Brasil consolida posto na galeria dos países que pior reagiram ao avanço do coronavírus

PPI
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Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

Com dois milhões de infectados segundo as estatísticas oficiais, o Brasil consolida seu posto na galeria de países que pior reagiram ao avanço da pandemia do novo coronavírus. Esse fracasso torna-se mais retumbante se considerarmos que a nação assistiu, durante vários dias, à prévia do drama sanitário no continente europeu, com proporções dantescas em localidades como Milão, na Itália.

Esta semana, o presidente Jair Bolsonaro discorreu mais uma vez seu julgamento sobre a pandemia. Ao defender, mas não recomendar, o uso da cloroquina, o chefe do Executivo saiu-se com uma frase profética: “A história vai dizer quem estava certo e a quem cabe a responsabilidade sobre parte das mortes”.

De fato, chegará o momento em que o Brasil precisará refletir sobre o desastre sanitário que se abateu sobre o país. Está evidente a parcela de responsabilidade do governo federal, que, entre outros equívocos, completou, esta semana, dois meses sem ministro da Saúde. Mas, há erros e falhas graves também nos estados e municípios.

Em diversos pontos do país, muitos governadores e prefeitos enveredaram por caminhos tortos no enfrentamento da pandemia, vacilantes entre a pressão econômica e as recomendações de autoridades sanitárias. O resultado é o que se vê hoje: uma pandemia que segue descontrolada em boa parte do país, e uma desorientação na conduta dos brasileiros. O julgamento da história virá, não há dúvida.

Ironia

No país onde a ciência é vilipendiada sistematicamente, a maior esperança para superar a pandemia reside em um esforço científico — a produção de uma vacina contra o novo coronavírus. Ou seja: enquanto o remédio milagreiro não vem, vamos de cloroquina, máscara e álcool em gel. Prevalecem as atitudes individualistas, após o fracasso das ações coletivas, como o isolamento social.

Atos e palavras

Enquanto o presidente segue firme na defesa da hidroxicloroquina, o Ministério traduz em atos as palavras do chefe. O ofício enviado pelo Ministério da Saúde à Fiocruz, insistindo na divulgação do uso do medicamento, comprova, mais uma vez, a opção do governo federal em ir contra todas as indicações no combate à covid-19. A Sociedade Brasileira de Infectologia repudiou a nova ofensiva do governo federal.

Brother Trump

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), considerado um adversário político pelo Planalto, conseguiu apoio de um aliado do presidente Bolsonaro. O estado anunciou, ontem, que o governo de Donald Trump doará equipamentos e infraestrutura para a construção de um hospital de campanha em Bacabal, a 250km de São Luís. O Maranhão registra mais de 104 mil casos, com aproximadamente 2.600 mortes.

BNDES enxuto

O BNDES está seguindo a mesma cartilha da Petrobras, com anúncio de programa de enxugamento da folha salarial. Na segunda-feira, o banco lança um programa de estímulo à aposentadoria, que pode afetar até 10% do quadro de 2.623 servidores. Com a medida, o BNDES espera reduzir a folha de pagamentos em até R$ 190 milhões por ano.

Mega-auxílio / O segundo relatório sobre a execução do auxílio emergencial, aprovado, ontem, pelo Tribunal de Contas da União, informa que o total desembolsado para ajudar 59 milhões de brasileiros é 16 vezes maior do que os recursos utilizados com o Bolsa-Família antes da eclosão da pandemia. “A demanda de famílias pelo auxílio emergencial é mais do que o triplo da demanda por proteção social oferecida anteriormente pelo Programa Bolsa Família”, detalhou o ministro Bruno Dantas (foto), relator do documento. Segundo o relatório, caso o governo federal mantenha o pagamento do auxílio emergencial até dezembro, a conta da ajuda chegará perto de meio trilhão de reais — quase um terço da arrecadação de impostos no Brasil.

Problema maior / Os números analisados pelo TCU indicam um problema muito anterior à chegada da pandemia no país: a situação crítica de milhões de brasileiros em estágio de miséria. Vivem à margem de políticas públicas, na informalidade econômica e indigência social. Dezesseis anos de governos de esquerda foram insuficientes para retirar essa legião de brasileiros da miséria. Agora cabe à atual administração, de clara inclinação liberal, socorrer essa parcela vulnerável da população.

Vidas indígenas / Mais uma entidade manifestou-se sobre a necessidade de salvar o meio ambiente no país. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, grupo formado por mais de 200 representantes do agronegócio, da sociedade civil, setor financeiro e academia, enviou carta para o governo federal e o Congresso. No documento, a entidade defende a proteção dos povos indígenas na pandemia e o combate ao garimpo. “É possível ser uma potência florestal, agrícola e da biodiversidade e, ao mesmo tempo, conservar e expandir o enorme patrimônio natural do país. Mas, este modelo só tem sentido se garantir, também, a proteção aos povos originários da floresta”, defende o texto.

Bolsonaro adota postura mais transparente em relação ao novo exame de covid-19

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Coluna Brasília-DF

É sintomática a reação do presidente Jair Bolsonaro ante a perspectiva de um novo exame para detectar a infecção por covid-19. Ontem, na porta do Alvorada, o chefe do Executivo adotou cautela e transparência. Pediu a apoiadores que se mantivessem afastados e anunciou que havia se submetido a um raio-x dos pulmões. A nova postura de Bolsonaro difere frontalmente do ocorrido em março e abril. Naqueles meses, o estado de saúde do presidente — havia uma suspeita de que ele contraíra covid-19 — se tornou uma batalha judicial nos tribunais superiores de Brasília, sob o argumento de que seria uma informação privada. Ontem, de máscara, Bolsonaro comportou-se de maneira contrária da época em que minimizava a “gripezinha” e se orgulhava do “histórico de atleta”.

Presidencial

Com o gesto de ontem, Bolsonaro traz novamente a polêmica da covid-19 para si. O resultado do exame presidencial, se divulgado, realimenta discussões com desdobramentos políticos: a prescrição de hidroxicloroquina, o uso da máscara, o respeito ao isolamento, o negacionismo.

O que dirá Bolsonaro?

Bolsonaro poderá dar ou não detalhes sobre o seu estado de saúde. Mas não terá como evitar os desdobramentos políticos de uma possível infecção. Vem mais
bate-boca e controvérsia por aí.

EUA, again

Mais uma vez, a covid-19 conectou os governos do Brasil e dos Estados Unidos. No sábado, dois dias antes de anunciar a suspeita de covid-19, Bolsonaro se encontrou com o embaixador dos Estados Unidos. Em março, mais de 20 pessoas da comitiva presidencial brasileira contraiu covid-19 após viagem oficial ao país
de Donald Trump.

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Em nota, a representação norte-americana informou que o embaixador Todd Chapman “não apresenta nenhum sintoma, mas está tomando as devidas precauções e fará os testes apropriados”. No sábado, dia da Independência norte-americana, Chapman teve um almoço privado com Bolsonaro, cinco ministros e o deputado Eduardo Bolsonaro. A embaixada ressaltou que mantém cooperação com o governo brasileiro e desejou melhoras para Bolsonaro.

Igual a Londres?

Boris Johnson, outro chefe de governo que minimizou os efeitos da pandemia, anunciou que estava infectado em um vídeo pelas redes sociais. Curado, agradeceu o sistema público de saúde britânico pelo tratamento que recebeu.

Salles na mira – O Ministério Público Federal pediu o afastamento de Ricardo Salles do cargo de ministro do Meio Ambiente, por entender que ele atua contra os interesses da pasta. Doze procuradores assinam a ação por improbidade administrativa, movida após a reunião de 22 de abril. Na ocasião, Salles disse quer era preciso “passar a boiada” em regulações ambientais.

“Viés ideológico” – Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirma que “a ação de um grupo de procuradores traz posições com evidente viés político-ideológico em clara tentativa de interferir em políticas públicas do Governo Federal.”

Novo normal – Relator da reforma tributária, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) disse esperar mais do governo do que o entusiasmo de Paulo Guedes. Segundo ele, é preciso ter um plano mais consistente para o cenário de pós-pandemia, muito mais
crítico e desafiador.

Pautas remanescentes – “O marco do saneamento, por exemplo, a gente discute desde o governo passado. A Eletrobras também vem sendo discutida há tempo. Acho que, politicamente, não pode ficar dependendo da pauta remanescente do governo passado, de coisas desconexas. Precisa apresentar um plano mais efetivo, que dê uma visão de para onde o país deve caminhar com esse novo desenho fiscal da pandemia. É um projeto estruturado que estamos aguardando”, comentou.

Promessas – No último domingo, em entrevista à CNN, Guedes prometeu quatro grandes privatizações em 90 dias. A ver.

Bolsonaro dobra a aposta para acabar com o isolamento

Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

A demissão de Nelson Teich e a insistência do presidente Jair Bolsonaro no fim do isolamento deixaram toda a classe política com a sensação de que o capitão não baixará a guarda em relação à reabertura geral de todos os setores econômicos e manterá elevada a pressão sobre os governadores.

Mesmo que o país tenha aumento do número de casos e de mortes por causa da covid-19, ele seguirá nessa direção. O presidente mira no cansaço das pessoas com o isolamento social e nos movimentos que começam a ocorrer na Europa e nos Estados Unidos pela volta à normalidade em locais onde a reabertura segue a passos lentos para evitar sobrecarga no sistema de saúde.

A escolha de Bolsonaro é um caminho sem volta. Ele está convicto de que, quanto mais tempo houver desse distanciamento, mais as pessoas terão problemas econômicos e vão lhe dar razão. Daí, acredita ele, será possível recuperar até aqueles eleitores que se afastaram.

O cálculo de Bolsonaro, porém, não leva em conta que o novo coronavírus ainda está se espalhando sem que a população de muitos estados tenha a segurança, seja de um medicamento eficaz para todos os casos, seja de um sistema de saúde capaz de garantir o atendimento.

Vídeo, versão light

Com os aliados do presidente Jair Bolsonaro certos de que o ministro Celso de Mello tende a levantar o sigilo da reunião de 22 de abril para nivelar todas as pontas da investigação sobre tentativa de interferência na Polícia Federal, a ordem é agora agir para “contenção de danos”. A narrativa será no sentido de que falar palavrão não pode ser configurado crime e nem cobrar que a família esteja segura — no sentido de que todas as declarações seriam relacionadas à segurança pessoal e não à Polícia Federal.

Estrada esburacada e sem sinalização

Esse é o cenário para a política até as eleições presidenciais de 2022. E, nesse cardápio, a maioria dos partidos não inclui o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Apesar das incertezas, muitos colocam a vontade de não tratar de impeachment.

Mandetta compara Bolsonaro a Dilma e Lula

Na entrevista ao CB.Poder, o ex-ministro da Saúde e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta aproveitou para demarcar o terreno na arena do futuro: “Veremos agora uma tratativa do executivo que era como assisti ao PT fazer no final do (governo) Lula 2, Dima 1 e Dilma 2. A gente volta com aquela metodologia. Alguns vão manter a independência, como é o caso do Democratas”.

Te cuida, capitão/ Em conversas políticas recentes, o presidente Jair Bolsonaro foi alertado de que será a próxima vítima do Centrão, que hoje recebe no Planalto e no governo. Ele sabe. Porém, não dá para dispensar base política nesse cenário de crise.

Ele, não, outros atores/ Da mesma forma que houve a campanha “ele, não” da esquerda contra o então candidato Jair Bolsonaro, há setores dos partidos de centro entoando o mesmo bordão em relação ao governador de São Paulo, João Doria.

Incubadora de pré-candidatos/ Hoje, os partidos que poderiam apoiar o governador paulista olham mais para aqueles que Bolsonaro tirou do seu rol de apoios, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o da Justiça SErgio Moro.

A velha e boa W3/ Diante da dificuldade em reabrir os shoppings, empresários locais planejam sugerir ao governador Ibaneis Rocha que apresse e incentive a revitalização da Avenida W3 (Sul e Norte). A avenida foi o primeiro local de comércio da capital da República e é vista por muitos como um local simbólico para o recomeço pós-pandemia.

Prisão de suplente pega Izalci de surpresa

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O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) tomou um susto agora há pouco ao final da sessão do Senado, ao saber da prisão temporária de seu segundo suplente, André Felipe de Oliveira, um dos representantes da empresa que vendeu os respiradores defeituosos ao governo do Pará. “Fui surpreendido, não tinha a menor ideia dos negócios dele e nem sei detalhes”, afirmou o senador ao blog.

André Felipe é do DEM e, na semana passada, foi ao Pará acompanhar in loco a entrega do material ao governo do Estado e declarar missão cumprida. Ontem, seus amigos diziam que André jamais imaginou que pudesse haver problemas nos equipamentos, uma vez que tem no governador Helder BArbalho um de seus melhores amigos. Ele jamais havia trabalhado na representação equipamentos como esses, embora tenha relações comerciais com a China. Nesse negócio dos respiradores, ele representou comercialmente a SKN do Brasil Importação e Exportação, que realizou a venda do material. A Justiça do Pará determinou o bloqueio de R$ 25,2 milhões em bens da empresa.

Na política, embora tenha sido secretário de Esportes do ex-governador José Roberto Arruda, a maior ligação hoje é com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é do Rio de Janeiro, assim como André Felipe. Na política, o clima é surpresa total, uma vez que André Felipe disse a vários amigos estar muito feliz de poder ajudar Helder Barbalho a conseguir equipamentos necessários ao tratamento de pacientes da covil-19. Há quem diga que até o empresário está surpreso.

Bolsonaro se agarra a Guedes para lavar as mãos na crise econômica

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Coluna Brasília-DF

Em meio à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro decidiu fortalecer o ministro da Economia, Paulo Guedes, porque acredita que, nas propostas do seu subordinado, está a chave para, logo ali na frente, poder dizer que o país quebrou por culpa do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos governadores que paralisaram o Brasil.

Essa narrativa começou a ser construída com a promessa de veto ao projeto que abriu a perspectiva de reajuste salarial para servidores de setores como o da saúde e outros considerados estratégicos. A tendência, avaliam alguns dentro do próprio governo, é de veto a tudo o que Guedes recomendar daqui para frente.

Resta saber se a população engolirá a versão de que as instituições foram responsáveis por quebrar o país e não uma pandemia que já matou mais de 10 mil no Brasil e, dada a falta de vacina e de um tratamento eficaz para todos os casos, as pessoas se vejam obrigadas a ficar em casa.

Assim, Bolsonaro, ao reacomodar Guedes numa posição mais confortável, espera recuperar a parcela do mercado que lhe abandonou por causa da negação da pandemia da covid-19. Só tem um probleminha: o projeto de Guedes não casa com os desejos de gastos do Centrão, que apoia Bolsonaro, e nem com a injeção maior de recursos públicos na economia, algo que corre o risco de ter que perdurar por mais tempo do que o governo previa.

Há quem diga que, em breve, será chegada a hora de o presidente se ver obrigado a escolher entre ficar com Guedes (e o mercado) ou o Centrão e sua fome por cargos de polpudos orçamentos.

Política sob tensão I

Na sexta-feira, estava na agenda do presidente Jair Bolsonaro o coronel Aristomendes Rosa Barroso Magno, coordenador do grupo Agir. No Facebook, há a seguinte descrição sobre um grupo chamado “Agir-Brasil”: “É um grupo ideologicamente de Direita, formado por brasileiros que querem contribuir com açõespara a derrota da esquerda no Brasil e para o fim do caos que se criou nos Três Poderes da República”.

Política sob tensão II

A cada dia que passa, cresce a preocupação das instituições com a proliferação de grupos paramilitares que ameaçam invadir o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A avaliação de muitas autoridades é a de que, enquanto as ações dos aliados de Jair Bolsonaro se mantiverem dentro dos limites democráticos de carreatas e atos em defesa do presidente da República, será parte do jogo. Qualquer ato além disso será um atentado tão grave quanto a facada que quase matou Bolsonaro.

Até o Natal

A comissão externa da Câmara de acompanhamento da pandemia da covid-19 no Brasil trabalhará até o fim do ano. A intenção é apurar as compras de equipamentos de saúde superfaturados em muitos estados, para ver se houve abuso por parte dos gestores. Afinal, embora os preços estejam elevados, as denúncias de que houve erros e má fé não param de chegar.

A judicialização do porto I

Os trabalhadores portuários de Santos comemoraram a decisão do desembargador Roberto Carlos de Oliveira, do TRF-1, que manteve o contrato da Marimex, cujo prazo de renovação expiraria no último dia 8. Nada menos do que seis mil empregos foram salvos em um momento dramático na Baixada Santista, quando o número de contaminados pela covid-19 aumentou, segundo o governo do estado de São Paulo, em 2.500%. “Não está nada garantido — disse o presidente do Settaport, Francisco Nogueira. “Mas ganhamos tempo precioso para manter a nossa luta pelos empregos na região.”

A judicialização do porto II

Agora, o governo deve recorrer, porém, os cálculos são os de que essa ação vai demorar anos para um desfecho. Marimex tem uma concessão há 20 anos para operação de contêineres no Porto de Santos. O governo não quis renovar o contrato por mais duas décadas, o que é possível por lei, porque pretende fazer ali uma área de manobra de trens para a Rumo. O máximo que foi oferecido foi um contrato provisório.

Curtidas

Eleições ainda sem definição/ Até aqui, ninguém tem uma avaliação segura de como serão as eleições municipais. “Esse tema só poderá ser tratado quando houver uma rota de saída da pandemia. E deve ser feito com diálogo e uma pactuação entre os Poderes a fim de definir as regras do jogo”, diz o líder do DEM, Efraim Filho. Se, até o fim de junho, não houver definição, prevalecerá a tendência por adiamento e não prorrogação de mandatos.

Surtou I/ Viralizou nas redes o vídeo em que o deputado estadual de Alagoas Antônio Albuquerque (PTB) protesta contra o isolamento e o uso de máscara, por ter sido chamado para tirar o carro estacionado na avenida principal, na orla de Ponta Verde. Chamou Rui Palmeira, que perdeu o pai há poucos dias, de “prefeitinho”.

Surtou II/ No vídeo, ele desafia a ciência: “Estão querendo dizer que um homem respirando a própria saliva está melhor do que respirando ar puro. Isso é o começo do socialismo ridículo, é uma covardia e a população aceitando calada, acovardada. Isso é uma vergonha.” O discurso, na orla de Maceió, porém, não trouxe nenhuma sugestão para proteger a população do novo coronavírus, que o deputado já pegou e parece estar curado.

Dia das Mães/ Fica aqui um abraço por escrito a todas as mães, em especial, à minha, dona Paula. Feliz Dia das Mães! #Fiqueemcasa.

“Alinhamento total” de Teich e Bolsonaro não durou 15 dias

Bolsonaro e Nelson Teich
Publicado em Covid-19

A sessão do Senado Federal que ouviu, nessa quarta-feira (29/4), o ministro da Saúde, Nelson Teich, virou um marco na separação entre o que queria o presidente Jair Bolsonaro ao trocar o gestor da Saúde e o que a realidade recomenda. Cobrado pelos parlamentares, Teich terminou dizendo que o “Ministério nunca mudou a sua posição de isolamento social”. Logo, na avaliação dos senadores, o ministro entrou no #fiqueemcasa que afastou Bolsonaro de Luiz Henrique Mandetta no início do mês.

Na audiência marcada a pedido da senadora Rose de Freitas (Podemos_ES), o que mais se ouviu foram cobranças de uma posição mais clara de Teich sobre o que ele recomenda à população. Até aqui, afirmaram o presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, tem seguido na direção contrária ao isolamento.

Nessa quarta-feira, por exemplo, conforme o leitor do Correio pôde ler na reportagem de Ingrid Soares, o presidente promoveu um café da manhã com aliados e fez uma solenidade no Planalto para a posse do novo ministro Justiça, André Mendonça. No palco principal, apenas a primeira-dama Michelle Bolsonaro usava máscara. “O país não precisa de um milagre e sim de um ministro que indique o caminho”, disse a senadora Rose de Freitas.

Muitos foram enfáticos ao dizer que a população está recebendo sinais contrários do governo ao ver o presidente e seus ministros juntos, sem máscaras.

“Há uma dubiedade aí muito séria. O senhor fala com toda a certeza de um homem pesquisador, que precisa conhecer a doença, ir monitorando com testes, que tem que ter uma aprendizagem, que tem que ter uma diferença entre grupos. Isso é o que temos ouvido do mundo inteiro. No entanto, no meio dessas incertezas, há uma certeza mundial: Que o distanciamento social é a única maneira de impedir uma explosão de casos, que não temos estrutura de serviços e saúde para sustentar. O senhor mesmo acabou de dizer que tem dificuldade de respiradores, etc. De um (determinado) momento para cá, que pode coincidir ou não, com o momento que o senhor assumiu o Ministério da Saúde, o distanciamento social caiu dramaticamente no país e estamos no momento de início de explosão de casos, de óbitos, como o senhor mesmo falou”, disse o senador Tasso Jereissati.

Tasso lembrou ainda que o fato de o Brasil ter registrado 449 mortes nas últimas 24 horas, colocou o pais na posição do segundo no mundo em número de mortos no dia. O primeiro foi os Estados Unidos. “Não é momento de indecisão. É preciso passar uma imagem clara para o país. isolamento social, sim ou não, está dúbio da parte de vossa excelência, fazendo uma confusão enorme na cabeça das pessoas. Ministro, seja firme e claro nessa posição. Não pode haver dubiedade, principalmente, quando o presidente da República está dando sinais contrários”, cobrou o tucano. Foi então que o ministro reforçou sua fala, ao dizer que o Ministério nunca mudou sua posição sobre o distanciamento social. Assim, começou a se distanciar do presidente.

Na política, começam as apostas sobre quanto tempo Teich aguentará no cargo.  Na terça-feira, o ministro tentou defender o presidente e disse que o “alinhamento total” a que se referia era cuidar das pessoas e, por isso, aceitara o cargo. Nesses 12 dias de Teich no cargo, essa política de relaxamento do distanciamento social cobrada pelo presidente Jair Bolsonaro ainda não veio. E, de quebra, Teich ainda disse que, onde houve relaxamento, foi por determinação dos governadores. Ninguém quer cair na vala comum de ser acusado por mortes. E nessa fase que a política está em relação à melhor estratégia de combate ao novo coronavírus.

Bolsonaro em “dia de alegria” e de dobrar a aposta

Bolsonaro e Nelson Teich
Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

Ao discursar há pouco no Planalto, o presidente, embora medindo as palavras, não escondeu que trocou ministro da Saúde porque queria o fim do isolamento social e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta não atendeu aos seus apelos. Agora, com o novo ministro, o presidente espera que isso seja feito e disse que sua visão era a da economia, a do emprego. “Tinha a visão – e ainda tenho – que devemos abrir o emprego”.

A troca indica que Bolsonaro dobrou a aposta num cenário pós-pandemia, quando a economia falará mais alto. Ele mesmo disse, “é um risco que corro, se agravar vem para o meu colo”. O problema é que o resultado dessa aposta do presidente envolve vidas, pessoas internadas nos hospitais em estado grave, ou em casa, doente, em isolamento. E, para chegar lá com credibilidade e apoio político no pós-pandemia, tem que passar bem por esse corredor polonês, algo que Bolsonaro até momento não conseguiu, dada a queda de popularidade registrada nas pesquisas e os panelaços estridentes em algumas cidades.

Bolsonaro segue fazendo tudo o que a Organização Mundial de Saúde não recomenda: Mantém apertos de mãos, fez inclusive solenidade de posse no Planalto, foi para o meio das pessoas quando da visita ao hospital de campanha, em Águas Lindas. Dentro da área do futuro hospital, usou máscara. Do lado de fora, dispensou o acessório que se torna cada vez mais obrigatório no mundo. (Na França, por exemplo, haverá distribuição de máscara às pessoas para a reabertura gradual do lockdown).

Enquanto o presidente faz o seu discurso, defendendo o retorno ao trabalho, o sistema de saúde de algumas cidades, como Fortaleza e Manaus, já entraram em colapso. Para completar, o novo ministro, Nelson Teich, até aqui se mostrou mais aceito a seguir as recomendações da área medica do que as determinações presidenciais. Chega pressionado pelo presidente e, até aqui, mesmo na lie do presidente ontem, não fugiu à defesa da ciência. É sério e, na própria posse, não demostrou a mesma alegria do presidente Jair Bolsonaro diante de ministros que também não pareciam felizes com a situação. Especialmente, depois do discurso de Mandetta, em que agradeceu o apoio de todos, inclusive dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio, citados nos bastidores da politica como aqueles que também pressionaram pela demissão do ministro. O “dia de alegria”, que Bolsonaro citou no início de seu discurso há pouco, não teve eco. A ordem é esperar, para ver o que virá da nova gestão da saúde.

Entrevista faz Mandetta perder apoio entre ministros

Mandetta
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Os ventos palacianos estão mudando em relação ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Se, há alguns dias, ele foi salvo por pressão de ministros da Casa, agora não há mais essa unanimidade. Enquanto os desafetos de Mandetta dizem abertamente ao presidente “mata” ou “esfola”, outros dizem que, antes de demitir, é preciso deixar o ministro exposto aos erros e às críticas ao setor de saúde, que certamente virão. Na semana passada, por exemplo, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, declarou ao programa CB.Poder, na TV Brasília, e nas redes sociais do Correio, que alguns testes rápidos da Covid-19, enviados pelo governo federal ao DF, estavam quebrados.

O que levou à mudança de humor entre os palacianos foi a entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, no domingo à noite. A avaliação é de que, por mais que Mandetta esteja certo ao defender o isolamento, as questões devem ser resolvidas internamente e não com reprimendas ao comportamento presidencial em frente às câmeras de tevê. Nessa linha, acabou que os aliados de Mandetta estão perdendo o moral para defendê-lo.

A lupa na Eletrobras I

O Tribunal de Contas da União fará uma auditoria completa nos planos de investimento da Eletrobras para os próximos cinco anos. O pedido foi feito pelo líder do PDT no Senado, Weverton Rocha (MA). Para o senador, não faz sentido que, diante dos dados apresentados no balanço da empresa, de lucro de R$ 10,7 bilhões e nível de endividamento reduzido, integrantes da equipe econômica sigam dando declarações em defesa da privatização da estatal, sob o argumento de que não há capacidade para investir.

A lupa na Eletrobras II

O senador Weverton Rocha considera o discurso contraditório e que levará à perda de valor da companhia, com prejuízo para seu maior acionista, a União. Ele defendeu que a Eletrobras tenha participação ativa na retomada da economia. “No momento de grave crise econômica pelo qual o país passa, mais do que nunca se faz necessária a consecução de investimentos em infraestrutura, que, no caso da Eletrobras, além de gerar e transmitir energia, fomentarão a geração de emprego, renda e desenvolvimento pelo país”, diz.

“Que seja filha única de mãe solteira. Não se pode aprovar emenda constitucional em plenário virtual”

Da presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet (MDB-MS)

Santos em suspense

Enquanto os funcionários do Porto de Santos se entregam ao trabalho, mesmo colocando em risco a própria saúde (a atividade no porto não para), a Autoridade Portuária e o Ministério da Infraestrutura não renovaram, até agora, concessões que estão por vencer. Tal insistência, na visão dos trabalhadores, sem nenhum amparo legal, pode dizimar pelo menos dois mil empregos diretos, justamente na área de contêineres, fundamental no atual momento e, sobretudo, no esforço de retomada da economia do país.

A porta da rua…/ …É a serventia da casa. Em conversas reservadas, a turma do DEM tem dito que, se o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (foto), quiser deixar o partido, ninguém vai tentar segurá-lo.

Assunto para maio/ Os parlamentares querem postergar ao máximo a análise de adiamento das eleições. A ordem é, se for o caso, fazer pleito em dezembro. Mas deixar para 2022 não é considerado o melhor caminho.

Marca registrada/ Pré-candidato a prefeito de Salvador, o deputado Pastor Isidório (Avante-BA) tem feito as suas falas na sessão virtual da Câmara sempre com a Bíblia em mãos, mantendo a marca registrada com a qual ficou conhecido nas sessões presenciais. Agora, ainda canta: “Não deixe o coronavírus atrapalhar a nossa nação”. Até Rodrigo Maia sorri com a cantoria do deputado baiano.

Olha a dengue aí, gente!/ Com a dispensa dos caseiros, muitas piscinas no Lago Sul têm se transformado em criatórios de mosquitos. O Lago Sul, que já é o segundo bairro de Brasília em número de casos de Covid-19, corre o risco de liderar os casos de dengue.

Crise do coronavírus é oportunidade para o Brasil ocupar posição mais relevante em relação aos EUA e a China

Ernesto Araújo
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza

Na última semana, as representações diplomáticas das duas maiores economias do mundo reforçaram a intenção de estreitar relações comerciais com o Brasil. O novo embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, espera duplicar até 2025 o volume de transações entre os dois países, atualmente no patamar de US$ 60 bilhões. “Temos muito trabalho a fazer. Nossas economias podem fazer muito mais juntas”, disse o diplomata. Na sexta-feira, o ministro-conselheiro Qu Yuhui reiterou o interesse da China em ampliar o intercâmbio comercial e a cooperação no combate à Covid-19 com a maior economia da América Latina.

A crise da pandemia representa, portanto, uma oportunidade para o Brasil ocupar uma posição mais relevante e menos subserviente em relação às duas potências. Nesse sentido, é importante reforçar os princípios de uma diplomacia menos ideológica e mais pragmática, que tenha como diretriz uma política externa voltada para o diálogo político e o desenvolvimento econômico. Com a necessidade de reerguer a atividade econômica após a batalha primordial em favor da saúde pública, o restabelecimento de uma diplomacia imune a amadores e diletantes impõe um desafio ao Itamaraty.

Segunda onda

Preocupado com os países que adotam a flexibilização do isolamento social, o diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Ghebreyesus, alertou para o risco de uma segunda onda da pandemia, muito mais letal, caso a imprudência predomine nas ações de governos e da sociedade. A tragédia de Milão, com mais de 4 mil mortos após o abandono do confinamento, é o marco histórico de quantas vidas se perdem por causa de negligência.

Condições

O chefe da OMS enumera seis condições que devem ser atendidas antes de suavizar as medidas restritivas: a) controlar a transmissão do vírus; b) garantir a assistência e a saúde pública; c) minimizar o risco em unidades de saúde permanentes; d) implementar medidas preventivas no trabalho, em escolas e outros locais de alta frequência; e) controlar o risco de casos importados; f) finalmente, responsabilizar a população.

Consciência

Ante essas recomendações, vem a pergunta: estamos a seguir essas orientações?

Aviso geral

Déborah Duprat (foto), titular da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, alertou em nota técnica que os gestores inclinados a afrouxar as medidas restritivas sem considerar a capacidade do sistema de saúde local podem ser responsabilizados por improbidade administrativa. A infração implica até perda de mandato para agentes públicos em nível municipal, estadual e federal. Duprat observa que é “dever do Poder Público garantir o direito fundamental à saúde da população” e que a lei prevê “que as políticas públicas respectivas devem estar voltadas à redução do risco”.

Elas ensinam

Em artigo de opinião, a jornalista norte-americana Melinda Crane descreveu as qualidades de Angela Merkel e da rainha Elizabeth II ao se dirigirem às nações que comandam. Discurso sem rodeios nem falsas promessas, empatia e dignidade são virtudes que, segundo Crane, destoam da postura de políticos como Donald Trump. “Se os líderes se comportam com disciplina e comunicam com respeito, eles impulsionam os cidadãos a agir”, acredita a jornalista.

Vai passar

Que este domingo de Páscoa renove a esperança. #FiqueEmCasa.

Pressão para Mandetta pedir demissão continuará

Queda de braço entre Mandetta e Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

Aos seus mais fiéis escudeiros, o presidente já disse querer que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixe o cargo. Porém, a cada dia, Jair Bolsonaro é lembrado de que, se a situação da pandemia piorar no Brasil, a crise da saúde cairá no colo presidencial. Mas, se Mandetta não aguentar a pressão e pedir para sair, os bolsonaristas terão a narrativa de que “o ministro não aguentou o serviço”.

O bolsonarismo mais ferrenho manterá as críticas ao ministro no sentido de ver se consegue cavar esse discurso para o grupo. A ordem é dar ao presidente algo do tipo, “eu não o demiti, ele é que pediu para sair”, para associar o discurso atual, de defesa da economia com o isolamento dos idosos e de pessoas com comorbidades. Até aqui, deu errado.

Orçamento da guerra sem consenso

As críticas do grupo Muda Senado à aprovação do orçamento da guerra por emenda constitucional levaram ao adiamento da votação para a semana que vem. Será o tempo para tentar convencer a maioria.

Guedes em campo

Depois de duas videoconferências com os deputados no fim de semana, do MDB e do DEM, agora é com os senadores que Guedes está preocupado. Ontem à noite, por exemplo, ficou até tarde numa reunião virtual com a bancada do MDB.

A outra crise I

Enquanto analistas e deputados ficam entretidos com o cai não cai do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o governo se preserva naquilo que, de acordo com os aliados do presidente, mais pode jogar no chão a popularidade presidencial: a demora no pagamento dos R$ 600 àqueles que, de repente, ficaram sem renda, em especial, os informais.

A outra crise II

Em alguns locais, a população está perto de um mês de distanciamento social e, até aqui, aqueles que necessitam não receberam um tostão. Com a confusão de ontem em relação
a Mandetta, a área econômica calculava ter conseguido mais 24 horas.

CURTIDAS

Mandetta demitido…/… No WhatsApp. Lá circulava um post fake como se fosse o tuíte do presidente Jair Bolsonaro com a seguinte mensagem: “Quero agradecer ao ministro @lhmandetta pelo seu trabalho desempenhado no Ministério da Saúde até agora. Mas, para enfrentar a Covid-19, achei melhor convocar @Osmar Terra, que é infectologista e pode nos guiar até o fim desta pandemia. Brasil acima de tudo”. Osmar Terra é pediatra.

Enquanto isso, no DEM…/ Conforme a coluna antecipou, o DEM sabe que vem chumbo grosso do bolsonarismo raiz contra Mandetta, da mesma forma de ataques que recaem, hoje, sobre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Outro que entrou na linha de tiro foi o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

…e siga em frente/ Mandetta nem tinha terminado sua entrevista ontem, na qual falou em “ciência, disciplina, planejamento e foco”, e a turma do partido comemorava: “Temos um líder”.