Autor: Denise Rothenburg
Um por todos e todos por um
Os parlamentares enroscados na Lava-Jato têm trocado figurinhas nos últimos dias, dispostos a dividir estratégias e diluir o desgaste. Definiram, por exemplo, um critério para o quesito convocação para depor na CPI da Petrobras: ou a comissão chama todos, ou nenhum. A ideia ajuda a proteger o senador Edison Lobão, que passou pelo constrangimento de ver seu nome citado como investigado desde fevereiro por ocultação de patrimônio. Quem começar a defender essa convocação geral na CPI certamente será o porta-voz do grupo ali. Os integrantes da comissão mais aguerridos estão atentos a qualquer gesto em defesa dessa tese.
PMDB versus PMDB
O presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp, deflagrou um movimento contra o distritão defendido pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha foi avisado ontem de manhã.
Menos, bem menos
Se depender de Raupp, a reforma política se restringirá a três pontos: fim das coligações partidárias, teto para financiamento de campanha e fim da reeleição.
Foi o DEM!
Depois do empurrãozinho ao ajuste fiscal na Câmara, o oposicionista Democratas leva a culpa de tudo quanto é votação majoritária a favor do governo. Ontem, mal Renan Calheiros abriu o painel com os 52 votos pró-Fachin e apenas 27 contra, alguns senadores comentavam que foi o DEM quem terminou ajudando ao placar pra lá favorável ao jurista.
A isca
Relator da MP nº 668, que aumenta impostos, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) acolheu diversas emendas de interesse dos parlamentares para tentar garantir a aprovação da proposta. Inclusive algumas que não têm nada a ver com o tema. O perigo é, na votação dos destaques, as excelências ficarem com as emendas que concedem benefícios, como a das cooperativas de leite, e rejeitarem em votações em separado, os artigos originais da MP.
CURTIDAS
Cabo eleitoral/ O governador do Paraná, Beto Richa, do PSDB, desembarcou mais cedo em Brasília para ajudar a cabalar votos em prol de Luiz Edson Fachin para ministro do Supremo Tribunal Federal. Hoje, ele participa da reunião dos governadores com Renan Calheiros para discutir o pacto federativo.
Senador virtual/ Em viagem à Letônia, o senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná, queria votar por Skype, ontem, em favor de Luiz Fachin para o STF. Não conseguiu. Seria a primeira vez em que Requião e Richa estariam do mesmo lado.
Depois da malhação de Lula…/ Mal terminou a votação de Luiz Edson Fachin para ministro do STF, o presidente do PSDB, Aécio Neves, deixou o plenário. Foi direto para uma academia da cidade, desopilar. A oposição está mesmo precisando de fôlego.
Tucanos no telão/ No plenário do Senado, entretanto, quem ficou viu um pedaço do programa do PSDB na tevê. Para irritação dos petistas, o painel de votação exibiu por engano um trecho do programa, bem na hora em que os tucanos exibiam um trecho de um discurso antigo de Dilma falando maravilhas da economia nacional.
Passadas as primeiras 24 horas depois da aprovação do texto-base de uma das medidas do ajuste fiscal, os parlamentares notaram que vem por aí um novo alinhamento político. Parte do DEM afinada ao prefeito de Salvador, ACM Neto, se aproxima do PMDB de Michel Temer, ao passo que um setor do PSB cria laços com o PSDB.
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Da parte de ACM Neto, essa proximidade, via Geddel Vieira Lima — um dos maiores adversários de seu avô, Antonio Carlos Magalhães —, significa uma tentativa de desenho para 2018. Quanto aos socialistas, a bancada do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, votou
contra a MP, reforçando elos oposicionistas com os tucanos.
…Como no passado
Outros gestos virão. Afinal, são essas votações econômicas que levam divergentes ao diálogo. A aliança que elegeu Fernando Henrique Cardoso presidente em 1994 começou quando da apresentação do Plano Real ao Congresso. O divisor de águas daquele ano se repete agora. Vale observar.
Próximo embate
Depois de terminada a votação do ajuste fiscal na Câmara, os deputados vão votar as propostas que eliminam o chamado fator previdenciário. E tudo porque, na avaliação de muitos, o líder do PT na Casa, Sibá Machado, errou. O assunto deveria ficar restrito à comissão especial, e a base mobilizada para derrotar a proposta ali. Mas Sibá aceitou discutir o tema no plenário, onde os ecos e a visibilidade são muito maiores. E o ajuste fiscal recém-aprovado estará em risco antes mesmo de concluída sua votação no Congresso.
Michel, o articulador
Além de receber os parabéns da presidente Dilma Rousseff pela aprovação do ajuste, Michel Temer era lembrado no Congresso como um dos grandes gestores da vitória. “Muitos votaram mais por ele do que pelo governo como um todo”, comentou um petebista.
DEM dividido
O deputado Mandetta (DEM-MS) ironizava ontem a votação do ajuste fiscal: “O clima ficou muito ruim. Vai ver que os nossos que votaram a favor estão atrás do Ministério do Trabalho”. Ele e outros apostam que, no Senado, o governo não terá tanta sorte com os votos dos democratas.
PCdoB constrangido
A maioria da bancada do PCdoB só votou a favor do ajuste fiscal depois que o presidente do partido, Renato Rabelo, voou até Brasília e deu uma ordem unida: votar a favor do ajuste é sinal de responsabilidade para com o país.
Ditado às avessas/ Sabe aquela história de que os últimos serão os primeiros? Pois é. Ontem, o ex-senador e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge inverteu a sabedoria popular: “Fui o primeiro relator da PEC e o último prejudicado”, comentou, durante a sanção da emenda constitucional que adia para 75 anos a aposentadoria de ministros de tribunais e desembargadores, vulgo PEC da Bengala. José Jorge completou 70 em novembro do ano passado e, por isso, deixou o TCU.
Só isso?/ Depois de conceder uma rápida entrevista ao portal IG em que acusou o governo de abusar do toma lá dá cá para aprovar o ajuste fiscal, o deputado Danilo Forte (foto), do PMDB-CE, foi abordado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros: “Vi sua entrevista. Você foi muito light!”. É… Pelo visto, Renan continuará hard.
Marcados/ Os deputados petistas que faltaram à sessão de votação do ajuste fiscal caíram em desgraça no Planalto. Entre eles, a deputada Érika Kokay (DF).
Deixe que digam, que pensem, que falem…/ A oposição e alguns aliados podem até reclamar, mas, no Planalto, o que importou foi o fato de a presidente Dilma e do vice Michel terem obtido na Câmara a vitória mais importante de seu segundo mandato até agora. Aos poucos, a presidente vai respirando.
PMDB em cena
Considerada por muitos uma encenação muito benfeita para criar uma cortina de fumaça em torno dos problemas realmente sérios — desdobramentos da Lava-Jato e crise econômica —, a disputa entre os presidentes da Câmara e do Senado extrapolou os limites da terceirização. Agora, a briga dos peemedebistas ameaça o acordo fechado no Senado que permitiu a aprovação do projeto da biodiversidade. Pelo jeitão dos líderes, a ordem é desprezar as mudanças feitas pelo Senado e retomar o texto da Câmara. Essa será a confusão da curta semana no parlamento.
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O próximo round será a reforma política. Eduardo Cunha quer o parecer sobre o tema apresentado nesta quarta-feira. Tudo para aprovar um texto antes que Renan Calheiros venha com uma reforma “fatiada” no Senado, onde já passou o voto distrital para eleição de vereadores de cidades com mais de 200 mil eleitores.
Del Nero na lida
O novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, estreou no meio político com um jantar na casa do líder do PTB, Jovair Arantes, No menu, a Medida Provisória nº 671, que trata da renegociação das dívidas dos clubes de futebol. A CBF vai tentar tirar o que chama de “jabutis” inseridos no texto e que nada têm ver com o pagamento das dívidas.
Ecos do passado recente
Um dos “jabutis” a que se referem aliados da CBF é a exigência de limites de mandatos para a confederação. A avaliação da entidade é a de que, se o governo deseja mandatos para os clubes que financiará, tudo bem. Mas que não se meta na CBF. A bancada da bola vê no texto o dedo do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Do jeito que a coisa vai, será mais uma frente de batalha para o governo.
PIL repaginado…
Quem acompanha atentamente as reuniões do governo avisa que a proposta de rodovias, ferrovias e aeroportos nada mais é do que aquele Programa de Investimento em Logística lançado em 2012 pela presidente Dilma. Se agora sair do papel, o contribuinte agradece.
…Vira argumento
Essas reuniões de fim de semana estão prontas para servirem de argumento para a presidente mostrar serviço no 1º de Maio nas redes sociais. Era preciso criar um algo mais, além da melhoria nos índices de emprego. Afinal, se o Copom elevar os juros na quarta-feira e as projeções de inflação continuarem preocupantes, a cesta de boas-novas para o trabalhador e o empresariado ficará reduzida.
CURTIDAS
Heavy Metal/ Eduardo Cunha na bateria, Rogério Rosso na guitarra, Sérgio Reis viola e baixo, Silvio Costa no vocal. Tem gente no Congresso sonhando em reunir essa turma numa banda. O difícil vai ser colocar Silvio Costa, do PSC de Pernambuco, no mesmo palco que Eduardo Cunha. É bem capaz de o vocalista jogar o microfone na cabeça do baterista…
Dilma e o PSB/ O deputado Silvio Costa não perde uma oportunidade de tripudiar sobre os adversários. Ontem, bastou alguém lhe perguntar como seria a viagem da presidente Dilma Rousseff hoje a Pernambuco para ele sair com esta: “Ora, vamos ver como o governador (Paulo Câmara) vai se comportar. Ele tem dia que conversa com Lula, outro com FHC. Na semana passada, falou mal da Dilma. Um dia é oposição”.
E o Cid, hein?/ Ontem foi aniversário do ex-ministro Cid Gomes. Ele continua em busca de um partido para ampliar o tempo de tevê do Pros.
Enquanto isso, no Planalto…/ Em 10 dias, o vice-presidente Michel Temer completará um mês como articulador político do governo. Até aqui, conseguiu nomear Henrique Eduardo Alves ministro do Turismo e evitar novas CPIs. Falta o sucesso nas votações.
“Pegadinha”
Quando o ex-ministro José Jorge, do Tribunal de Contas da União, responsabilizou os diretores da Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena, deixando de fora o Conselho de Administração (leia-se a presidente Dilma Rousseff) todos pensaram que ela estaria completamente livre de responder sobre aquela operação. Ocorre que não é bem assim. Os diretores da empresa à época, muitos dos quais com os bens indisponíveis, têm dito que fizeram tudo com aprovação do conselho. Assim, a situação do conselho voltará à baila no Tribunal.
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Significa que a presidente Dilma Rousseff poderá responder por essa compra, ainda que ela tenha dito há mais de um ano que o conselho havia aprovado o negócio porque confiara nos documentos da diretoria. Diante de um novo cenário, em que a Petrobras declara prejuízos assumidos por corrupção, Pasadena é um fantasma que ressurge para assombrar Dilma Rousseff. Amanhã, por exemplo, o ex-ministro José Jorge falará sobre esse tema na Associação Comercial de São Paulo.
Renan versus Eduardo, 2º round
A amigos que lhe perguntam como vai ser esse duelo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o comandante do Senado, Renan Calheiros, responde assim: “Essa fase de querer se afirmar como liderança eu já passei. Eduardo está nessa fase. Não vou bater boca com ele”.
Pano de fundo
A ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Supremo Tribunal Federal sobre doações de empresas a campanhas políticas, aquela que está com pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, começa a ser vista como uma forma de auxiliar o PT a impor o financiamento público e, ao mesmo tempo, dar um ar de “anistia” ao petrolão. Diante desse novo contorno, não será surpresa se algum ministro mudar o voto quando o processo voltar ao plenário.
Em nome dos governadores
O PSB decidiu dar uma freada em seu viés oposicionista. Isso porque, avaliam alguns, a hora é de tentar ajudar os governadores Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, e Paulo Câmara, de Pernambuco, e Ricardo Coutinho, da Paraíba.
Furnas na mira
O mundo político prestará atenção na reunião do conselho de Furnas nesta quarta-feira. Tudo porque circula entre os partidos que o ex-ministro da Aviação Civil Moreira Franco está cotado para uma vaga ali. O PMDB, entretanto, não pretende mexer com isso agora. Com o vice-presidente Michel Temer na coordenação política e Henrique Eduardo Alves recém-nomeado ministro do Turismo, a ordem entre os peemedebistas é esperar algum tempo antes de investir pesado sobre outros cargos de ponta para o partido. Primeiro, é preciso resolver os cargos nos estados.
[FOTO2]
Slogan pronto/ Os parlamentares observam com um quê de curiosidade as ações do juiz Sérgio Moro (foto). Há quem diga que, no vazio político, ele pode repetir o ex-presidente Fernando Collor em 1989. Naquela época da redemocratização, com a população saturada dos políticos tradicionais, Collor ganhou fôlego com o “caçador de marajás”. Há quem diga que Moro pode fazer o mesmo como o “caçador de corruptos”.
Valor agregado/ Sérgio Moro tem acompanhado todos os depoimentos da CPI da Petrobras e confrontado com os que havia colhido anteriormente dentro do processo da Lava-Jato. Para quem achava que a CPI seria mais do mesmo, a atenção do juiz mostra que o colegiado tem sua utilidade.
Melhor de três/ Aqueles que têm algum poder para tentar baixar a poeira da guerra entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Eduardo Cunha, são: José Sarney, Michel Temer e Valdir Raupp. Todos os demais personagens já estão nas torcidas de um ou de outro.
Por falar em Eduardo Cunha…/ O presidente da Câmara não pretende mudar nem um milímetro o ritmo que estabeleceu na Casa. Ele sabe que colocará o prestígio na Casa em risco, se sair do script da independência em relação ao Planalto e ao Senado.
A esperança dos fichas sujas
Na conversa dos deputados com o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, veio à tona a disposição de parte dos congressistas em acabar com o foro privilegiado. O juiz e as excelências visitantes são contra. A conclusão da conversa foi a de que mandar os processos de parlamentares para a primeira instância seria um prato cheio de ações sem-fim, ampliando infinitamente a possibilidade de recursos. Especialmente, se fosse para a comarca na qual o político processado fosse votado.
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Houve inclusive quem dissesse que, se a Ação Penal 470, vulgo mensalão, demorou oito anos no Supremo Tribunal Federal, qualquer outro processo levaria pelo menos 20 se tudo estivesse na primeira instância. Ou seja, se há algum tempo o foro privilegiado protegia, hoje ele é o mecanismo mais ágil para garantir o julgamento num tempo mais curto e, ao mesmo tempo, incluir logo o sujeito na chamada “ficha suja”.
E os soltos?
Diante da dificuldade de ouvir já na semana que vem os executivos presos pela Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro deu a senha: Júlio Camargo, empresário da japonesa Toyo, e dois executivos da Camargo Corrêa estão soltos e ainda não prestaram depoimento à CPI. Eles têm muito a dizer. Devem ser os próximos convocados.
Memória & desgaste
Júlio Carmago, para quem não lembra, é aquele que mencionou a interferência de José Dirceu para que a Toyo assinasse contratos com a Petrobras. A oposição gostou e se empolgou com a perspectiva de chamá-lo. É mais PT na roda da CPI.
Questão de brio
A decisão da bancada do PSDB na Câmara em favor do pedido de impeachment está diretamente relacionada à vontade de mostrar ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que ele teria “extrapolado” ao dizer que não é o momento de mexer com esse tema. Uma boa parte dos deputados, inclusive o líder, Carlos Sampaio, quis mostrar ontem quem detém o controle do processo.
Dos males, o menor
O resultado positivo da criação de empregos em março fez reavivar no governo a vontade de comemorar o 1º de maio mantendo a tradição do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na tevê. Há uma sensação de que, se houver algum panelaço, será reduzido. Além disso, há quem diga não ser possível uma presidente que já enfrentou a ditadura ficar com medo do barulho da democracia.
CURTIDAS Virou piada, mas…/ Entre quinta e ontem, Brasília ferveu com as “informações seguras” segundo as quais os investigadores da Lava-Jato colocariam o ex-ministro José Dirceu no xilindró. Indignados, os policiais desmentiram e reclamaram da divulgação das falsas notícias toda sexta-feira. Um deles disse ao repórter Eduardo Militão, do Correio: “Vamos lançar a campanha #quemdevenãodormeemcasanaquinta”, ironizou.
…Onde há fumaça …Há fogo/ Realmente, a PF fez duas operações policiais na sexta-feira. Na primeira, a “Caronte”, prendeu três pessoas acusadas de fraudes em licitações do PAC em Mato Grosso. Na segunda, a “Escudo” combateu contrabando, descaminho e outros crimes de fronteira. Nada de
Lava-Jato e Dirceu, suspeito de usar suas consultorias para encobrir pagamentos de propinas de empreiteiras fornecedoras da Petrobras.
Enquanto isso, em Curitiba…/ Os deputados ficaram satisfeitíssimos com a conversa do juiz Sérgio Moro. No fim, todos quiseram tirar fotos com ele. Em termos de sucesso com a população, Moro está para a Lava-Jato como Joaquim Barbosa esteve para o mensalão. No quesito recuperação de dinheiro, entretanto, o juiz paranaense está bem à frente.
O contribuinte agradece.
E o Pizzolato, hein?/ Como se o desgaste do petrolão não bastasse, a extradição de Henrique Pizzolato trará de volta ao noticiário todas as agruras dos petistas com o processo do mensalão. Em tempos de partidos falando em impeachment, é mais uma colher de farinha para engrossar o pirão.
Vai sobrar para o ajuste
A guerra entre a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, em torno da terceirização promete atrapalhar a votação do ajuste fiscal no Congresso. É que a CUT, que é contra a terceirização, vem sendo pressionada pela Força a assumir um discurso cada vez mais aguerrido contra o pacote fiscal do governo. E a Força, que é a favor da terceirização, acusa os cutistas de defenderem o governo Dilma e as
medidas do ajuste.
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Moral da história: para não perder filiados, todos devem terminar contra o pacote fiscal. Pior para o governo.
Antes que o mar vire sertão…
O Rio São Francisco pode secar. Por isso, hoje, por sugestão do senador Otto Alencar (PSD-BA), a presidente Dilma Rousseff vai reunir uma batelada de ministros, incluindo o da Defesa, Jaques Wagner, para discutir a recuperação dos mananciais.
…Ou o governo acabe
A presença de Wagner transforma o tema em assunto de segurança nacional, porque, do jeito que está a situação, talvez não haja sequer água para transpor mais à frente. Os assessores da presidente consideram que é uma chance de colocar o Planalto longe da crise política. “Finalmente uma pauta do bem. Aqui só entra problema, esse é grave, mas é possível agir e buscar solução”, comentou um palaciano.
Os contras do Pros
Em busca de um grande partido que lhes garanta tempo de televisão, o ex-governador do Ceará Cid Gomes e seu irmão Ciro estão com dificuldades de encontrar um porto. No PDT, está hoje Heitor Férrer, principal adversário do prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio, aliado de Cid. No PSB, as portas estão fechadas. A família e os fiéis escudeiros de Eduardo Campos não desejam o retorno dos Ferreira Gomes ao partido.
As loiras
A ideia dos socialistas é filiar a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins, nos mesmos moldes em que já está sendo tratado o ingresso da senadora Marta Suplicy em São Paulo. As duas petistas não terão legenda do atual partido para concorrer à prefeitura no ano que vem.
CURTIDAS
É logo mais/ O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes promete devolver ainda este semestre o processo sobre as doações de empresas para partidos políticos, mas, conforme seus amigos, ele dificilmente será a favor de exterminar esse tipo de doação.
É hoje/ A oposição passou todo o dia esperando o anúncio do balanço da Petrobras para empreender um discurso contra o governo e reforçar a imagem de má gestão de Dilma Rousseff. Na Câmara, ainda havia sessão, mas a carga maior será jogada hoje, na CPI da Petrobras.
Multitemático/ Quem estará hoje no Congresso é o ex-ministro da Defesa e da Justiça Nelson Jobim. Não, ele não vai discutir a reforma política. Falará sobre a revisão do pacto federativo. Plenário 11, às 10h.
A voz da experiência/ Recuperado de uma cirurgia delicada no cérebro, o senador Jader Barbalho conversava ontem animadamente com amigos, quando saiu com esta: “Na atual conjuntura, uma semana é longo prazo”. Faz sentido.
Dilma e Temer liberam os cargos
Começa hoje a distribuição dos cargos de segundo escalão do governo Dilma Rousseff. Só que nem tudo será exatamente do jeitinho que deputados e senadores pediram. Em vez de discutir por partido, a partilha dos postos de comando será por estado. Hoje, sairão as nomeações dos cargos para Piauí, Goiás e Sergipe. O critério de escolha, obviamente, é porque ali há menos forças brigando por direções regionais, tais como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ou o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
Vai sobrar…
A produção de cartazes com fotos de parlamentares que votaram a favor da terceirização como “traidores do trabalhador” fará o Planalto perder muitos votos em propostas futuras. A ideia foi da CUT, mas deputados petistas chancelaram a iniciativa, irritando os aliados.
…Pro ajuste
Agora, com o ajuste fiscal mais próximo de entrar em pauta, há grupos se mobilizando para votar contra a proposta, como uma espécie de vingança. Afinal, dizem alguns, se o projeto é do governo, o PT não terá como votar contra. A ordem é expor o PT como um partido que “tira benefícios dos trabalhadores”. Cuide-se, Joaquim Levy!
Simbologia de ontem
O fato de Renan Calheiros nomear Vinícius Lages ontem mesmo como seu chefe de gabinete deixou os peemedebistas com a certeza de que o presidente do Senado não gostou de ver o aliado sair para dar a vaga a Henrique Eduardo Alves. Não há, no momento, nada capaz de satisfazer o senador politicamente.
Simbologia de amanhã
Depois de engavetar as CPIs contra o governo no Senado, o vice-presidente Michel Temer terá que se virar para aprovar o nome de Luiz Fachin para o Supremo Tribunal Federal. Por mais currículo que o jurista tenha, há quem diga que será aí o troco dos senadores do PMDB contra o governo. Querem mostrar que Renan ali comanda mais do que o próprio Temer.
Sintoma & cura
A equipe do Ministério do Turismo aplaudiu muito mais Vinícius Lages do que Henrique Eduardo Alves. Sinal de que o ex-deputado, além do PMDB, terá que conquistar aqueles que ajudaram Lages a consolidar uma boa imagem da pasta.
Script trocado
O PT está mobilizado para acompanhar hoje o depoimento de João Vaccari Neto dentro da Lava-Jato. A expectativa é de que ele mantenha o mesmo ritmo da CPI da Petrobras. Ocorre que, ao que tudo indica, não será nas doações que os investigadores concentrarão as perguntas e sim nos recursos destinados às gráficas.
CURTIDAS
Entendeu?/ Na homenagem aos povos indígenas no Senado, a turma da taquigrafia ficou atônita quando José Frederico, líder indígena, começou a falar tupi-guarani na tribuna da Casa. “Fiz questão de falar na minha língua. Mesmo falando grego, dá para o senhor entender, né, presidente?”, afirmou, referindo-se a João Capiberibe (PSB-AP).
Íntimo/ José Frederico, lá pelas tantas em seu discurso, reclamando que a segurança lhe cobrara o uso de gravata, citou o senador Telmário Mota (PDT-RR): “Viu senador, é Mário, né? Pois é, seu Mário, continue assim, humilde, do jeito que o senhor é!”
A fúria/ O líder do PSD, Rogério Rosso, está furioso com a deputada Érika Kokay (PT-DF), que lhe apresentou num cartaz como traidor dos trabalhadores por votar favoravelmente à terceirização. O mesmo vale para Fernando Monteiro e o PT de Pernambuco. Se dois deputados tão cordatos estão assim, imagine, leitor, aqueles mais esquentados.
Por falar em PT…/ Havia pouquíssimos representantes do PT na posse de Henrique Eduardo Alves como ministro do Turismo. Passaram por lá menos de 10 deputados. Sinal de afastamento entre petistas e peemedebistas.
Conversas, votos & processos
Dilma Rousseff pode até ter consultado o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre o nome do jurista Luiz Edson Fachin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas, ainda assim, não garantiu todos os votos do PMDB para chancelar um advogado com laços na Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com o próprio PT.
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Há quem afirme que o coordenador Michel Temer terá todo o trabalho do mundo para fazer valer a indicação entre os peemedebistas, além de Renan. Talvez, o senador tenha apresentado ao governo uma mercadoria que não conseguirá entregar.
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Temer contará, entretanto, com todos aqueles que sentiram um frio na barriga quando da divulgação da lista de políticos enroscados na Lava-Jato. Ninguém que integra a lista se mostra disposto a enfrentar o governo.
Pânico no Texas
Funcionários da Petrobras America Inc. em Houston (Texas) relataram aos superiores no Brasil terem recebido, na quinta-feira, uma “visita” de agentes federais americanos, em que computadores e até telefones celulares teriam sido apreendidos. O tema é tratado no mais absoluto sigilo.
Nem que a vaca tussa
Quem quiser reclamar, como tem feito o prefeito de Canoas (RS), Jairo Jorge (PT), que o faça. Mas o Partido dos Trabalhadores não dispensará o tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto. Afastá-lo da função, avaliam alguns, não tiraria o PT da situação de “perseguição” que o partido vive hoje.
Olho no lance!
Os petistas não acreditam que vingue, mas monitoram com lupa a perspectiva de o PSDB apresentar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se os tucanos seguirem essa linha, muitos políticos, do governo e da oposição, acreditam que correrão o risco de dividir ainda mais o país num momento em que os brasileiros foram às ruas em menor número.
Por falar em impeachment…
Alguns tucanos são diretos ao afirmar que o partido também está dividido em relação ao impeachment por um simples motivo: seria sair da presidente Dilma e cair no colo de uma guerra interna no PMDB, na qual Renan Calheiros e Eduardo Cunha duelam em busca do poder, com Michel Temer no meio desse fogo cruzado. Melhor esperar mais alguns capítulos para ver que rumo tomará essa novela.
Se vale para uns…/ Reconduzido à presidência do PP, o senador Ciro Nogueira (foto) pretende, agora, saber do governo o que será feito dos cargos de segundo escalão na Integração Nacional. Passados quase quatro meses da posse de Dilma, ninguém foi chamado para conversar sobre o tema.
…Tem que valer para todos/ Embora o PP seja o partido com mais parlamentares enroscados no petrolão, os pepistas querem ser tratados da mesma forma que os petistas tratam Joao Vaccari Neto: com presunção de inocência.
CPI, só na Câmara/ O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) aproveitou a presença maciça de deputados na sessão de ontem para levar avante o pedido da CPI do BNDES na Casa. “Diante da indisposição do Senado, foi o que me restou”, disse ele, revoltado com a decisão dos senadores do PSB de retirar as assinaturas do pedido de CPI Mista para investigar os empréstimos do banco.
“Não sou investigador!”/ Enquanto Delgado corre atrás da CPI, o senador João Capiberibe (PSB-AP) é direto: “Queriam instalar sete CPIs! Não é possível parar o Senado. O Ministério Público que faça esse trabalho”, afirmou.
Pesos-pesados/ Renan Calheiros diz que não tem pressa para votar a proposta que regulamenta a terceirização. Eduardo Cunha tem. Para bons entendedores, esta é senha: os dois estão em guerra de poder. E Renan está mais aliado ao governo, leia-se Michel Temer, do que Eduardo.
Prova de fogo
O vice-presidente Michel Temer tem nesta semana sem feriados seu primeiro grande desafio no plenário da Câmara: deixar que o projeto da terceirização seja aprovado sem comprometer a receita da União. O relator, Arthur Maia (BA), não acolheu a proposta da Receita Federal que visava manter a arrecadação de impostos no mesmo nível. Agora, se Michel falhar, caberá ao Poder Executivo dar o velho jeitinho de suprimir artigos que tratam do recolhimento do INSS na fonte, ou seja, pela empresa contratante na hora do pagamento dos serviços prestados. Esse é um dos temas que entrará na conversa de Temer com as bancadas a partir desta semana. A primeira será a do PMDB.
Vem mais
Há na política quem considere que outras empresas de publicidade vão se unir à Borghi/Lowe que surgiu na Lava-Jato como uma das usadas para desviar recursos. Na temporada do mensalão, também foi essa área que terminou enroscada.
Tudo pelo avesso…
A mudança do cenário político tira o sono daqueles que apostaram numa Dilma Rousseff fortalecida e dando as cartas. Agora, dizem alguns, quem dá o tom político é o PMDB. Até onde a vista alcança,
ou seja, a curto prazo, esse quadro não mudará.
… ,mas nem tudo perdido
No conselho político do governo ontem, todos respiraram meio aliviados com a redução do número de manifestantes nas ruas no último domingo. Acham que amorteceram o eco pró-impeachment,
mas estão anos-luz de estancar qualquer crise.
A mãozinha de Dilma
Entre os conselhos de aliados para que ficasse longe do projeto de redução da maioridade penal e a insistência do PT em angariar votos nos movimentos sociais, Dilma ajudou seu partido. Ao se manifestar contra a proposta, recebeu elogios de setores da Igreja e dos movimentos eclesiais de base.
Eduardo Cunha na roda
Muitos políticos veem no projeto Câmara Itinerante do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um certo tom de campanha eleitoral. Vai, no mínimo, se tornar conhecido. O primeiro passo para quem porventura deseje concorrer à Presidência da República, o sonho de 10 em cada 10 políticos, embora de cada 10, nove neguem almejar uma candidatura.
CURTIDAS
Castelinho/ O jornalista Carlos Marchi lança hoje à noite, no Carpe Diem da 104 Sul, o livro Todo aquele imenso mar de liberdade — a dura vida do jornalista Carlos Castello Branco, a biografia de Castelinho. Leitura obrigatória para quem gosta de política.
Uma aula…/ O deputado Adilton Sachetti (PSB-MT) contratou um consultor para ensinar os funcionários a economizar os recursos da verba de gabinete. Os servidores passaram o fim de semana no curso.
…De economia/ Sachetti, em primeiro mandato, estipulou uma meta para os gastos. Não podem ultrapassar R$ 25 mil. A cota é R$ 39 mil. O contribuinte agradece.
Homenagem a Brasília/ A sessão solene para marcar o aniversário da capital do país está marcada para a tarde de sexta-feira 17 de abril. É que, com o feriado na terça-feira, a maioria dos congressistas deve enforcar a segunda.