Categoria: coluna Brasília-DF
Coluna Brasília/DF de 14 de março de 2024, por Denise Rothenburg
A briga interna no União Brasil tem como reflexo um enfraquecimento da candidatura de Elmar Nascimento (BA) à sucessão de Arthur Lira na Presidência da Câmara dos Deputados. Quem ganha tração na legenda é governador Ronaldo Caiado (GO) e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Nenhum dos dois têm força para fazer chover votos pró-Elmar na Câmara, nem no PT nem na ala mais à direita, hoje distribuída entre o Centrão e o bolsonarismo.
O enfraquecimento de Elmar, faltando ainda 10 meses até a eleição, levou o grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira, a tentar insuflar a candidatura do líder do PP, Doutor Luizinho, do Rio de Janeiro. Se empinar, tem tudo para ser o candidato de Lira, que não está nada satisfeito com essa antecipação dos pré-candidatos, um movimento que só desgasta os concorrentes, e o mais importante na visão do presidente da Câmara: encurta o mandato de quem está sentado na cadeira.
Em tempo: em meio a essa confusão, quem tem tudo para subir na bolsa de apostas é o presidente do Republicanos, Marcos Pereira. Aliás, de uns tempos para cá, ele tem sido visto como a ponte que pode levar Lula a uma aproximação com o eleitorado evangélico.
Sem chance
O governo estava interessado em marcar o golpe de 31 de março de 1964 com a aprovação da emenda constitucional que trata de passar para a reserva militares que disputarem eleições. A PEC, se, por um milagre, passar no Senado, vai para a gaveta na Câmara.
A pressão da PM
Os policiais militares, que representam um contingente de candidatos tamanho família, temem ser afetados por essa restrição às Forças Armadas. Logo, já começaram um movimento contra
essa PEC.
A volta de Dirceu
O ex-presidente do PT e ex-ministro José Dirceu comemorou seu aniversário de 78 anos com uma festa que reuniu todo o PT e aliados numa casa do Lago Sul em Brasília nesta quarta-feira. “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”, como cantam os petistas, sempre foi ovacionado no seu partido. E ainda é considerado uma grife em termos de estratégia político-partidária. Aos poucos, vai retomando espaço.
“Política é confraria”
O ex-deputado Silvio Costa, que integrou a tropa de choque de Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, encontrou o senador Hamilton Mourão no cafezinho do Senado (foto acima) e foi direto: “Vou levar você para tomar uma com o Lula e você sairá do Alvorada gostando dele”. “Ele é que vai gostar de mim”, respondeu Mourão.
Tudo junto e misturado
Pai do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o ex-deputado é do mesmo partido de Mourão: “Nós nos damos muito bem. Eu sou a esquerda do Republicanos, e ele, a direita”. E virando-se para Mourão, completou: “Sem querer, um dos acertos de Bolsonaro é você”.
Como fazer
No período em que permaneceu no cafezinho dos senadores, Silvio Costa chamou um para conversar, puxou outro. Nem Magno Malta escapou: “Você me abandonou, bora conversar”. O aliado do Planalto, no modo distensão, pareceu, para muitos políticos que observavam a distância, mais competente nessa tarefa do que os líderes do governo.
Até ele
Eis que, de repente, chega o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o 01. “Vamos conversar com Lula?” Eis que Flávio responde: “Se ele quiser… O Lula que está aí não tem nada de paz e amor”. Foi tanta conversa que o senador Esperidião Amin (SC), um dos mais espirituosos da Casa e com humor refinado, rimou: “Quando você não tiver razão, Silvio Costa é a solução”.
Petistas culpam falha na comunicação pela queda da popularidade de Lula
Coluna Brasília/DF, publicada em 13 de março de 2023, por Denise Rothenburg
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda está assimilando a queda de popularidade registrada no último Datafolha, especialmente na cidade de São Paulo, conforme divulgado nesta terça-feira pelo instituto. Mas, na visão dos petistas mais próximos, o problema é de falha na comunicação do governo, de atrasos em algumas entregas, e não nas atitudes do presidente ou de seus ministros. Essa análise governamental preocupa outros aliados de Lula, porque indica que, comunicação e entregas à parte, o governo considera que está tudo certo no Lula 3. Não está. Havia uma expectativa de que o presidente fizesse um governo mais moderado, sem interferência nas estatais, por exemplo. Porém, muita gente tem se referido a esse um ano e dois meses de governo como algo mais próximo de um “Dilma 3”, mais à esquerda e intervencionista, haja vista o estica-e-puxa por causa dos dividendos da Petrobras.
A busca por ampliar a arrecadação e a tentativa de intervir até em empresas já privatizadas, como a Vale, mostram que o petista se esqueceu de que o PT não venceu pelo seu programa de governo intervencionista, e, sim, pelo receio da população de um governo capitaneado mais quatro anos por Jair Bolsonaro. Portanto, ou o Planalto reavalia a rota, ou a popularidade continuará baixa.
A nova CPI do Futebol
O senador Romário (PL-RJ) coleta assinaturas para uma nova CPI do Futebol. A ideia é investigar se há relação entre as apostas esportivas
e alguns eventos, como pênaltis. Vem mais confusão.
Lula quer o agro
O presidente está disposto a se reaproximar do agronegócio. Só tem um probleminha: o setor tem se sentido meio abandonado pelo governo federal.
Carreira solo
Pelo menos um grupo de empresários que participou da comitiva do Lide à Arábia Saudita e Emirados Árabes começa a trabalhar sozinho, em busca de ampliar exportações e produção, independentemente
de governo.
Virou rotina
Os congressistas esperaram a tarde toda pelo parecer final do projeto Combustível do Futuro, mas o texto só viria à noite. A expectativa é de que seja votado ainda hoje e sem tempo para muita análise e debate da proposta em plenário. Há quem diga que, depois que a reforma tributária teve o parecer apresentado na última hora, criou-se um precedente que todos seguirão.
Caiado na pressão
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi um dos mais contundentes nas cobranças para que Luciano Bivar seja expulso do partido, por causa das suspeitas que pesam contra ele. Caiado cita inclusive o incêndio na casa do presidente eleito do União Brasil, Antonio Rueda. “O incêndio na casa do advogado Antonio Rueda foi um atentado contra o partido, um crime político”, diz Caiado, cobrando a abertura de processo, com vistas à cassação do mandato de Bivar. “Luciano Bivar agiu como um desqualificado a fazer ameaças à família e ao novo presidente do partido”, escreveu Caiado em suas redes.
Em tempo
Caiado é hoje o nome do União Brasil para concorrer à Presidência da República e tem se posicionado sobre todos os assuntos dentro do partido e fora dele.
Enquanto isso, no Alvorada…

Quando Janja viaja — ela foi aos Estados Unidos para uma reunião da ONU —, Lula aproveita para encontrar velhos amigos. Dia desses, recebeu um deles e foi direto: “Você só está aqui porque a Janja está viajando”.
… e em São Paulo…
Os think-tanks brasileiros estão à toda. O Lide (Líderes empresariais), do ex-governador João Doria, promoveu esta semana um encontro de executivos, médicos e especialistas em nutrição para debater os desafios da indústria alimentícia com a qualidade de vida. Já o Grupo Esfera Brasil promoveu a terceira edição do Mulheres Exponenciais, com homenagem a brasileiras que se destacaram em diversos campos de atuação.
Por Denise Rothenburg — Entusiasta do semipresidencialismo, o ex-presidente Michel Temer considera que há um ambiente positivo para a discussão da proposta no Parlamento, com o fim da reeleição. “Todo presidente que chega ao poder já está de olho na reeleição e não quer mexer em temas polêmicos. Eu, que não pensava nisso, fiz a reforma trabalhista e levei adiante a reforma da previdência”, afirmou à coluna e a um grupo de jornalistas durante conversa em Dubai.
As declarações de Temer combinam em gênero e grau com o que passa pela cabeça de parte do Centrão: levar adiante uma proposta que institucionalize o semipresidencialismo que o país vive hoje na prática e que sempre foi defendido pelo emedebista. Temer vai além: diz que seria “útil acabar com a reeleição” e implantar um mandato presidencial de cinco ou seis anos. Ocorre que, para levar isso adiante, será preciso ter um Centrão em paz com o bolsonarismo, uma vez que o semipresidencialismo não faz parte dos planos do PT.
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A vida é dura…
… E feita de escolhas. Com a queda de avaliação do presidente Lula em duas pesquisas, Genial Quaest e Atlas Intel, o governo não tem mais dúvidas de que, daqui para frente, o PT terá que definir suas batalhas por segmento. Não dá para brigar com muita gente ao mesmo tempo.
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Quanto mais, melhor
Perguntado sobre a situação da corrida para a prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Michel Temer defendeu que Ricardo Nunes abrace todos os votos que puder, inclusive o bolsonarismo. “Ricardo Nunes não pode recusar votos. Quanto mais puder somar as várias correntes para se opor às outras duas, mais útil será para ele”, disse o ex-presidente.
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Curtidas
Pule esta fase/ Integrante da comitiva do Lide ao Oriente Médio, o presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein em São Paulo, Claudio Lottenberg, deixou para se juntar ao grupo apenas em Dubai, nos Emirados Árabes. Não é hora de judeus visitarem países muçulmanos.
Todo cuidado é pouco/ Em São Paulo, muitos integrantes da comunidade judaica contrataram seguranças para acompanharem seus familiares. Os brasileiros desse segmento nunca se sentiram tão inseguros.
Eleição versus realidade/ Assim como Javier Milei na Argentina, o candidato da direita em Portugal tem dito ao longo da campanha que Lula não entrará no país. No governo, porém, segue a máxima: uma coisa é discurso de campanha. Outra é o dia a dia de quem governa.
Imortal/ Na véspera do Dia Internacional da Mulher, uma boa notícia: a historiadora Lilia Schwarcz (foto) foi eleita imortal pela Academia Brasileira de Letras. Vai ocupar a cadeira de nº 9, antes reservada para o o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva.
Mulher com orgulho / Autora renomada sobre o Brasil Colônia e outros temas, a nova imortal tem como missão montar a iconografia de Machado de Assis, patrono da ABL, e se debruçar sobre o arquivo da instituição centenária. “Quero entrar para agregar”, disse a nova integrante. Viva a mulher brasileira!
Dois projetos de regulamentação da reforma tributária serão apresentados aos congressistas
Por Denise Rothenburg — Congressistas vão conhecer, hoje, dois projetos de regulamentação da reforma tributária. Um diz respeito ao imposto seletivo. Outro, à cesta básica, item que colocou em campos opostos o setor do agro e os supermercados. As propostas serão apresentadas durante reunião-almoço da Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, presidida pelo deputado Domingos Sávio (Solidariedade-MG). É a largada oficial dos debates, antes de o governo apresentar seus projetos.
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Em tempo: o governo federal está muito incomodado com a ação das frentes. Afinal, esperava apresentar suas propostas primeiro. Agora, terá de correr atrás de um debate antecipado pelo Congresso.
Fígado ligado…
Aliados de Lula já desistiram de apelar ao presidente para esquecer o antecessor em seus discursos. Na Conferência Nacional de Cultura, ele voltou à carga contra o ex-chefe do Executivo. A avaliação de muitos é de que quanto mais Lula fala de Jair Bolsonaro mais o ex-presidente fica em evidência.
… alimenta o adversário
Para muitos dentro do PT, Lula erra na dose. Afinal, Bolsonaro está inelegível. Nesse cenário, se houver um nome da direita mais palatável e equilibrado, a reeleição estará sob forte risco.
Dez anos mais
Enquanto o Brasil planeja zerar as emissões de carbono até 2050, a Arábia Saudita propõe a mesma meta para 2060. Sinal de que a emissão zero no planeta vai demorar.
Por falar em Arábia Saudita…
Nesta viagem ao Oriente Médio, o Lide começa a se consolidar como uma ponte entre empresários e Riad. O ex-governador de São Paulo João Doria, inclusive, aproveitou o jantar de despedida para anunciar que, em 2025, haverá outra missão ao Oriente Médio, capitaneada pelo CEO do Lide, João Doria Neto, que acaba de assumir a direção do Grupo Doria.
País rico é outra história/ Ao entrar no Ministério de Investimentos da Arábia Saudita, um empresário não resistiu: “Olha só, aqui eles têm Ministério do Investimento. Lá, nós só temos da gastança”.
Confraternização/ O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se divertiu com as histórias do antecessor, Augusto Aras, durante a festa de 15 anos da filha do advogado Fábio Medina Osório.
Confraternização II/ A festa reuniu a nata do meio jurídico de Brasília, inclusive o governador Ibaneis Rocha. Fábio Medina Osório foi advogado-geral da União em 2016, no governo Michel Temer, e tem laços com todos os partidos.
Depoimento de Freire Gomes não muda roteiro dos ministros do STF sobre Bolsonaro
Por Denise Rothenburg — Até aqui, mantém-se o script. O depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército — aquele que aparece em mensagens dos bolsonaristas como “cagão”, conforme o classificou o ex-candidato a vice-presidente Walter Braga Netto —, não foi suficiente para mudar o roteiro dos ministros do Supremo Tribuna Federal (STF) a respeito do processo de apuração sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ideia é não queimar etapas do devido trâmite processual. Nesse sentido, qualquer pedido de prisão, só depois de transitado em julgado.
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Barroso x PT
O presidente da STF, Luís Roberto Barroso, e o PT se uniram contra Bolsonaro, mas estão separados quando o assunto é o julgamento da juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sergio Moro na 13ª Vara Federal, em Curitiba. O ministro torce por um arquivamento, enquanto o partido, autor da reclamação, pressiona por uma condenação.
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Depois da desoneração…
…mantida, os parlamentares correm para tentar preservar o programa de socorro ao setor de eventos, o Perse. Até aqui, o governo não tem os votos para fazer valer sua vontade.
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Pauta boa passa fácil
Se tem um projeto que o governo tem tudo para aprovar, é o que regulamenta o trabalho dos motoristas por aplicativos — apresentado, ontem, no Palácio do Planalto. A avaliação geral é de que, salvo uma vírgula ali e outra acolá no texto, nenhum partido ficará contra.
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Por falar em votos…
Parlamentares e prefeitos ainda aguardam a liberação de recursos prometidos para antes das eleições. O medo dos congressistas é o de que não dê tempo de repassar os R$ 20 bilhões prometidos para este semestre.
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Aliás…
As emendas têm feito parte das audiências dos ministros no Palácio do Planalto. Hoje, por exemplo, André Fufuca (Esportes) tem reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem diga que este será um dos temas a ser tratado.
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Mudou, mas…/ Aos poucos, as mulheres vão ganhando espaço na Arábia Saudita, mas alguns aspectos ainda precisam ser revistos. Na sede da Federação das Câmaras de Comércio, por exemplo, o banheiro feminino era comparado aos dos postos de combustíveis das estradas brasileiras — sem espelho e com espaço ínfimo. A cúpula do LIDE bateu o pé e exigiu um banheiro condizente com as necessidades femininas e o respeito às mulheres.
Corre, senão alguém passa/ Presidente do LIDE Arábia Saudita e anfitrião da delegação brasileira da LIDE Brazil Saudi Arabia Conference, em Riad, Abdulmalik Al Qhatani mencionou em sua fala que, “em breve”, seu país será reconhecido como produtor de energia sustentável. “Planejamos construir a maior planta de hidrogênio verde”, adiantou. O Brasil tem planos semelhantes.
Nem vem/ De dentro do PSDB, vem a notícia de que é mais fácil a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (foto), deixar o partido do que o partido deixar de ser oposição ao governo Lula.
Por Carlos Alexandre de Souza — Na próxima quinta-feira, o instituto sueco V-Dem, da Universidade de Gotemburgo, lança o relatório anual de 2024, batizado de Variedades da Democracia, nome por extenso do grupo. Trata-se de um dos indicadores mais respeitados sobre a qualidade dos regimes democráticos pelo mundo. No relatório anterior, o V-Dem já assinalava o recuo das democracias em 2022 e um aumento de países autocráticos — nada menos que 72% da população mundial estava sob governos que, em maior ou menor grau, violam princípios democráticos como eleições livres e liberdade de expressão.
As investigações em curso sobre a trama golpista urdida em 2022 mostram como o Brasil correu risco de mergulhar em um retrocesso. O levante antidemocrático culminou no 8 de janeiro, uma das páginas mais sombrias desde a redemocratização brasileira. Passados 14 meses do ato golpista, mais de 100 pessoas foram condenadas, outras dezenas estão na mira da Polícia Federal.
No último relatório do V-Dem, o Brasil ocupava a 58ª posição, de um total de 179 países avaliados. A eleição de Lula foi considerada um avanço. Mas, em 2023, ainda há desafios a corroer a democracia, como a polarização e a desigualdade de gênero.
Perdas à nação
Na sentença que condenou mais 15 réus do 8 de janeiro, na última sexta-feira, o ministro relator Alexandre de Moraes afirmou que o golpe desferido contra a democracia não causou apenas danos materiais; atingiu o sentimento de uma nação. “Os atos criminosos, golpistas e atentatórios das instituições republicanas desbordaram para depredação e vandalismo que ocasionaram prejuízos de ordem financeira que alcançam cifras nas dezenas de milhões, para além das perdas de viés social, político, histórico — alguns, inclusive, irreparáveis —, a serem suportados por toda a sociedade brasileira”, escreveu o integrante do STF na sexta-feira.
Companheiro Maduro
Ao se encontrar com o presidente Lula, Nicolás Maduro prometeu a realização de eleições no segundo semestre deste ano. Mas não mencionou uma palavra sobre os opositores, vítimas de perseguição e prisão — tampouco Lula. Eleições não garantem democracia se não houver disputa justa e transparente.
Ajuda ao crime
A fuga dos dois detentos da penitenciária de Mossoró na quarta-feira de cinzas está próxima de completar três semanas. Os indícios recolhidos até aqui reforçam a suspeita de que os bandidos receberam ajuda dentro e fora da unidade prisional.
Senado engajado
Igualdade de gênero e combate à violência contra a mulher serão alguns dos temas debatidos na semana que inicia no Senado. Nesta segunda-feira, será lançado o Plano de Equidade de Gênero e Raça do Senado para o biênio 2024-2025, com uma lista de ações voltadas para assegurar mais direitos a mulheres e negros. Na quarta-feira, a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, participa de uma audiência que debaterá o papel do legislativo no enfrentamento da
violência doméstica.
Dever de casa
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney (foto), teceu loas ao governo Lula um dia após a divulgação do PIB de 2023. Para o dirigente, o aumento de 2,9% no Produto Interno Bruto mostrou que “fazer o dever de casa sempre traz resultados positivos”. Na avaliação de Sidney, “o Brasil foi capaz de reduzir as incertezas que permeavam o cenário pessimista do início do ano passado, a partir do avanço da pauta econômica e da estabilidade política”.
Aquele abraço
Não é comum o presidente de um partido ir à convenção de outro. Mas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) fez questão de passar rapidamente na sede do União Brasil em Brasília para dar um abraço em Antonio Rueda, eleito novo presidente da sigla. A visita chamou a atenção dos integrantes da executiva recém-eleita. Ciro foi recebido com muitos aplausos.
Quem sabe?
O gesto vai além da antiga amizade de Ciro com Rueda. Pode ser visto como o início do diálogo para criar ua federação entre União Brasil e PP. Juntas, as duas siglas representariam a maior força no Congresso, com 109 deputados federais e 13 Senadores. Há dificuldades e divergências internas, mas é para criar consensos que serve a política.
Por Carlos Alexandre de Souza — O aumento de 2,9% no PIB em 2023, graças ao desempenho extraordinário do agro, reforçou a vocação do Brasil como uma potência global na produção de alimentos. Essa posição revela-se estratégica para a política comercial do país, particularmente em um contexto que inclui mudanças climáticas, negociações complexas entre o Mercosul e a União Europeia e conflitos localizados, com efeitos econômicos de maior ou menor alcance.
Como era de se esperar, o governo Lula comemorou o resultado da atividade econômica. Mas os índices registrados nos serviços e particularmente na indústria tornam ainda mais relevante a missão do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e do presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Equilíbrio fiscal, melhores condições de investimento e reabilitação da indústria serão fatores críticos para o país obter um crescimento econômico de maior qualidade e menos dependente do agronegócio.
Madrilenhas
O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, tem agenda em Brasília na próxima semana. Na quarta-feira, ele se encontrará com o colega Lula da Silva. É certo que os dois chefes de governo tratarão das negociações entre Mercosul e União Europeia, que se encontram em estágio delicado. O governo de Sánchez é favorável ao acordo, mas enfrenta protestos dos produtores rurais espanhóis.
No Parlamento
Ainda na quarta-feira, Sánchez se encontra com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Plantão médico
Em Manaus, o presidente em exercício Geraldo Alckmin retomou o ofício de médico. Ele acudiu um integrante da equipe da Empresa Brasil de Comunicação que passou mal durante evento sobre a Zona Franca de Manaus. Alckmin mediu a pulsação do paciente e, após fazer um sinal de “ok”, ajudou o homem a se levantar.
Comida e sangue
Em mais um protesto contra a ação militar de Israel em Gaza, a primeira-dama Janja da Silva comentou o drama dos civis palestinos. “A população não tem nem 1% da comida que precisa e, no meio da guerra, morre com tiros enquanto luta para não morrer de fome. A alimentação é um direito básico, assim como o direito à vida”, escreveu.
Reconhecimento
O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes , foi às redes sociais para render homenagem ao servidor Jacob Barreto, que se aposentou após 32 anos dedicados ao STF. “Jacob exerceu cargos importantes na Secretaria de Controle Interno e encerrou sua trajetória como servidor em meu gabinete, tendo sempre prestado um trabalho diligente e irretocável. Registro meus sinceros agradecimentos e desejo que essa nova etapa seja repleta de alegria, saúde e vida”, escreveu o ministro.
Julgamento marcado
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, marcou para a próxima quarta-feira a continuidade do julgamento sobre a ação que trata da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Até agora, há cinco votos para afastar a criminalização, com a fixação de parâmetros para diferenciar usuários de possíveis traficantes.
Contra a reeleição
Os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Romeu Zema (Novo), de Minas; e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, demonstraram apoio à proposta discutida no Senado que prevê acabar com a reeleição para cargos de presidente, governador e prefeito e ampliar o mandato para cinco anos. Todos os três foram reeleitos em 2022. A medida é defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Plano Real, 30 anos
Há 30 anos, em 1º de março, o Brasil iniciava um ciclo virtuoso na economia. A adoção da Unidade Real de Valor (URV) foi o primeiro passo para a adoção do Plano Real, em julho de 1994. Graças ao empenho de homens públicos como Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, além de uma geração excepcional de economistas, o país se libertou da hiperinflação e encontrou a estabilidade monetária. Que esse episódio histórico inspire os rumos econômicos do país em 2024.
Por Carlos Alexandre de Souza — A marca de um milhão de casos prováveis de dengue impõe reflexões sobre o estado da saúde no Brasil. A primeira: quatro anos depois do flagelo da pandemia de covid-19, quando o país viveu a traumática angústia de enfrentar uma doença letal sem proteção imunológica, continuamos dependentes da oferta de vacinas. Segundo questionamento: gestores públicos precisam melhorar muito as respostas às novas dinâmicas epidemiológicas, decorrentes das mudanças climáticas e crescimento desordenado das cidades. Não basta agir apenas no momento mais agudo, como ocorre neste fevereiro.
Sem sinais de que vai arrefecer nas próximas semanas, a dengue, para utilizar uma expressão do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, no CB Debate promovido ontem no Correio, é uma “velha conhecida” da saúde pública brasileira. Mas exige novas soluções, como o uso da tecnologia, combate permanente ao longo do ano e uma efetiva participação da sociedade.
Nada disso
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantém distância cautelosa do movimento pela “blindagem” de parlamentares, em reação às operações da PF contra os deputados Carlos Jordy e Alexandre Ramagem, ambos do PL. Uma das razões é que não há qualquer proposta de consenso no colégio de líderes. A resistência de Lira encontra paralelo na Casa legislativa vizinha. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deixou claras as sérias restrições à proposta de blindagem parlamentar.
Intenções, apenas
A ausência de um comunicado oficial no encerramento da reunião econômica do G20, em razão de divergências concernentes à geopolítica, mostra o descompasso entre necessidades globais e o estado de natureza que marca a conjuntura global. Medidas econômicas defendidas pelo G20, como a redução da desigualdade e a taxação de super-ricos, tendem a se tornar de difícil execução, a exemplo dos compromissos para evitar catástrofes climáticas, da conquista da paz mundial ou da reforma na governança global.
Desunião
O clima anda azedo no União Brasil. Em rusga declarada contra o presidente do partido, Luciano Bivar, o vice, Antônio Rueda, tem buscado angariar apoios na legenda dividida. Em convenção realizada ontem em Brasília, Rueda foi eleito para assumir o comando do UB a partir de junho. Nos bastidores, fala-se até em impeachment de Bivar, caso ele atrapalhe o desempenho da legenda em ano eleitoral.
Caravana
Uma comitiva de 72 empresários brasileiros vai à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes em mais duas missões internacionais do grupo Lide. Os encontros bilaterais, marcados para a próxima semana, visam promover as potencialidades do Brasil e vão tratar de possíveis parcerias em setores como infraestrutura, indústria alimentícia, farmacêutica e de segurança.
Só coisa boa
Segundo o chairman do Lide, João Doria, as iniciativas ajudam a promover o Brasil, gerar oportunidades, investimentos e empregos no país.
“Só queriam comer”
A guerra de versões que se seguiu à morte de 112 pessoas na Faixa de Gaza ainda durará dias, mas a tragédia renovou os protestos contra a ofensiva de Israel. Ao comentar “uma das definições de genocídio”, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou as condições extremas a que são submetidos os civis de Gaza. “Mais de 100 pessoas morreram na tentativa de conseguir ajuda humanitária em Gaza. Queriam somente comer”.
Basta de mortes
A primeira-dama, Janja da Silva, se disse “desolada” com as “cenas cruéis” em Gaza. E fez um apelo direto: “É urgente um cessar-fogo!”.
Pela paz
Nesta primeira sexta-feira de março, Dia Mundial da Oração, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (IECLB), na entrequadra 405/406 Sul, realiza uma celebração ecumênica, em atenção especial às vítimas da guerra na Faixa de Gaza, às 20h. No ano passado, na mesma data, a oração foi conduzida por mulheres palestinas, muito antes dos ataques terroristas de 7 de outubro.
Com Henrique Lessa e Liana Sabo
Reuniões do governo com Lira têm tido a presença de Rui Costa
Por Denise Rothenburg — Desde que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou aos líderes partidários que não trata assuntos importantes com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, as reuniões na residência oficial têm tido a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Assim, a turma que frequenta esses encontros considera que os movimentos consolidaram a posição de Costa como o negociador das propostas governamentais, emendas e cargos com os deputados — e que restará a Padilha negociar com os senadores.
Em tempo: o “clube” do Senado costuma ser meio alheio a articuladores que não fazem parte da Confraria do Salão Azul. E, para completar, não há chance de reconciliação entre Lira e Padilha. O que incomodou, como o leitor da coluna já sabe, foi o fato de alguns petistas colocarem na cota de Lira a exoneração do secretário de Atenção Primária à Saúde Nésio Fernandes. Entre os congressistas ligados ao presidente da Casa, prevalece a visão de que a exoneração teve a digital de Padilha.
Dengue e política
O Correio Braziliense promove, hoje, um debate sobre a situação da dengue no país, desafios presentes e futuros. Na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governador Ibaneis Rocha, tem muita gente dizendo que os governos “comeram mosca” e não se prepararam para esta temporada. Tem gente, inclusive, colhendo imagens de hospitais lotados para usar em futuras campanhas eleitorais.
Desunião geral
A convenção do União Brasil promete ser um passeio para que Antonio Rueda assuma o comando da legenda, especialmente depois de o atual presidente, Luciano Bivar, ameaçar sua família numa discussão acalorada que foi gravada. Mas nada será sem tensão. Bivar estudava uma ação judicial para cancelar a reunião.
A volta de Neto
No papel de secretário-geral da nova comissão executiva, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto retoma o papel de articulador político. É o DEM reconquistando o poder num partido maior.
E o governo, hein?
Por mais que ACM Neto seja oposição ao Planalto, o União Brasil não vai sair de onde está. Um pé no governo e outro fora dele. Pelo menos, por enquanto.
O Maranhão ferve…/ Os deputados federais e estaduais do estado estão dormindo à base de calmantes. É que uma gravação atribuída ao prefeito de Formosa da Serra Negra, uma cidadezinha 647km ao sul de São Luís, menciona a compra de emendas ao Orçamento.
… e tensiona/ No passado, essas denúncias levaram a uma CPI que fez várias excelências perderem o mandato.
Há quem diga que não está longe
de a história se repetir.
A hora dos negócios I/ Indústria aeronáutica, de fármacos, logística, energia, mineração e o agro brasileiro estarão em debate, na semana que vem, em Riad, na Arábia Saudita, e em Dubai, nos Emirados Arábes. São dois eventos promovidos pelo grupo Líderes Empresariais (Lide), com a presença de empresários desses setores no sentido de mostrar a competitividade dos produtos brasileiros.
A hora dos negócios II/ A missão empresarial, coordenada pelo ex-governador João Doria, por Luiz Fernando Furlan e por João Doria Neto, terá ainda reunião no Fundo Soberano da Arábia Saudita e rodadas de conversas sobre segurança alimentar, uma preocupação mundial. Entre os conferencistas confirmados, estão o ex-presidente Michel Temer (foto) e o ex-ministro da Agricultura do primeiro governo Lula, Roberto Rodrigues. A coluna vai até lá conferir a discussão in loco e informar nossos leitores aqui, nas páginas e no site do Correio Braziliense. No período de trânsito, esta coluna estará a cargo da equipe do jornal.
Aliados de Bolsonaro suspeitam que Wassef e Flávio Rocha já falaram tudo que sabiam
Por Denise Rothenburg — Em conversas reservadas, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sentiram falta de, pelo menos, duas pessoas no rol de ex-colaboradores sob os holofotes no quesito tentativa de golpe: o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos almirante Flávio Rocha e o advogado Frederick Wassef. Wassef teve celulares apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal (PF) no ano passado sobre o episódio do relógio Rolex — aquele que Bolsonaro ganhou de presente, foi vendido e o advogado recomprou. Rocha era um dos fiéis assessores do ex-presidente. A suspeita de muitos é de que eles falaram tudo o que sabiam e, por isso, foram deixados “em paz”.
Vamos por partes
A oposição está dividida sobre o que fazer no embalo do ato de Bolsonaro em São Paulo. Uma parte, mais pragmática, deseja aproveitar a onda gerada ali e partir para uma campanha de filiação ao PL. Outra quer partir logo para cima do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por falar em STF…
As apostas são as de que o ministro Alexandre de Moraes voltará à carga e às operações de busca e apreensão
antes da Páscoa.
Tem poder, mas nem tanto
A punição que o governo promete a quem assinou o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa das declarações contra Israel, não terá muito efeito. A maioria não tem cargo no governo e se considera oposição. Para completar, as emendas são impositivas — ou seja, de liberação obrigatória.
Onde vai pegar
Mesmo as emendas impositivas o governo tem como segurar. A ideia é contingenciar e só incluir nos restos a pagar. Só tem um probleminha: dependendo de como fizer isso, pode irritar a turma que, hoje, vota com o governo.
Eles tocam de ouvido/ Encarregado de cuidar da área do governo na CPI da Braskem, o líder de Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA, foto), fará dobradinha com o senador Otto Alencar (PSD-BA). Eles chegaram cedo e conversaram longamente antes de começar a sessão.
Sem passar recibo/ O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem feito cara de paisagem para aqueles que pedem seu retorno à CPI da Braskem. Sem a relatoria, ele prefere ficar fora.
Só vale se eu estiver/ Nos bastidores, há quem diga que Renan começa a adotar um estilo semelhante ao do então senador Antônio Carlos Magalhães, o babalorixá da política baiana, já falecido, que costumava dizer “reunião em que não estou não vale”.
A cavaleiro/ Fora da CPI, Renan estará livre para criticar os resultados, caso não estejam dentro de suas expectativas.












