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Para juristas, crítica de Bolsonaro a governadores tem tom de ameaça
Juristas e políticos ficaram de cabelo em pé com declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o fato de os governadores não seguirem o decreto de reabertura das academias, salões de beleza e barbearias.
Houve quem considerasse uma ameaça o post que Bolsonaro publicou nas redes sociais sobre o assunto, no qual afirmou que “afrontar o estado democrático de direito é o pior caminho, aflora o indesejável autoritarismo no Brasil”.
Pretexto
Há quem entenda que o não cumprimento do decreto pelos governadores servirá ainda de pretexto para que o presidente não cumpra qualquer determinação judicial que julgar “inconveniente”.
Bolsonaro quer ganhar apoio de trabalhadores dos segmentos incluídos em essenciais
Coluna Brasília-DF
Ao decretar a volta ao trabalho das academias de ginástica e salões de beleza, o presidente Jair Bolsonaro quer testar seu poder de mando, caso o decreto seja alvo de ações no STF.
… para ganhar na rua
A aposta do Planalto é a de que o presidente ganhará a batalha, ainda que o decreto seja suspenso para fazer valer as decisões de governadores que apertam o isolamento para tentar evitar o colapso do sistema de saúde. A “vitória” será o apoio dos trabalhadores desses segmentos ávidos por voltar às atividades. E o vírus? Será na linha do “cada um que se cuide”.
Os alvos
Os bolsonaristas estão prontos para fazer valer o discurso de que os governadores de São Paulo, João Doria, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, “são contra os salões de beleza e as academias”.
Tudo de novo
Os políticos consideram que o país revive agora, num cenário de mais de 11 mil mortes, a discussão do início de abril, quando o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta defendia a quarentena e Bolsonaro ia passear. A diferença é que Nelson Teich não enfrenta Bolsonaro, e os hospitais estão muito mais cheios em alguns estados.
Bolsonaro se agarra a Guedes para lavar as mãos na crise econômica
Coluna Brasília-DF
Em meio à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro decidiu fortalecer o ministro da Economia, Paulo Guedes, porque acredita que, nas propostas do seu subordinado, está a chave para, logo ali na frente, poder dizer que o país quebrou por culpa do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos governadores que paralisaram o Brasil.
Essa narrativa começou a ser construída com a promessa de veto ao projeto que abriu a perspectiva de reajuste salarial para servidores de setores como o da saúde e outros considerados estratégicos. A tendência, avaliam alguns dentro do próprio governo, é de veto a tudo o que Guedes recomendar daqui para frente.
Resta saber se a população engolirá a versão de que as instituições foram responsáveis por quebrar o país e não uma pandemia que já matou mais de 10 mil no Brasil e, dada a falta de vacina e de um tratamento eficaz para todos os casos, as pessoas se vejam obrigadas a ficar em casa.
Assim, Bolsonaro, ao reacomodar Guedes numa posição mais confortável, espera recuperar a parcela do mercado que lhe abandonou por causa da negação da pandemia da covid-19. Só tem um probleminha: o projeto de Guedes não casa com os desejos de gastos do Centrão, que apoia Bolsonaro, e nem com a injeção maior de recursos públicos na economia, algo que corre o risco de ter que perdurar por mais tempo do que o governo previa.
Há quem diga que, em breve, será chegada a hora de o presidente se ver obrigado a escolher entre ficar com Guedes (e o mercado) ou o Centrão e sua fome por cargos de polpudos orçamentos.
Política sob tensão I
Na sexta-feira, estava na agenda do presidente Jair Bolsonaro o coronel Aristomendes Rosa Barroso Magno, coordenador do grupo Agir. No Facebook, há a seguinte descrição sobre um grupo chamado “Agir-Brasil”: “É um grupo ideologicamente de Direita, formado por brasileiros que querem contribuir com açõespara a derrota da esquerda no Brasil e para o fim do caos que se criou nos Três Poderes da República”.
Política sob tensão II
A cada dia que passa, cresce a preocupação das instituições com a proliferação de grupos paramilitares que ameaçam invadir o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A avaliação de muitas autoridades é a de que, enquanto as ações dos aliados de Jair Bolsonaro se mantiverem dentro dos limites democráticos de carreatas e atos em defesa do presidente da República, será parte do jogo. Qualquer ato além disso será um atentado tão grave quanto a facada que quase matou Bolsonaro.
Até o Natal
A comissão externa da Câmara de acompanhamento da pandemia da covid-19 no Brasil trabalhará até o fim do ano. A intenção é apurar as compras de equipamentos de saúde superfaturados em muitos estados, para ver se houve abuso por parte dos gestores. Afinal, embora os preços estejam elevados, as denúncias de que houve erros e má fé não param de chegar.
A judicialização do porto I
Os trabalhadores portuários de Santos comemoraram a decisão do desembargador Roberto Carlos de Oliveira, do TRF-1, que manteve o contrato da Marimex, cujo prazo de renovação expiraria no último dia 8. Nada menos do que seis mil empregos foram salvos em um momento dramático na Baixada Santista, quando o número de contaminados pela covid-19 aumentou, segundo o governo do estado de São Paulo, em 2.500%. “Não está nada garantido — disse o presidente do Settaport, Francisco Nogueira. “Mas ganhamos tempo precioso para manter a nossa luta pelos empregos na região.”
A judicialização do porto II
Agora, o governo deve recorrer, porém, os cálculos são os de que essa ação vai demorar anos para um desfecho. Marimex tem uma concessão há 20 anos para operação de contêineres no Porto de Santos. O governo não quis renovar o contrato por mais duas décadas, o que é possível por lei, porque pretende fazer ali uma área de manobra de trens para a Rumo. O máximo que foi oferecido foi um contrato provisório.
Curtidas
Eleições ainda sem definição/ Até aqui, ninguém tem uma avaliação segura de como serão as eleições municipais. “Esse tema só poderá ser tratado quando houver uma rota de saída da pandemia. E deve ser feito com diálogo e uma pactuação entre os Poderes a fim de definir as regras do jogo”, diz o líder do DEM, Efraim Filho. Se, até o fim de junho, não houver definição, prevalecerá a tendência por adiamento e não prorrogação de mandatos.
Surtou I/ Viralizou nas redes o vídeo em que o deputado estadual de Alagoas Antônio Albuquerque (PTB) protesta contra o isolamento e o uso de máscara, por ter sido chamado para tirar o carro estacionado na avenida principal, na orla de Ponta Verde. Chamou Rui Palmeira, que perdeu o pai há poucos dias, de “prefeitinho”.
Surtou II/ No vídeo, ele desafia a ciência: “Estão querendo dizer que um homem respirando a própria saliva está melhor do que respirando ar puro. Isso é o começo do socialismo ridículo, é uma covardia e a população aceitando calada, acovardada. Isso é uma vergonha.” O discurso, na orla de Maceió, porém, não trouxe nenhuma sugestão para proteger a população do novo coronavírus, que o deputado já pegou e parece estar curado.
Dia das Mães/ Fica aqui um abraço por escrito a todas as mães, em especial, à minha, dona Paula. Feliz Dia das Mães! #Fiqueemcasa.
Bolsonaro usou empresários para cobrar posicionamento do STF
Coluna Brasília – DF
A reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, empresários e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, conseguiu a proeza de deixar todos os personagens desgostosos do resultado. Os ministros do Supremo avaliaram, em conversas reservadas, que Toffoli deixou o palco aberto para Bolsonaro fazer sua propaganda do fim do isolamento social e tentar jogar a culpa da crise econômica no colo do tribunal, por impedir que ele (Bolsonaro) editasse um decreto de retomada dos serviços. O presidente, por sua vez, saiu com a recomendação de que procurasse os governadores e prefeitos para montar o plano de retomada em tempos de pandemia.
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Parte dos empresários se sentiu usada para que Bolsonaro pudesse cobrar do STF. Os decretos que o presidente editou também foram vistos com desconfiança, porque os governadores têm a prerrogativa de definir, dentro de seus respectivos estados, as medidas de contenção por causa da gravidade da pandemia e colapso do sistema de saúde. Saíram com a certeza de que tudo o que não for feito com base na ciência e no diálogo sério e racional entre os governos municipais, estaduais, federal e os setores, vai desaguar em ações judiciais. Até aqui, avaliam os políticos, mesmo aqueles que tentam planejar a retomada — caso do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha – se viram obrigados a se render à realidade e adiar o retorno. Em meio a uma pandemia, dizem empresários, não tem canetada que resolva.
O teste do veto
Além da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News, o veto de Bolsonaro à possibilidade de reajuste do funcionalismo, anunciado ontem, é visto como mais uma prova para auferir o grau de fidelidade do Centrão ao governo. A aposta de alguns, como o deputado Fábio Trad, é a de que, com o Centrão aliado ao Planalto, a manutenção do veto estará garantida.
O articulador
Os principais cargos entregues ao Centrão até o momento estão na órbita do Ministério de Desenvolvimento Regional, comandado pelo ex-deputado tucano Rogério Marinho. Ele assume cada vez mais o papel de ponte entre o governo e esse segmento do Congresso.
Nem tudo está perdido
Minutos depois de empresários e o ministro Paulo Guedes traçarem um cenário difícil para o futuro da indústria, o ex-ministro da Agricultura Francisco Terra dizia, em entrevista à BandNews, que as exportações do setor de aves cresceu 5%, e a de carne suína, 40% no quadrimestre. “O agro está presente, e, nos supermercados por onde andei, não falta nada”.
Tudo se repete
O que mais preocupa o governo em relação ao vídeo da reunião ministerial citada por Sergio Moro em seu depoimento são os palavrões que o presidente Jair Bolsonaro soltou no encontro e, segundo relatos, referências negativas à China por parte da equipe. O humor presidencial daquele dia, segundo relatos, estava parecido com o da ex-presidente Dilma Rousseff quando distribuía broncas a seus ministros.
Curtidas
O protetor/ O vereador Carlos Bolsonaro tem dormido no Palácio da Alvorada. Os adversários dizem que é para evitar ser surpreendido por alguma operação de busca relacionada ao inquérito das Fake News. Os amigos dizem que é vontade de proteger e ficar perto do pai.
Fake news?/ Grupos extremistas têm colocado nas redes sociais uma fala antiga do vice-presidente Hamilton Mourão como se fosse o apoio da cúpula das Forças Armadas à intervenção militar.
Melhor assim/ Ministros do STF não gostaram, mas entenderam o fato de Toffoli receber o presidente Jair Bolsonaro e os empresários. Se recusasse o encontro, daria ao presidente o discurso de que o Supremo é avesso ao diálogo. Toffoli teve ainda a habilidade de cobrar do presidente o estabelecimento de um plano de retomada em diálogo com os estados.
Mandetta, o retorno/ O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta nunca foi tão requisitado para falar dos “dias difíceis” que mencionava quando ainda era ministro e defendia que todos seguissem as recomendações da ciência. Com o registro de 1.825 mortes por coronavírus no Brasil em 72 horas, esses dias chegaram.
Regina Duarte perto de ser substituída por ex-ator de Malhação
A turma que deseja a substituição da atriz Regina Duarte na secretaria de Cultura sacou o nome do ator Mário Frias, que fez sucesso em Malhação no final da década de 1990. O ator participou ainda de outros programas da Rede TV, da Record e, no ano passado, de volta à Globo, participou de Verão 90.
O nome dele circulava como possível substituto antes mesmo de Regina Duarte conversar com o presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (6/5). Em entrevista à CNN, há pouco, o ator disse que torce pelo sucesso de Regina, mas que está à disposição, “se for preciso”. Em política, isso quer dizer que aceita o cargo e que Regina Duarte deve estar no ocaso de seu período como secretária de Cultura.
Bom pensar duas vezes…
Para alguns artistas, é um sinal de que é bom pensar duas vezes antes de deixar uma carreira de sucesso para seguir as promessas de “carta branca” para trabalhar dentro do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro fará novas mudanças no segundo e terceiro escalões do governo
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro aproveita a tragédia da pandemia para trocar tudo o que aceitou, meio a contragosto, no próprio governo e reforçar as bases de apoio, a fim de se preparar a hipótese de agravamento da crise política. Foi assim na Saúde, na Justiça e na Polícia Federal.
Até sexta-feira, avisam alguns aliados, novas mudanças de segundo e terceiro escalões virão. O novo tripé de apoio, reforçado pelos partidos do Centrão, mantém os evangélicos/ideológicos, e, por fim, os militares.
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Por essas e outras, os deputados do grupo ao qual Bolsonaro pertencia quando era deputado federal não tiram mais os olhos do Diário Oficial da União. Assim será até que todos se sintam atendidos. É a “parceria no governo”, dizem alguns, que dará ao presidente a base para enfrentar os desdobramentos dos inquéritos em curso, a pedido do Supremo Tribunal Federal.
Só tem um probleminha aí: acomodar todos os interesses do Centrão, e daqueles mais próximos, sempre foi um desafio para qualquer governo. No caso de Lula, resultou, primeiramente, no escândalo do mensalão.
Uma coisa de cada vez
Ministros do governo até cogitaram amarrar a presidência da Câmara, em 2021, ao pacote para atrair o Centrão, mas o próprio agrupamento resiste. Do jeito que está o Brasil em meio à pandemia da Covid-19, a crise econômica e a turbulência política, os deputados preferem amarrar logo a participação no governo e deixar a disputa pelo comando da Casa em banho-maria por alguns meses.
Soou insensibilidade
No dia em que o país registrou 600 mortes pela Covid-19, a parada obrigatória de Bolsonaro na porta do Alvorada tratou muito mais da troca de comando na Polícia Federal e do depoimento de Sérgio Moro, do que da calamidade pública causada pelo novo coronavírus. Atualmente, dizem aliados do presidente, ele está mais preocupado com essa situação do que com a pandemia. Aliás, Bolsonaro ainda disse que o número de casos estava diminuindo.
Discurso & prática
Ao mostrar as mensagens que trocou com o então ministro da Justiça, Sergio Moro, Bolsonaro termina por corroborar a tese de que queria influir na Polícia Federal no Rio de Janeiro, e no comando da direção-geral da PF por preocupação com os deputados federais ligados ao governo.
Siga o dinheiro
Uma das linhas de investigação sobre a produção de fake news e atos contra as instituições da República observa as bases desses deputados, que planejam seguir em bloco para compor o Aliança pelo Brasil. E é aí que o governo se preocupa, porque não atingirá o PSL, mas sim aqueles que estão de saída.
CURTIDAS
Presença de Nabhan/ Enquanto a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, trabalha incansavelmente para manter o setor do agronegócio produtivo e atendido nesse período de pandemia, o secretário de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, não sai do Alvorada e do Planalto. As apostas são as de que está louco para ser ministro.
Fica aí, “taokey?”/ Bolsonaro não tem dado qualquer sinal de que quer trocar a ministra. Mas há pressões da parte do grupo de Nabhan e do PP ligado ao deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), outro que sonha com a Agricultura. Se escolher um, desagradará o outro. E, assim, a ministra segue no cargo.
O amigo de 02/ O governo tornou sem efeito a nomeação do maestro Dante Mantovani para a Funarte, mas manteve a de Luciano Querido, ex-assessor do vereador Carlos Bolsonaro, o 02, que vira uma espécie de número dois da Funarte.
Mãe sempre ajuda/ A deputada Carla Zambelli (PSL-SP, foto) recorreu ao telefone da mãe para poder consultar o que a ex-amiga Joice Hasselmann (PSL-SP) havia dito sobre ela em suas redes sociais e responder aos seus seguidores. A contar pela troca de tiros entre as duas, quando ficarem frente a frente, no plenário da Câmara, é bom os seguranças ficarem atentos: “Essa mulher é louca, fabrica fake news. Eu não tenho nada a esconder”, disse Zambelli, em sua live.
Bolsonaro tem mãos atadas para nomear Ramagem; secretário do DF volta a ser cotado
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro terá mais dificuldades do que imagina para tentar restabelecer Alexandre Ramagem como diretor da Polícia Federal. Primeiro, é possível que qualquer ação seja vista como perda de objeto, uma vez que o próprio presidente tornou a nomeação sem efeito e reconduziu Ramagem à direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
No mínimo, avisam alguns juristas, haverá uma discussão jurídica sobre um eventual recurso. Se o presidente resolver esperar a análise do plenário, a incerteza é grande, uma vez que a maioria dos próprios ministros do STF estaria inclinada a seguir Alexandre Moraes.
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Nesse cenário, o presidente já foi aconselhado a escolher logo um novo nome e tentar evitar que a Polícia Federal siga comandada por Disney Rosseti, que foi superintendente da PF em São Paulo, quando Alexandre Moraes era secretário de Segurança no estado. Por isso, Bolsonaro terá, agora, dizem alguns, que definir logo outro substituto.
Na bolsa de apostas, estão o secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, e o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, carioca que Bolsonaro pretendia colocar como superintendente no Rio de Janeiro, no ano passado, quando houve o primeiro mal-estar entre Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro. São hoje os dois nomes mais ligados aos Bolsonaro dentro da Polícia Federal.
Presença de Ibaneis
A presença do governador Ibaneis Rocha na posse do ministro da Justiça, André Mendonça, elevou a cotação de Anderson Torres na bolsa de apostas para a diretor-geral da PF. Mas não era por isso que Ibaneis estava lá. O governador do Distrito Federal é advogado e tem muitos laços na área jurídica.
Agora vai na ordem dos fatores
A avaliação de algumas pessoas ligadas a Bolsonaro é a de que a decisão do ministro Alexandre Moraes deixou o presidente com a obrigação de seguir o que desejava a Polícia Federal desde o início da crise: que o diretor-geral seja escolhido pelo ministro da Justiça. E é essa a ideia que o governo quer passar, depois de Moraes suspender a nomeação de Ramagem para o comando da PF.
Enquanto isso, no serviço público não essencial…
…Muitos relatam que os servidores de alto escalão e com bons salários adiam as férias previamente programadas para este período, que terminou virando isolamento social. A moda é deixar tudo para quando puderem retomar as viagens. Será justamente a temporada de maior serviço acumulado
nas repartições.
Doria, Bolsonaro e Moro
O governador de São Paulo, João Doria, surfou em cima do “E daí?” do presidente Bolsonaro, ao declarar que o presidente deve sair da “sua bolha” e visitar o país, São Paulo e Manaus, por exemplo. Nos bastidores, tanto bolsonaristas quanto tucanos até preferem essa briga a enfrentar Sergio Moro, que, a depender do depoimento no inquérito que vai apurar as denúncias que fez, sairá com mais convites para filiação partidária.
CURTIDAS
Estrela solitária/ Só a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de máscara, lembrava o cenário de pandemia de Covid-19 no palco da posse dos ministros, ontem, no Planalto. A partir de hoje, com a obrigatoriedade de uso do acessório em Brasília, há quem diga que seria de bom tom o governador Ibaneis Rocha não se esquecer da sua proteção a próxima vez que for ao Planalto.
Esqueçam dele/ Ninguém citou o nome do ex-ministro da Justiça Sergio Moro na posse do sucessor, André Mendonça, e do novo Advogado Geral da União (AGU), José Levi Mello. O Planalto segue à risca a máxima de, quanto menos falar dele, melhor.
Não esqueçam como foi/ Aos deputados que recebeu para o café, ontem, no Alvorada, o presidente fez questão de contar detalhes da conversa que manteve com o ex-ministro e lembrou que havia ficado acertada a saída de Maurício Valeixo do cargo.
Alegria de pobre/ Durou pouco a festa dos concursados da Abin em ver um dos seus, Frank Márcio de Oliveira, no comando da Agência. Agora, Ramagem voltou e, como você, caro leitor, pode ler em nota nesta coluna, não volta para a PF nem tão cedo.
A sessão do Senado Federal que ouviu, nessa quarta-feira (29/4), o ministro da Saúde, Nelson Teich, virou um marco na separação entre o que queria o presidente Jair Bolsonaro ao trocar o gestor da Saúde e o que a realidade recomenda. Cobrado pelos parlamentares, Teich terminou dizendo que o “Ministério nunca mudou a sua posição de isolamento social”. Logo, na avaliação dos senadores, o ministro entrou no #fiqueemcasa que afastou Bolsonaro de Luiz Henrique Mandetta no início do mês.
Na audiência marcada a pedido da senadora Rose de Freitas (Podemos_ES), o que mais se ouviu foram cobranças de uma posição mais clara de Teich sobre o que ele recomenda à população. Até aqui, afirmaram o presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, tem seguido na direção contrária ao isolamento.
Nessa quarta-feira, por exemplo, conforme o leitor do Correio pôde ler na reportagem de Ingrid Soares, o presidente promoveu um café da manhã com aliados e fez uma solenidade no Planalto para a posse do novo ministro Justiça, André Mendonça. No palco principal, apenas a primeira-dama Michelle Bolsonaro usava máscara. “O país não precisa de um milagre e sim de um ministro que indique o caminho”, disse a senadora Rose de Freitas.
Muitos foram enfáticos ao dizer que a população está recebendo sinais contrários do governo ao ver o presidente e seus ministros juntos, sem máscaras.
“Há uma dubiedade aí muito séria. O senhor fala com toda a certeza de um homem pesquisador, que precisa conhecer a doença, ir monitorando com testes, que tem que ter uma aprendizagem, que tem que ter uma diferença entre grupos. Isso é o que temos ouvido do mundo inteiro. No entanto, no meio dessas incertezas, há uma certeza mundial: Que o distanciamento social é a única maneira de impedir uma explosão de casos, que não temos estrutura de serviços e saúde para sustentar. O senhor mesmo acabou de dizer que tem dificuldade de respiradores, etc. De um (determinado) momento para cá, que pode coincidir ou não, com o momento que o senhor assumiu o Ministério da Saúde, o distanciamento social caiu dramaticamente no país e estamos no momento de início de explosão de casos, de óbitos, como o senhor mesmo falou”, disse o senador Tasso Jereissati.
Tasso lembrou ainda que o fato de o Brasil ter registrado 449 mortes nas últimas 24 horas, colocou o pais na posição do segundo no mundo em número de mortos no dia. O primeiro foi os Estados Unidos. “Não é momento de indecisão. É preciso passar uma imagem clara para o país. isolamento social, sim ou não, está dúbio da parte de vossa excelência, fazendo uma confusão enorme na cabeça das pessoas. Ministro, seja firme e claro nessa posição. Não pode haver dubiedade, principalmente, quando o presidente da República está dando sinais contrários”, cobrou o tucano. Foi então que o ministro reforçou sua fala, ao dizer que o Ministério nunca mudou sua posição sobre o distanciamento social. Assim, começou a se distanciar do presidente.
Na política, começam as apostas sobre quanto tempo Teich aguentará no cargo. Na terça-feira, o ministro tentou defender o presidente e disse que o “alinhamento total” a que se referia era cuidar das pessoas e, por isso, aceitara o cargo. Nesses 12 dias de Teich no cargo, essa política de relaxamento do distanciamento social cobrada pelo presidente Jair Bolsonaro ainda não veio. E, de quebra, Teich ainda disse que, onde houve relaxamento, foi por determinação dos governadores. Ninguém quer cair na vala comum de ser acusado por mortes. E nessa fase que a política está em relação à melhor estratégia de combate ao novo coronavírus.
Bolsonaro restabelece laços com Guedes para tentar evitar impeachment
Coluna Brasília-DF
Depois de perder dois ministros populares, Jair Bolsonaro começa a semana restabelecendo o poder de comando do ministro da Economia, Paulo Guedes, como era no início do governo. Esse movimento vai muito além da tentativa óbvia de estancar a sangria de apoiadores entre empresários e mercado financeiro.
Ao manter o apoio desses setores, o presidente quer amortecer os movimentos contrários de congressistas e, por tabela, dificultar a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Aliados do presidente estão convencidos de que, se mantiver a economia no caminho prometido na campanha, ou seja, com ajuste fiscal e sem gastar a rodo mais à frente, quando a pandemia passar, Bolsonaro manterá o mercado e o setor empresarial ao seu lado e evitará a perspectiva de qualquer pedido de impeachment.
Até aqui, os dois presidentes que perderam o cargo em processos desse tipo, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, estavam com a economia em frangalhos. Se Guedes continuar como o fiador de dias melhores no pós-pandemia, pelo menos até as eleições de 2022, acreditam os bolsonaristas que qualquer ação mais contundente contra Bolsonaro permanecerá na gaveta.
O pacificador
Quem comandou a operação que terminou recolocando Guedes no lugar de destaque foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, já na sexta-feira, detectou um cenário preocupante de elevação do Risco Brasil e fuga de investidores. Em conversa com Guedes e Tereza Cristina (Agricultura), marcou o café com o presidente para que, juntos, alertassem para a necessidade de reforço político à equipe econômica.
Os cacifados
Além de Guedes, Tereza e Campos Neto, está nesse rol o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também visto como um craque fundamental para levar adiante a agenda de concessões.
Um pelo outro
Ao colocar o advogado-geral da União, André Mendonça, no Ministério da Justiça, Bolsonaro espera arrefecer o clima contra Alexandre Ramagem na Polícia Federal.
O problema da PF
O novo diretor-geral da PF terá que arrumar um meio de preencher as 4.500 vagas existentes no efetivo da comporação. No total, são 15 mil policiais federais em todo o país e só há 10,5 mil na ativa.
Lombardia…
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, está numa sinuca de bico. É que a semana começou com os vereadores aprovando leis de volta ao trabalho, sem a menor base científica em plena pandemia. Tudo começou quando os evangélicos apresentaram um projeto de lei para reabertura dos templos. E, aí, começou o toma lá dá cá.
…ou Nova York é aqui?
Com o projeto, defensores de outros segmentos pediram aos cristãos que apoiassem suas emendas para liberação de construção civil, bares, restaurantes, lancherias (como os gaúchos chamam as lanchonetes) e por aí foi, cada um defendendo o seu nicho. “Um absurdo. Não vi isso em nenhum lugar do mundo”, diz o prefeito, que até aqui mantém a situação sob controle graças ao isolamento.
Os amigos/ Sergio Moro e Paulo Guedes se aproximaram tanto no governo que era comum encontrá-los no restaurante Avenida Paulista, nas noites candangas, para tomar um vinho depois do longo expediente.
A máscara e o sapato/ O sapato que o ministro da Economia usava era um modelo de uFrog, calçado de neoprene com solado antiderrapante desenvolvido no Brasil por Meg Gonzaga, irmã do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga. Já a máscara, dizem amigos do ministro, proteção por causa do vírus e, de quebra, esconder sua insatisfação com a situação.
“Sou a favor de que se investigue e confio no nosso presidente. Se Bolsonaro aprontar, fizer coisas graves, não vou apoiar, mas está longe de aparecer alguma coisa contra Bolsonaro”
Deputada Bia Kicis (PSL-DF)
Bolsonaristas pedem saída em massa das redes de Moro e alertam para “PEC anti-Mourão”
Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro mandaram uma mensagem de WhatsApp a todos os grupos pedindo àqueles fiéis ao capitão que se desliguem das redes sociais do ex-ministro Sergio Moro. Os coordenadores dessas redes estão convencidos de que, se Moro perder apoio massivo nas redes, eles conseguem conter os movimentos contra o presidente Jair Bolsonaro, em especial, processos de impeachment. Também, com o pedido, querem ter noção exata do tamanho da base virtual do comandante do Planalto.
Entre quinta e sexta-feira da semana passada, quando Moro deixou o governo, Bolsonaro perdeu 41 mil seguidores no Twitter, conforme levantamento da consultoria Bites. Os filhos também sofreram alguma desidratação. Agora, a ideia é saber quem está com o presidente e não pretende acompanhar o ex-ministro.
PEC Anti-Mourão
Esses mesmos apoiadores citam a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apelidada de anti-Mourão, como um risco de “ver o traidor” (Moro) sentado na Presidência da República no fim do ano. A PEC, de autoria dos deputados Henrique Fontana (PT-RS) e Paulo Teixeira (PT-SP), foi apresentada em março do ano passado, ou seja, quando Bolsonaro vivia seus primeiros meses de governo e o país, confiante no governo, não imaginava uma crise deste tamanho.
A proposta dos petistas determina novas eleições em 90 dias, em caso de afastamento definitivo do presidente da República. O objetivo, à época, era abrir a discussão sobre o papel do vice-presidente e o colocar no mesmo patamar do presidente, em caso de afastamento. Ironicamente, se for aprovada, pode guindar ao Planalto o juiz que pediu a prisão de Lula e terminou com o sonho petista de governar o país por, pelo menos, 20 anos.
A proposta, agora, assusta tanto petistas quanto bolsonaristas. Afinal, se essa emenda for aprovada, Mourão não assume. E Moro, na avaliação de apoiadores do presidente, poderia ser candidato. O DEM, que hoje comanda a pauta das duas Casas, Câmara e Senado, não pensa em tirar essa carta da manga. O clima já está tumultuado o bastante para esse ingrediente bagunçar ainda mais o momento. A não ser, claro, que haja um acordo que envolvesse também os militares. Diante das incertezas, não custa nada prestar atenção no andar dessa carruagem.