Categoria: Governo Bolsonaro
Entre quatro paredes, no Itamaraty, a pergunta que se faz neste momento é “Quem vai aceitar ser mandado por Eduardo Bolsonaro?”Se Flávio Bolsonaro ajudou na hora de escolher o novo ministro da Saúde, o deputado Eduardo Bolsonaro está de olho no novo ministro de Relações Exteriores. O filho 03 do capitão atuou ativamente no cenário externo nesses dois anos e três meses de governo e não quer perder a influência nessa seara. Em praticamente todas as viagens internacionais do pai, o filho marcava presença, até porque era o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Em Washington, acompanhou o pai e participou inclusive da audiência na Casa Branca. Em Nova York, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, acompanhou quase todos os encontros do chanceler, sem deixar de manifestar a sua opinião sobre os temas externos.
A resposta que mais se ouve no momento é que um dos poucos com perfil para essa “missão” é o embaixador na França, Luiz Fernando Serra. Ele veio ao Brasil para a posse de Jair Bolsonaro, é visto como um defensor fiel do presidente da República. Só tem um probleminha: Conforme o leitor do blog já sabe, é preciso mudar a política externa. Serra, porém, ao defender demais as posições bolsonaristas radicais, passou a ser visto, no próprio meio diplomático, como um Ernesto mais sutil, porém…. mais um Ernesto. Resta saber se, confirmado no cargo de ministro, Serra irá seguir a cartilha de Ernesto Araújo até nessas questões bem características do bolsonarismo, como, por exemplo, manter Eduardo Bolsonaro quase que um ministro informal.
As saídas de Eduardo Pazuello da Saúde e o pedido de demissão de Ernesto Araújo do cargo de ministro das Relações Exteriores têm o objetivo de tentar preservar o mandato de Jair Bolsonaro. O aumento do número de mortes por covid-19 e o colapso em hospitais, com falta de medicamentos básicos, atropelaram o discurso do governo, de que a pandemia estava passando, da resistência ao uso de máscaras e em relação à vacina, que lá atrás o presidente disse que não tomaria. Essa demora em atentar para a gravidade da situação fez com que os índices de popularidade do presidente despencassem, inclusive nas redes sociais, o principal medidor dentro do governo. Pressionado pela política, a ordem agora é mudar ou mudar. Caso contrário, “remédios amargos”, alguns “fatais”, como lembrou Arthur Lira, virão.
Na Saúde, a chegada de um médico, o cardiologista Marcelo Queiroga, transformou parte do discurso governista. Embora Queiroga tenha dito que a “política era de continuidade”, surgiu a “pátria de máscaras”, a visita aos hospitais, não para colocar um dúvida o número de mortes e sim para avaliar o que seria necessário para salvar vidas. De quebra, ainda o respeito às medidas de distanciamento social, como alternativa para situações de colapso.
Agora, é chegada a hora de resolver também a política externa. Desde a eleição de Joe Biden nos Estados Unidos, a pressão para a troca de Ernesto Araújo é forte. Ele, até na visão dos diplomatas, perdeu as condições de permanecer no cargo, porque é muito alinhado ao discurso do deputado Eduardo Bolsonaro contra os chineses. Além disso, apostou demais na eleição de Donald Trump e perdeu. Resta saber se o novo ministro de Relações Exteriores ajudará na mudança da política. Até aqui, não há indicação de isso vá acontecer. Se um novo ministro chegar sem mudança na política externa, a situação do presidente não vai se alterar. E os “remédios amargos” e, talvez, “fatais” vão continuar assombrando o Planalto.
O gesto de unir o polegar ao indicador feito por Filipe Martins, atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai lhe custar o cargo de assessor internacional do Planalto. Pelo menos, esse é o entendimento de aliados que conversaram com o presidente Jair Bolsonaro. A ideia é tentar mostrar que presidente não compactua com qualquer desrespeito ao Senado, ainda mais nesse momento em que a Casa segura a CPI da Covid-19 e todas as investidas da oposição contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
O presidente, porém, não pretende entregar os dois _ Filipe e o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Araújo, inclusive, foi se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tentar buscar algum lastro político diante das ofensivas a que esteve exposto nas últimas 24 horas. Hoje `tarde, por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi direto ao dizer que a política externa do governo precisa mudar e que o governo já cometeu muitos erros na pandemia. A bola esta com Bolsonaro, que deve dar alguma luz sobre se tema na sua tradicional live desta quinta-feira. Pelo menos, é isso que aliados do Planalto esperam.
O gesto foi justificado pelo assessor como uma “ajeitada no paletó” e ele ameaça inclusive processo todos que disseram que ele teve a intenção de fazer um gesto obsceno. Porém, não foi assim que muitos senadores entenderam. O classificado inclusive como um simbolismo da supremacia branca, onde os três dedos abertos são interpretados como um “W”, representando a palavra White, e o polegar unido ao indicador seria o “P”, de power, White-power. Por mais que Filipe não tenha tido a intenção, a política, dizem os parlamentares é feita de gestos. E de um assessor internacional, avaliam deputados, espera-se, no mínimo, boas maneiras.
A reunião do “vai ou racha” forma comitê com um ano de atraso
A reunião dos poderes constituídos tenta dar um “freio de arrumação” na gestão a pandemia no Brasil, sob a liderança do presidente da República, Jair Bolsonaro, que se juntou ao discurso “vida em primeiro lugar”. Os pronunciamentos, porém, mostram que ainda teremos dificuldades em chegar a uma uniformização do atendimento e dos protocolos. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, falou em “tratamento precoce”, algo controverso na medicina, enquanto o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lembrou que preciso entender que em caso de “situações críticas, também se faz necessário o isolamento social”, sendo o único a abordar esse tema em seu discurso.
Ficou claro também que, quem tentará fazer a ponte entre a medicina e a política, de forma a tentar buscar um consenso maior no país será o Congresso Nacional. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, será o canal direto com os governadores, enquanto o da Câmara, Arthur Lira, fará uma reunião com os líderes para tratar dos projetos que podem ser aprovados para agilizar a entrega de equipamentos aos hospitais, para que se dê um basta nas mortes nas filas dois hospitais e por vias na UTIs.
Esse comitê, com governadores, Pacheco, Lira, sob a coordenação de Bolsonaro, começa já e terá reuniões periódicas. Se isso resultará em uma politica uniforme de tratamento da pandemia ainda não se sabe. Assim como as vacinas, esse comitê chega atrasado, num cenário de três ml mortes diárias. O maior consenso da reunião é a necessidade de agilizar a vacinação. Já é um avanço.
A reunião do presidente Jair Bolsonaro com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, inclusive com a participação do ministro das Comunicações, Fábio Faria, teve o sentido de afinar o discurso e preparar direitinho o que o ministro deve dizer em relação ao distanciamento social. A ideia é colocar o governo num único tom, nem uma oitava a mais, nem a menos. E, a contar pelo que o presidente disse hoje a seus apoiadores na porta do Alvorada e o que alguns aliados comentam nos bastidores, Bolsonaro não admite lockdown. Aos apoiadores, ele disse que essa medida foi usada no início da pandemia e não adiantou.
Diante dessa constatação, alguns avaliam que o ministro terá que fazer uma verdadeira ginástica para defender medidas restritivas em locais onde o sistema de saúde está no limite, ou seja, em 22 capitais. Por enquanto, Marcelo Queiroga fala em “distanciamento social inteligente” e em “seguir as recomendações da ciência, fortalecendo o atendimento hospitalar”. Pede ainda “paciência” e diz ter carta branca para atuar.
Em tempo: No governo, há quem diga que a comparação da fala de Queiroga com a de Nelson Teich, quando assumiu, é mera coincidência.
Na busca por um médico que siga a sua receita na Saúde, Bolsonaro recebe Marcelo Queiroga
O presidente Jair Bolsonaro está convencido de que, para ter maior reconhecimento da população no combate à pandemia, teria que trocar o ministro da Saúde. Agora à tarde, recebe o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga, o próximo da fila, depois da recusa da médica Ludhmilla Hajjar. Ambos têm algo em comum: são contra o uso da hidrocloroquina, que o presidente Jair Bolsonaro defende com tanta veemência. Queiroga foi indicado para a Agência Nacional de Saúde, e aguarda a votação no Senado.
Ludhmilla recusou porque considera que, neste momento, não é possível abrir mão do distanciamento social e avalia como ultrapassada a discussão sobre a cloroquina. Resta saber como Queiroga agirá em relação às exigências do presidente Jair Bolsonaro para exercer o cargo. Nos bastidores, há quem diga que Bolsonaro, na verdade, quer mesmo é um médico que a receita presidencial para conter a pandemia.
“Troca do ministro não resolve, o problema é diplomático e de comportamento”
Os políticos passam o Domingo numa troca imensa de telefonemas e análises sobre o quadro das manifestações e a substituição do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. E, num ponto, as avaliações coincidem: Troca-se o ministro da Saúde, mas pouco coisa deve mudar, se o substituto não tiver autonomia para adotar uma postura diferente da defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, que não admite o distanciamento social nem mesmo no cenário de um índice de transmissão superior a 1,0 em várias capitais brasileiras e colapso nos sistemas de saúde. No Distrito Federal, por exemplo, esse índice está em 1,35. As vacinas, outro ponto nevrálgico, vêm a conta-gotas, também pela demora do Brasil a ingressar na corrida pela imunização, algo que depende ainda de atitudes firmes por parte da diplomacia brasileira, que tem falhado nesse papel, conforme avaliação do presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato. “Vamos para o quarto ministro, trocar não resolve, o problema é diplomático e de comportamento”, diz Pinato.
Enquanto presidente da Frente Parlamentar, Pinato conta que percebeu que, em outros países, são os presidentes, primeiros-ministros e os ministros de relações exteriores que estão na linha de frente das negociações para as vacinas. “No mundo está assim, mas a nossa diplomacia vai atrás de spray em Israel”, diz ele, ressaltando a necessidade de o presidente Jair Bolsonaro entrar nessa corrida ou orientar ou trocar o chanceler Ernesto Araújo. “Bolsonaro não levou a pandemia a sério e, sendo assim, trocar o ministro da Saúde nã resolve”, afirma.
Eduardo Pazuello tem vídeoconferência marcada nesta segunda-feira, 11h, com o embaixador da China, Yang Wanming, representantes da Sinopharm e da Blau Farmacêutica par tratar da importação e produção de Ifa __ insumo para fabricação de outra vacina chinesa no Brasil. O encontro está mantido. Em meio às noticias de que iria deixar o cargo, Pazuello disse, em nota à CNN, que continua no cargo até que Bolsonaro o substitua e desmentiu as especulações de esteja doente. A substituição, entretanto, está definida pelo governo, numa tentativa de resolver o problema que o presidente enfrenta, de pressão por novas ações, capazes de reduzir o número de mortes e evitar o colapso no sistema de saúde.
Pazuello até aqui seguiu tudo o que foi recomendado pelo presidente Jair Bolsonaro e chegou a ser desautorizado pelo presidente em outubro do ano passado, quando anunciou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. Bolsonaro disse com todas as letras que não compraria o imunizante. Aos poucos, diante da pressão pelas vacinas, Bolsonaro foi mudando sua posição. Na semana passada, depois que Lula voltou ao palco principal da política, o presidente da República passou a usar máscara e seus filhos criaram o slogan “nossa arma é a vacina”. O deputado Eduardo Bolsonaro resgatou a imagem do personagem Zé Gotinha segurando uma seringa como se fosse uma arma, e a inscrição “nossa arma agora é a vacina”. A imagem não fez sucesso entre os médicos e criadores do personagem. A intenção do presidente e de seus filhos é tentar deixar essa fase negacionista para trás e tentar colocar o descontrole no colo do atual ministro.
Na bolsa de apostas para o lugar de Pazuello a cotação mais alta é a da cardiologista Ludhmilla Hajjar, ao ponto de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tuitar que ela terá seu “total apoio”. O partido de Arthur, porém, apostava mais nos deputados Dr. Luizinho (PP-RJ) ou Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo. O PSL, por sua parte, começou a fazer força pelo deputado Luiz Ovando (PSL-MS). Assim, Pazuello chega à fase mais aguda da pandemia no Brasil enfraquecido e, se sair mesmo, levará junto a pecha de que incompetente que não conseguiu tirar o país dessa situação de descontrole da pandemia. Os políticos, entretanto, não têm dúvidas: Cai mais um general para ajudar a preservar o capitão.
O novo ministro da Cidadania, João Roma, chega ao cargo como resultante de uma estratégia desenhada no Palácio do Planalto, de reforçar o Republicanos e a ala governista dentro do DEM, uma vez que Roma é ligado ao presidente do partido, ACM Neto, e já foi presidente da juventude do DEM. Na última semana, ACM Neto ponderou ao deputado que não aceitasse o cargo. Porém, o republicanos bate o pé e Bolsonaro disse que sua escolha estava feita. Era João Roma e não se falava mais nisso. Se o Republicanos não quisesse, ele buscaria um nome de outro partido. Nesse sentido, não houve jeito.
Por mais que ACM Neto tenha dito que não indicou ninguém para o governo, entre os políticos prevalece a desconfiança de que ele não disse não e que o fato de o DEM não ter fechado o apoio a Baleia Rossi na disputa pela Presidência da Câmara foi crucial para a nomeação de João Roma. Mal ou bem, é mais um nome da confiança da cúpula do DEM que vai para o governo.
Em fevereiro deste ano, a coluna Brasília DF trouxe com exclusividade a notícia de que o governo brasileiro demorou a fazer o resgate dos brasileiros em Wuhan, porque não tinha um avião de grande porte da Força Aérea disponível para a operação, nem Airbus, nem Boeing. A licitação de leasing está suspensa por ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), que apura se houve irregularidades na operação. Enquanto a pendência não for resolvida, o país está sem uma aeronave destinada a resgate de brasileiros em situação de risco, como no caso do coronavírus. Num país deste tamanho, a situação é um fiasco aéreo.
Para quem não acompanhou, vale lembrar: Em 2019, a Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington (CABW) do Comando da Aeronáutica cancelou uma licitação de US$ 30 milhões, do Grupamento de Apoio Logístico do Comando da Aeronáutica (GAL), feita ainda no governo Michel Temer, para a compra de um Boeing, vencida pelo consórcio Cloud Aria. Depois, abriu outra licitação para leasing do mesmo tipo de aeronave. Resultado, a Aria foi ao TCU e pediu que se abrisse uma investigação, alegando ato antieconômico, porque o leasing estava mais caro do que a compra do avião em US$ 10 milhões. O processo ainda está em fase de análise.
A aeronave que teve a compra cancelada pelo governo sem maiores explicações fez falta lá atrás, conforme registrou a coluna. E faz falta agora para o transporte de pacientes em Manaus.
A declaração de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) levantando suspeitas sobre a China ferve nos grupos de WhatsApp dos parlamentares, na manhã desta quarta-feira (25/11), e aumenta a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro. A deputada perpétua Almeida (PCdoB-APC) prepara um pedido para que ele seja destituído da Presidência da Comissão de Relações Exteriores e tem o aval de vários colegas.
“Esse cara está prejudicando o país. Até quando vamos dar asas a esse louco aí?”, pergunta o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e a frente dos Brics (Brasil, Rússia, Índica, China e África do Sul), deputado Fausto Pinato (PP-SP). Até aqui, o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou, o que também preocupa os deputados. “É inaceitável que o filho do presidente se comporte desse jeito e o presidente não faça nada”, diz a deputada.
O movimento suprapartidário tem razão de ser. Os chineses consideram que, quando um deputado se pronuncia sobre qualquer assunto, ele não externa uma opinião pessoal e sim a posição do Parlamento de seu país. O fato de Eduardo ser filho do presidente Jair Bolsonaro torna o caso ainda mais grave perante os chineses, porque, avaliam os diplomatas, passa a ideia de que o governo brasileira avaliza a posição do deputado. Como filho do presidente da República, avaliam, Eduardo jamais poderia ter lançado desconfianças sobre a tecnologia chinesa.
Para quem não acompanhou, eis o que disse Eduardo, na segunda-feira à noite, num tuíte apagado na manhã de terça-feira, depois que o estrago havia sido feito: “O governo @JairBolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo Governo@realDonaldTrump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu o deputado.
A contundência da reação do embaixador chinês, Yang Wanming, indica que ele tem todo o aval de Pequim. A Embaixada menciona em seu comunicado que aqueles que insistem nesses ataques “vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”. O deputado, mais uma vez, provoca uma tensão desnecessária neste momento em que o Brasil depende tanto das compras da China.
5G terá grupo de acompanhamento na Câmara
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que já cansou de dizer que Eduardo não fala pelo Parlamento, pediu a deputada Perpétua Almeida que crie um grupo de trabalho para acompanhamento das negociações em torno do 5G. Ela que já foi presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, avisa: “Não quero saber o que é melhor para a China ou para os Estados Unidos. Quero saber o que é melhor para o Brasil. Quem lida com relações internacionais sabe que Nações não têm amigos nem inimigos, têm interesses”, diz a deputada. Pelo visto, Eduardo faltou a essa aula.