A oportunidade de Gleisi

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 11 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Com todos os principais partidos do país representados em sua posse, inclusive o PL, a nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já tem desenhado o roteiro que seguirá daqui para frente, tanto internamente, no governo, quanto no plano congressual. Caberá a ela tentar melhorar a relação entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, citado três vezes na primeira fala de Gleisi como ministra, e o da Casa Civil, Rui Costa, citado uma vez. Em segundo lugar, ouvir com atenção redobrada os anseios do Parlamento. O ex-ministro da SRI Alexandre Padilha tinha perdido essa condição, uma vez que o antigo presidente da Câmara não falava com ele.

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Mais diferenças/ A outra grande diferença para o ex-ministro da SRI é o acesso ao presidente Lula. Enquanto comandante do PT por quase oito anos, ela se tornou uma das pessoas mais próximas do presidente, nos piores e melhores momentos de 2017 para cá. Padilha não tinha toda essa proximidade. Por isso, embora muita gente esteja apostando que uma ministra do PT não terá sucesso nessa empreitada, ela é, talvez, a única que pode fazer chegar ao presidente, em curto prazo, as insatisfações. No Palácio, é hoje quem tem mais experiência entre os ministros. E isso não é pouca coisa.

Prazo & efeito

Especialista em Orçamento e conhecedora do mecanismo das emendas parlamentares, Gleisi Hoffmann é tida como alguém que cumpre acordos. As apostas de muitos são de que ela terá 40 dias para mostrar a que veio. E, com a economia como principal pauta, há quem diga que as emendas precisam sair logo para não atrasar mais os projetos.

Quem é gestor…

…. Trata de deixar as diferenças ideológicas de lado. Pelo menos dois representantes do PL foram à solenidade de posse da ministra Gleisi Hoffmann e do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha: a senadora Eudócia Caldas, que é médica, e o filho, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, JHC.

Uma resposta a Ciro Nogueira

Ao mesmo tempo em que o presidente do PP, Ciro Nogueira, fala em romper com o governo, deputados do partido fizeram questão de ir ao Planalto prestigiar as posses. Fernando Monteiro (PP-PE), por exemplo, parente do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, estava numa das primeiras fileiras.

O caminho pelas águas

O governo federal fará a primeira concessão de hidrovia no Brasil. O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) realizarão audiência pública em 10 de abril em Corumbá (MS). O projeto prevê investimento inicial de R$ 63,8 milhões para modernizações essenciais ao desenvolvimento do transporte aquaviário nacional, garantindo maior segurança à navegação e redução dos riscos ambientais. A concessão deve durar, inicialmente, 15 anos, com possibilidade de prorrogação. O objetivo é melhorar a logística de transporte aquaviário, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover maior eficiência no escoamento da produção da região.

CURTIDAS

Desigualdade de gênero…/ O Instituto Esfera de Estudos e Inovação lança um levantamento sobre a atuação do Estado para a equidade de gêneros. Os indicadores internacionais apresentados mostram que Brasil ainda precisa avançar no assunto e traz recomendações baseadas em lições da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

… uma luta constante/ De 148 países, o Brasil ocupa a 70ª posição. O país com mais igualdade de gênero é a Islândia, enquanto o com maior desigualdade, o Sudão. Serão necessários 134 anos para acabar com o hiato mundial de gênero em educação, saúde, participação econômica e empoderamento político, segundo o relatório global.

Poder feminino/ A 69ª edição da Comissão Sobre a Situação das Mulheres (CSW69) começou esta semana e vai até 21 de março, em Nova York. O evento debaterá as diretrizes mundiais sobre a pauta da igualdade de gênero. A ONG Criola será uma representante do Brasil no encontro que, este ano, é considerado um dos mais importantes da história da comissão, que fará a revisão e a avaliação da implementação da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, agenda que, há 30 anos, constituiu um plano mundial para o empoderamento de mulheres.

Reconhecimento/ Servidores do Ministério da Saúde estiveram presentes em peso na cerimônia de posse do novo ministro, Alexandre Padilha, e da despedida de Nísia Trindade. A ex-ministra foi ovacionada durante o seu discurso, em mais uma confirmação do seu bom trabalho à frente da pasta por parte de quem trabalhou com ela.

Ajuste a mira e mantenha o foco

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 9 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

Os partidos de esquerda continuam dedicados a fazer o enfrentamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Porém, nas conversas mais reservadas de alguns aliados, muitos defendem que essa estratégia seja revista, uma vez que o ex-presidente não deve conseguir reverter condenações em tempo de concorrer em 2026. Não dá para manter toda a artilharia política destinada a atacar Bolsonaro. Nesta arena pré-eleitoral de 2025, muitos defendem que a esquerda comece desde já a marcar diferenças para com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Nem tanto/ No PT, porém, a ordem é continuar a enfrentar Bolsonaro. Apesar de o partido apostar que o ex-presidente não será candidato, é ele quem indicará um nome para concorrer e estará nas ruas, no próximo domingo, para reaglutinar seus eleitores. Se Bolsonaro conseguir arrastar multidões, não haverá muito espaço para escapar da polarização.

O dedo de Jean Paul

Não é de hoje que ministros relatam à coluna problemas e insatisfação no trato com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Esta semana, porém, sentiram a “alma lavada” ao ler a entrevista do ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates à revista Veja. Ali, Prates fala com todas as letras que há uma “fritura” de alguns ministros, em especial, Fernando Haddad (Fazenda) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social). E cita a origem: Casa Civil.

Sem desculpas

Está tudo encaminhado no Congresso para votação da Lei Orçamentária de 2025 em 19 de março na Comissão Mista de Orçamento. No plenário, a ideia também é correr com essa proposta, que já está para lá de atrasada. Assim, a bola passa para as mãos do Poder Executivo, que não terá mais justificativa para segurar as emendas.

Quebra-molas à frente

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avalia que a economia brasileira deve parar de crescer em 2025, mesmo com o crescimento sólido de 3,4% no ano passado. Para a Fiemg, “a desaceleração já começou a dar sinais no último trimestre de 2024, especialmente no consumo das famílias e no setor de serviços, apontando para um ano mais moderado à frente”. O presidente da Federação, Flávio Roscoe, calcula que a desaceleração deve ocorrer a partir do segundo trimestre deste ano, “reflexo da política monetária mais rígida e da redução dos estímulos fiscais”.

O que vem por aí

Nas hostes bolsonaristas, começa a surgir o seguinte raciocínio para tentar reaglutinar apoios: melhor Jair Bolsonaro do que um outsider, sem experiência ou formação política, tais como o influencer Pablo Marçal ou o cantor Gusttavo Lima.

CURTIDAS

Primeiro, melhore/ Se Lula quiser o apoio dos partidos de centro, terá que, primeiramente, recuperar popularidade. Nenhuma legenda fechará desde já uma aliança eleitoral. Estão todos na muda.

Regulação das redes/ A Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV Comunicação), em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU), fará a aula inaugural do MBA em Defesa da Democracia e Comunicação Digital nesta terça-feira, às 18h, na sede em Brasília. Gratuito e aberto ao público, o evento contará com a presença do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Vão discorrer especialmente sobre os desafios da regulação das plataformas digitais.

De volta/ O Serur Advogados, um dos cinco maiores escritórios do Nordeste, inaugura seu novo espaço no Lago Sul na próxima quarta-feira (12). A nova filial será comandada pelo ex-conselheiro do CNJ, Luiz Fernando Bandeira de Mello, que retorna à advocacia depois de quatro anos afastado.

Entidades questionam Lula sobre a ausência do MCTI na organização da COP30

Publicado em COP30, GOVERNO LULA

Eduarda Esposito — A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviam carta ao presidente Lula em que questionam a ausência da Ciência, Tecnologia e Inovação no âmbito dos envolvidos na organização da COP30, que ocorrerá em Belém neste ano.

As entidades disseram que chegaram a enviar, ainda em junho de 2023, uma carta conjunta, referente a falta da pasta na organização do evento ambiental, para a presidência da República e aos ministérios da Casa Civil e do Meio ambiente, mas até hoje, seguem sem respostas. “Dado que até o momento não recebemos resposta e considerando a urgência do tema, reiteramos a solicitação para que o MCTI integre o conselho supracitado, juntamente com os demais Ministérios designados”, afirmam.

Leia o conteúdo na íntegra:

Rio de Janeiro e São Paulo, 17 de fevereiro de 2025

ABC-PR-22/2025-carta conjunta

Ao Excelentíssimo Senhor
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República

Senhor Presidente,

Inicialmente, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) gostariam de parabenizar o seu governo pelos esforços bem-sucedidos para a realização da 30ª Conferência das Partes (COP30) no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) no Brasil em 2025, trazendo o foco do mundo para a região amazônica. No entanto, observamos com preocupação a ausência da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no âmbito dos envolvidos na organização do evento.

Em 9 de junho de 2023, encaminhamos a Vossa Excelência o ofício SBPC-126/carta conjunta referente à ausência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no Conselho Nacional para a COP30. A mesma correspondência foi enviada para os Ministros da Casa Civil (SBPC-130/carta conjunta) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SBPC-127/carta conjunta). Dado que até o momento não recebemos resposta e considerando a urgência do tema, reiteramos a solicitação para que o MCTI integre o conselho supracitado, juntamente com os demais Ministérios designados.

Toda discussão sobre mudanças climáticas, sustentabilidade, biodiversidade e justiça climática e social deve basear-se nas melhores evidências científicas para embasar a tomada de decisão. A pesquisa científica permite compreender melhor os impactos das atividades humanas no meio ambiente, desenvolver tecnologias limpas e eficientes e orientar políticas públicas que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa, a conservação dos ecossistemas e a adaptação às mudanças já em curso. A integração do conhecimento científico nas decisões globais é essencial para alcançar os objetivos do Acordo de Paris e construir um mundo mais resiliente e equilibrado, onde o desenvolvimento econômico ande de mãos dadas com a preservação ambiental.

O Brasil deve priorizar a inclusão da ciência nas discussões da COP30, seguindo o exemplo de sua atuação em fóruns como o G20 e os BRICS, onde a ciência e a inovação têm sido pilares para o desenvolvimento sustentável e a cooperação internacional. No G20, o Brasil tem defendido a importância da ciência para a transição energética e a segurança alimentar, enquanto nos BRICS, o país promoveu parcerias em pesquisa e tecnologia para enfrentar desafios globais, como as mudanças climáticas.

Na COP30, o Brasil pode assumir a liderança ao integrar dados científicos robustos e soluções baseadas em evidências, fortalecendo sua posição como protagonista na agenda climática global. Ao alinhar políticas públicas ao conhecimento científico, o país não apenas contribuirá para metas globais de redução de emissões, mas também assegurará um desenvolvimento econômico sustentável, preservando seus biomas estratégicos, como a Amazônia, e promovendo justiça ambiental e social.

Em julho de 2023, quando foi reinstalado o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), cujo mote foi ‘A Ciência Voltou’, Vossa Excelência proferiu palavras inspiradoras que reforçaram o papel central da ciência no desenvolvimento do país. Que essa mesma visão inspire as políticas do governo, especialmente no que se refere ao meio ambiente. A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência se colocam à disposição para colaborar com o governo brasileiro e contribuir nos debates que serão realizados.

Cordialmente,

Helena Bonciani Nader
Presidente
Academia Brasileira de Ciências

Renato Janine Ribeiro
Presidente
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

Centrão ameaça discutir semipresidencialismo se Ciro Nogueira não for bem tratado na Casa Civil

Publicado em coluna Brasília-DF

O ânimo do Centrão em se debruçar sobre o semipresidencialismo vai depender da forma como o novo ministro Ciro Nogueira será recebido pelo primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro, incluídos aí os filhos com assento na política — 01, 02 e 03. Se o bolsonarismo-raiz sabotar o trabalho do senador na Casa Civil, as discussões em torno do semipresidencialismo prometem ganhar mais velocidade.

Primeira missão

Caberá a Ciro definir com Bolsonaro o valor do Fundo Eleitoral de 2022. A aposta dos aliados do senador é a de que o governo caminhe para estipular um recurso agora, de forma a sinalizar o que cabe no Orçamento para custear as campanhas. Mas o que valerá mesmo é o que estiver escrito na Lei Orçamentária do ano que vem.

O “couro” de Ciro

O desconforto dos militares, que acabam de perder agora a Casa Civil depois de perder, há alguns meses, a Secretaria de Governo, é algo que, pelo menos no momento, não preocupa o Centrão. A avaliação é a de que Ciro “tem couro grosso”, não “cozinha na primeira fervura” e nem “cai com o barulho da bala”. Sendo assim, podem tentar fritá-lo à vontade. Se o presidente empoderar seu novo ministro, está tudo certo.

Último suspiro

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso está por um fio na Comissão Especial e caminha para ser rejeitada. Se a manifestação do próximo domingo não obtiver um público para lá de específico, esquece. A tendência na Câmara dos Deputados é derrubar a proposta.

Mexeu com fogo

A razão agora para derrotar o projeto está na ameaça que teria sido feita ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por emissários do ministro da Defesa, Walter Braga Netto — de que, sem voto impresso, não haveria eleição. Mesmo que ele tenha negado tudo, será um argumento para a Câmara mostrar que, diante das dúvidas se houve ou não, é preciso deixar claro que a Casa não se rende a ameaças.

Por falar em Braga Netto…

Ciro vai até tentar ver se consegue evitar a convocação do ministro para explicar as tais ameaças. Quer que isso seja um gesto de confiança no governo, em especial na nova gestão da Casa Civil.

Curtidas

Sem freios/ Grandes usuários de carros alugados, os motoristas de aplicativos estão sentindo no bolso os efeitos da fusão da Localiza, do ex-secretário especial de Privatizações Salim Mattar, e da Unidas, celebrada em setembro passado. Os preços de locação de carros dispararam. Na média, subiram 23% de fevereiro a julho deste ano nas principais capitais do país.

… e embalados/ Em alguns aeroportos, como Congonhas (SP), o aumento foi de 51%. No estado de São Paulo, um quarto dos motoristas de aplicativos usam carros alugados, segundo a associação que reúne a categoria (Amasp).

Sob análise/ A fusão entre Localiza e Unidas deve ser avaliada em breve pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o consultor e economista Juan Perez Ferrés, responsável pelo levantamento, a principal causa para o aumento é a redução de frota feita pelas duas empresas. Juntas, elas têm mais de 70% do mercado, uma concentração que impacta diretamente a competitividade no setor.

Joice Hasselmann/ A deputada é a entrevistada do CB.Poder de hoje, 13h20, na TV Brasília e redes sociais do Correio Braziliense.

Ciro Nogueira terá missão de minar a terceira via em 2022

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao mesmo tempo em que atuará para preservar os interesses do governo no Congresso, Ciro Nogueira terá a missão de tentar fechar todas as brechas que possam representar fôlego para uma terceira via em 2022. A tentativa de fusão dos partidos, que sofre um mar de resistências, é parte desse processo, a fim de evitar que uma parcela do DEM esteja engajada na busca de uma alternativa à polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

A avaliação dos aliados do presidente da República é a de que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, caminhou muito mais do que eles calculavam. Montou candidaturas fortes em Minas Gerais, no Rio de Janeiro tem Eduardo Paes e está prestes a receber o ex-governador Geraldo Alckmin para concorrer ao estado de São Paulo.

Mudança de sala
Os corredores do quarto andar do Palácio do Planalto terão movimentação intensa nos próximos dias. É que os militares da reserva levados para a Casa Civil podem se preparar para deixar os cargos. Ciro Nogueira preencherá a maioria dos postos com assessores de sua confiança. A turma de Luiz Eduardo Ramos, porém, não ficará ao relento: será transferida para a Secretaria Geral da Presidência, na ala Oeste, onde bate o sol da tarde e não tem vista para o Lago Paranoá.

Gato escaldado…

Que ninguém se surpreenda se o governo vier a oferecer mundos e fundos ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Tudo será feito para tentar tirá-lo do páreo em 2022. Mas não vai colar.

… sabe o que vem pela frente
Depois da forma como Bolsonaro expôs o ex-juiz Sergio Moro, são poucos os que acreditam piamente nas promessas presidenciais.

O primeiro grande gol da CPI
Ao cancelar o contrato com a intermediária Precisa e negar a autenticidade dos documentos enviados ao governo, a Bharat Biotech abre as portas para tentar ver sua vacina aprovada no Brasil. E, de quebra, ainda dá lastro à CPI da Covid, que, embora de recesso, continua ativa nos bastidores. Em agosto, a tensão promete ser grande.

Ciro Nogueira na Casa Civil prepara ida de Bolsonaro para o PP

Publicado em Governo Bolsonaro

Ao colocar o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, na Casa Civil, decisão já confirmada por aliados do presidente, Jair Bolsonaro começa a guardar uma certa distância da caserna e se alinha com a máxima de que “só a política resolve a política”. Ciro é experiente, acompanhou de perto todos os governos petistas e também o do presidente Fernando Henrique Cardoso. É visto como alguém “tarimbado” para tentar não só ajustar os ponteiros entre os partidos, mas também com os senadores, uma vez que tem trânsito em todas as legendas. Outra mudanças virão, dando ao Planalto um perfil mais afinado com os partidos. Não está descartada uma posição de destaque para Davi Alcolumbre e ajuste na liderança do governo na Câmara, por exemplo. Bolsonaro, aliás, pode aproveitar essa troca de comando na Casa Civil para afastar Ricardo Barros sem que diga publicamente que foi por causa do desgaste causado pela CPI.

O fato de Ciro Nogueira ter ficado calado nos últimos tempos dentro da CPI da Pandemia foi justamente o período em que trabalhava nos bastidores essas mudanças, junto com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Comunicações, Fábio Faria, outro que tem articulado bastante no sentido de organizar a base para conseguir acertar os ponteiros e evitar que os dissabores prosperem.

Em conversas reservadas, políticos dizem que Bolsonaro adota agora o mesmo que Fernando Henrique Cardoso e Lula fizeram no passado: Reforçar laços com os partidos para resolver problemas políticos. A diferença, porém, é que nenhum deles entregou a Casa Civil, coração do governo, como Jair Bolsonaro faz agora. Lula, quando os escândalos começaram a crescer, fez uma reforma ministerial ampliando o espaço do MDB no primeiro escalão. Entregou, por exemplo, o ministério de Minas e Energia; o PL, do então senador Alfredo Nascimento, tinha o Ministério dos Transportes. A aproximação com o MDB foi crucial para ajudar a evitar problemas diante das denúncias do mensalão.

Bolsonaro sabe que sua base aliada enfrenta problemas, haja visto o confronto público com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, nos últimos dias. Ramo, embora independente, é aliado de Arthur Lira e políticos próximos a Bolsonaro tomaram um susto ao ver essa briga. Desnecessária. No Senado, o governo também não tem uma maioria firme, o que tem comprometido o governo e ainda dado espaço para que os partidos trabalhem o nome do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), como pré-candidato ao Planalto.

A ideia agora é consertar os erros dos últimos dias, onde pareceu mais um recesso para se armar até os dentes do que para pacificar as duas Casas. Resta saber se dará tempo. Fernando Collor, em 1992 entregou boa parte do governo, inclusive a Casa Civil, ao PFL, na esperança de permanecer no governo e evitar um processo de impeachment. Não conseguiu. Bolsonaro ainda tem tempo e mais apoios do que Collor mantinha naquele período. A esperança dos aliados do presidente é a de que a história não se repita.

Ah, e sobre o partido do presidente: Ele está entre o PP e o PL. A ida de Ciro Nogueira coloca o PP como destino preferencial. É a volta para “casa”, conforme definem os aliados de Bolsonaro.

Novo ministro da Casa Civil mapeou todas as milícias do Rio

General Walter Souza Braga Netto e Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Com a troca de comando na Casa Civil, Jair Bolsonaro terá na sua equipe o general que mapeou todas as milícias do Rio de Janeiro, no período em que foi interventor no Estado, na área de segurança pública. O tempo, entretanto, foi curto para que o general Walter Braga Netto pudesse “limpar” a área, ou seja, extirpar a milícia do Rio.

Ele conseguiu cumprir a missão de reequipar as forças policiais, renovar frota de veículos e trocar postos-chaves na estrutura da polícia estadual. Ou seja, não é apenas o governador Wilson Witzel que terá conhecimento geral do que se passa no estado onde o presidente e dois de seus filhos, Carlos e Flávio, fazem política. A memória das ações de 2018 está agora no coração do Planalto.

O político palaciano

A saída de Onyx Lorenzoni da Casa Civil deixa o presidente como o único que tem conhecimento do Congresso, onde deu expediente por 28 anos. Os líderes governistas são unânimes em afirmar que Bolsonaro pode até parecer meio atrapalhado. Porém, sabe perfeitamente como “toca a banda” do parlamento. Até aqui, mesmo que aos trancos e barrancos, funcionou. Vejamos o futuro.

Aviões em quarentena?

Não foi apenas o excesso de trabalho no Brasil que tirou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da agenda nos Estados Unidos por esses dias. Ele iria na mesma aeronave que trouxe os brasileiros de Wuhan, na China, mas as autoridades americanas não autorizaram o pouso justamente por causa da viagem recente dos jatos ao epicentro do coronavírus. Melhor assim. O governo economiza e a excelência se agarra ao serviço por aqui.

Pelo Twitter

O ministro da Cidadania, Osmar Terra, estava numa agenda no Amazonas, quando soube que estava confirmada a ida de Onyx para a pasta. Restou desejar boa sorte ao companheiro.

Agora vai

Políticos gaúchos comentavam ontem, à boca pequena, que agora Onyx terá a faca e o queijo na mão para aparecer visitando ações sociais no Rio Grande do Sul, e alavancar uma candidatura ao governo do Estado.

“Se não houver uma fiscalização constante, você sempre corre o risco de alguém se desvirtuar. Seja policial, das Forças Armadas, político, qualquer poder. Meu pai dizia o seguinte: a oportunidade não faz o ladrão, revela”

Do novo ministro da Casa Civil, general Braga Netto, em entrevista à Agência Brasil, em julho de 2018.

Aliviado/ Com o Conselho da Amazônia a cargo da Vice-Presidência da República, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem uma declaração padrão para tratar do tema: “Isso é com o vice, Hamilton Mourão”.

Foco/ Um dos legados que o ministro quer deixar quando sair do cargo é a mudança total no tratamento do lixo no país, em todas as regiões. A ideia é espalhar usinas para produção de bioenergia e recicláveis. Se conseguir, terá sido um grande feito.

Aliança na live/ Bolsonaro passou a aproveitar as lives das quintas-feiras para pedir apoio à criação do seu novo partido, o Aliança pelo Brasil. Nas palavras do presidente, “um partido para chamar de seu”.

Todo cuidado é pouco/ Como o pedido de apoio ao Aliança pelo Brasil foi feita de uma live transmitida ontem, na biblioteca do Alvorada, os advogados eleitorais não viram problemas na fala de Bolsonaro. Afinal, o presidente estava em casa. Mas, no Palácio do Planalto, aconselham alguns especialistas, é melhor evitar para não dar margem a reclamações da oposição.

Caso Onyx vá para o lugar de Osmar Terra, MDB se sentirá rebaixado

onyx general
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Seis por meia dúzia. É assim que os congressistas se referem às mudanças que o presidente Jair Bolsonaro pretende fazer na sua equipe, substituindo Onyx Lorenzoni pelo general Braga Netto na Casa Civil. É o reforço dos militares no governo, que haviam perdido terreno num determinado momento e agora retomam com força. E sem aproveitar a troca para estreitar relações com o Congresso, sinal de que nada muda por ali e que o presidente está satisfeito com a performance de Eduardo Ramos.

Entre os maiores aliados do presidente no Congresso, há a certeza de que, enquanto as pesquisas estiverem indicando que Bolsonaro permanece em alta perante os eleitores, não haverá mudança de eixo de poder, ou seja, a escolha dele continuará voltada para o meio militar, considerado o mais organizado e estratégico do país.

Cobre um santo…

… descobre outro. Bolsonaro está numa sinuca de bico. Se tira Osmar Terra (MDB-RS) do Ministério da Cidadania para abrigar Onyx Lorenzoni (DEM), o MDB é que se sentirá rebaixado. E o presidente precisará de todos os partidos de centro para aprovar uma reforma do gosto do governo federal, e não dos estados.

Nem vem, talkey?

Não são poucos os pré-candidatos a prefeito de capital que procuram o Planalto em busca de uma foto ou um apoio mais explícito do presidente Jair Bolsonaro. Ele, porém, vai evitar influir nesses pleitos para não ser responsabilizado se algo der errado. Afinal, quando há vitória, o sujeito acha que ganhou por conta própria. Quando perde, sempre dá um jeito de buscar outro culpado.

E a administrativa, hein?

Se o governo não enviar uma proposta, os parlamentares é que não vão se mexer para tratar desse tema indigesto em ano eleitoral. Ainda mais depois da conversa do ministro chamando servidores de parasitas. Ok, ele pediu desculpas, mas a mágoa dos funcionários não esfriou.

A salvação da reforma

Os servidores públicos estão prontos para apresentar propostas para a reforma administrativa: “Se houver diálogo, o próprio setor público pode apontar caminhos que permitam a boa gestão das carreiras de Estado”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, Kleber Cabral.

O conselheiro/ Cotado para a Casa Civil, o general Braga Netto (foto) virou interventor no Rio de Janeiro por indicação do general Sérgio Echegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo do presidente Michel Temer. Agora, o ex-ministro continua no mesmo papel de ajudar os presidentes.

Ele, não/ Braga Netto esteve cotado recentemente para assumir um cargo no governo Witzel, no Rio de Janeiro. Entre levar o general para o Planalto e deixá-lo disponível para Witzel, Bolsonaro prefere ter Braga Netto ao seu lado.

Faça como ele/ O governador do DF, Ibaneis Rocha, manda hoje para a Câmara Legislativa do Distrito Federal a indicação do engenheiro Vinicius Benevides para a diretoria da Adasa. Um nome técnico para um órgão técnico. Vinicius é engenheiro especialista em recursos hídricos, tratamento de água e saneamento urbano. Foi um dos responsáveis pela Lei das Águas aprovada no Congresso Nacional. Há quem esteja disposto a sugerir a Bolsonaro que siga esse exemplo na hora de indicar os diretores das agências reguladoras.

Não façam como ele/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não consegue ficar uma semana sem uma declaração polêmica. Depois de chamar os servidores de parasitas, agora foi a vez de destilar preconceito contra os mais pobres, mais especificamente, os empregados domésticos, ao mencionar o dólar caro, que, segundo o ministro, é bom, porque “estava uma festa danada”. Sinal de que o governo não tem muita preocupação em acabar com a desigualdade e quer o mercado da Disney apenas para o andar de cima.

Onyx nega saída: “O fio que me prende é o do Homem-Aranha”

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Publicado em Política

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acaba de dizer ao blog que “o fio que o prende ao presidente Jair Bolsonaro e ao governo é o do Homem Aranha, não arrebenta”. Ele fez questão de ligar para rebater as especulações de congressistas a respeito de uma suposta saída do cargo. “Nós, do governo Bolsonaro, sofremos ataques todos os dias. Já estamos acostumados. Mas temos couro grosso”, disse o ministro. Ele contou que, ainda no início do dia, ele recebeu uma mensagem do presidente Jair Bolsonaro dizendo: “Agora, o ataque é contigo. Te segura, tchê! Estamos firmes”.

Onyx afirma que nunca deu razões para o presidente se desfazer da parceria que começou em 2017. Ele rebate item por item daquilo que os parlamentares elencam como motivos para que ele deixasse o cargo. O primeiro deles, a confusão do decreto das armas: “Nós organizamos e pacificamos. Ouvimos os líderes, senadores e deputados, o Supremo Tribunal Federal. Projeto de lei tratou do porte, que era o tema mais polêmico. Essa questão das armas está pacificada. Virá inclusive a lei para que a posse não seja apenas na sede da fazenda, mas em toda a propriedade. E tem uma lei para atender os CACs (colecionadores, atiradores, caçadores). Houve um entendimento entre os Poderes”, comentou o Onyx, que trabalhou ativamente nessa construção com a cúpula do Congresso e ministros do Supremo.

Previdência no primeiro semestre

Em relação à reforma da Previdência, o ministro afirma que está tudo programado para que o texto seja votado na próxima semana na Comissão Especial e não concorda com as previsões pessimistas. “Ao contrário do que se dizia, será votada no primeiro semestre na Câmara, enquanto muitos diziam que ficaria tudo para o segundo semestre. Até o final de agosto, votamos no Senado. Assim que votar, minha missão enquanto articulador politico estará cumprida e vou cuidar da coordenação do centro do governo”, disse ele, empolgado com a nova missão.

Onyx cuidará especialmente do PPI, o Programa Público-Privado de Investimentos, que, de acordo com os cálculos do Poder Executivo, representará uma injeção de R$ 1 trilhão na economia. “O presidente não entregaria essa missão a quem estivesse por um fio. A não ser que seja o fio do Homem-Aranha, que não arrebenta”, afirmou.