O conforto dos Sarney

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No final de 1996, um acordo entre os partidos permitiu que a base aliada ao governo de Fernando Henrique Cardoso aprovasse a reeleição em 1997 para valer no ano seguinte. Agora, 20 anos depois, está em gestação um princípio de acordo para acabar com esse direito em 2017 para valer já em 2018. Assim, o presidente Michel Temer tiraria de cena qualquer receio do PSDB e do DEM de que, se o governo der certo, ele seja chamado a pleitear um novo mandato.

As conversas sobre o fim da reeleição têm chamado a atenção do grupo do ex-presidente José Sarney, no Maranhão. Tudo porque, se a ideia emplacar, tira o governador Flávio Dino (PCdoB) da briga pelo cargo. Falta combinar, entretanto, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, que tem o filho governador de Alagoas, com possibilidade de concorrer a mais um mandato.

As suspeitas da PF
Entre os policiais federais restam hoje poucas dúvidas de que o superintendente da regional de São Paulo, Disney Rosseti, vai substituir em breve Leandro Daiello Coimbra no comando geral da Polícia Federal. Para quem não se lembra, o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, se reuniu com Rosseti por quase duas horas, antes de propalar aos quatro ventos em Ribeirão Preto que haveria novidades na Lava Jato. A fala do ministro ocorreu justamente na véspera da prisão de Antonio Palocci. Depois daquela reunião, Disney Rosseti já veio duas vezes a Brasília.

Nova ciumeira
Deputados __ e até ministros __ têm olhado com ar de inveja para o ministro de Desenvolvimento Social, Osmar Terra. Há quem diga que ele é um dos poucos com recursos para dar prosseguimento aos projetos da pasta. Para completar, ainda tem a bela e suave primeira-dama, Marcela Temer, para ajudá-lo a promover as ações voltadas às crianças. Se brincar, está em construção aí um candidato forte ao governo do Rio Grande do Sul.

Novo governo & velhos vícios
Eram 15 os deputados que ameaçavam fazer greve contra a PEC do teto do gasto público, caso o governo não nomeasse logo o ministro do Turismo, Marx Beltrão. É a turma do toma-lá-dá-cá jogando sobre o governo de Michel Temer o mesmo veneno que aplicava à administração Dilma Rousseff.

PCdoB no divã
Tem gente desconfortável com o fato de Jandira Feghali ter transformado a campanha dela para a prefeitura do Rio de Janeiro numa espécie de plebiscito sobre o #ForaTemer. Deu no que deu. Há quem defenda os comunistas passem a tratar dos assuntos da população (saúde, previdência, segurança, educação) e deixe que o PT fique remoendo o passado.

CURTIDAS

Pais & filhos/ Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Robert Azevêdo começa sua visita a Brasília, nesta segunda-feira (10), num evento pelo qual sente particular orgulho: a inauguração da loja de sua filha Luisa Farani no shopping Iguatemi, a partir das 17h. A estilista brasiliense despertou as atenções do mundo da moda e da primeira-dama Marcela Temer, que escolheu um vestido criado por Luisa para acompanhar o marido no desfile de 7 de Setembro.

Guerra de Titãs I/ Enquanto o governo se preocupa com a PEC do teto de gastos e remoe a sessão de sexta-feira, quando nem André Moura registrou presença, o mundo jurídico se divide entre a PEC e a disputa das duas vagas ao Conselho Nacional de Justiça, uma na Câmara, outra no Senado. A decisão está prevista para os próximos dias.

Guerra de Titãs II/ No Senado concorrerm Henrique Ávila e Octávio Orzani. Ávila, mestre em Direito Processual na PUC-SP, é sócio do escritório carioca Sérgio Bermudes e tem o apoio do ministro Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Renan Calheiros. Orzani, servidor de carreira do Senado, mestre e graduado na USP, e em Salamanca (Espanha). Foi delegado da PF e ainda trabalhou no Ministério da Justiça.

Guerra de Titãs III/ Na Câmara, a briga envolve Ana Luísa Marcondes e Felipe Cascais Sabino Bresciani. Ünica mulher na disputa, Ana Luísa é servidora federal, doutoranda na Universidade de Buenos Aires e assessora-chefe do Conselho Naiconal do Ministério Público. O adversário dela é sub-chefe adjunto de Assuntos Jurídicos da Casa Civil e servidor de carreira do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). O chefe imediato de Bresciani, Gustavo Rocha, tem feito campanha entre os deputados para emplacar o subordinado.

Colisão frontal

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A base do governo reagiu hoje à nota da Procuradoria Geral da República, que ontem, no final da tarde, classificou a PEC 241, do teto de gastos, como um documento repleto de inconstitucionalidades. A reação está expressa numa carta assinada por 22 lideres partidários (leia inegra abaixo). Os deputados expõem as razões para a aprovação da PEC, dizem claramente que “a PGR mostra-se em rota de colisão com o Legislativo”. Nas entrelinhas, o texto ainda dá um “chega para lá” nas corporações de um modo geral ao dizer que “chegou o momento de mostrar que o Brasil é maior do que os privilégios que sempre nos desviaram da boa governança, do desenvolvimento e da gestão eficiente”.

RESPOSTA DA LIDERANÇA DO GOVERNO E DOS LÍDERES DA BASE À NOTA DA PGR

O Brasil vem enfrentando uma das mais graves crises de sua história no que tange às contas públicas. O desequilíbrio fiscal pune de forma indiscriminada todos os brasileiros, sem qualquer exceção. Este governo, que recebeu a responsabilidade de resgatar a confiança em nossa economia, exerce de forma responsável e republicana sua tarefa. Obedecendo os preceitos constitucionais, executamos todas as medidas necessárias para devolver ao Brasil sua estabilidade, arrancada das mãos de nosso povo na última década.

Infelizmente, o peso do ajuste fiscal, está caindo sobre os ombros de todos os brasileiros. Anos de irresponsabilidade com as contas públicas levaram nosso País a encarar retração econômica, perda de empregos, diminuição da renda e a falta de confiança internacional. Sabemos, que para resgatar o rumo correto, necessitamos de disciplina fiscal. Toda a administração pública precisa unir-se em um esforço conjunto no intuito de recuperar nossa economia. Nenhum órgão deve fazer pressão no intuito de manter suas benesses.

O objetivo da PEC 241 é limitar gastos. É preciso lembrar que os recursos recebidos pelo Estado são o resultado do suor de cada brasileiro, portanto, racionalizar os custos de nossa administração pública é respeitar nosso cidadão, aquele único responsável por custear a existência da máquina pública. O Estado não pode ser maior do que nosso povo. A PGR não deve ser maior do que todos os esforços de uma nação.

Neste esforço nacional de recuperação não podem haver privilégios ou salvaguardas. Não é justo cobrar esforço de uns em detrimento de outros. Nunca haverá a união nacional necessária em momentos de crise enquanto alguns enxergarem-se mais importantes do que outros.

Nossa Constituição é clara: Todos são iguais perante a lei. Portanto, nosso trabalho concentra-se no esforço em equilibrar as contas públicas respeitando nossa Carta Magna. Em nossa República não pode haver espaço para um comportamento corporativista e egoísta que coloca o Brasil à beira de uma catástrofe fiscal. É importante que a PGR, assim como este governo, tenha compromisso com o País.

O controle constitucional, já realizado pelo órgão legislador competente, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados, deve ser respeitado como elemento essencial de legalidade de nosso processo legislativo. Questionar o parecer soberano de um órgão de nosso parlamento é enfraquecer nossa democracia. A PGR mostra-se em rota de colisão com o legislativo.

Chegou o momento de todos os poderes assumirem a responsabilidade de um passo que somente fortalecerá nossa República, exigindo em nossa Carta a disciplina fiscal necessária para a existência de um Estado moderno, eficiente e justo com o cidadão. Chegou o momento do Brasil, como nação, mostrar-se maior do que os privilégios que sempre nos desviaram da boa governança, do desenvolvimento e da gestão eficiente.

Dep. André Moura – Líder do Governo
Dep. Baleia Rossi – Líder do PMDB
Dep. Antônio Imbassay – Líder do PSDB
Dep. Agnaldo Ribeiro – Líder do PP
Dep. Aelton Freitas – Líder do PR
Dep. Rogério Rosso – Líder do PSD
Dep. Paulo Foletto – Líder do PSB
Dep. Pauderney Avelino – Líder do DEM
Dep. Márcio Marinho – Líder do PRB
Dep. Jovair Arantes – Líder PTB
Dep. Genecias Noronha – Líder SDD
Dep. Antonio Jácome – Líder do PTN
Dep. Rubens Bueno – Líder do PPS
Dep. Pastor Marco Feliciano – Líder do PSC
Dep. Evandro Gussi – Líder do PV
Dep. Givaldo Carimbão – Líder do PHS
Dep. Ronaldo Fonseca – Líder do Pros
Dep. Junior Marreca – Líder do PEN
Dep. Luiz Tibé – Líder do PT do B
Dep. Alfredo Kaefer – Líder do PR
Dep. Nivaldo Albuquerque – Líder do PRP
Dep. Val Amélio – Líder do PRTB

Água mole em pedra dura…

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Setores da Polícia Federal estão muito preocupados com os rumores de novas mudanças no grupo de delegados que integra a força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba. Policiais federais foram alertados por amigos dentro do governo que os alvos agora são aqueles que estão desde o início da operação, Márcio Anselmo e Érika Marena.

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Érika, para quem não se lembra, é aquela delegada considerada a madrinha da operação. Foi ela quem a batizou de Lava-Jato. E Márcio Anselmo é hoje uma espécie de “pai” da investigação. Se o governo mexer aí, em especial com a perspectiva de delação de Marcelo Odebrecht, vai dar problema.

Assim não dá
Deputados estão incomodados em ter de votar a reforma da previdência estadual, conforme acordo que começa a ser cogitado entre governadores e o governo Michel Temer. Parlamentares avaliam que, em 2018, os deputados estaduais estarão com fama de bonzinhos e prontos para serem candidatos a federal, enquanto os congressistas de hoje estarão no desgaste com o eleitor.

Rixa tucana
Mal o governo respirou com a aprovação do teto de gastos na comissão especial, surgem outros problemas no horizonte. As declarações do governador do PSDB, Beto Richa, jogando um balde de água fria na aplicação da nova matriz curricular definida pela MP da reforma no ensino médio foram vistas como mais um capítulo nas rusgas entre PMDB e PSDB. Por sorte, o Instituto Teotônio Vilela divulgou um artigo elogiando as mudanças.

Duelo em Minas…
O candidato a prefeito de Montes Claros, Rui Muniz (PSB), fez transbordar a disputa velada entre o deputado Júlio Delgado e o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda. Júlio quer a troca do candidato e a expulsão do prefeito do partido, porque Muniz disputou o primeiro turno foragido e só apareceu depois que passou a vigorar o prazo que proibia prisão em flagrante por causa da eleição.Lacerda defende que se espere a decisão da Justiça Eleitoral.

…Vai rachar o PSB
Lacerda, quando perguntado se será candidato a governador de Minas Gerais, responde que “o ex-prefeito de Belo Horizonte é sempre um candidato natural”. Júlio, por sua vez, tem mais tempo de PSB e, a amigos, tem dito que Lacerda não terá apoio do partido.

CURTIDAS

Alckmin na roda…/ A presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (foto), no show em homenagem ao centenário do nascimento de Ulysses Guimarães, fez com que o dono da Universidade Paulista, João Carlos Di Gênio, amigo do governador, cometesse um deslize protocolar: ele esqueceu do representante do governo federal, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e cumprimentou todas as autoridades citando apenas o governador. Também pudera. Os ministros foram embora antes do show. Alckmin ficou até o final.

…Cheio de graça…/ Num grupo de jornalistas que o bombardeavam com perguntas durante o coquetel logo após o show, Alckmin remodelou para a política um mandamento de etiqueta para esses tipos de evento, seguido à risca desde a década de 1950 por senhoras de dieta. Os quatro esses: surgir, saudar, sorrir e sumir!

…E perto do povo/ De Brasília, Alckmin seguiu para Cuiabá. Ele está em fase de périplo por 12 estados assinando convênios com hospitais universitários para continuidade dos testes de vacinas contra a dengue produzidas pelo Instituto Butantã de São Paulo. Foi o jeito que os aliados dele encontraram de colocar o governador nos holofotes fora de seu estado natal.

Até aqui, tudo bem/ O presidente do PSDB, Aécio Neves, não está nem um pouco incomodado com as andanças do governador paulista. Em conversas com amigos, ele tem dito que, se for para deixar o PSDB em evidência, ninguém vai reclamar.

PSB espreme Romário

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Se o senador Romário esperava um motivo para deixar o PSB __ ou o partido pretendia criar algum pretexto para expulsá-lo __, a “tempestade perfeita” está criada. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, divulgou há pouco uma nota em que declara o apoio dos socialistas a Marcelo Freixo (Psol) neste segundo turno da briga pela prefeitura do Rio de Janeiro. Eis a íntegra:

“EXECUTIVA NACIONAL DO PSB DECIDE APOIAR MARCELO FREIXO NO RIO
A Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro decidiu prestar apoio irrestrito ao candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo (PSOL), no segundo turno das eleições, considerando a deliberação, na tarde desta sexta-feira (7), dos Diretórios Municipal e Estadual do Rio de remeterem à instância nacional a definição sobre o posicionamento do partido na Capital.

CARLOS SIQUEIRA

Presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB”

Romário desde o primeiro turno apoia o senador Marcelo Crivella. O PSB tinha a vaga de vice na chapa de Índio da Costa. Há quem se refira à nota acima como a “serventia da casa” para Romário. Vejamos os próximos rounds.

O último dos moicanos

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O último dos moicanos

O esforço do ex-presidente Lula para que o PT apoie Roberto Cláudio para prefeito de Fortaleza está diretamente relacionado ao projeto do petista de deixar as portas abertas para fazer de Ciro Gomes seu candidato a presidente em 2018. Ciro, hoje no PDT, é considerado um dos poucos nomes da política capaz de ir para o “tudo ou nada” contra o PMDB ou a trinca de pré-candidatos de PSDB – Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra.

O próprio Lula tem dito em conversas reservadas que os processos contra ele têm potencial para tirá-lo do jogo daqui a dois anos. E, se nada mudar, qualquer candidato do PT estará fadado a repetir o resultado que o partido obteve nessa eleição municipal. E Ciro, avalia Lula, com o apoio dos partidos de esquerda, teria pelo menos 15% dos votos. Esse percentual, combinado com uma pulverização dos partidos que apoiam Michel Temer, colocaria o ex-ministro no segundo turno. Diante desses cálculos, Ciro é hoje um jogador a ser acompanhado de perto.

Par de Valetes
O fato de ser Aécio Neves __ e não o diretório pernambucano do PSDB __ a anunciar o apoio neste segundo turno a Geraldo Julio, em Recife, e Antônio Campos, em Olinda, é uma forma de o presidente do PSDB tentar empatar o jogo com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dentro do PSB. Hoje, Alckmin tem o aval do vice-governador, Márcio França, enquanto Aécio busca o grupo de Pernambuco.

Par de Reis
Em São Paulo, entretanto, quem acompanha o jogo de Alckmin de perto, garante que ele será candidato à presidente da República, ainda que não seja pelo PSDB. Se o governador for para o PSB, o jogo de Aécio hoje em Pernambuco tende a somar zero.

Par de Ases
Dentro do grupo aecista, a ideia é jogar com a data das prévias no partido de modo a evitar que Geraldo Alckmin tenha prazo para pleitear a candidatura por outra legenda. Ou seja, lá para o início de 2018.

O jogo deles
Com a decisão do Superior Tribunal de Justiça, de colocar os processos contra governadores dependentes de autorização das assembleias legislativas, o toma-lá-dá-cá vai imperar entre deputados e executivos estaduais.

CURTIDAS

Dona Lu e as sandálias da humildade/ A primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin, disse adeus às grifes que fazem a cabeça da maioria das socialites e mulheres de políticos. A pedido do marido, fez voto de pobreza. Só usa roupas da assistência social. No geral, aliados de Alckmin reforçam: “Quem é bela não precisa de “perequetê”.

Marcela na área/ A estreia da primeira-dama, Marcela Temer, outra que não é dada a exibir o alto luxo, pelo menos, nas aparições públicas, foi vista como um sucesso no Planalto. Que ninguém se surpreenda se, num futuro não tão distante, ela enveredar numa candidatura a deputada.

Temer no foco/ Nem Marcela, nem a guerra de 2018. As atenções do presidente hoje estão voltadas à votação do teto de gastos. Enquanto não for aprovado, ele não cuidará de outros temas.

E o Haddad, hein?/ O que mais se ouve nas rodas políticas de São Paulo é que Fernando Haddad teria lugar num segundo turno em qualquer outro partido, que não o PT. “Haddad é um tucano filiado ao PT”.

A lei das compensações

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Coincidência ou não, no mesmo dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin liberou o processo contra Renan Calheiros para julgamento, o Planalto bateu o martelo sobre a nomeação do deputado Marx Beltrão, apadrinhado pelo senador Renan Calheiros, para ministro do Turismo. É uma forma de tentar manter o presidente do Senado de bom humor.

Para lembrar: O processo, de 2007, se refere à suspeita de que as despesas de uma filha do senador fora casamento eram custeadas pela empreiteira Mendes Júnior. Renan nega e diz desejar que o caso vá logo a julgamento.

Decifra-me ou te devoro

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Passada a sua primeira eleição enquanto partido, a Rede Sustentabilidade de Marina Silva já sofre dissidências, com a saída de um grupo do Rio de Janeiro e de dois militantes de Porto Alegre. A carta encabeçada por Luiz Eduardo Soares, porta-voz da Rede no Rio de Janeiro, para justificar esse afastamento, foi recebida com desprezo pela cúpula do partido de Marina Silva. Isso porque os argumentos citados, como o apoio ao impeachment e o fato de o partido fazer o que Marina deseja, foram refutados. No caso do impeachment, foram dias de debates.

“Eles é que não entenderam a Rede e fizeram uma campanha voltada para o eleitorado da esquerda, que já estava com Marcelo Freixo. Desprezaram aquele eleitor que votou em Marina em 2016. É muito fácil culpar os outros pela derrota”, diz Pedro Ivo, um dos coordenadores de organização da Rede, muito ligado a Marina.

A cobrança
Deputados e senadores do PMDB vão começar a pressionar o partido para que seus personagens enroscados na Lava Jato comecem a se explicar bem antes de 2018. De olho na sobrevivência, há quem diga que não dá para entrar numa campanha estadual com essa espada sobre a cabeça do partido.

Soneto de separação
A disputa em São Paulo no primeiro turno entre PSDB E PMDB e a final em Porto Alegre, nessa segunda rodada, serão monitoradas com cuidado para não refletir nas votações dos projetos das reformas. Se for para brigar, que seja só na eleição de 2018.

Não é por aí
Segundo turno é tempo de agregar quem votou nos outros candidatos. Não será espezinhando o PMDB que os finalistas vão vencer. Afinal, dizem alguns, nos votos do PMDB pode estar a chave para a vitória.

Santo de casa/ O governador do Ceará, Camilo Santana, perdeu a eleição em Barbalha, sua cidade natal. Seu candidato era Fernando Santana (PT), mas quem ganhou foi Argemiro Sampaio (PSDB). Seus aliados avisam que é mau agouro para 2018.

Vai ferver…/ Petistas que sobreviveram nesta campanha pretendem cobrar do partido que pare com essa história de tratar José Dirceu (foto) como “guerreiro do povo brasileiro”.

…E embolar/ Afinal, já tem gente no partido dizendo que Dirceu não é um “preso político” e sim um “político preso”.

Daí pra Lula…/ O receio dos petistas é que essa pressão chegue a Lula, o maior nome do PT. “Aí, não!”, dizem outros.

vitoriosos e derrotados rumo a 2018

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Os recados dados pelo eleitor, ontem, vão guiar os próximos passos dos políticos com projetos ousados para a eleição presidencial. Quem saiu animado do pleito foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente do partido, Aécio Neves. Aécio, entretanto, ainda tem que passar pelo segundo turno em Belo Horizonte, enquanto Alckmin terminou a noite em comemoração final. Ele se mostrava mais feliz pelos movimentos que adotou ao longo do processo do que propriamente pela vitória — que já vem sendo atribuída ao fato de João Doria se apresentar como um gestor e não como um “poste de Geraldo”.

Dentro do PSDB paulistano, Alckmin deu uma “cotovelada” nos aliados do ministro das Relações Exteriores, José Serra, ao fazer de João Doria candidato a prefeito da maior cidade do país. É bom lembrar que Andrea Matarazzo, serrista, seguiu para o PSD de Gilberto Kassab. De comum acordo com Serra, Matarazzo virou candidato a vice na chapa de Marta Suplicy, desta feita, candidata pelo PMDB. A dupla terminou em 4º lugar, deixando o PMDB com o signo da derrota e Serra com a missão de correr para se livrar do prejuízo, se quiser mesmo ser candidato a presidente da República pelo PMDB.

Por falar em PMDB…
A derrota do PMDB no Rio de Janeiro é outro dado relevante. O prefeito Eduardo Paes fez uma Olimpíada aplaudida pelo Brasil e pelo mundo, mas não conseguiu transformar esse sucesso em votos para o candidato que praticamente impôs ao partido, apesar de todas as dificuldades de Pedro Paulo, em especial, no eleitorado feminino, depois da história de ter batido na mulher. A derrota no Rio não só tira de Paes o verniz capaz de levá-lo a pleitear uma candidatura presidencial, como deixa o partido no Rio de Janeiro sob o perigo de perder mais terreno em 2018. Para completar a tragédia eleitoral peemedebista, o candidato Marcelo Crivella (PRB) já afirmou que não quer conversa com o PMDB, apontado como parceiro do PT na Lava-Jato,. Conversará apenas com os eleitores. Agora, o PMDB, rejeitado, não quer saber de Michel Temer ajudando Crivella no segundo turno. O que, aliás, já é dado como certo no Planalto: o presidente ficará fora até para que depois não digam que puxou algum candidato para baixo.

E o DEM, hein?
Quem se apresenta firme no jogo para 2018 é o prefeito de Salvador, ACM Neto, reeleito ontem com mais de 70% dos votos. Sua gestão, para lá de bem avaliada, será observada com mais atenção nos próximos anos, até porque, dentro do DEM, seu nome já é citado como um possível candidato a presidente, embora ele se coloque mesmo para concorrer ao governo da Bahia.

A Rede furou…
Esse primeiro turno mostrou ainda que o eleitor “se lixou” para padrinhos. Prova disso foi o fraco desempenho da Rede de Marina Silva, que mostrou não ter lastro hoje para arrastar multidões. A sigla disputará o segundo turno em Macapá contra o ex-senador Gilvam Borges (PMDB), aliado do ex-presidente José Sarney. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente fez campanha, os candidatos tiveram um desempenho abaixo do que o partido classificaria de “modesto”.

… E o PT definhou
Ex-petista, Marina Silva termina esse pleito como o seu antigo partido. O PT esperava emplacar, pelo menos, quatro candidatos num segundo turno para se considerar vivo eleitoralmente rumo a 2018: São Paulo, Porto Alegre, Recife e Fortaleza. Os resultados tiveram efeito de um jato d’água nas pretensões petistas. O partido foi para o segundo turno apenas em Recife e por uma margem muito pequena. Para completar, os eleitores dos demais candidatos, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão, tendem a seguir com Geraldo Júlio, uma vez que eleitores do DEM e do PSDB são tradicionalmente resistentes a votar no Partido dos Trabalhadores. Lula pode até tentar alavancar, mas, diante de uma rejeição geral aos padrinhos, periga atrapalhar.

O PSol brilhou
O PSol, por sua vez, se apresenta no cenário político como um possível herdeiro dos eleitores desencantados com o PT. No Rio de Janeiro, por exemplo, o partido chegou ao segundo turno. Resta saber se saberá ampliar ou se comportará como o PT na década de 1980, que se mostrava avesso a alianças. Se o PSol se isolar à esquerda com os históricos aliados do PT tende ao fracasso.

Enquanto isso, em outras capitais…
A primeira temporada eleitoral de 2016 mostrou que a política repete o que prevalece na internet, onde o mundo é segmentado. Haja vista a ascensão de integrantes de pequenos e desconhecidos partidos a segundos turnos. Em Curitiba, por exemplo, o ex-prefeito Rafael Greca, do PMN, vai concorrer contra Ney Leprevost, de uma coligação de pequenos partidos. Em Vitória, Amaro Neto, do Solidariedade, tem apenas uma sigla tradicional na coligação, o DEM, e vai enfrentar, em 30 de outubro, o prefeito-candidato Luciano Rezende (PPS). Vale registrar: com o número de segundos turnos inferior ao que estava previsto, a tendência é Brasília retomar o seu movimento e as votações das reformas. Já não era sem tempo.

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Foi só o começo

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A “volta” que o presidente Michel Temer deu hoje de manhã, votando bem cedo para evitar protestos, foi apenas o primeiro da série de dribles que ele terá que dar daqui por diante para escapar dos manifestantes. A ideia dos petistas, passadas as eleições de hoje, é não dar sossego ao presidente.

PF enfurnada

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Enquanto o governo dava notícias de agentes da Polícia Federal mobilizados para acompanhar as eleições, um outro grupo de policiais, sem alarde, passou a tarde da última sexta-feira na sede de Furnas, no Rio de Janeiro. Foram buscar documentos sobre os negócios da empresa relacionados a senadores e outras personalidades no setor elétrico investigados pela Lava-Jato.
Em tempo: os senadores enroscados no megaescândalo são, na maioria, do PMDB. Quanto a outras personalidades, quem monitorou a operação a uma certa distância, avisa que nunca é demais lembrar que o ex-deputado Eduardo Cunha sempre ajudou a cuidar dos interesses da bancada por ali, em especial, a do PMDB de Minas Gerais.

Esquerda no divã
Ainda que terminem o dia de hoje no segundo turno em algumas capitais, os partidos de esquerda pretendem promover uma reflexão sobre a tradição de não-aliança que o PT impôs na década de 1980. Há quem diga que, essa regrinha não escrita seguida pela maioria dessas legendas quase 30 anos depois, terminou por tirar muitos candidatos do páreo.

Meu garoto!
De olho de 2018, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pretende assumir o podium de padrinho absoluto de João Doria, caso o neo-tucano saia vitorioso das urnas. O pano de fundo é tentar a marcação da pole position para a corrida presidencial.

Primeiro sinal
Deputados trabalham para tentar aprovar as novas regras do pré-sal sem qualquer alteração ainda esta semana. Tudo para garantir que Michel Temer tenha algo para mostrar ao mercado financeiro, logo após o primeiro turno das eleições municipais.

Janela
Diante da enxurrada de segundos turnos que promete sair das urnas hoje, a ordem do governo é aproveitar o mês de novembro para liquidar a votação do teto de gastos. Depois, avaliam os ministros, o Congresso cairá na campanha para a troca de comando na Câmara e no Senado e, aí, a base vai desarrumar.

Em nome da economia…
… Michel Temer pretende ficar fora do segundo turno.

… E dos aliados
A avaliação de muitos é a de que, até aqui, a presença de autoridades nas campanhas dos grandes centros, onde há segundo turno, não tem surtido efeito. De mais a mais, se o presidente vai e o candidato perde, a culpa é do presidente. Se ganhar, foi esforço pessoal do postulante. Por isso, a prudência recomenda manter distância.

CURTIDAS

Brasil no mundo // Não tem um ministro que vá ao exterior e não seja perguntado sobre como anda a “car wash”, ou a “water pump”. A resposta é acompanhada de todo o cuidado com as expressões faciais, de forma a não demonstrar contrariedade: “A investigação prossegue. Doa a quem doer”.

Tempo urge // O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, faz amanhã mais uma rodada de conversas com os deputados e senadores sobre o teto de gastos.

Monitor // O ministro Geddel Vieira Lima (foto) passará os próximos dias sentindo o pulso dos deputados para saber onde a campanha eleitoral provocou estragos na base aliada.

Nunca é demais lembrar // “A corrupção é o cupim da República”, disse Ulysses Guimarães, no discurso de promulgação da Constituição de 1988.