Porém, estrategicamente, Bolsonaro ganha terreno na seara da política. E o eleitorado? Recupera-se mais à frente, se a economia se recuperar. Isso porque mais radical que Bolsonaro à direita para 2022 ainda não apareceu.

Tem limite

O governo espera, ainda, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não devolva a medida provisória que modifica o marco legal da internet. O presidente do Senado avisou que sua decisão sairá na semana que vem.

Se prender, lascou
Da parte do Judiciário, o governo espera o fim das prisões arbitrárias, como considera terem sido as de Daniel Silveira e Roberto Jefferson.

Trio medicinal
Michel Temer, Ciro Nogueira e Fábio Faria patrocinam para breve um encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes. Com público, fica difícil cada um passar uma versão diferente da conversa. Não por acaso, o trio já recebe internamente o apelido de Lexotan, Rivotril e Frontal.

Impressão de Maia/ Perguntado se o governo Bolsonaro tinha acabado, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia respondeu assim: “Nem começou”.

Semblante preocupado/ Na live desta semana, o presidente Jair Bolsonaro era o retrato de quem passou a noite em claro, atônito com a paralisação dos caminhoneiros.

Nem de brincadeira/ Em sua live, o presidente Jair Bolsonaro perguntou a todos os colaboradores presentes, quanto cada um engordou no período de pandemia. Ao olhar para ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, foi direto: “Mulher…vou pular”. Perguntar a uma mulher se ela engordou, realmente, não é fino.

Por falar em Flávia… / Flávia e Ciro Nogueira, da Casa Civil, acompanharam in loco a live presidencial. Dizem os amigos de ambos que era para ver se Bolsonaro manteria o “Jairzinho paz e amor”, depois da nota presidencial com promessas de fidelidade à Constituição. São, ao lado de Fábio Faria (Comunicações), os bombeiros do Planalto.

Caiu na rede/ Bombou no WhatsApp o vídeo da passagem da faixa presidencial de trás para frente. Uma das qualidades do brasileiro é o bom humor.

Pensando bem…/ A chegada de Michel Temer ao centro nervoso da política foi vista por alguns como a troca do amortecedor por um mais potente.

Bolsonaro se aproxima de Temer para aprender receita de como enterrar os pedidos de impeachment

Michel Temer e Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

O gesto de Bolsonaro em chamar Temer para chefiar missão humanitária ao Líbano tem um único objetivo: aproximar ambos a ponto de Michel revelar a Bolsonaro a receita para enterrar os pedidos de impeachment e salvar os seus.

…e votos

Entre os aliados do presidente, ninguém se esquece de que Temer conseguiu manter uma base congressual, mesmo diante de uma saraivada de problemas. A mira dos bolsonaristas, agora, é segurar todos os votos possíveis dentro do Parlamento.

Desconfiados

Os integrantes do PP de Arthur Lira estão para lá de desconfiados com essa história de Michel Temer chefiar a missão humanitária do Brasil ao Líbano. É que o atual presidente do MDB e líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), pré-candidato a presidente da Casa, é ligado a Temer. Logo, mais próximo de Bolsonaro, o ex-presidente pode perfeitamente ajudar a puxar a sardinha para o seu correligionário.