Categoria: coluna Brasília-DF
Sem apoio do MPF, inquérito das fake news corre risco de perder força
Coluna Brasília-DF
O fato de o Ministério Público Federal não ser uma das partes do inquérito das fake news e ter, inclusive, pedido seu arquivamento em abril de 2019, dará base para que a investigação a cargo do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal seja combatida em todas as instâncias legais pelos aliados do presidente Jair Bolsonaro.
Obviamente, ameaças de morte, de invasão, de depredação e quem financia essas atitudes, seja de direita ou de esquerda, deve ser investigado.
Moral da história: enquanto STF e MPF não se acertarem sobre como deve ser a investigação a respeito dessa rede de milícias digitais e seus financiadores, que ameaçam os pilares do processo democrático, Bolsonaro e seus aliados terão munição para atacar o Supremo e seus ministros.
Siga o rastro do dinheiro
A investigação em curso no STF está centrada, agora, em apurar de onde vem o dinheiro para financiar os movimentos radicais. Há quem diga que, da mesma forma que o fim do envio de recursos aos sindicatos deu uma reduzida nos extremistas nos tempos de Lula, a redução dos financiadores conterá os extremistas de direita. Ontem mesmo, um site, o vakinha.com.br, suspendeu a arrecadação para o acampamento dos 300 na Esplanada.
Foca no Moraes
Aliados de Bolsonaro querem deixar a briga com o STF no caso das fake news restrita ao ministro-relator, Alexandre Moraes. Eles já tratam Moraes como um tucano, amigo de João Doria, infiltrado no Supremo para desestabilizar o governo e tentar promover o impeachment do presidente.
Forças Armadas no meio da guerra
As FAs fizeram chegar, a quem interessar possa, que não farão nada fora dos preceitos constitucionais. Ou seja, não tem essa de invadir o STF com um tanque, um cabo e um soldado.
Resumo da reunião ministerial/ Somos todos Weintraub. Bolsonaro nem de longe pensa em dispensar seu ministro da Educação.
Fora de combate/ O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, não participou da reunião ministerial porque está em casa com conjuntivite.
Não contem com ele/ O comando do PSL fará “cara de paisagem” para esse inquérito das fake news. Cada deputado que se vire para buscar defesa.
O consultor/ O ex-ministro da Cidadania Osmar Terra tem ido ao Ministério da Saúde para dar um apoio à equipe de Eduardo Pazuello. O ministro interino será mantido no cargo até o fim da pandemia. O futuro a Deus pertence.
Incomodado, Bolsonaro não comenta acusações de Marinho nem com aliados
Coluna Brasília-DF
O fato de Celso de Mello impor sigilo ao depoimento de Paulo Marinho, negando acesso a Flávio Bolsonaro, corre o risco de, mais uma vez, gerar constrangimento entre os Poderes. Entre aliados do presidente, prevalecia, ontem, a avaliação de que se o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril foi público, o depoimento de Marinho dentro do mesmo processo também deveria ser.
Muito além da reunião II
Flávio Bolsonaro não tem sossego desde que o Coaf detectou as movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz. Agora, com as denúncias do seu suplente, Paulo Marinho, Flávio volta à “baila”. O assunto incomoda tanto o presidente a ponto de evitar, inclusive, falar a respeito com seus aliados.
Com operação contra Witzel, PF ganha ‘anticorpo’ contra discurso de perseguição de Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
Ao agir com rigor nas investigações que levantaram suspeitas sobre o governador do Rio, Wilson Witzel, a Polícia Federal (PF) ganha uma espécie de anticorpo ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, de perseguição à sua família e amigos. Afinal, se alguma suspeita sobre adversários presidenciais precisam ser investigadas, o mesmo vale para seus aliados e familiares, se houver algo a ser apurado. Afinal, a lei deve valer para todos.
A avaliação de quem acompanha de perto o trabalho da PF é a de que o mesmo presidente que aplaude a PF, quando os delegados e agentes vão a fundo em busca de apurar se há alguma verdade nas suspeitas que recaem sobre os adversários, não poderá reclamar se os investigadores colocarem uma lupa nos aliados.
Guerra carioca
A citação ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no pronunciamento de Witzel deu ao Planalto a certeza de que o Rio será um território conflagrado daqui por diante. Ali, não tem mais trégua.
Fogo cruzado
Witzel ficará na cobrança para que tudo envolvendo o senador seja apurado, assim como o empréstimo que Bolsonaro disse ter feito a Fabrício Queiroz, lá atrás, e que o ex-assessor pagou parcelado, e incluiu um cheque à primeira-dama. Flávio foi às redes para responder, partindo para o ataque tanto ao governador quanto ao empresário Paulo Marinho, com quem compôs chapa em 2018 –– e, hoje, chama de “canalha” e “lobista”.
Outra pandemia
Os cruzamentos da Controladoria-Geral da União (CGU), que tentam detectar quem recebeu irregularmente o auxílio emergencial de R$ 600, apontaram doadores de mais de R$ 10 mil a candidatos nas eleições recebendo a ajuda agora. Os analistas suspeitam que muita gente teve o CPF usado para esquentar o dinheiro que chegou às campanhas. A ordem é rastrear tudo. Vai ter muita gente respondendo na Justiça Eleitoral.
Curtida
O favorito/ Em conversas reservadas, deputados têm apontado o líder do PP, Arthur Lyra (AL), como o mais forte candidato, hoje, para suceder Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados. Dentro do governo, há quem esteja preocupado, porque, embora seja o nome que se aproxima do Planalto, aliados do presidente não o veem como “pau para toda obra”.
É o que tem para hoje/ O problema, entretanto, é que o presidente não está numa posição confortável para indicar um candidato da sua total confiança e garantir que ele será eleito. Terá que aceitar o que for de maior consenso no Centrão.
Ninguém esquece/ Em sua época, a presidente Dilma Rousseff lançou um nome da sua confiança para concorrer contra Eduardo Cunha e perdeu. O desfecho levou à abertura de processo de impeachment.
Cambridge e os índios/ A Universidade de Cambridge fará um painel, sexta-feira, às 14h, para discutir o impacto da covid-19 em povos indígenas no Brasil. Na roda, o advogado e antropólogo Bruno Morais, a antropóloga Luísa Valentini, da USP, além do professor Bruno Pegorari, com doutorado na Universidade de Nova Gales do Sul, e o advogado Eliesio Marubo. O painel foi inspirado na decisão do desembargador Souza Prudente, que há quatro dias proibiu um pastor de manter contato com povos isolados por causa da covid-19. A hora é de proteger os povos de contaminação.
Sem conseguir processo de impeachment, oposição mira cinco ministros
Coluna Brasília-DF
Sem condições de levar adiante qualquer processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, os partidos de oposição vão centrar fogo nos ministros que apareceram no vídeo da reunião de 22 de abril. Além do ministro da Educação, Abraham Weintraub, a lista para convocação a dar explicações ao plenário da Câmara e do Senado inclui outros quatro: Ricardo Salles, do Meio Ambiente, para explicar a passagem da “boiada’ de decretos de desregulamentação; a ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, para esclarecer que história é essa de pedir prisão de governadores e prefeitos; o da Economia, Paulo Guedes, para explicar a “granada” do congelamento de salários e, de quebra, a frase em que fala em privatizar “essa p…”, referindo-se ao Banco do Brasil.
O quinto elemento da lista é o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que funcionou como uma espécie de porta-voz de Bolsonaro, ao divulgar uma nota sobre o pedido da oposição para a apreensão do celular do presidente. Heleno, na avaliação dos líderes partidários, entrou na seara política, com ameaças à instabilidade institucional, em vez de centrar as atenções no serviço de garantir a segurança do presidente e de seus parentes. Nunca antes na história do GSI um ministro foi tão político no exercício da função. Porém, na avaliação do Planalto, Heleno não extrapolou um milímetro. Afinal, seu gabinete é de Segurança “Institucional”.
Peças fundamentais
Dois personagens são acompanhados de perto pelos fiéis escudeiros de Bolsonaro: o procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem cabe legalmente, se for o caso, oferecer denúncia contra o presidente; o outro é o vice-presidente Hamilton Mourão.
A história ensina
O vice entrou na roda porque se verificou que, nos dois processos de impeachment –– de Fernando Collor, em 1992, e de Dilma Rousseff, em 2016 ––, os vices terminaram entrando no jogo político e ajudando no processo. Mourão, justiça seja feita, tem sido leal a Bolsonaro.
Nota & atitude
A nota aos brasileiros divulgada por Bolsonaro, falando de respeito entre os Poderes e membros do Legislativo e do Judiciário, foi bem recebida. Porém, será preciso unir o discurso à ação. Na reunião de 22 de abril, em que Abraham Weintraub chamou os ministros do Supremo de “vagabundos”, não houve sequer uma reprimenda pelo presidente.
Flávio na roda
Ao pedir para acompanhar o depoimento do empresário Paulo Marinho, hoje, sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pretende se precaver do que vem pela frente. Como o primeiro depoimento foi sigiloso, a ordem agora é tentar saber o que Marinho tem de provas e se organizar para não ser pego de surpresa, em caso de acusações diretas por parte de seu suplente.
Toca o barco/ Congressistas aliados a Bolsonaro comentam que Augusto Heleno submeteu a nota da semana passada ao presidente, antes de divulgá-la. Foi aquela sobre as consequências imprevisíveis por causa do pedido de apreensão do celular.
Devagar quase parando/ A ausência de sessões virtuais na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News começa a incomodar. Afinal, se a comissão de acompanhamento externo da pandemia da covid-19 está funcionando, a CPMI deveria seguir esse exemplo.
Serviço não falta/ Notícias falsas sobre a covid-19, por exemplo, têm se espalhado. Até aqui, nem o presidente, senador Angelo Coronel (PSD-BA), nem a relatora, Lídice da Matta (PSB-BA), se movimentaram para retomada dos trabalhos.
Vai dar o que falar/ A demora para a CPMI retomar os trabalhos provoca desconfianças de acordos entre os governistas e o PSD, que comanda da comissão. Quanto mais demorar, mais desconfiança vai gerar.
Aliás…/ As fakes news foram, inclusive, parte do discurso do novo presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso, que ressaltou a necessidade de atenção redobrada no período eleitoral: “Na medida em que as redes sociais adquiriram protagonismo no processo eleitoral, passaram a sofrer a atuação pervertida de milícias digitais, que disseminam o ódio e a radicalização”, constatou.
Coluna Brasília-DF
Os últimos lances políticos colocaram o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, numa situação de ser obrigado mais uma vez a reagir em defesa da instituição. Até aqui, o comandante do STF tentava amenizar a relação entre os Poderes, em busca do equilíbrio e da boa convivência. Porém, diante do video da reunião de 22 de abril e da nota do general Augusto Heleno, cuja leitura foi de ameaça à estabilidade, a visão é a de que o Supremo está sendo desmoralizado de forma injusta.
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Na reunião, Bolsonaro repreende os ministros que não o defendem, mas não faz o mesmo quando Abraham Weintraub, da Educação, xinga o Supremo e prega a prisão de seus ministros. Se Bolsonaro quiser retomar a política da boa vizinhança com outro Poder, terá que promover gestos nessa direção. Ou seja, Weintraub balançará mais no cargo e sua saída foi levada ao presidente por apoiadores políticos como um gesto de pacificação com o STF.
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Em tempo: a defesa institucional nada tem a ver com os inquéritos em curso no STF. Ali, a letra da lei será seguida à risca, da mesma forma que foi o envio do pedido da oposição, de apreensão do celular presidencial, à Procuradoria-Geral da República, para que dê seu parecer a respeito do mérito do pedido feito pelos oposicionistas, sem juízo de valor do STF. É o que determina a lei. E, assim será.
Centrão esfrega as mãos
Juridicamente, até aqueles especialistas em direito ligados a partidos de esquerda têm dificuldades em caracterizar, em conversas reservadas, um crime cabal do presidente da República com base apenas no vídeo que desnudou o modus operandi do governo em 22 de abril.
Porém, do ponto de vista político, o cenário está posto. Não para a aprovação de um processo de impeachment, mas para que o Centrão reforce ao presidente Jair Bolsonaro a necessidade de atender melhor aos seus deputados e senadores, leia-se participação no governo.
Governo na encruzilhada
Se tem algo que a reunião ministerial deixou patente aos políticos e ao mercado é que o governo, logo ali na frente, quando passar a pandemia, terá que optar por um caminho: sair da crise com investimentos do capital privado ou dobrar a aposta nos recursos públicos.
Marinho versus Guedes
Por enquanto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ganhou a parada, quando o presidente disse que é ele quem determina a política econômica. Porém, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, demarca território ao dizer que é preciso “deixar os dogmas de lado” e que a pandemia requer investimentos públicos.
Guedes versus Marinho
Lá pelas tantas, Guedes rebate Marinho, dizendo que “não tem música, não tem dogma, não tem blá blá blá”. O ministro da Economia reforça que o Brasil saiu na frente dos emergentes e da Europa em termos de programas sociais de auxílio e completa: “Se não existe algo, aqui é dogma.”
“Caravana patriota”/ Na sexta-feira, circulou por vários grupos de WhatsApp um apelo em busca de pessoas para completar um ônibus que sairia de São Paulo para Brasília neste fim de semana, para participar de uma manifestação em favor do presidente Jair Bolsonaro. Preço da passagem ida e volta: R$ 150. Em Brasília, cada um teria que arcar com suas próprias despesas de hospedagem e alimentação. A volta está marcada para hoje. Em plena pandemia, tem muita gente com medo de viajar.
O corpo fala/ O ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, se remexe na cadeira. Justamente, quando o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, diz na reunião que era preciso aproveitar o momento de atenção à pandemia de covid-19 para, “de baciada”, desregulamentar setores, esquecendo o Congresso. Tarcísio está ministro, mas é consultor da Câmara dos Deputados.
Por falar em Tarcísio…/ Na semana passada, representantes do Centrão tentaram espalhar que Bolsonaro pretendia demitir o ministro. Era mentira e, no Planalto, ficou a desconfiança de que um dos sonhos do Centrão é voltar a comandar a área de transportes, como fazia nos tempos do governo Dilma e Lula.
Damares, a exorcista/ A reunião ministerial já passava da metade quando o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, defendeu a implantação dos resorts integrados, com uma parte dedicada aos cassinos, como parte importante para auxiliar na recuperação econômica do setor. Logo, a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, reagiu: “Pacto com o Diabo!”
Enquanto isso, nas redes sociais…/ O volume de 625 mil interações com hashtags positivas ao presidente Jair Bolsonaro detectado pela consultoria Bytes na última sexta-feira chamou a atenção da turma da CPI das Fake News. A ordem é verificar se houve impulsionamento por robôs, uma vez que as hashtags negativas chegaram a 112 mil interações. Investigações à parte, a avaliação dos bolsonaristas, entretanto, é a de que o presidente sempre cresce politicamente quando há um conflito direto com qualquer setor. Ele ganhou espaço na política com esse confronto e tensão. E não largará as batalhas até o fim do governo.
Políticos desconfiam de que Carlos Bolsonaro montou sistema de informações para o pai
A citação do presidente Jair Bolsonaro, durante reunião ministerial, de que tem um sistema de informações particular que funciona deixou o mundo político desconfiado de que o filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro, montou o tal sistema para o pai.
Na reunião do dia 22 de abril, Bolsonaro se queixa de não receber informações suficientes dos órgãos oficiais, como Polícia Federal e Abin, até que em determinado momento, afirma: “Sistemas de informações: o meu funciona. O meu particular funciona.”
Ao ver a declaração no vídeo da reunião divulgado ontem, políticos imediatamente lembraram de entrevista que o ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno deu ao programa Roda Viva, em 2 de março. Na ocasião, Bebianno, que morreria de infarto dias depois, se referiu a uma operação de informações coordenada por Carlos Bolsonaro.
Embora Bolsonaro tenha dito, em entrevista à Jovem Pan, que recebe as informações de policiais amigos, como um “sargento do Bope”, não está descartado um chamamento de Carlos ao Congresso para, depois da fala do presidente, explicar a acusação de Bebianno.
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
A oposição pediu a apreensão do celular de Jair Bolsonaro na linha do “se colar, colou”, apostando que a resposta da Justiça será um “não”. A jogada, porém, rendeu mais do que o previsto, na visão de parlamentares de esquerda.
É que, ao soltar uma nota referindo-se ao pedido como uma atitude de “consequências imprevisíveis” para a estabilidade nacional, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, jogou, sem necessidade, a política na zona da desconfiança em relação a atos extremos por parte dos apoiadores do presidente.
A remessa do pedido, à Procuradoria-Geral da República, para que emita seu parecer, faz parte do processo normal. A tendência é de que o parecer seja contrário e o caso termine mesmo com um “não” da Justiça.
A desconfiança gerada a partir da nota de Augusto Heleno, porém, continuará no ar. “Ele usou um canhão para atirar num mosquito e criou mais problema num pedido que não terá sucesso”, aposta o senador Major Olímpio (PSL-SP).
CURTIDAS
Mourão, a esfínge/ O vice-presidente Hamilton Mourão passa a reunião impassível diante dos comentários de Bolsonaro.
Ranking I/ Os ministros que saíram arranhados politicamente da reunião foram Ricardo Salles, Damares Alves e Abraham Weintraub, os dois últimos da ala considerada “ideológica”. Weintraub, aliás, pode se preparar para mais um processo: “Constatei, casualmente, a ocorrência de aparente prática criminosa, que teria sido cometida pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub”, diz a decisão de Celso de Mello, referindo-se a um possível crime de injúria contra os ministros do STF.
Ranking II/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, perde terreno entre os funcionários do Banco do Brasil,
mas ganha no mercado financeiro, que não enlouqueceu com a divulgação do vídeo.
Ranking III/ Os ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura, foto) saíram com o troféu sobriedade e focados no serviço para o qual foram nomeados.
Fiquem comigo/ O presidente falou por quase uma hora na porta do Alvorada, ontem à noite. A fala em tom de desabafo foi vista pelos opositores como sob encomenda para tentar tirar público do Jornal Nacional.
Pacificação de Bolsonaro com parlamentares não inclui vida fácil para Flávio
Coluna Brasília-DF
A forma como o presidente Jair Bolsonaro tratou os governadores e parlamentares é vista como a senha de acesso para distensionar o ambiente político, a fim de levar o governo a aprovar os projetos de seu interesse no plenário da Câmara –– inclusive a manutenção do veto a reajustes salariais. Chega ao ponto de não ser nem colocado no rol de testes da nova base.
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Só tem um probleminha: a distensão não inclui no pacote vida fácil para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), caso as investigações apontem para alguma irregularidade ou influência na Polícia Federal, conforme denúncia do empresário Paulo Marinho –– que ao longo da campanha conviveu diariamente com a família Bolsonaro. Nos dois depoimentos que prestou, ele disse ter entregado provas de que houve essa interferência. O caso agora está nas mãos da PF e do Ministério Público.
Déjà-vu
As declarações de Marinho, de suspeita de devassa nas suas contas, lembrou a muitos políticos o movimento de Antonio Palocci no governo Lula. O então ministro da Fazenda foi demitido porque um caseiro teve a conta bancária invadida para verificar se havia sido pago para prestar informações sobre a presença de Palocci numa casa suspeita no Lago Sul.
Difícil I
Bolsonaro evita a imprensa, mas não deixa de dar o recado aos apoiadores. Ontem, informou que o comércio do Rio de Janeiro reabrirá em breve. Só tem um probleminha: o número de casos no estado continua em alta. No país, o recorde de mortes nesta semana indica um momento difícil para a sonhada reabertura geral.
Difícil II
A depender dos pais de alunos, aulas mesmo só em agosto. É que, quanto mais pessoas doentes, mais cresce o número daqueles que temem ter um quadro grave da doença, apesar dos números apontarem 40% de recuperação para os casos de infecção. O índice coloca a população numa loteria às avessas. Ninguém quer levar os filhos de volta sob risco de infecção, mesmo aqueles que não têm qualquer comorbidade. Afinal, há episódios de pessoas que não tinham histórico de risco e terminaram internadas.
Vai insistir/ A reunião de hoje de Bolsonaro com o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, é para saber do resultado das pressões para volta à normalidade. Ninguém sabe ao certo quando será.
Coluna Brasília-DF
Se até aqui as denúncias de tentativa de influência na Polícia Federal se referiam apenas ao embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o depoimento de mais de cinco horas do empresário Paulo Marinho põe o senador Flávio Bolsonaro e seus auxiliares diretos também no olho do furacão.
A tendência é de que as informações sobre o vazamento da operação Furna da Onça sejam incorporadas ao inquérito que investiga as denúncias de Moro, aumentando o potencial de estrago à imagem do clã Bolsonaro.
Dentro do Congresso, o Centrão esfrega com as mãos com muito álcool em gel, com alguns já pensando no que essa mistura pode render em termos de necessidade de apoio ao presidente no Senado. Ali, o mais experiente é o MDB, que já arrematou os cargos de líder do governo no Congresso, com Eduardo Gomes (TO), e de líder do governo no Senado, com Fernando Bezerra Coelho (PE).
O Centrão está de olho na posição de líder do governo na Câmara, hoje ocupada pelo major Vitor Hugo (PSL-GO). A aposta é a de que nem só de FNDE e Dnocs viverão os partidos.
Promessas e serviços
A declaração do presidente Jair Bolsonaro de que Eduardo Pazuello permanecerá um bom tempo como ministro da Saúde vai muito além da vontade de ter ali alguém que faça tudo o que o Planalto prega. A ideia de Bolsonaro, conhecedor profundo de como funciona o Centrão, é deixar os partidos potenciais aliados com expectativa de poder.
Ele viu de perto
Ex-integrante do PP, Bolsonaro sabe há muito tempo que, nos partidos, a expectativa de poder deixa, pelo menos por um bom tempo, a turma muito mais feliz do que o nome de um aliado no Diário Oficial da União. Invariavelmente, uma nomeação deixa um feliz e outros dois insatisfeitos. Portanto, em tempos de pandemia, o presidente tem uma boa desculpa para não escolher logo um novo ministro.
Aí, não, talkei?
Os rumores de que o governo estaria estudando um Estado de Sítio ou de Defesa voltaram a agitar os bastidores da política e aumentar o receio de que o presidente Jair Bolsonaro planeja um golpe para fazer valer a sua vontade em relação à pandemia e tirar os holofotes de cima do senador Flávio Bolsonaro. O presidente tem negado diuturnamente qualquer ação nesse sentido e, ao seu lado, quem tem juízo já avisou que não é por aí.
Nem vem
Afinal, um Estado de Sítio, por exemplo, teria que passar pelo Congresso Nacional, onde não há hipótese de aumentar os poderes presidenciais. Até aqui, o Congresso ganhou algumas, inclusive a batalha do adiamento do Enem, algo que o governo resistia em fazer.
PF, o último bastião/ Considerada uma das instituições mais confiáveis do país em todas as pesquisas de opinião, a Polícia Federal torce a distância para que as denúncias sobre o vazamento na corporação sejam rapidamente esclarecidas. “Trabalhamos muito para ter credibilidade perante o Brasil. Esperamos que tenha elementos e tudo seja apurado e quem errou, seja punido”, diz o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, Edvandir Paiva.
Joio & trigo/ As operações da Polícia Federal sobre os importadores de equipamentos hospitalares começam a tirar o pessoal sério e técnico desse mercado. Há muita gente com receio de tentar ajudar e, depois, terminar na carceragem.
Preventivo/ O governo terá mais problemas do que imagina se decidir abrir empresas chaves do setor elétrico para indicações políticas. A Associação dos Empregados de Furnas, por exemplo, divulgou nota de repúdio às nomeações desse tipo, reforçando que a companhia é “sexagenária, lucrativa, do povo”, com resultados financeiros e operacionais que geram “lucros decorrentes do baixo endividamento”. O texto reforça que a empresa precisa “retomar seu perfil de geração de empregos para o Brasil. “É fundamental que tenhamos líderes com autoridade técnica e sem compromissos com agendas políticas de qualquer natureza”, finaliza a nota.
À la Alvim/ Jair Bolsonaro caminha para o quinto secretário de Cultura em seu governo. Mário Frias, o ator que fez sucesso em Malhação, terá que ser quase como Roberto Alvim, o antecessor de Regina Duarte. Alvim foi classificado como o melhor até agora, mas caiu porque tornou pública sua admiração pelo nazismo.
E a Regina, hein?/ As redes sociais não perdoam. As rodas políticas no mundo virtual faziam o seguinte comentário: Na “separação” quase que consensual, a atriz Regina Duarte levou a cinemateca de São Paulo como “pensão”.
Com dedicação total ao caso, Celso de Mello deve levantar sigilo de vídeo
Coluna Brasília-DF
O ministro Celso de Mello está completamente dedicado ao inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal. Sua atenção é tanta que ontem ele faltou à sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para analisar as citações do senador Humberto Costa (PT-PE), do ex-senador Valdir Raupp (MDB-RO) e do ex-deputado Aníbal Gomes (MDB-CE) na famosa lista do ex-procurador-geral Rodrigo Janot – aquela que elencou os políticos identificados na delação da Odebrecht nos tempos do Petrolão. Como ele não estava, as ações saíram da pauta.
O tempo do ministro foi destinado à elaboração do voto a respeito do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. A aposta geral é a de que o ministro irá levantar o sigilo da gravação, daí a atenção redobrada ao texto em que sustentará a sua decisão a respeito. Raupp, Gomes e Costa ficarão pendurados por mais algum tempo.
Onde vai pegar…
Os políticos vão mirar no advogado Victor Granado Alves, que trabalhou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e ainda é próximo ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A ordem é saber se e como o advogado recebeu pelos serviços prestados à franquia de chocolates do parlamentar. Afinal, usar um servidor de gabinete para serviços particulares é considerado desvio de recursos públicos.
…no Conselho de Ética
É por aí que os partidos tentarão levar o senador Flávio Bolsonaro ao Conselho de Ética, o que pode, inclusive, abrir uma porteira. Afinal, qualquer investigação minuciosa vai mostrar que essa história de contratar serviços particulares de um funcionário de gabinete não é tão inusitado no Parlamento.
Já pegou
Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal entrou com ação contra o deputado Newton Cardoso Júnior (MDB-MG) e seu pai, o ex-governador e ex-deputado Newton Cardoso. Ambos foram acusados de nomear servidores para o gabinete na Câmara que, na prática, prestavam serviços particulares, inclusive empregada doméstica em Belo Horizonte.
A corrida de Pazuello
Em meio ao aumento do número de casos da covid-19 e recorde de 1.179 mortes confirmadas em 24 horas, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, continua na estratégia de ocupar os cargos do ministério com os militares, antes que o Centrão desembarque por ali, como já está fazendo na Educação. As nomeações para a área de finanças do Fundo Nacional de Saúde são tratadas nos bastidores como um “preventivo”.
Isolamento total/ Recém-curado de um câncer, o ex-deputado Darcísio Perondi (MDB-RS) aproveita o período em casa para aprender a cozinhar e estudar inglês. “Tem dia que deixo queimar, outro deixo a comida salgada, mas vamos aprendendo”, diz ele, que conta com a assessoria da esposa, Regina Perondi. Médico, ele só sai de casa a cada dois dias para uma “caminhada na quadra”.
Atenção/ Na porta do Alvorada, representantes da associação de microempresas do Gama culparam a mídia pela falta de clientes em seus negócios ainda que parte do comércio esteja aberto. “A mídia diz para as pessoas ficarem em casa”, reclamou um dos representantes. “Não escute a mídia” respondeu o presidente, com aval da torcida. Em tempo: não é a mídia que diz “fique em casa”. São os médicos.
Exemplo/ A turma do futebol carioca almoçou com o presidente lado a lado, como se não houvesse um cenário de pandemia.
Vale refletir/ O Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) realiza amanhã, 17h, seu 41º encontro sobre o Direito em tempos de covid-19, com o tema “Combate às Fake news em Tempo de Pandemia”. A coluna terá a honra de participar dos debates ao lado do desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro André Andrade; da diretora de Digital & Inovação da FSB, Risoletta Miranda; do conselheiro do CNJ Marcos Vinícius Rodrigues; e do advogado Aluízio Napoleão, sócio do Domingos Cintra Napoleão Lins e Silva Advogados. A mediação do debate estará a cargo da professora Taís Gasparian, mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP, e do professor André Silveira, mestre em Direito Constitucional pelo IDP e sócio do Sérgio Bermudes Advogados Associados.










