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Na série de entrevistas que tem feito Brasil afora, como a que concedeu hoje à rádio Sociedade, na Bahia, o presidente Lula começa a ensaiar desde já o discurso para tentar tirar os militantes do bolsonarismo das ruas nas eleições futuras. Paralelamente às declarações sobre a moeda sofrendo um “ataque especulativo” e defesa da eleição de Geraldo Júnior, em Salvador, o presidente contou o convite que recebeu do sociólogo e professor Mangabeira Unger, logo depois da eleição de 1998, para passar uma temporada nos Estados Unidos e ele recusou. “Eu disse, Mangabeira, não posso sair do Brasil. Acabei de perder as eleições, tem milhões de pessoas que votaram em mim que estão chorando. Vou viajar e largar eles aqui? (…) Vou conversar com o povo para ele saber que o general dele está ativo. Imagine se vou para Harvard passar seis meses e os coitadinhos aqui, lamentando a derrota?”
Lula falava do otimismo, da necessidade de manter o ânimo e a vontade de trabalhar. E, em meio a essa fala, relembrou a conversa com Mangabeira, que vem como um contraponto ao comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, numa situação de derrota eleitoral. Bolsonaro ficou três meses nos Estados Unidos, fora a temporada em que esteve recluso no Alvorada. Em 1998, Lula havia perdido a eleição e Fernando Henrique Cardoso, reeleito em primeiro turno.
O presidente não citou esse episódio por mero acaso. A ideia do PT é tentar massificar a diferença de comportamento entre os dois grandes líderes da polarização política no Brasil quando os ventos sopram em favor do adversário. Um foi embora e o outro ficou aqui. Entre alguns estrategistas, porém, há dúvidas sobre o efeito no eleitorado, porque o candidato em 2026 não será o ex-presidente.Conforme lembrou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) em entrevista ao Correio, os conservadores têm um portfólio de opções para a próxima corrida presidencial, inclusive quatro governadores, Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Tarcísio de Freitas (São Paulo). Os ideia oposicionistas estão dedicados a estudar pesquisas para ver quem terá mais jogo de cintura para se desviar dos campos minados que podem atrapalhar __ a temporada de Bolsonaro nos Estados Unidos, que se misturam com o caso das joias, o negacionismo em relação às vacinas e por aí vai. Embora a eleição presidencial ainda esteja longe, já estão todos na campanha de 2024 de olho no horizonte de 2026.
Na Bahia, Lula diz que “visitar os estados da Federação será rotina” e aconselha candidato
Por Vinicius Doria (interino) — Foram bem calculados os recados que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou no discurso que fez, ontem, na Bahia. Em ano eleitoral — e já de olho nas eleições para presidente e governadores, em 2026 —, ele vai percorrer o país para anunciar obras, melhorar a sua popularidade e, na carona, ainda ajudar os candidatos do PT e de partidos aliados na disputa municipal de outubro. “Visitar os estados da Federação será uma rotina”, disse o chefe do Executivo, em Salvador. Em 2020, o PT não elegeu nenhum prefeito de capital.
Outro desafio é dar visibilidade a novas lideranças petistas, como o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, de 58 anos. “Você está mais espertinho”, afirmou Lula ao governador, antes de aconselhá-lo a fazer mais do que seus antecessores — Jaques Wagner e Rui Costa, hoje nomes intocáveis do núcleo duro do Palácio do Planalto. “Mas você tem que fazer coisas novas, o que eles fizeram já está na conta do passado”, aconselhou o presidente.
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Pix do Vitória
O apoio mais popular que o corintiano Lula deu ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, porém, foi revelar que também torce pelo Vitória. “Nós voltamos para a Série A com o objetivo de sermos campeões”, bradou o presidente. Ele debochou da capacidade financeira do arquirrival, que montou uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol) para financiar o time profissional do tricolor baiano. “Nós vamos fazer um Pix do torcedor do Vitória, cada um vai dar um pouquinho, e vamos disputar com os milhões do Bahia.”
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Visita chinesa
O governo brasileiro quer aproveitar a visita do chanceler da China, Wang Yi, a Brasília, para ampliar as exportações destinadas ao país asiático. “Queremos ver produtos de maior valor agregado sendo vendidos na China”, disse ao Correio o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, Eduardo Saboia. Ele cita como exemplo os aviões fabricados pela Embraer.
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Balança favorável
O saldo da balança comercial com a China, amplamente favorável ao Brasil, registrou, no ano passado, superavit de US$ 51,1 bilhões. Foram exportados para a potência asiática US$ 104,3 bilhões — referentes, na maior parte, a produtos primários, como soja e minério de ferro —, contra US$ 53,2 bilhões em importações. Hoje, no Itamaraty, Wang Yi assina acordo que amplia de cinco para 10 anos, com direito a múltiplas entradas, o prazo de validade do visto chinês para brasileiros.
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Fronteira Norte
O Exército começou a deslocar um esquadrão inteiro da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada para Roraima. A primeira leva, com 50 militares, 14 blindados Gaiucuru e 18 viaturas de diferentes especificações, saiu de Campo Grande (MS) e chegou, ontem, a Porto Velho, de onde segue, por barco, até Manaus. O esquadrão será incorporado ao 18° Regimento de Cavalaria Mecanizado, criado para aumentar a presença do Exército nas operações de proteção à Terra Indígena Yanomami e reforçar a fiscalização nas fronteiras com a Venezuela e a Guiana.
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Comissão de Ética
A procuradora da Fazenda Nacional Mariana Cruz Montenegro vai presidir a Comissão de Ética da Advocacia-Geral da União, que tem a atribuição de responder consultas de servidores públicos, efetivos ou não, sobre potenciais conflitos de interesse e pedidos de autorização para trabalhar no setor privado. Também compete à comissão apurar, de ofício ou mediante denúncia, eventuais descumprimentos de normas éticas ou conflitos de interesse por parte de membro da AGU — exceto os dirigentes, que respondem à Comissão de Ética da Presidência da República.
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Devedor presumido?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que operadoras de planos de saúde não podem recusar o ingresso de clientes que estejam com nome sujo em cadastros de inadimplentes. No entendimento da Terceira Turma da Corte, negar o direito à contratação de serviços essenciais por inadimplência, além de afrontar o Código de Defesa do Consumidor, “constitui afronta à dignidade da pessoa”. Na ação, que tratou de um caso concreto ocorrido no Rio Grande do Sul, a operadora justificou que a recusa se deu “com o objetivo de evitar a inadimplência já presumida da contratante”. Não colou.
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Prêmio de reportagem
Por falar em Justiça, essa é para os colegas do jornalismo: termina, hoje, o prazo de inscrição do 1º Prêmio Nacional de Jornalismo do Poder Judiciário, para reportagens veiculadas entre 8 de janeiro de 2023 (dia dos ataques antidemocráticos na Praça dos Três Poderes) e 8 de janeiro deste ano. O prêmio é uma ação conjunta do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos Tribunais Superiores para marcar o 35º aniversário da Constituição Brasileira. Os vencedores receberão os prêmios em cerimônia marcada para 24 de abril, na sede do STJ.
Pode sair da Bahia a alternativa contra os extremos entre Lula e Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
Uma entrevista do governador da Bahia, Rui Costa (PT), há quase um mês, acendeu as esperanças de parte do centro da política para formação, se não de um novo partido, de um grande conjunto de forças capazes de caminhar juntas em 2022.
Já tem gente que hoje faz oposição ao PT disposta a conversar com o governador. O que facilita essas conversas é o fato de Costa e o prefeito de Salvador, ACM Neto, cuidarem de manter uma postura de respeito mútuo e institucional no exercício do poder.
Hoje, ACM Neto não fala sobre 2022. Mas alguns trabalham nesse rumo. Sinal de que a política não está parada, nem ficará deixando o presidente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva sozinhos na avenida, interessados em manter a polarização na próxima temporada eleitoral.
Na entrevista, ao Poder em Foco, capitaneado pelo jornalista Fernando Rodrigues, Rui Costa disse com todas as letras que está disposto a conversar com João Doria, Luciano Huck e quem mais chegar em busca de algo que leve à união das forças políticas.
Quanto à candidatura do ex-presidente Lula, Costa tem sido bem comedido. Sempre reitera que não é o momento de pensar em nomes e sim em projetos e união de forças. A leitura dos políticos foi uma só: Lula que recolha os flaps, porque o bloco do “Eu sozinho” não terá vez.
Cargos cobiçados
Já está a pleno vapor a guerra no governo federal e nos partidos aliados para ocupar as vagas da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. O decreto publicado em agosto definiu cinco vagas do conselho diretor, a serem indicadas pela Casa Civil. Mas, dentro do Executivo, quem está ajudando nessa montagem é o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten.
“Não se agradece com toga”
Frase sempre repetida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. Em tempo de escolha de ministros para o STF, convém lembrar.
Por falar em toga…
Kassio Nunes terá facilidade na aprovação de seu nome dentro do Senado. Porém, com a esposa trabalhando por lá, será de bom tom se julgar impedido quando trata de casos relacionados às excelências. Pelo menos, processos relacionados a senadores piauienses.
Onde mora o perigo
Diante da disputa entre os ministros Rogério Marinho e Paulo Guedes, os bolsonaristas começaram a fazer contas eleitorais. O presidente Jair Bolsonaro já perdeu o discurso de defensor da Lava-Jato ao dispensar o ministro Sergio Moro, e de “nova política” ao se aliar ao Centrão. Resta a bandeira da responsabilidade fiscal e da recuperação econômica. Se perder essa, vai ficar mais do mesmo.
CURTIDAS
Déjà-vu?/ Nos idos dos anos 90, a Comissão Mista de Orçamento tinha um anexo especial, conhecido como “subvenções sociais”. Por ali, eram repassados recursos a instituições privadas e fundações de caráter social, que terminaram investigadas dentro da CPI do Orçamento. Muita gente terminou cassada por causa disso. Até aqui, qualquer semelhança daqueles casos com os repasses a instituições sociais de hoje é mera coincidência.
Salles nas queimadas/ A ida do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Mato Grosso do Sul, neste fim de semana, ajudou a aplainar as críticas que ele sofre no Congresso. Pelo menos, dentro da base aliada.
Pesquisas, sempre elas/ O PT odeia se pautar por pesquisas, mas o fato é que seus candidatos ficaram baqueados com os resultados da primeira rodada do Ibope. O que mais abateu foi ver Marília Arraes, como terceira colocada em Recife, perdendo para o primo João Campos (PSB) e Mendonça Filho (DEM).
É por aí/ O problema, avaliam os petistas, é que tem gente demais tirando a vaga de polarização com os partidos mais conservadores, posto que, por muito tempo, foi ocupado pelo PT. Ou seja, a perspectiva de a polarização acabar em 2022 é grande.