Dias do “fico”

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 11 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg 

Com dificuldades em fechar o compromisso dos partidos rumo a 2026, o presidente Lula tratou de reforçar alguns ministros nos respectivos cargos, a fim de baixar a bola das especulações sobre troca na equipe. Ele já colocou escoras no ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e no ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O próximo da lista é o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.

Relax, babies/ Na verdade, Lula fará a reforma ministerial, mas, antes, precisa conversar com os presidentes dos partidos aliados. E, até aqui, a maioria desses dirigentes tem reclamado do chefe do Executivo, haja vista o vídeo que o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, publicou, no último sábado, em suas redes sociais, criticando Lula. Nesse ritmo, outros “ficos” virão.

O problema é a “partilha”

Republicanos e Progressistas vão voltar a conversar sobre federação e/ou fusão. Porém, até o desfecho dessa novela, ainda será preciso ajustar quem mandará em qual estado. Foi exatamente isso que levou a bancada do Republicanos a uma posição contrária à união.

Por falar em união…

O PP pensa duas vezes antes de fechar uma federação com o União Brasil. Primeiro, o partido de Antonio Rueda precisa resolver seus problemas internos e sair da linha de desgaste provocada pelo escândalo envolvendo o empresário Marcos Moura, o “Rei do Lixo”, alvo da Operação Overclean da PF, que investiga fraude em licitações.

Linha direta

Ainda que o Parlamento tenha o poder sobre o orçamento da União que segue para as prefeituras, o governo quer aproveitar o encontro dos prefeitos e prefeitas, desta semana, para reforçar o diálogo direto, de forma a prescindir da intermediação de deputados e senadores. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, coordena um braço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que tem esse contato direto com os prefeitos. A ideia é aprofundar essa política.

E a anistia, hein?

O presidente da Câmara, Hugo Motta, se deu conta de que mexeu num vespeiro ao mencionar a anistia aos envolvidos no quebra-quebra do 8 de Janeiro de 2023. Se leva o projeto adiante, briga com o governo; se engavetar, briga com a oposição. Agora, aos poucos, ele vai tentar tirar a Câmara desse tema explosivo, que pode ameaçar a boa convivência na sua gestão. Ele começou com a Casa pacificada e não deseja partir para o conflito logo nessas primeiras semanas.

CURTIDAS

Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press

Tereza e as emendas/ A líder do PP no Senado, Tereza Cristina (foto), apresentará um novo projeto de lei para reforçar a transparência na aplicação e dar mais luz ao caminho do dinheiro das emendas parlamentares ao Orçamento da União, inclusive, as emendas Pix, aquelas que vão direto para as prefeituras. A ex-ministra da Agricultura está à vontade para propor uma regra mais rígida. Até aqui, ela dispensou as emendas Pix.

Concorridíssimo/ Os prefeitos ficaram muito irritados com o evento que lançou o Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização. É que não havia lugares para que todos pudessem se acomodar. Foi uma brigalhada danada em busca de uma cadeira. E olha que o espaço era grande.

Por falar em concorrido…/ Os prefeitos puderam relaxar — e, de quebra, comemorar o aniversário do PT — com um churrasco antes do encontro com os ministros do governo federal nesta terça-feira. A ordem é deixar o partido próximo das administrações municipais.

Ministras do samba e do axé/ A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, já confirmou participação no desfile da Unidos de Padre Miguel, no Rio de Janeiro. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, não perde um carnaval em Salvador.

Colaborou Victor Correia

Anistia a 8/1 volta com força total

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Kleber Sales

Blog da Denise publicado em 8 de fevereiro de 2025, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito

Estão cada vez mais evidentes os movimentos para minimizar os atos de 8 de janeiro, uma das páginas mais infames da política nacional desde a redemocratização. E o presidente da Câmara, Hugo Motta, mostrou-se sensibilizado com a ideia de que houve uma ação de vândalos, desqualificando a trama golpista por trás da destruição dos Poderes símbolos da República.

Está claro que o apoio da bancada bolsonarista à presidência de Hugo Motta ficou condicionado a uma releitura do que aconteceu na sede dos Três Poderes. Nota-se uma tentativa de classificar os ataques antidemocráticos a um excesso coletivo, um “crime de multidão”, decorrente da indignação de patriotas com o resultado da eleição de 2022.

Ora, dizer que ninguém esperava o que aconteceu no início de 2023 é ir contra os fatos. O acampamento de defensores de uma intervenção militar estava montado havia meses no Quartel-General do Exército. Semanas antes do 8 de Janeiro, o país já havia assistido a um homem ser preso porque queria explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília. Relatórios das forças de segurança indicavam a probabilidade de manifestações na capital federal.

Trama no Planalto

Ainda sobre o 8/1, houve a conspiração urdida na alta cúpula do governo Bolsonaro para impedir a posse da gestão Lula. Apenas para ficarmos em três nomes, lembremos que os ex-ministros Braga Netto e Anderson Torres, além do ajudante de ordem Mauro Cid, estiveram ou estão presos por indícios de envolvimento no plano golpista.

Alerta ao veto

O possível veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à isenção tributária para fundos de investimentos está no radar de setores afetados, como o agro. “Se o Fiagro (Fundo de Investimento de Cadeias Agroindustriais) se tornar um investimento menos interessante, os ativos precisarão ser vendidos a preços menores para evitar prejuízos, o que pode concentrar ainda mais terras nas mãos dos grandes”, alerta o consultor jurídico Luiz Felipe Baggio, da Evoinc.

Derrubada à vista

“O reflexo esperado no setor agroindustrial será o aumento do custo do capital, limitando investimentos em infraestrutura, tecnologia e expansão da área produtiva. Como consequência, a competitividade do agro brasileiro no mercado global pode ser impactada”, ressalta o especialista. O presidente da Câmara, Hugo Motta, já avisou que há movimentos para derrubar o veto presidencial.

Onda azul

Há outras questões pendentes sobre a reforma tributária. O Instituto Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência Oceano Azul apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade contra as regras que tratam da isenção de impostos para a compra de veículos por pessoas com deficiência.

Benefício seletivo

A entidade questiona a Lei Complementar 214/2025, que zera a alíquota do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) para a compra de veículos por pessoas com deficiência. O benefício é válido na aquisição de veículos de até R$ 200 mil, mas a isenção incide apenas sobre o limite de R$ 70 mil. Ainda segundo a norma, a isenção se aplica a pessoas com deficiência de grau moderado ou grave. O Instituto Oceano Azul alega que a lei prejudica direitos adquiridos.

Girl power

A embaixada britânica promove este ano mais uma edição do concurso cultural Embaixadora por um Dia, iniciativa que celebra o Dia Internacional da Mulher e incentiva maior participação feminina na política e na diplomacia. O concurso busca identificar jovens líderes mulheres (cis e trans) pretas, pardas ou indígenas, com idade entre 18 e 25 anos, que tenham interesse em diplomacia e engajamento político. A vencedora poderá ver de perto a rotina diplomática, participando de reuniões e eventos na representação britânica.

Atenção ao Previ

A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) está preocupada com a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) para avaliar a gestão do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, o Previ. “A interpretação limitada de um período específico (de janeiro a novembro de 2024) pode gerar percepções equivocadas sobre a solidez e a governança do sistema de previdência complementar fechada no Brasil”, alerta a associação, em nota.

De olho na ANTT

A Frente Parlamentar Pelo Livre Mercado (FPLM) está de olho na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Protocolou na Câmara dos Deputados pedido de esclarecimento sobre os gastos com viagens internacionais e a aquisição de um imóvel sem licitação pelo valor de R$ 687,5 milhões. A FPLM cobra mais transparência.

Remoto ou presencial

O teletrabalho virou um tema de debate entre a Petrobras e a Federação Única dos Petroleiros (FUP). A entidade sindical cobrou da gestão de Recursos Humanos explicações sobre mudanças na escala do teletrabalho, com aumento do expediente presencial. A Petrobras pediu um prazo de três semanas para se manifestar. O petroleiros continuam em greve nas bases administrativas e nos escritórios da estatal.

A vacina de Hugo Motta

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Blog da Denise publicado em 7 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Ao publicar em suas redes sociais que “aumentar impostos é empobrecer o país”, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deixa translúcido o que os parlamentares pensam a respeito de propostas que representem aumento de impostos. Os congressistas e o setor produtivo estão preocupados porque, até aqui, o governo disse que irá compensar a isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais, mas não detalhou o que será feito para garantir essa compensação. Há quem diga que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não poderá dispensar uma oportunidade sequer de explicar o que vem por aí, a fim de deixar claro, desde já, que não haverá aumento de carga tributária, nem de impostos.

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Em entrevista à Globo News, por exemplo, Haddad foi direto ao dizer à colunista Miriam Leitão que serão levadas em consideração situações de companhias que não estão pagando impostos, mas estão distribuindo dividendos. Alguns políticos ficaram de orelha em pé. Por isso, antes mesmo que o governo venha com ampliação de impostos, o presidente da Câmara menciona o empobrecimento do país. Nas conversas dos deputados, há um sentimento de que não dá para taxar quem gera e segura empregos dentro do Brasil.

Lula que se cuide

Sem maioria no Congresso, o governo Lula terá que passar por uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que institui o semipresidencialismo. O texto apresentado pelos deputados Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e Luís Carlos Hauly (Podemos-PR), esta semana, é lido nos bastidores da mesma forma que, no passado, os políticos receberam a emenda do então deputado Mendonça Filho, que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998. A onda, à época, era “se for a voto, passa”.

Quem manda

A proposta dos dois deputados mantém o presidente eleito como chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas. Entre as atribuições do presidente, está a nomeação do primeiro-ministro, “após consulta aos partidos”. O premiê deve apresentar programa de governo ao presidente e à Câmara. Primeiroministro e Conselho de Ministros dependem da confiança da Câmara.

Vale lembrar

Antes de deixar a presidência da Casa, Arthur Lira (PP-AL) teve planos de votar o semipresidencialismo. Não houve consenso nem tempo para os partidos de centro avaliarem o tema.

Nada é por acaso

Lula tinha um leque de opções para sua primeira viagem, depois da liberação pelos médicos. Escolheu o Rio de Janeiro porque muitos aliados consideram que é um dos estados que a direita tem mais força junto ao eleitorado. Em 2022, Jair Bolsonaro obteve 56,53% dos votos válidos no segundo turno. Lula ficou com 43,47%. O ex-presidente venceu em 72 municípios e Lula, em 20.

CURTIDAS

Crédito: Rosinei Coutinho/STF

Assim que se faz I/ A bancada feminina está dando um show no Legislativo. O maior exemplo é a procuradora da Mulher, deputada Soraya Santos (PL-RJ, foto), ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) defender uma ação de inconstitucionalidade arguida pelo PSol. Soraya fez uma sustentação oral em defesa da ação, que busca Justiça para as Mães de Haia, mulheres que vêm para o Brasil em busca de proteção, muitas vezes, para fugir da violência doméstica em algum país estrangeiro — e acabam acusadas de sequestrar os filhos.

Assim que se faz II/ “A violência contra a mulher, o câncer e as mazelas do país, não têm partido. É isso que a bancada feminina tenta mostrar e muitos não entendem”, diz Soraya. Aliás, na Procuradoria da Mulher, Soraya e Benedita da Silva, do PT e ambas do Rio de Janeiro, são o maior exemplo de harmonia e boa convivência, quando o assunto é defesa da mulher. Raridade na política de hoje.

Me inclua fora dessa/ O deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS) pediu voto a todos os deputados da direita. Quando chegou na deputada Bia Kicis (PL-DF), ela foi direta: “Meu compromisso é com o partido e com o presidente Jair Bolsonaro. Por isso, meu voto é Hugo Motta”, disse.

Por falar em Bolsonaro…/ As vaias ao ex-presidente, no Mané Garrincha, durante o jogo Vasco 1 x 2 Fluminense, foram consideradas, nos partidos de centro, a prova de que nem tudo será flores para os extremos da política em 2026. Os aliados dele, porém, consideraram “normal” — devia ser um grupo petista. Outros disseram que, em estádio de futebol, tudo se vaia.

E José Mucio vai ficando

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Blog da Denise publicado em 4 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

A última conversa entre o presidente Lula e o ministro de Defesa, José Mucio Monteiro, terminou com a permanência do ex-deputado pernambucano no cargo. A seara militar é delicada. José Mucio dispõe do talento, da capacidade de ouvir e de construir consensos de que a função precisa. Por mais que alguns queiram fazer intrigas entre ele e os petistas, Mucio fica e não sai tão cedo. Resolvida a área da Defesa, o presidente vai se dedicar a ver como ficará a política no Palácio do Planalto.

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O presidente considera que os resultados no Congresso foram satisfatórios nesses dois anos de Alexandre Padilha no cargo de ministro de Relações Institucionais, embora tenha havido atritos com o então presidente da Câmara, Arthur Lira. Agora, ainda que a relação com Hugo Motta seja melhor, é preciso colocar ali um ministro com novo fôlego, rumo a 2026. Pelo menos, essa é a tendência do presidente Lula. A discussão da reforma ministerial seguirá paralelamente às emendas, que estão num impasse que precisa ser resolvido antes do carnaval. O Orçamento de 2025, que ainda não foi votado, só deve ser apreciado em março. Sinal de que os ministros confirmados, no caso de José Mucio, têm tempo para tentar segurar mais emendas para seus ministérios.

A nova onda das MPs

O primeiro grande teste da boa relação entre o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, e o do Senado, Davi Alcolumbre, está posto: é levar deputados e senadores de volta às comissões mistas das medidas provisórias, algo que não ocorreu na gestão anterior. Para este início de ano, há 32 em tramitação, sendo 25 paradas na coordenação das comissões mistas.

Enquanto isso, no STF…

A depender do ânimo dos ministros do Supremo Tribunal Federal, é lá que haverá a última palavra sobre a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. É que qualquer projeto que seja aprovado pode ter a constitucionalidade questionada na Suprema Corte.

Um gesto dúbio

O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou de surpresa a uma reunião do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com prefeitos de municípios afetados pelas chuvas. Um grupo avaliou que Bolsonaro foi dar respaldo ao seu ex-ministro de Infraestrutura. Já para outra ala, menos afeita ao bolsonarismo, o ex-presidente foi até lá para deixar claro quem é detentor dos votos que elegeram Tarcísio governador.

O que ele quer

O ex-presidente Jair Bolsonaro quer ver Tarcísio candidato à reeleição em São Paulo. Os mais fiéis escudeiros do bolsonarismo garantem que o ex-chefe do Executivo está convencido da necessidade de ter “Bolsonaro 22” na urna e na campanha de 2026. E os aliados dele dizem que Bolsonaro tem mencionado que o nome para isso, a preços de hoje, é o do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

CURTIDAS

Crédito: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Quaest e Lula/ Ainda que a pesquisa Quaest desta semana aponte o presidente Lula liderando todos os cenários da disputa de 2026, a alta rejeição preocupa, e muito. A avaliação é de que ninguém com 49% de rejeição conseguirá vencer. É parte desse público que o governo precisa conquistar este ano.

Quaest e a oposição/Jair Bolsonaro aparece com 53% de rejeição, e o cantor Gusttavo Lima, com 50%. A preços de hoje, a vida dos governadores pré-candidatos ao Planalto está muito melhor. Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Júnior, do Paraná, têm 32% de rejeição. Romeu Zema, 23%, e Ronaldo Caiado, 21%.

Assim não dá…/ Defensor do fim da polarização política, o líder do PP, Doutor Luizinho (foto, RJ), saiu do plenário com a certeza de que o início foi preocupante. “Não dá para começar com essa guerra de bonés.”

… mas vai rolar/ O embate dos bonés, aliás, foi visto como saudável pelos parlamentares que defendem que a violência deve acabar. “Se eles querem usar boné, nós também usaremos. Faz parte. Quem vai ganhar com isso são as fábricas de bonés”, brincou o senador Jaques Wagner (PT-BA), que exibia um boné amarelo, com a inscrição “O Brasil é dos brasileiros”.

O papel de Michelle no jogo eleitoral

Publicado em Eleições

Blog da Denise publicado em 19 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

O destaque à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como representante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na posse do republicano Donald Trump, nesta segunda-feira, em Washington, é visto por aliados do ex-presidente como uma mensagem clara de consolidação de um protagonismo político dela para compor o portfólio eleitoral de 2026. Inicialmente, o plano era uma candidatura ao Senado pelo Distrito Federal. Mas, nada impede que ocupe uma vaga de vice numa chapa presidencial para fortalecer a posição do marido, caso Bolsonaro continue inelegível. Há, inclusive, uma avaliação interna de que os filhos de Bolsonaro, volta e meia, se envolvem em polêmicas que afastam grupos de eleitores mais ao centro, em especial, as mulheres. Não é o caso de Michelle. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, tem dito a amigos que Michelle tem traquejo e carisma para a política. Bolsonaro, porém, vai se manter no papel de pré-candidato enquanto puder, a fim de ter o poder de definir o nome do PL para o Planalto no ano que vem.

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E por falar em DF…/Em todas as rodas do Governo do Distrito Federal, há um consenso de que, a preços de hoje, está certa a candidatura da vice-governadora, Celina Leão (PP), à sucessão do governador Ibaneis Rocha (MDB).

Amigos, amigos…

…negócios à parte. Por mais que Jair Bolsonaro se apresente como um “best friend forever” de Donald Trump e aposte nessa relação para ganhar mais respaldo em busca de elegibilidade, o Brasil não está nas principais preocupações de Trump. A economia dos Estados Unidos, a guerra em Gaza, a relação com a China e o conflito Rússia-Ucrânia já são problemas suficientes para este início do segundo governo do empresário.

Enquanto isso, por aqui…

A reunião ministerial desta segunda-feira será o momento de o primeiro escalão listar as entregas que podem ser feitas no segundo tempo do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, dará ao ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Sidônio Palmeira, matéria-prima para apresentar daqui até o fim de 2026.

Mês das noivas

Todos os ministros têm projetos. O que falta mesmo é o Orçamento de 2025 aprovado para poder deslanchar as propostas. Se a votação ficar para depois do carnaval, só lá para maio é que o governo terá condições de liberar os recursos.

Por falar em Orçamento…

Enquanto um grupo de parlamentares vai a Washington para a posse de Trump e outros à Suíça para o evento do Lide/ Veja, em Zurique, e para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, outro volta para Brasília a fim de organizar a reação ao Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria ainda não engoliu as decisões do ministro Flávio Dino.

Ressurgimento da indústria/ Com a sanção da reforma tributária, o relator na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT-MG) acredita que a indústria brasileira vai crescer. “A indústria já teve 4% do Produto Interno Bruto (PIB) no mundo caiu para 1,2% e foi por causa do sistema tributário com o mundo aberto e global. Agora, tem tudo para retomar o seu papel”, afirmou à coluna.

Resposta bem mineira/ Perguntado sobre a perspectiva de virar ministro daqui a alguns dias, quando deixará a Presidência do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) riu e disse que não sabia de nada: “Tudo pode acontecer ou nada pode acontecer”. Pacheco saiu rindo ao lado do senador Eduardo Braga (MDB-AM). Esta semana, Pacheco estará em Zurique, na Suíça, para o Brazil Economic Forum, promovido pelo grupo Líderes Empresariais (Lide), fundado pelo ex-governador de São Paulo João Doria.

A exceção da regra/ Agora é oficial. Em atos do governo, o tempo de discurso será de apenas 5 minutos para poupar tempo das solenidades. Só tem um probleminha. O próprio presidente não cumpre esse tempo.

PL presente/ A comitiva brasileira para a posse de Donald Trump, nos Estados Unidos, vai muito além da embaixadora Maria Luiza Viotti. A deputada Bia Kicis (PL-DF) já está em Washington para acompanhar tudo de perto, com um grupo de deputados do PL. Em suas redes sociais, ela ressaltou como o evento mais importante para os conservadores.

 

 

Inelegível e indiciado, Bolsonaro pressiona o PL para ser candidato a presidente em 2026

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 24 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou com integrantes do PL que vai até o fim numa candidatura presidencial. Ainda que esteja inelegível e indiciado na tentativa de golpe de Estado, continuará percorrendo o país em eventos partidários, independentemente dos inquéritos a que responde. Se for preso, pretende fazer tal e qual Lula, em 2018: lançar um nome que possa representá-lo nessa empreitada. A ideia é manter ocupada a cadeira de pré-candidato do PL e seu eleitorado unido. Assim, se for o caso, na última hora, poderá sacar o nome de Eduardo Bolsonaro para concorrer ao Planalto. O filho 03, pré-candidato ao Senado por São Paulo, é o que tem menos arestas para essa disputa e faz política no maior colégio eleitoral do país. É também o que tem mais ligações com o futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Gratidão & lealdade

Com o ex-presidente insistindo em ser candidato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), volta-se ao projeto da reeleição. Enquanto Bolsonaro não abrir mão dessa candidatura, nem ele e nem outros potenciais concorrentes citados como opções do bolsonarismo arriscam carreira-solo. Está nesse rol a senadora Tereza Cristina (PP-MT). Da mesma forma que Lula tentou sufocar nomes da esquerda em 2022 e juntou todos sob o seu comando, Bolsonaro se manterá candidato para tentar fazer o mesmo com os candidatos que podem surgir no seu campo e tirar um filho do coldre. Esses são os planos A e B e já estão em curso.

Gato escaldado…

Muitos esquerdistas reclamaram da atitude do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de deixar a apresentação da denúncia contra Bolsonaro para o ano que vem. Em conversas reservadas, quem o conhece garante que a ideia é evitar o que houve com a Operação Lava-Jato. Muitos acusados e condenados em outras instâncias se livraram por falhas processuais. Não dá para repetir isso.

Diferenças

Os advogados dos réus da Operação Contragolpe têm mais problemas do que os da Lava-Jato. Isso porque, lá atrás, os processos começaram na primeira instância e seguiram até o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, está tudo na Corte. Ou seja, menos chances de recursos.

A guerra será o Senado

Embora o eleitor esteja mais preocupado com o Natal, os políticos estão com a atenção voltada ao período eleitoral de 2026. Tudo o que for feito daqui para frente, estará diretamente relacionado à preparação de terreno, em especial, na disputa para duas vagas ao Senado. Os bolsonaristas já mapearam os potenciais candidatos para tentar garantir maioria e, assim, cavar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Em alguns estados, Bolsonaro pretende exigir indicação para as duas vagas.

O cálculo deles

Os bolsonaristas não estão sozinhos nessa conta. Em encontros políticos, ministros do STF também discutem esse tema. Lula e governadores aliados, idem. Na política, existe a certeza de que, se o bolsonarismo eleger 27 senadores (um por estado e o DF), terá condições de juntar votos contra o Supremo. Por isso, a ideia de Lula é que seu partido apoie nomes de outras legendas que estejam fortes, de forma a evitar uma avalanche de senadores que podem flertar com processos de impeachment. O problema é que o PT ainda não se convenceu. E pretende concorrer em todos os estados.

Por falar em Lula…

Não é apenas a insistência de Bolsonaro em ser candidato que tira o governador de São Paulo da eleição presidencial. Se Lula estiver forte em 2026, Tarcísio de Freitas se preservará para a temporada seguinte, calculam seus aliados, sem Lula e sem Bolsonaro.

Juros na roda

Nos bastidores da festa de 60 anos do Sinduscon, um dos assuntos mais comentados foi a necessidade de baixar os juros. Mas, a avaliação geral é a de que não dá para baixar sem segurança técnica. O setor da construção civil prefere um pouso suave quando for seguro, do que baixar demais e, depois, ter que subir além do que seria necessário.

Bia e Nikolas

O bolsonarismo considera seriamente lançar a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado, em vez de apoiar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Isso porque o governador, até aqui, não entrou na defesa do ex-presidente. E Bia está rouca de tanto dizer que Jair Bolsonaro é vítima de Alexandre de Moraes. Em Minas Gerais, Nikolas Ferreira é considerado o nome mais forte.

2025 de embates

O PT deflagrou uma campanha virtual pelo arquivamento do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Ainda não recorreu a manifestações de rua. Vai, primeiro, medir o apoio na população conectada. Como o leitor da coluna já sabe, parte do governo não quer saber de convocar manifestações para não atiçar seus opositores e garantir tranquilidade para o processo judicial.

O Novo cresce

Com as eleições deste ano, o partido Novo teve um aumento de 1600% em número de mandatários. Para auxiliar esses prefeitos e vereadores eleitos, o Diretório Nacional fará um “Encontro de lideranças Novo 2024”, para treinamento em gestão e legislação. “Alcançamos um outro patamar. Até hoje, o Novo era um partido de alguns poucos mandatários, agora são quase 300. Esse encontro é essencial para que todos possam se conhecer, trocar experiências e cultivar a nossa cultura institucional”, comenta o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro.

A hora do divã para bolsonaristas e petistas

Publicado em Eleições 2024
Crédito: Evaristo Sa/AFP e Reprodução Instagram

Terminado o segundo turno e passado o aniversário de 79 anos do presidente Lula, a esquerda terá que repensar seu jogo se quiser chegar ao Planalto em 2026. O bolsonarismo, porém, também terá que se refazer. Isso porque o centro já percebeu que, se jogar direitinho, pode dispensar os extremos. Neste segundo turno, Fortaleza salvou a imagem do PT, com a vitória de Evandro Leitão. Da mesma forma, Cuiabá (MT) e Aracaju (SE) limparam a barra do bolsonarismo. Porém, em vários locais onde Lula e Bolsonaro jogaram todas as suas fichas, eles perderam. Em São Paulo, por exemplo, Lula faz campanha para Guilherme Boulos (PSol) desde antes das eleições. Não deu. Em Fortaleza, Goiânia, Imperatriz (MA), os candidatos que receberam o apoio de Jair Bolsonaro terminaram derrotados.

Os partidos de centro que vão se enfrentar pela disputa da Presidência da Câmara saem desta eleição municipal fortalecidos e com a certeza de que, se jogarem juntos em 2026, com um candidato capaz de puxar votos, é possível ficar longe, seja de Jair Bolsonaro, seja de Lula.  No fundo, esses partidos sempre foram aliados do PT e do bolsonarismo por uma questão de sobrevivência e não de afinidade ideológica. Agora, restará ao PT e ao PL bolsonarista encontrar meios de dizer ao centro que eles ainda têm força para liderar o processo.  O centro, entretanto, quer provas desse favoritismo de ambos em seus respectivos campos., afinal, outros personagens estão entrando em campo. E muitos chegaram para ficar.

Bolsonaristas pretendem politizar queimadas na disputa presidencial de 2026

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 17 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg, 

Enquanto Pablo Marçal se dedica a replicar a imagem da “cadeirada” em suas redes e medir o humor do eleitorado depois da agressão do debate de domingo, os bolsonaristas preferem colecionar as imagens exibidas na TV aberta sobre as queimadas em todo o país. A ideia é catalogar tudo para usar lá na frente, em 2026. O objetivo é usar esse material para dizer que o PT reclamou tanto das queimadas nos tempos de Jair Bolsonaro, mas está vendo a floresta queimando tal e qual ocorreu no passado. No Distrito Federal, por exemplo, a situação nunca foi tão crítica.

Veja bem

O governo age para tentar marcar a diferença de tratamento nesse campo, sobrevoando as áreas atingidas, fazendo reuniões de emergência e mobilizando recursos. Lula fez várias reuniões sobre esse tema, levará o assunto ao discurso nas Nações Unidas semana que vem e pretende lançar um pacote de medidas.

Objeto do desejo

Com o PL mais próximo do líder do Republicanos, Hugo Motta, o PT está tentado a aceitar a proposta dos líderes do PSD, Antonio Brito, e Elmar Nascimento, e ocupar a vice-presidência da Câmara. Porém, nada será definido em meio à corrida eleitoral. O partido de Lula não vai precipitar nada.

Quem avisa…

O governo quer aprovar, pelo menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 ainda em outubro, tão logo seja conhecido o resultado do primeiro turno das eleições municipais. A avaliação de muitos políticos, porém, é a de que a turma do Planalto pode esperar sentada. A perspectiva é ficar para mais à frente um pouquinho.

… amigo é

Antes de qualquer deliberação sobre a lei que vai nortear a análise do Orçamento de 2025, será preciso que o governo aceite a reforma que os deputados e senadores planejam promover para continuar no comando das emendas. Essa, aliás, será a primeira briga da temporada pós-eleitoral.

Longe de Gilson

Com o prefeito de Recife, João Campos, apontado como vitorioso já no primeiro turno, o ex-presidente Jair Bolsonaro não pretende passar por lá nesta reta final da eleição. Vai priorizar onde as chances de vitória são mais palpáveis e, obviamente, no Rio de Janeiro, base eleitoral dos filhos Flávio e Carlos Bolsonaro.

Sumiram

Os candidatos Guilherme Boulos, do PSol, e Ricardo Nunes, do MDB, queriam aproveitar o debate de domingo para reforçar a polarização entre eles, mas, depois da “cadeirada”, ficaram em segundo plano. Agora, é tentar recuperar terreno no debate do UOL, hoje.

Exagerou, perdeu

O candidato Pablo Marçal valorizou tanto a cadeirada que levou de Luiz Datena (PSDB). Seus assessores falavam em “costela quebrada”, porém, o boletim médico menciona “traumatismo no tórax”, “sem complicações associadas”.

Por falar em cadeirada

Quando você pensa que o fundo chegou, os políticos cavam mais
um pouquinho. Agora, com as cadeiras parafusadas, vejamos o que eles vão inventar, se a temperatura continuar subindo nos debates paulistanos.

Enquanto a turma aposta na campanha municipal…

O Lide, do ex-governador João Doria, debate nesta quarta-feira, 18 de setembro, a conjuntura atual, o cenário global e o Brasil nesse contexto. À mesa de debates, na Casa Lide, em São Paulo, nomes como o de Ilan Goldfajn, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e de dois ex-ministros da Fazenda, Henrique Meirelles e Joaquim Levy.

Sem chá das cinco

Publicado em Eleições

Blog da Denise, publicado em 29 de agosto de 2024, por Denise Rothenburg

Mal o governo anunciava o nome de Gabriel Galípolo para a presidência da Banco Central, e o Centrão já imaginava o que fazer com a sua sabatina, ainda sem data para ocorrer. A contar pelas informações de bastidor, não será uma conversa de comadres. Ele terá de convencer o Centrão de que não comprometerá a sua carreira para atender o governo. Ontem, muitos citavam o receio de que ele repita Alexandre Tombini, o jovem indicado pelo governo Dilma Rousseff lá atrás, quando o BC não tinha independência. Agora, a cobrança de não dizer amém ao Executivo será bem maior.

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Veja bem/ Obviamente, a esta altura do campeonato, não existe uma “vontade” de rejeitar o nome de Galípolo, um técnico que, até aqui, não deu sinais de que será dependente das ordens do governo. Porém, num cenário de descontentamento por causa das emendas, tem muita gente interessada em dar um susto no Planalto.

De “carona”, não sai do lugar

A tentativa do governo de aproveitar a transparência das emendas para tentar obrigar os congressistas a aplicarem parte dos recursos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) travou o acordo pelas emendas. A ideia nas reuniões dos deputados é cuidar apenas do projeto relacionado à transparência.

Os replicantes

O crescimento de Pablo Marçal nas pesquisas de intenção de voto, a ponto de embolar a disputa em empate técnico triplo, mostrou aos aliados do bolsonarismo que o ex-presidente Jair Bolsonaro é “replicável” e não detém o controle dos seus eleitores. O receio dos bolsonaristas é que isso se repita lá em 2026, quando governos estaduais e a Presidência da República estarão em jogo.

E os originais

O conselho daqueles que entraram na política graças a Bolsonaro é que ele mergulhe de cabeça na campanha de Ricardo Nunes, para recuperar o seu eleitorado. O receio é de que Marçal, num segundo turno, se torne o nome da vez, tirando o ex-presidente de cena.

Preocupação geral

No PT, o fato de Marçal praticamente replicar o que Bolsonaro fez no início da campanha de 2018 também preocupa. É que qualquer nome que venha das redes sociais e tenha carisma suficiente para embalar o eleitor consegue chegar, sem necessariamente estar ligado, seja a Bolsonaro, seja a Lula, hoje os maiores líderes de seus campos políticos. São os replicantes chegando. E, acreditam muitos, para ficar.

À esquerda/ Se Pablo Marçal surpreende na direita como um novo player a ser observado, quem desponta no rumo oposto é o prefeito do Recife, João Campos (foto), do PSB. Chega para ocupar em breve um lugar no seleto grupo daqueles com chances reais de voos mais altos. Sua gestão daqui para a frente será acompanhada com lupa por todos os partidos e especialistas em marketing político.

Queimaram a largada/ A maioria dos deputados que veio a Brasília saiu da cidade logo na quarta-feira, sem qualquer notícia de sessão do Congresso, convocada no final da tarde. Nem toda a bancada gaúcha estará no plenário para votar o projeto que vai auxiliar na liberação de recursos para pessoas físicas e jurídicas no estado, a pauta única desta manhã, até o fechamento desta coluna.

Por falar em “largada”…/ Governadores pré-candidatos ao Planalto têm feito reuniões sistemáticas para estudar os cenários políticos e econômicos. Até aqui, consideram que as queimadas na Amazônia, que continuam a ponto de defumar o Brasil, é um tema, assim como as atitudes em relação à Venezuela.

Lula discute, hoje, a PEC da Segurança Pública

Publicado em Lula

Coluna publicada em 7 de agosto de 2024, por Denise Rothenburg

Enquanto o Congresso aquece as turbinas lentamente, o presidente luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar para arredondar as propostas que pretende encaminhar em breve. Hoje, por exemplo, o tema em discussão no Planalto será a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública, em análise na Casa Civil. A ideia é reunir os ministros que já foram governadores para avaliar o texto entregue ao Planalto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. A ideia de ampliar o escopo da Polícia Rodoviária Federal para hidrovias e ferrovias, transformando-a numa espécie de Polícia Federal ostensiva, conta com o apoio de parte desses ministros.

Alguns avaliam que a Força Nacional não tem estrutura para essa tarefa e só é usada em emergências. Mas uma PRF ampliada seria a saída para ajudar, inclusive, no patrulhamento de rios, que muitos ex-governadores consideram corredor para o tráfico de drogas e de armas. Não é a reunião final, mas, diante da necessidade de se organizar mais essas atribuições na área de segurança, será o grande passo para deixar o projeto mais sólido para envio ao Congresso.

Sem marola

Com a eleição da Câmara logo ali, os líderes não querem saber de muitas propostas polêmicas em pauta neste semestre. A guerra do Orçamento e as eleições municipais, além das articulações de bastidores das duas Casas, prometem uma primavera com cara de
verão em Brasília.

Veja bem

Mesmo no governo, a avaliação é de que qualquer proposta a ser discutida este semestre arrisca virar aumento de despesa, que já está difícil de cortar. Porém, o governo não escapará de renegociação das dívidas dos estados, uma das propostas prioritárias do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Teste de fogo

Com chapa puro-sangue na cidade de São Paulo, o PSB terá condições de, pela primeira vez, medir sua própria força na capital paulista, sem precisar do PT ou de outro partido de esquerda ou de centro. Se Tábata Amaral e Lúcia França chegarem a, pelo menos, 15% dos votos, será uma força consolidada.

Por falar em fogo…

O ex-presidente Jair Bolsonaro coloca a eleição de São Paulo como uma questão de honra para levar adiante seu plano de derrotar o PT no futuro próximo — ainda que não seja ele o candidato.

“Chegou saindo”/ Assim alguns tucanos reagiram ao saber que José Luiz Datena (PSDB, foto), o candidato do partido a prefeito de São Paulo, disse com todas as letras ao portal G1 que “ainda hoje” o principal objetivo é ser senador. Foi um balde de água fria nos militantes que lutaram pela candidatura de Datena.

Plano Safra e SUS/ Da mesma forma que as autoridades da área de segurança planejam o SUS desse setor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) busca o modelo do Plano Safra para a indústria. Desde o início deste governo já foram emprestados R$ 115 bilhões, segundo o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa.

Por falar em Barbosa../ O ponto mais aplaudido de sua fala no seminário da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre o futuro do setor no Brasil, foi a referência a países que são tão fortes no agro quanto na indústria, o que mostra que uma atividade não exclui a outra — tal e qual fazem, por exemplo, os Estados Unidos. “Podemos fazer as duas coisas”. A plateia de empresários gostou.

No embalo do biocombustível/ No seminário da CNI, um dos pontos destacados pelo vice-presidente da confederação, Leonardo de Castro, é que os biocombustíveis são uma das vocações do país para este século.