Bolsonaro e Augusto Aras
Bolsonaro e Augusto Aras Isac Nóbrega/PR Bolsonaro e Augusto Aras

Bolsonaro espera que Aras tenha atuação mais voltada para os interesses do governo

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti

Apesar de afirmar que o procurador-geral da República não é governo, o presidente Jair Bolsonaro acredita que Augusto Aras será ministro da Esplanada. O capitão reformado foi cirúrgico nas palavras, num discurso poucas vezes tão estratégico, ontem, no Planalto.

Por mais que tenha se preocupado em afastar a proximidade com Aras, Bolsonaro espera que o procurador tenha uma atuação mais voltada para os interesses do governo, principalmente na área ambiental — a mesma expectativa é compartilhada por ministros mais voltados para pendengas jurídicas, como embargos de obras em áreas. O problema para Bolsonaro e a vantagem de Aras é que o procurador é indemissível. Ou, pelo menos, a saída dele tem de ter a aprovação do Senado.

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O artigo 128, II, §2º da Constituição deixa claro que a destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado. Resta a Bolsonaro, agora, torcer para que Aras cumpra o que prometeu. Mas há uma questão importante: como as promessas não foram em público, ninguém sabe quais são, e também não adianta Bolsonaro reclamar.

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A expectativa de integrantes do Ministério Público é de que Aras mantenha o poder da força-tarefa da Lava-Jato. Uma das principais indícios foi a indicação do procurador José Adonis Callou de Araújo Sá para coordenar a operação na Procuradoria-Geral da República. Assim, as dúvidas estão relacionadas às áreas de meio ambiente, minorias e direitos humanos.

A mancha I

As autoridades ambientais de Brasília parecem finalmente terem despertado para as manchas de óleo que atingem 105 praias do Nordeste brasileiro. A coluna entrevistou especialistas no ambiente marinho que está sendo impactado. Ontem, o volume de óleo chegou a Sergipe em extensões quilométricas , iniciadas no Maranhão, passando por cartões-postais como Carneiro (PE), Pipa (RN) e João Pessoa (PB).

A mancha II

As primeiras análises mostram um óleo cru, não refinado, o que descarta, no primeiro momento, vazamentos vindos de refinarias brasileiras, mas o DNA de mostras aponta para petróleo. É possível saber que o material não veio da lavagem de taques de navios, dado o volume de piche encontrado nas praias. Uma das poucas ações das autoridades, até agora, têm sido orientar as comunidades atingidas a informarem animais “oleados” pelas manchas. Fotos mostram tartarugas, aves e peixes com manchas de óleo, em várias praias do país. Uma das equipes de investigação é do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

Berço petista I/O Partido dos Trabalhadores iniciou um movimento consistente em busca das prefeituras no ABC paulista. Na campanha de 2016, os dois únicos candidatos petistas na região perderam a disputa pela reeleição, deixando o partido sem nenhum representante nas cidades consideradas berço do lulismo.

Berço petista II/A derrocada petista na região foi o primeiro sinal efetivo da fragilidade do discurso dos representantes nacionais do partido para se contrapor às denúncias de corrupção e à volta dos altos índices de desemprego. Os desgastes, localizados em 2016, acabaram refletidos
na vitória de Jair Bolsonaro.

Berço petista III/A campanha de 2016 quebrou uma hegemonia petista que se repetia desde 1982. Os eleitores das principais cidades que formam a região — Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema — escolheram adversários tradicionais do PT à época, quando o bolsonarismo ainda estava longe de ser um fenômeno.

Berço petista IV/Analistas mais atentos aos movimentos na região avaliam que as chances de eventual retorno de eleitores tradicionais ao PT estarão associadas à continuada crise econômica e à frustração sobre a retomada do emprego.