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“Um homem não vai conseguir nos tirar dos trilhos”, diz kerry sobre Trump
Belém _ Passadas as primeiras 48 horas da eleição de Donald Trump como o próximo presidente dos Estados Unidos, as autoridades e políticos mais ligados ao governo de Joe Biden começam a perceber que nem tudo está perdido na área do combate às mudanças climáticas. “Não é uma pessoa, um homem, que vai conseguir nos tirar dos trilhos do combate às mudanças climáticas. Nem mesmo o poderoso presidente dos Estados Unidos pode tirar desses trilhos os esforços de 200 países ao redor do mundo”, disse o ex-secretário de Estado do governo dos Estados Unidos, John Kerry, ex-assessor especial do presidente Joe Biden para o clima.
Kerry proferiu a palestra magna desta quinta feira na Conferência Internacional Amazônia e novas Economias, em Belém, evento promovido pelo instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), capitaneado pelo ex-ministro Raul Jungmann. A Conferência que recebeu o carinhoso apelido de “COP Pocket”, numa referência ao fato de a cidade sediar a COP30, daqui a um ano. No formato de entrevista, com a participação do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, atualmente diretor do Banco Safra, e da diretora-executiva de Lima e Sustentabilidade do Eurasia Group, Shari Friedman, Kerry discorreu por uma hora sobre o que considera crucial para reverter o processo de mudanças climáticas e mencionou com todas as letras que, se a temperatura continua subindo, é sinal de que é necessário acelerar esse combate.
Ainda se referindo a Trump, sem citar o nome do empresário, John Kerry lembrou que o primeiro mandato do ex-presidente foi de recuo na agenda ambiental, por exemplo, com a saída do governo dos Estados Unidos do Acordo de Paris, assinado em 2015. Ali, os governos se comprometeram a reduzir as emissões. os Estados Unidos voltou ao acordo no governo Biden e a expectativa de Kerry é a de que não haja mais retrocessos. O ex-secretário de Biden foi enfático ao dizer que governadores “têm mandato e precisam seguir as leis” e que a população dos Estados Unidos não abandonou os compromissos da agenda ambiental, que ele considera um processo positivo. Porém, se até aqui, a temperatura continua subindo, ou seja, o mundo continua aquecendo, “é sinal de que estamos no caminho errado e que precisamos fazer mais e mais rápido”.
Em relação ao mundo como um todo, Kerry considera que houve algum avanço desde a assinatura do Acordo de Paris. Em Dubai, por exemplo, as cobranças foram mais enfáticas no quesito transição energética, ou seja, redução das usinas de carvão e investimentos em energia renováveis. “Precisamos fazer mais e podemos fazer mais”, afirmou, referindo-se à substituição das energias poluentes pela energia limpa, com ênfase ao armazenamento desta energia. “Muita gente diz que vai custar muito, mas não vai custar mais do que custou quando construímos estradas e linhas de transmissão”, disse ele, apostando que as empresas terão condições de ganhar mais dinheiro num mundo sustentável.
O combate às mudanças climáticas fez Kerry se desdobrar em elogios à China, que, era o segundo maior emissor do mundo. “China agora está progredindo mais em energias renováveis do que o resto do mundo”. Mencionou ainda o Brasil, como um país que tem a chave para trabalhar muito no conceito da bioeconomia,. “O presidente Lula vem fazendo grandes esforços para reduzir o desmatamento e obteve essa redução. “Há muitas oportunidades no Brasil”, disse ele.
Kerry defendeu ainda a criação de um fundo climático, capaz de reduzir os riscos dos investimentos nessa área ambiental, e, assim, atrair mais capital para esse setor. Ele considera ainda que é preciso criar um preço para o carbono. “Acho que na COP 30 haverá muito mais discussão sobre o mercado de carbono e se tivermos um preço para o carbono, vamos acelerar isso”, disse ele, prometendo comparecer à COP 30, no ano que vem.
A colunista viajou a convite do Ibram
Lula vai tratar preservação da Amazônia como prioridade absoluta na ONU
Coluna Brasília/DF, publicada em 18 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg
A reunião dos Três Poderes para tratar das mudanças climáticas antecede a abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana que vem, quando o presidente Lula transformará este tema em prioridade absoluta em seu discurso, em apelos ao mundo para preservação da Amazônia. Porém, conforme diplomatas já ouviram de algumas autoridades estrangeiras, o fato de serem incêndios criminosos significa que, acima de tudo, o país terá que fazer o seu dever de casa antes de pedir aos países mais ricos do mundo que mandem recursos para auxiliar no combate aos incêndios.
Serviço não falta
Enquanto não der o exemplo, ampliando as penas para esses crimes ambientais e colocando esses bandidos na cadeia, vai ser difícil convencer o mundo de que o Brasil está tratando essa questão com atenção máxima. A reunião foi primeiro passo, mas agora é partir para a prática.
Muito além do clima
Lula tenta transformar o limão das queimadas em mais um movimento para mostrar a civilidade da relação entre os Poderes e a capacidade de resolução de conflitos entre as instituições com diálogo, em vez de atos políticos que pedem, por exemplo, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Vem que dá
As falas das autoridades dos Três Poderes na reunião indicam que ninguém ficará contra retirar do arcabouço fiscal os recursos destinados à emergência climática. Porém, falta combinar com o mercado financeiro.
Plano A do PSB
De olho nos movimentos para 2026, o PSB de Geraldo Alckmin trata de marcar o território da vice de Lula, caso se confirme uma recandidatura do atual presidente. “A tendência é irmos com Lula. E não há razão para o Alckmin não ser vice. Leal, competente e trabalhador”, responde o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
E o MDB, hein?
No MDB, há planos de fazer do governador Helder Barbalho o companheiro de chapa de Lula. Mas, no governo, muitos dizem que a prioridade hoje é manter Geraldo Alckmin na chapa.
Se aconteceu lá…
Desde que Kamala Harris assumiu a vaga de candidata à Presidência dos Estados Unidos, tem muita gente na política com receio de que haja um “etarismo” para cima do presidente Lula, em 2026.
… melhor prevenir aqui
Lula, sempre que pode, lembra que tem mais energia do que muitos jovens por aí. Uma forma de, desde já, rebater esse preconceito com um senhor de 78 anos. Alckmin tem 71.
Por falar em Alckmin…
No evento da Apex, aquele em que o presidente cobrou que Fernando Haddad seja mais animado e emendou com “até o Alckmin está animado”, soou mais como uma crítica. Uma forma de animar o ministro é o PT e o governo lhe darem respaldo total ao controle do gasto. O grande teste virá depois das eleições municipais, quando o Congresso vai debater o Orçamento.
Eles não vão mudar
O que se viu no debate do UOL entre os candidatos a prefeito de São Paulo indica que não haverá mudanças de tratamento, especialmente, por parte do ex-coach Pablo Marçal. O país repleto de problemas a resolver e os candidatos a prefeito da maior cidade dedicando os debates a agressões é um sinal de que, dali, não sairão soluções para os problemas do cidadão que paga pelos serviços públicos.
Mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira destamparam caldeirão
Desde a confirmação dos assassinatos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira na Amazônia, advogados começaram uma intensa movimentação nos bastidores no sentido de deixar todo o caso no Poder Judiciário Federal e também no Ministério Público. O receio dos advogados é de que desapareçam com provas. É preciso apreender celulares e vasculhar a vida dos suspeitos, além de instalar um grupo de inteligência na região não só para apurar se há e quem são os mandantes, mas para tirar o controle da marginalidade do tráfico e garimpo ilegal.
A avaliação geral é a de que não basta identificar os assassinos, é preciso mostrar quem manda ali. Afinal, os crimes indicam que a região está à mercê da bandidagem, que não teme matar quem lhe denuncia. A repercussão internacional está forte e, nesse conjunto de tragédia e barbárie, ou os Poderes constituídos retomam o controle ou o país ficará com a imagem de “terra sem lei”.
Se piscar, perde
Com a volta da ampliação dos casos da covid-19, servidores da Câmara dos Deputados resistem ao trabalho presencial e pressionam para continuar no home office. Só tem um probleminha: o fantasma da PEC 32 da reforma administrativa.
Em crescimento
De alguns anos para cá, os servidores sentem um certo movimento na Casa para troca de concursados por comissionados, a turma mais “flutuante”, vinculada aos deputados que perdem o cargo quando o parlamentar fica sem mandato.
Resistência geral
No Tribunal de Contas da União (TCU) também há uma pressão pela permanência no trabalho em casa. Porém, com a vacinação, a maioria dos ministros prefere o retorno ao expediente presencial.
A culpa é dela
Depois da aprovação do teto do ICMS sobre combustíveis, o governo se prepara para jogar toda a responsabilidade sobre o aumento do diesel que vem por aí. No Executivo, está assim: fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
CURTIDAS
Aquecido/ Geraldo Alckmin (PSB) é visto pelos petistas como alguém que “pegou o jeito”. A avaliação é a de que ele está a cada dia mais à vontade no papel de vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O discurso de Natal, diante dos militantes nordestinos que sempre alfinetaram tucanos, foi um teste que Alckmin passou com louvor, conforme avaliaram parlamentares.
Por falar em nordestinos…/ Tem muito pernambucano desconfiado de que o fato de Lula não ter agenda no estado por esses dias é para proteger a ex-petista Marília Arraes, pré-candidata ao governo pelo Solidariedade, que arrebanhou o apoio de parte do PT.
… a ordem é evitar brigas/ Lula quer distância de confusão. A ideia é circular, por enquanto, em locais onde os palanques já estão praticamente resolvidos.
No peito dos desafinados…/ …bate um coração. Janja, mulher do ex-presidente Lula, puxou a nova versão do “Lula lá” no encontro do pré-candidato com os apoiadores, em Natal. Alguns petistas que estavam na plateia comentavam que ela precisa pegar melhor o tom do início da música. Animação, porém, não faltou.
Em palestra no 6º Congresso Luso-Brasileiro de Auditores Fiscais, em Salvador, o economista Guilherme Mello, coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas do PT, defendeu que, concomitantemente à PEC 110 da reforma tributária, o Congresso discuta a reforma na tributação direta, por uma revisão do imposto de renda, em especial, sobre lucros e dividendos.
“Cada vez mais estou convencido de que, se a gente quiser fazer uma verdadeira mudança na estrutura tributária, voltada para o novo modelo de desenvolvimento, a gente precisa discutir, junto com a tributação indireta, a tributação direta”, disse. “E por um motivo muito simples: os maiores problemas da estrutura tributária brasileira estão na sua composição. Se não mudar a tributação direta, não consegue reduzir a indireta. A não ser que decida abandonar de vez a Constituição de 1988, o estado de bem-estar social; acaba com o SUS, com a previdência pública. Como esse parece não ser o objetivo da sociedade brasileira, a gente vai ter que entrar na discussão sobre como avançar na tributação sobre lucro e propriedade e reduzir a tributação indireta”, argumentou Mello.
Em tempo: o economista do PT fez questão de frisar que colocava ali suas opiniões pessoais. Mas, dentro do partido, não há dúvidas de que a PEC 110, centrada na tributação sobre o consumo, é insuficiente para resolver os problemas do Brasil. Por isso, vem por aí, no projeto petista, uma mexida geral no sistema de impostos do país para tornar a distribuição mais justa. Falta combinar com o setor financeiro e o mercado, que ainda não se convenceram dessa necessidade.
Compensa aí
Depois do desaparecimento de Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, há dentro do grupo bolsonarista moderado quem defenda, pelo menos, o anúncio de uma força-tarefa que permita ao governo mostrar que existe algum controle sobre a região. Afinal, lá fora, a ideia é de que a Amazônia neste governo virou terra sem lei e comandada pelo narcotráfico. A ordem agora é tentar desfazer essa imagem.
Quem muito fala…
…Dá bom dia a cavalo. Até os bolsonaristas consideram que o presidente Jair Bolsonaro entrou com o “pé esquerdo” nos comentários sobre o desaparecimento de Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, ao dizer que o jornalista era “malvisto na região”. Até aqui, pelo que se sabe, Dom era considerado persona non grata por quem descumpre a legislação.
Contramão
Enquanto os técnicos tributaristas pedem uma reforma tributária ampla, os congressistas fazem mais um “puxadinho”. Na próxima terça-feira, a Câmara votará uma proposta de emenda constitucional para manter a diferença de alíquota entre o etanol e a gasolina. O objetivo é garantir a competitividade do álcool combustível perante os fósseis.
CURTIDAS
Contagem regressiva/ Em duas semanas, o ex-governador de São Paulo Marcio França, do PSB, definirá seu futuro político. Aliados preveem que ele não terá condições de manter a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes sozinho.
Não cante vitória/ Mesmo que não seja candidato ao governo, França não está convencido de que deve apoiar o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, do PT. O líder do PSB tem conversado com correligionários de Rodrigo Garcia, do PSDB.
Por falar em vitória…/ A votação expressiva em favor do projeto que limita o ICMS dos combustíveis mostrou que, num ano eleitoral, os congressistas vão aprovar tudo o que apresentar um discurso favorável ao contribuinte. Por isso, na área econômica, já tem muita gente defendendo logo o recesso.
Já está definido que o PL de Jair Bolsonaro terá duas coordenações de comunicação: uma a cargo do partido, com o publicitário Duda Lima, outra com o filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro. O presidente, sempre desconfiado, não quer ficar restrito à coordenação partidária. Para alguns aliados, porém, a situação preocupa, porque com Carluxo no front, Bolsonaro tende a se distanciar do terno feito sob encomenda para que atraia o público de centro, fundamental para afastar o “risco Lula”.
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Na atual campanha, avaliam alguns simpatizantes de Bolsonaro, não será possível repetir a receita de 2018, quando o presidente fez tudo praticamente sozinho nas redes sociais, em especial depois de ser vítima de um atentado. Se repetir o modelo, pode terminar derrotado. É isso que o PL tentará evitar, mas os bolsonaristas raiz não querem.
Quantos Neojibas cabem…
A Associação Nacional das Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite) abriu o 6º Congresso Luso-Brasileiro dos Auditores Fiscais, em Salvador, com um espetáculo da Orquestra 2 de Julho, do projeto Neojiba. A apresentação no Teatro Castro Alves rendeu à Orquestra um cachê de R$ 30 mil.
… num Gusttavo Lima?
O projeto Neojiba insere jovens de comunidades carentes da Bahia na música e já é sucesso na Europa, com espetáculos que encantam pela boa formação técnica e performance no palco. Nos bastidores do show, muitos comentavam que com as prefeituras por aí pagando R$ 1 milhão de dinheiro público a sertanejos como Gusttavo Lima, é sinal de que há recursos para investir em projetos como o Neojiba, que reúne assistência social, educação, arte e cultura. Um combo mais interessante do que o caríssimo tetereretete.
Palavra de especialista
Na aula magna inaugural do 6º Congresso Luso Brasileiro dos Auditores Fiscais, em Salvador, o professor e economista Paulo Nogueira Batista foi incisivo ao fazer um alerta àqueles que desejam discutir seriamente um sistema tributário mais justo: “É preciso que se evite a armadilha de que imposto sobre grandes fortunas incidirá sobre a classe média. São os super-ricos que podem e devem ser tributados”, diz.
A tensão só aumenta
Até aqui, os pré-candidatos a presidente da República têm sido econômicos ao fazer uso da tragédia brasileira que envolve o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips, na Amazônia. É bom os militares se prepararem, porque já tem muita gente na política com seguinte raciocínio: enquanto o Ministério da Defesa se preocupa com as urnas eletrônicas, a bandidagem toma conta da Amazônia.
Aliás…
Já circula na internet uma charge em que os militares apontam suas armas para a urna eletrônica, enquanto a bandidagem corre solta na floresta, promovendo desmatamento ilegal e assassinatos.
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza (interino)
O presidente Jair Bolsonaro deu o recado direto da Itália: “Esta semana vai ser um jogo pesado para a Petrobras”. A insatisfação do chefe do Planalto com a política de combustíveis adotada pela maior estatal do país já custou a cabeça de gente como Roberto Castello Branco, defenestrado do comando da Petrobras em fevereiro. Bolsonaro não parece disposto a reduzir a pressão. Em mais de uma ocasião, ele e aliados do governo mencionaram a vontade de privatizar a companhia, como medida para se livrar do “problema” da escandalosa alta de combustíveis que castiga o bolso dos brasileiros.
O barulho provocado por Bolsonaro, entretanto, não tem resultado efeitos positivos. Pelo contrário. As declarações do presidente embaraçam a Petrobras, obrigada a divulgar nota pública negando qualquer decisão antecipada de reajustar o preço de combustíveis, e aumentam o clima de desconfiança. Ao anunciar um reajuste de combustíveis para os próximos dias, Bolsonaro desestabiliza o mercado e causa apreensão entre consumidores. A especulação sobre novos reajustes, com efeito imediato no mercado financeiro, levanta a suspeita de que há informação privilegiada nos bastidores da política de combustíveis.
A questão de fundo da Petrobras, no entanto, permanece intocada. Afora os arroubos privatizantes que ecoam em Brasília, é preciso realizar uma discussão séria sobre o destino da gigante brasileira. O compromisso do Brasil em reduzir a emissão de gases poluentes, anunciado na COP 26, passa necessariamente pelo menor consumo de combustíveis fósseis. E isso põe em xeque o papel da Petrobras a longo prazo.
Eis a discussão que deveria nortear o governo, para além do “jogo pesado” da semana anunciado por Bolsonaro.
O mundo ideal…
A declaração dos líderes do G20, anunciada ao final do encontro em Roma, reúne dezenas de compromissos. Em linhas gerais, o documento ressalta a necessidade de um esforço conjunto para superar a crise econômica e a urgência sanitária provocadas pela pandemia de covid-19. Há ainda compromissos em relação ao meio ambiente, particularmente a redução de 2ºC para 1,5°C, o limite da alta de temperatura para as próximas décadas.
…E a realidade
As boas intenções, entretanto, esbarram na realidade. Os líderes do G20 consideram essencial estender a vacinação a pelos menos 40% da população mundial em 2021. A situação está longe do ideal. Na África, por exemplo, apenas 5 dos 54 países que formam o continente atingirão esse percentual, segundo estimativa da OMS divulgada na semana passada. Esta semana, o mundo chegou à marca de 5 milhões de mortes pela covid-19.
Planeta sustentável
A declaração do G20 menciona ainda os impactos da pandemia ao desenvolvimento sustentável, particularmente nas economias mais vulneráveis. E reafirma o apoio aos países em desenvolvimento, como o Brasil, para superar as dificudades impostas pelo novo coronavírus. Esse ponto tem ligação direta com as discussões da COP 26, que alertam para a urgência de interromper a escalada destrutiva de um modelo econômico associado ao aquecimento global, à poluição e ao desmatamento.
Direto ao ponto
Alvo de grande atenção internacional em razão dos desmatamentos na Amazônia, o Brasil manifestou apoio à declaração de líderes mundiais para a preservação das florestas. O acordo prevê a liberação de R$ 108 bilhões de financiamento para iniciativas que incluam a restauração de terras degradadas, o combate a incêndios e o apoio aos direitos indígenas. Resta saber como o governo brasileiro atuará para honrar os compromissos assumidos em Glasgow.
CPI, novo capítulo
Está prevista para hoje a primeira reunião da frente parlamentar que integra o Observatório da Covid. A iniciativa busca dar continuidade aos trabalhos da comissão, encerrados com a aprovação do relatório produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Um dos objetivos é verificar o andamento das denúncias reunidas pela CPI em instâncias como a Procuradoria-Geral da República, o Tribunal de Contas da União e o Supremo Tribunal Federal.
Confiantes
A comissão partidária que coordena as prévias do PSDB decidiu anular a participação de 92 prefeitos e vice-prefeitos de São Paulo na votação que definirá o candidato tucano à eleição presidencial de 2022. Apesar da medida, a campanha do governador João Doria segue confiante na vitória. “Estamos certos que teremos ampla maioria dos votos dos 1.014 prefeitos e vice-prefeitos do país e que João Doria vencerá as Prévias, pois tem a preferência dos correligionários e aprovação da sua gestão”, declarou Wilson Pedroso, coordenador-geral da campanha de prévias de Doria. As prévias do PSDB estão marcadas para o dia 21.
TCU 2022
A presidente do Tribunal de Contas da União, ministra Ana Arraes, se aposenta em julho de 2022, quando completa 75 anos, mas a sua vaga já está sendo alvo de disputas. Cinco nomes já se apresentam tentando conquistar votos: os deputados federais Hélio Negão (PSL-RJ), Jhonatan de Jesus (Republicanos- RR), Hugo Leal (PSD-RJ), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Soraya Santos (PL-RJ).
Padrinhos
Hélio tem o apoio do presidente Bolsonaro, de quem é fiel aliado, e Johnatan de Jesus é o preferido do presidente da Câmara, Arthur Lira. Os demais correto por fora, sem apoios ostensivos.
Agronegócio brasileiro teme boicote europeu por causa da Amazônia
Coluna Brasília-DF
A intenção do presidente francês, Emmanuel Macron, de levar a discussão das queimadas na Amazônia para o G7, que reúne as maiores economias do mundo, acendeu o pisca alerta do agronegócio e de alguns embaixadores brasileiros. O setor, que hoje move o Brasil, aguarda ansiosamente os acordos com a União Europeia e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), formada por países que não fazem parte da UE.
O receio é de que produtores europeus, temerosos com a entrada dos produtos brasileiros, usem os incêndios na Amazônia como forma de tentar dificultar os acordos comerciais entre os europeus e o Mercosul. Por aqui, é consenso que o Brasil hoje não tem saúde econômica para comprar brigas internacionais e, se desequilibrar a saúde do agronegócio, ficará pior.
De volta aos anos 1990…
Embaixadores experientes que viveram de perto a agenda negativa que o Brasil enfrentou no cenário internacional nos anos 1990 sobre o desmatamento na Amazônia começam a se preparar para repetir a dose. Naquele período, foi feito um grande esforço da diplomacia brasileira para mostrar que o Brasil cuidava das suas mazelas, a começar pela Eco-92.
… e muito mais grave
Naquele período, porém, não havia fake news nem redes sociais para disseminar com tanta rapidez os protestos pelo mundo afora. Agora, o desafio para reverter o desgaste da imagem será muito maior. Há quem receie que a campanha internacional será pequena para levar o país a retomar o protagonismo no setor ambiental.
Desestimulados…
Muitos dos diplomatas que comandam postos-chaves não estão lá muito entusiasmados com o atual governo. O atual chanceler, Ernesto Araújo, ainda não demonstrou capacidade de liderança para estimular seus colegas com mais tempo de janela a ajudar o Brasil a sair da enrascada em que está entrando.
…e largados
Para completar, há quem se sinta desprestigiado na carreira depois de ver o presidente Jair Bolsonaro interessado em colocar seu filho Eduardo num dos principais postos da diplomacia.
E a Petrobras, hein?
Desde o período da campanha que Paulo Guedes fala em privatizar a empresa. O difícil vai ser o Congresso aceitar. Hoje, com a campanha “A Amazônia é nossa”, voltará a de “o petróleo é nosso”.
Curtidas
Sem redução/ Se não é para cortar salário, como defendeu a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, não é para cortar jornada de trabalho. A ideia em estudo no governo é remanejar servidores onde houver excesso. E quem não gostar que peça para sair.
Adivinhou…/ Antes de saber que o presidente Jair Bolsonaro havia citado os fazendeiros também como suspeitos de queimadas, o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado Alceu Moreira, do MDB-RS, estava na tribuna do Senado em defesa dos produtores sobre o mesmo tema.
…e respondeu/ “Parem de criminalizar quem produz alimentos para abastecer a mesa dos brasileiros. Desmatamento é uma questão de polícia, não de política. Não somos nós, os produtores de alimentos, responsáveis por isso. Temos muita responsabilidade e somos obedientes ao Código Florestal”, disse Alceu.
Bolsonaro em dois tempos/ Ao assumir a Presidência, Jair Bolsonaro não mudou seu comportamento de parlamentar. Antes, ele levantava suspeitas, como fez com ONGs e fazendeiros sobre o desmatamento na Amazônia, e não gerava crises. Hoje, qualquer declaração tem o peso do cargo que ocupa. A espontaneidade é boa, mas ele já foi aconselhado a não exagerar na dose.