Vem mais, muito mais

Publicado em coluna Brasília-DF

Quem serviu aos governos Lula, Dilma e hoje serve ao de Michel Temer sentiu falta de muitos personagens no anexo do depoimento de Claudio Melo Filho, que se tornou conhecido na última sexta-feira. Faltaram, por exemplo, atores que passaram muito tempo não só no Planalto como no Ministério de Minas e Energia, nas administrações de Dilma e de Lula.

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Da parte de quem acompanha as investigações, entretanto, a resposta a essas ausências será dada por Marcelo Odebrecht e pelo patriarca da empresa, Emílio Odebrecht, cujas delações são consideradas 100 vezes mais devastadoras. Vem coisa pesada aí contra os governos passados. O que parece muito estranho, até para alguns investigadores, foi ter surgido primeiramente as citações justamente a quem está no poder. Suspeita-se de uma cortina de fumaça para tentar barrar a reforma da Previdência e as investidas de Renan Calheiros contra a Lava-Jato.

Uma coisa e outra coisa

Decidido a fazer de Antonio Imbassahy ministro da Secretaria de Governo, o presidente Michel Temer fez chegar aos partidos que compõem o Centrão que a Presidência da Câmara não será moeda de troca nesse processo. O bloco deseja o cargo, algo que Temer não pode dar, uma vez que não há consenso na base aliada sobre quem deve ser o candidato.

Raspa do tacho

A lista de liberação de mais de R$ 1 bilhão em emendas ao Orçamento, neste fim de ano, traz os deputados do PT no topo dos agraciados: R$ 200 milhões. As emendas liberadas do PMDB somaram R$ 112 milhões.

Preparar para descolar

O PSB vai usar a reforma da Previdência para deixar expostas suas diferenças em relação ao governo Temer. Hoje, na solenidade para marcar o centenário de Miguel Arraes, começam os ensaios nesse sentido.

Cronograma difícil

Aqueles que tiveram o cuidado de avaliar a perspectiva de uma eleição direta para escolha de um novo presidente da República, hipótese descartada pelo Planalto, afirmam que uma proposta desse tipo só passaria com o apoio de todos os partidos e todos os setores. Sem consenso, a melhor das hipóteses indica a aprovação apenas em 2018, ano eleitoral. Propostas, aliás, não faltam. Há, pelo menos, duas: uma de Miro Teixeira, na Câmara, e outra de Reguffe, no Senado.

Férias encurtadas/ O presidente Michel Temer cogitou passar 15 dias descansando com a família. Porém, hoje, diante da crise econômica e das dificuldades na política, sairá apenas para as festas de fim de ano. Janeiro será de trabalho, com foco na economia.

Sala de espera/ No momento em que começaram a circular as informações sobre mais um pedido de abertura de inquérito contra o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), ele estava no Planalto, aguardando para falar com um assessor da Secretaria de Governo. Não estava com cara de bons amigos.
Onde mora o perigo/ Se homologada a delação de Claudio Melo Filho, Geddel Vieira Lima (foto), hoje sem foro privilegiado, terá que responder ao juiz Sérgio Moro. O ex-ministro já está se preparando para isso.

Caneta sem tinta/ Os relatos de Claudio Melo Filho indicam que o então ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, não providenciou nada do que a Odebrecht queria. No Congresso, os próprios peemedebistas brincam: ele não tinha poder. Quem mandava era Dilma.