Pesquisa favorável aumenta pressão interna pelo auxílio emergencial

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Os números do Datafolha levam os aliados do presidente Jair Bolsonaro a entoar a velha máxima do futebol para o cenário atual: Em time que está ganhando, não se mexe. No caso, eles não se referem nem à equipe de governo e sim aos programas em curso, em especial, o auxílio emergencial. A pesquisa que indicou uma recuperação da popularidade presidencial no Nordeste, onde o auxílio emergencial aumentou e muito a renda dos beneficiários do Bolsa Família. Lá, a rejeição do presidente caiu 17 pontos percentuais, de 52% para 35%. O volume dos que consideram o governo ótimo e bom subiu para 33%, seis pontos em relação a junho.

A festa da popularidade, porém, terá um preço, ou seja, o aumento do gasto público. E é aí que mora o perigo para o ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro, por enquanto, joga nas duas frentes: Defende o teto de gastos, o ministro e diz que não é possível manter o auxílio emergencial por muito tempo. Porém, Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional, já está a postos dizendo que é preciso manter o teto, mas sem deixar de mostrar serviço.

Para os mais observadores, não há mais dúvidas: Quanto mais o governo for aprovado pela sociedade com base em gastos ampliados, mais pressão haverá para que esse gasto continue. E, nesse sentido, o espaço de Guedes dentro do governo, vai ficar a cada dia mais apertado.

Queiroz na cadeia, tensão no clã Bolsonaro

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A decisão do ministro Felix Fischer, de mandar o ex-assessor Fabrício Queiroz para a cadeia deixa seu antigo chefe, o senador Flávio Bolsonaro, novamente sob tensão. Embora Queiroz já tenha dito que “não há o que delatar”, sua mulher, Márcia, que estava foragida e também foi para a prisão domiciliar, vem sendo pressionada a falar por pessoas próximas. Hoje, mais cedo, Flávio achou que estava tudo resolvido. Queiroz estava em casa e a Justiça do Rio foi informado de que o MP perdeu o prazo para recorrer da decisão de lhe conceder foro privilegiado no estado. Agora, com a volta de Queiroz para a cadeia, o senador volta uma casa na esperança de se ver livre dessa investigação.

A informação de que Felix Fischer tinha a tendência de colocar Queiroz novamente atrás das grades, cassando a liminar do presidente do STJ, João Otávio Noronha, que havia concedido a prisão domiciliar ao ex-assessor da Alerj, foi publicada há vários dias pela Coluna Brasília-DF. O ministro-relator é considerado um dos mais rigorosos da corte. A defesa de Queiroz tem dois pedidos de habeas corpus pendentes de julgamento, um no Rio, outro no Supremo Tribunal Federal. São as esperanças de Flávio Bolsonaro, no sentido de reduzir a pressão sobre o ex-assessor e seus familiares.

O caso do desvio de recursos de servidores da Alerj está a cada dia mais complicado para o senador, uma vez que o volume de depósitos e pagamentos de contas, associado também aos depósitos na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro ainda carecem de explicações plausíveis. Pelo visto, o sonho de tranqüilidade do clã Bolsonaro não se realizará tão cedo.

Guedes reforçado. Pelo menos, até o próximo embate

Paulo Guedes
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Coluna Brasília-DF

Coube a Paulo Guedes defender a agenda econômica na reunião do Alvorada, com o presidente Jair Bolsonaro, o comando do Congresso, líderes e ministros. A sinalização de que o ministro da Economia continua com o poder de mando nesse campo foi clara — até o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, defendeu que não se deve quebrar o teto de gastos.

Porém, lembrou Marinho que é preciso buscar condições de concluir obras do governo. Como o diabo mora nos detalhes, o entendimento da classe política é a de que Bolsonaro obteve até aqui um equilíbrio entre as duas alas do governo — uma ávida pelas obras e a outra intransigente na defesa da responsabilidade fiscal e do teto de gastos, como forma de atrair investimentos.

Quanto tempo esse equilíbrio se mantém é outra história, que vai depender do andar da carruagem das reformas no Congresso e da capacidade de Bolsonaro de resistir às pressões pela ampliação sobre o gasto público. A poeira baixou, mas qualquer vento mais forte pode levantar tudo.

Reforço à Lava-Jato

A notícia de que Dario Messer, o doleiro dos doleiros, fechou a delação premiada e vai devolver R$ 1 bilhão deixou muita gente preocupada, em vários segmentos, e procuradores, esperançosos. Demonstra que a Lava-Jato ainda não terminou seu trabalho e há muito o que apurar.

Siga o dinheiro

Para se ter uma ideia, o valor devolvido por Messer é o dobro do que os parlamentares do Distrito Federal conseguiram emplacar em emendas orçamentárias para Brasília este ano.

Se é para mudar…

… que mude logo. Bolsonaro fechou tudo com Ricardo Barros (PP-PR), antes de avisar ao deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) que iria substituí-lo no cargo de líder do governo. Vitor Hugo, porém, nem piscou. Quando Bolsonaro lhe disse que, na semana seguinte, iria mudar, foi o líder quem tomou a iniciativa de anunciar logo a troca.

O corpo fala

Vitor Hugo fez questão de se sentar ao lado de Ricardo Barros, na reunião no Alvorada. Assim, tentou afastar qualquer rumor de mal-estar entre eles. O mesmo não se pode dizer da relação entre Vitor Hugo e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a quem aliados do ex-líder atribuem uma certa fritura.

Conversinha/ Chamou a atenção de muitos a conversa entre os ministros Guedes e Marinho enquanto caminhavam para o pronunciamento de Bolsonaro e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

Beirute ecoa em Santos I/ Depois da explosão que destroçou a capital do Líbano, o presidente da OAB-Santos, Rodrigo Julião, quer que a Presidência da República, o Ministério da Defesa, o Ibama e o Ministério Público Federal se posicionem sobre o transporte e armazenamento do nitrato de amônio. A preocupação é grande, porque, segundo ele, o Porto de Santos manipula dez vezes a quantidade do produto que destruiu a capital do Líbano e a fiscalização dos navios é insuficiente. Ainda não recebeu resposta.

Beirute ecoa em Santos II/ O PT vai aproveitar esse embalo para saber do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) se ele manterá o apoio ao novo plano de desenvolvimento e zoneamento do porto, que prevê um terminal de fertilizantes na região onde funciona o campus de uma universidade federal e residem milhares de pessoas. O pedido de explicações já foi feito pelo vereador Francisco Nogueira. Da parte do governo federal, as exigências de segurança prometem ser bem mais rigorosas.

Está bem assim/ Os aliados de Bolsonaro dizem que ele está tão “paz e amor” com os congressistas que só falta cantar Odara, de Caetano Veloso.

Bolsonaro fica com Paulo Guedes e com o teto de gastos

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O presidente Jair Bolsonaro reuniu os líderes há pouco para avisar que não deixará de lado a responsabilidade fiscal e nem o teto de gastos. Nesse sentido, a ordem no momento é manter o ministro da Economia, Paulo Guedes, como o condutor da politica econômica. Ao mesmo tempo em que volta a fazer mais um afago em Paulo Guedes, o presidente abre mais espaço para o Centrão, com a troca de comando na Liderança do governo na Câmara. O alerta de que, se seguir pelo caminho de “liberou geral” podia dar em impeachment, tal e qual ocorreu com Dilma Rousseff, ajudou nesse embalo. Se tem algo que Bolsonaro não quer de jeito nenhum é repetir o PT.

O novo líder Ricardo Barros é o PP do Paraná, foi ministro da Saúde do governo Michel Temer. Assim como o ex-líder do governo no Senado Romero Jucá (MDB) esteve em praticamente todos os governos. E mais um do Centrão a ascender e que toca de ouvido com o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB_TO), algo que o deputado Victor Hugo não fazia. Agora, o trio de líderes tem sintonia e fala a mesma língua para busca de votos para os projetos que o governo deseja e para ajudar na defesa em caso de impeachment, a palavra que faz Bolsonaro mais uma vez respaldar a posição de Paulo Guedes. Vejamos os próximos capítulos.

Guedes manda recado a Marinho; caberá a Bolsonaro decidir

Paulo Guedes e Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, em prol da manutenção do teto de gastos, prometendo, inclusive, brigar contra quem se posicionar em sentido contrário, é lida até dentro do governo como um recado direto ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Marinho defende a ampliação do gasto e recursos para infraestrutura como forma de alavancar o crescimento para sair da crise. Não chega a pregar a irresponsabilidade fiscal, mas está numa posição bem diferente de Guedes.

O árbitro dessa disputa será o presidente Jair Bolsonaro, que, até aqui, entregou toda a política econômica de seu governo nas mãos de Guedes, e não deu sinais de que fará diferente. Resta saber se Bolsonaro vai se manter nessa posição ou ceder àqueles que, segundo o próprio Guedes, querem levar o presidente a uma “zona sombria, das incertezas, do impeachment”. Essa é a batalha do momento.

Lastro I

O aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao teto de gastos e sua presença ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, afastou leituras de que o governo abrirá mão da gestão fiscal e de um estado mais leve.

Lastro II

O mercado também entendeu que o ministro terá os votos para aprovar, ao menos, parte das propostas enviadas ao Congresso. Para completar, a presença do deputado Arthur Lira (PP-AL) teve a leitura de que o Centrão também apoiará algumas medidas.

Primeira prova

A votação dos vetos presidenciais, hoje, é visto como um dos grandes testes para o governo Bolsonaro. O Planalto até aceita deixar derrubar aqueles relativos às dívidas do setor rural, mas não admite rever os vetos à desoneração da folha de pagamentos, nem ao marco regulatório do saneamento.

Cada um com o seu MDB

Da mesma forma que, em seu tempo de presidente, Lula se aproximou do ex-presidente José Sarney e fez dele seu conselheiro, Bolsonaro tem agora laços com Temer. Muitos apostam que, dessa aproximação, pode sair um olhar mais simpático do governo à candidatura de Baleia Rossi (SP) para a sucessão de Maia.

CURTIDAS

Perdoar, jamais/ Os petistas não se esquecem do impeachment da presidente Dilma Rousseff e, sempre que podem, alfinetam Temer. Ontem, por exemplo, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP, foto) saiu-se com esta: “O primeiro-ministro do Líbano, quando soube que o Temer iria representando o Bolsonaro, já pediu demissão para se antecipar a articulação golpista”.

E vem mais/ A ordem é aproveitar a campanha municipal para explorar todas as compras em dinheiro feitas por parentes do presidente, sejam filhos ou a ex-mulher, Rogéria, mãe dos filhos parlamentares do presidente. Nessa linha, a primeira-dama Michelle Bolsonaro já é chamada pelos petistas de “Micheque”.

Incógnita/ Depois que o jornalista José Luiz Datena recusou o convite para compor a chapa do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, à reeleição, o governador João Doria responde assim quando alguém lhe pergunta quem ocupará essa posição: “Nem o Bruno sabe”.

O “bolhão” do futebol/ A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) forçou uma volta dos jogadores aos campos e, agora, alguns times estão paralisados pela covid-19. Nos Estados Unidos, por exemplo, as estrelas da NBA voltaram aos ginásios, na “bolha” da Disney, em Orlando. Por aqui, não houve esse cuidado.

Bolsonaro se aproxima de Temer para aprender receita de como enterrar os pedidos de impeachment

Michel Temer e Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

O gesto de Bolsonaro em chamar Temer para chefiar missão humanitária ao Líbano tem um único objetivo: aproximar ambos a ponto de Michel revelar a Bolsonaro a receita para enterrar os pedidos de impeachment e salvar os seus.

…e votos

Entre os aliados do presidente, ninguém se esquece de que Temer conseguiu manter uma base congressual, mesmo diante de uma saraivada de problemas. A mira dos bolsonaristas, agora, é segurar todos os votos possíveis dentro do Parlamento.

Desconfiados

Os integrantes do PP de Arthur Lira estão para lá de desconfiados com essa história de Michel Temer chefiar a missão humanitária do Brasil ao Líbano. É que o atual presidente do MDB e líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), pré-candidato a presidente da Casa, é ligado a Temer. Logo, mais próximo de Bolsonaro, o ex-presidente pode perfeitamente ajudar a puxar a sardinha para o seu correligionário.

Ala de Guedes alerta sobre o perigo de o governo cometer o mesmo erro do PT quando lançou o PAC

Rogério Marinho
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A defesa que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, tem feito publicamente do gasto público ampliado, com aval quase que total dos ministros palacianos e do presidente Jair Bolsonaro, será debatida, hoje, em reunião no Planalto para tratar do programa Pró-Brasil. O encontro será comandado pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto, responsável pelo desenho geral do projeto.

O Pró-Brasil, aliás, é visto como a saída para o governo tentar deixar em segundo plano a tragédia da pandemia e, ao mesmo tempo, mostrar serviço e recuperar a economia. A ala do ministro Paulo Guedes, entretanto, tem dito reservadamente que é preciso ter cuidado para não cair no mesmo erro do PT, que, mesmo sem recursos, lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A missão covid-19

O presidente Jair Bolsonaro não quer saber de seu governo ser responsabilizado pelas 100 mil mortes. Por isso, a ordem é bater bumbo sobre as medidas adotadas. Por exemplo, a distribuição de material hospitalar aos estados.

Vai que é tua!

Só tem um probleminha e isso será explorado pela oposição hoje, amanhã e em 2022. A troca de ministro da saúde ao longo desses cinco meses e a interinidade de Eduardo Pazuello são da lavra presidencial. Os pronunciamentos em cadeia nacional, inclusive o primeiro, quando Bolsonaro se referiu à covid-19 como “gripezinha” também têm a marca do presidente.

Melhora isso aí

Aliados do presidente estão convencidos de que, diante da tragédia da pandemia, a forma de aliviar o sofrimento é recuperar a economia. A avaliação é de que, se aposta der certo, nada impedirá um segundo mandato.

Olha o protocolo I/ Como quase toda a turma palaciana já teve covid-19, quase ninguém por lá está respeitando os protocolos, uso de máscara, etc. Hoje, por exemplo, em pleno pico da covid-19 em Brasília, a reunião do ministro Braga Netto (foto) sobre o Pró-Brasil deve contar com a presença de quase 30 pessoas.

Olha o protocolo II/ Embora muitos palacianos tenham passado pela covid-19, inclusive Braga Netto, outros dentro do governo não tiveram a doença. E tendo em vista que há casos de reinfecção, não dá para dispensar os protocolos, ainda que a reincidência seja rara.

Mourão sobre garimpo em áreas indígenas: “temos que parar de tapar o sol com a peneira”

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Em debate virtual hoje de manhã, tanto o vice-presidente Hamilton Mourão e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo cobraram dos congressistas a regulamentação do garimpo em terras indígenas, possibilidade prevista na Constituição e que há 32 anos aguarda regulamentação. “Nossos indígenas vivem em terras ricas como mendigos. Não têm acesso às conquistas materiais da humanidade, porque são preservados como se fossem animais num zoológico”, disse Mourão, acrescentando que é preciso “parar de tapar o sol com a peneira e entender que o indígena tem o direito de explorar a terra dele dentro dos ditames da legislação”, afirmou, defendendo essa exploração como forma de ampliar o acesso aos bens materiais do mundo moderno, “e não vivendo segregado de forma como os portugueses os encontraram em 1.500”, disse.

A declaração foi dada numa live promovida pela FSB comunicação. No encontro, discutiram a Amazônia e seus pontos mais polêmicos, sob a mediação do jornalista Alon Feuerwerker. O vice-presidente cobrou que é preciso discutir o assunto, porque, senão, as ilegalidades prosperam. Foi a senha para que o ex-ministro Aldo Rebelo citasse o caso recente de Rondônia, que abriga uma das maiores reservas de diamante do mundo, onde, recentemente, a Polícia Federal prendeu contrabandistas internacionais. “O garimpo acontece e da pior forma possível, porque sai tudo clandestino do país”, disse Aldo.

Ambos foram incisivos ao dizer que é preciso fazer valer a legislação brasileira para a Amazônia, que classificam como uma das mais avançadas do mundo. O vice-presidente defendeu inclusive a necessidade de melhorar a qualidade do monitoramento da região. “Nosso sistema de monitoramento, de apoio à decisão, se ressente de melhor qualidade”, disse referindo-se aos sistemas ópticos que não conseguem monitorar em períodos de chuva e de muitas nuvens.

Já o ex-ministro afirmou que o Código Ambiental, do qual ele foi relator no passado, “é o que há de instrumento mais rigoroso no mundo, em termos de proteção ao meio ambiente”, e que até ONGs que foram contra o texto, apresentam-no como fiador das metas de acordo do clima. “O problema é que o estado brasileiro agiu de modo irresponsável. Não digo governos. Digo o estado”, afirmou, ao mencionar a politica de ocupação da região no passado, que levou as pessoas para Amazônia. “O Estado as levou. Depois, foram abandonadas. Quando o estado volta, é com o Polícia Federal e Ibama para tirar de lá”, afirmou, defendendo a necessidade de se criar uma politica que equilibre a proteção da floresta com a produção. “Não dá para colocar toda a população na floresta para procurar essência para a Natura, não pode ser assim”, disse ele, com a concordância do vice-presidente.

Pela exposição de ambos, está claro que Aldo, que já foi ministro de Lula, e Mourão, do lado oposto da política, caminham hoje na mesma direção, ambos ficam com o Marechal Rondon, “proteger as tradições dos índios, preservar a integridade cultural, mas íntegrá-los à sociedade nacional. A sociedade nacional não tem o direito de relegar uma parte da sua população a viver no (período) neolítico”, disse Aldo.

Líderes do Congresso acreditam em reforma tributária ampla

Congresso e planalto
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Pesquisa da Vector Análise, encomendada pela Necton Investimentos, indica que a maioria dos principais líderes e vice-líderes do Congresso Nacional acredita na aprovação de uma reforma tributária mais ampla do que deseja o governo. Esta é a opinião de 76,3% dos 47 líderes ouvidos no levantamento. E em pelo menos uma das Casas, o texto consegue ser votado até o final do ano, segundo 64% dos líderes.

A consulta indica, ainda, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, terá dificuldade em convencer os congressistas da necessidade do imposto sobre transações digitais, ainda que seja para desonerar a folha de pagamento das empresas. 54,2% discordam. Diante da necessidade de 308 votos para aprovar o imposto, é melhor o governo começar a pensar num plano B.

Nem vem

A contar pelas apostas dos líderes e vice-líderes, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acerta em dizer que não pretende disputar a reeleição, ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) venha a aprovar algo nesse sentido. Na pesquisa da Vector Análise, 68,6% consideram que não será permitida a recondução.

Quem sabe cola? I

Entre os senadores, 50% dizem acreditar que será permitida a reeleição do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Quem sabe cola? II

O pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), para a troca dos promotores que investigam as rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi visto como mais uma tentativa de protelar as apurações. E a contar pela nota do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, as investigações seguem o curso normal.

Flávio ganha uma

Com o parecer do advogado-geral do Senado, Thomaz Azevedo, em favor do arquivamento do pedido de abertura de processo contra o senador, a tendência do presidente do Conselho de Ética da Casa, senador Jayme Campos (DEM-MT), é arquivar. Azevedo considerou que o esquema das rachadinhas e denúncias relacionadas ao caso são anteriores ao mandato e, portanto, não cabe abertura de processo por quebra de decoro.

CURTIDAS

Ranking I/ A Vector Análise quis saber, numa escala de zero a 10, quanto os líderes confiavam em alguns ministros. O que obteve a nota de confiança mais baixa, entre quatro ministros pesquisados, foi o da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos (5,16). Justamente o responsável pela articulação política.

Ranking II/ A medição incluiu, ainda, os ministros da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. O que os líderes mais confiam é Tarcísio. O ex-consultor da Câmara ficou com grau 7,13.

Ranking III/ Entre Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, os congressistas pesquisados ficaram com Campos Neto. Ele obteve 6,11 de confiança, enquanto Guedes ficou com 5,22, bem próximo do ministro Ramos.

Uma prisão, vários estilhaços/ Com a detenção do secretário de transportes metropolitanos do governo de São Paulo, Alexandre Baldy, por causa de denúncias do tempo em que ainda era deputado federal, vem aí uma exploração direta de suas ligações políticas. Baldy é do PP de Ciro Nogueira, é compadre de Rodrigo Maia. Era uma das apostas da equipe do governador de São Paulo, João Doria, que já tem que administrar o desgaste do PSDB com outras denúncias envolvendo os tucanos de alta plumagem. Quem sai bem nessa história é o presidente Jair Bolsonaro, que descartou fazer de Baldy um de seus ministros.

Covid-19/ A tragédia não cessa. Mais 1.237 óbitos registrados, ou seja, dez explosões como a que ocorreu em Beirute. Aos parentes das vítimas daqui e de lá, nossas condolências.

Comissão Mista do Orçamento será a próxima batalha na guerra fria no racha do Centrão

Centrão
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Coluna Brasília-DF

Com o envio do Orçamento ao Congresso, este mês, os parlamentares não têm saída, senão instalar a Comissão Mista que, anualmente, analisa a proposta. Antes do racha do Centrão, estava combinado que o comando do colegiado ficaria com o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) e a relatoria com o Senado.

Ocorre que, diante da divisão do Centrão, a tendência é haver uma disputa pela vaga. Será mais uma batalha nessa guerra fria entre o grupo liderado por Arthur Lira (PP-AL) e o mais afinado com Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O primeiro round, o presidente da Câmara ganhou, ao conseguir manter Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) no cargo de líder da Maioria, uma vez que o PSDB vetou o movimento que tentava colocar o deputado Celso Sabino (PSDB-PA). Agora, é ver como será a da CMO, que até aqui não foi instalada.

Baixo clero no limite

Com o calendário eleitoral batendo à porta, deputados do baixo clero, aqueles que não ocupam postos de líder ou vice-líder, estão ávidos pela volta das sessões presenciais para discursar na tribuna. Para reduzir essa pressão, Rodrigo Maia criou uma comissão que vai estudar a forma mais segura para a retomada.

Velha fórmula

Reza a lenda no poder público que, quando não se quer resolver uma pendência no curtíssimo prazo, cria-se uma comissão. Assim, a pressão diminui e o tempo passa. A comissão, quando for instalada, terá 15 dias para apresentar um parecer.

Equação difícil

O retorno das sessões presenciais é considerado muito difícil, uma vez que não há microfones em todas as fileiras, nem assentos para os 513 em plenário sem distanciamento social para a obrigatoriedade de manter distância. Além disso, a Câmara ainda não mapeou quantos deputados tiveram covid e quantos têm comorbidades. Esse, aliás, deverá ser um dos trabalhos da comissão.

Ctrl C + Ctrl V

A exposição do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Comissão Especial da reforma tributária, é praticamente igual àquela apresentada quando do envio da proposta da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) ao Congresso, no mês passado. Na opinião de muitos senadores, o governo ainda não tem um plano estratégico, com começo, meio e fim, para recuperação pós-pandemia.

Ingratidão

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) falou ao O Globo sobre todos os temas, de Fabrício Queiroz à eleição no Rio, e mencionou até pautas “embarreiradas” por Rodrigo Maia. O senador se esquece que, em meio a projetos relacionados às armas, por exemplo, tem também uma penca de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, que, conforme declarou o próprio presidente da Câmara em entrevista ao Roda Viva, esta semana, continuarão embarreirados.

CURTIDAS

O sobrevivente/ O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), quem diria, ganhou o apoio de Rodrigo Maia, do DEM e do MDB. Explica-se: ninguém quer que o cargo termine nas mãos de Ricardo Barros (PP-PR).

Bom senso mandou lembrança I/ Num dos voos da Latam para São Paulo, com destino a Guarulhos, na tarde da última segunda-feira, as quatro primeiras filas estavam com apenas um assento ocupado. Enquanto isso, alguns senhores de cabeça branquinha viajavam lado a lado, em fileiras mais atrás, com as três cadeiras ocupadas, sem distanciamento.

Bom senso mandou lembrança II/ É que as sete primeiras fileiras são assentos Latam , reservados para detentores de cartões de fidelidade platinum ou black. Nem quando estão vazios, depois de concluído o embarque, há remanejamento para dar mais segurança àqueles com mais de 60 anos.

Mil vezes mais/ A explosão em Beirute matou mais de 100 pessoas, e o Brasil se aproxima das 100 mil mortes pela covid-19. É como se houvesse, por aqui, 1.000 explosões daquelas nesses quase seis meses de pandemia no nosso país. Como estamos no patamar de mil mortes por dia, seria o mesmo que dez explosões como aquela diariamente.