Autor: Denise Rothenburg
Este ano segui a máxima adotada por muitos brasileiros: a de que o ano só começa depois do carnaval. As férias prolongadas, no entanto, não tiraram nada do lugar. Os temas de 2015 continuam todos aí, a crise econômica, as suspeitas sobre Lula, a sombra do impeachment, Eduardo Cunha num balé de voltas para ganhar tempo e tentar chegar ao fim do mandato de presidente da Câmara. O juiz Sérgio Moro e a força tarefa da Lava Jato em movimento, causando espasmos na política. E Dilma Rousseff tenta se equilibrar nesse mar de velhos temas em novos dias. Hoje se move a primeira peça desse jogo, a liderança do PMDB. É aqui que eu volto ao trabalho.
Enganou-se quem achava que o primeiro troca-troca partidário de 2016 seria dentro do PT. O primeiro movimento é do senador Ricardo Ferraço, que anunciou hoje seu desligamento do PMDB e ainda chamou o governadordo Espírito Santo, Paulo Hartung, para tomar esse mesmo caminho. Ferraço não definiu para onde ir, mas não etá descartado o ingresso no PSDB. Veja a íntegra da nota:
Nota do senador Ricardo Ferraço
Informei esta manhã ao líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira, e ao presidente regional do PMDB no Espírito Santo, deputado federal Lelo Coimbra, o meu desligamento do partido.
Tomei esta decisão a despeito de minha sintonia com a legenda no estado, liderada pelo governador Paulo Hartung, que, desde a sua última administração, vem realizando profundas e positivas mudanças das quais fui e sou parceiro, além de ser um exemplo de gestão pública e de práticas políticas.
Deixo bons amigos e companheiros no PMDB capixaba, com os quais tenho grande apreço e pretendo continuar tendo as mesmas respeitosas relações. A postura digna da legenda no estado se compara a das representações no Rio Grande do Sul, de Pedro Simon, em Pernambuco, de Jarbas Vasconcelos, e em Santa Catarina, do saudoso Luiz Henrique da Silveira, entre outras. A independência e a coragem foram e são as suas marcas.
Mas, infelizmente, a grande mudança que precisamos e devemos realizar no país não será feita pelos nossos estados, mas, sim, no plano nacional. Apelei reiteradas vezes ao PMDB que deixasse a aliança liderada pelo PT e pela presidente Dilma Rousseff na Presidência da República, em nome de suas grandes tradições, notadamente na luta pela redemocratização de nosso país.
Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa aliança política responsável pela atual derrocada política, moral e econômica do Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente, cheguei a acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto é a insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de novos rumos.
É chegado o momento de buscarmos a união de forças para derrotar de vez esse projeto de poder que tanto mal faz ao nosso país e às futuras gerações.
Com os meus sinceros cumprimentos aos colegas do PMDB, particularmente os do Espírito Santo, continuarei lutando em outras trincheiras por dias melhores para todos, resgatando a honra na política, a justiça social e o desenvolvimento. Como disse o pensador Thiago de Mello, não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar.
Ao expor essa minha convicção, desejo sinceramente que o governador Hartung possa refletir sobre ela e tomar igual decisão de deixar o PMDB.
Vitória, 15 de janeiro de 2016
A sanção do Orçamento de 2016 sem vetos foi lida pelos parlamentares como mais um aceno da presidente Dilma Rousseff aos congressistas para essa temporada de votação do impeachment e da CPMF, com o seguinte recado: tudo o que está previsto poderá ser cumprido desde que se aprovem as receitas do imposto do cheque. E, óbvio, a manutenção de Dilma no poder.
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Só tem um probleminha: interessados em agradar os prefeitos, os deputados têm colocado como condição para votar a CPMF a destinação de metade da receita para estados e municípios. Ocorre que, se for para cumprir tudo o que está no Orçamento, a tal divisão não será tão equânime como prometido aos prefeitos nesse ano eleitoral. Para o governo, porém, se a discussão for apenas definir a parcela que vai para cada nível da Federação já será meio caminho andado.
O mais amigo
Que Léo Pinheiro que nada. Na Bahia, todos apontam Ricardo Pessoa, da UTC, como o empreiteiro que tem uma relação bem mais estreita com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. Pessoa não mencionou nada a respeito de Wagner em seus depoimentos.
Segunda chamada
O fato de Ricardo Pessoa não ter mencionado o nome de Jaques Wagner nos primeiros depoimentos não tirou esperanças dos oposicionistas em relação ao ministro. Há quem lembre de Júlio Camargo, que só mencionou Eduardo Cunha numa segunda rodada.
Discurso
O vice-presidente Michel Temer já tem as linhas gerais do discurso que levará aos estados em sua campanha para permanecer no comando do PMDB. Pregará unidade e harmonia. Quem estiver em outro projeto que venha com chapa completa para concorrer contra ele.
Por falar em Michel…
Ele determinou ao seu grupo que não se meta na disputa pela liderança do partido na Câmara. É a senha para tentar angariar o apoio do Rio de Janeiro ao seu projeto.
CURTIDAS
Lavagem do Bonfim/ Considerado um dos testes de popularidade dos políticos baianos, a caminhada de 8km que antecede a lavagem do Bonfim tinha ontem algumas faixas de partidos. O PV, por exemplo, colocou lá “um jeito diferente de fazer política”.
Só deu ele/ Quem acompanhou a festa considera que ACM Neto (DEM) só perde a eleição se fizer alguma besteira. A olho nu, na caminhada, ninguém suplantou o herdeiro de Antonio Carlos Magalhães.
Respingos/ A disputa entre o líder do governo na Câmara, José Guimarães (foto), e os irmãos Ferreira Gomes, Cid e Ciro, está cada vez mais acirrada. A disputa vai terminar sobrando para a presidente Dilma Rousseff que, dia desses, havia dito que não brigaria com Cid Gomes em hipótese alguma.
Restrito/ Os on-lines dos jornais impressos ficaram de fora do café da manhã de hoje com a presidente Dilma Rousseff. A regra foi quem estava no primeiro, em 7 de janeiro, não estaria no segundo. A estratégia do governo é falar para todos os segmentos, um de cada vez.
A estratégia do PMDB oposicionista de deixar o processo de impeachment no freezer foi combinada com setores de partidos adversários ao governo Dilma. É que, em política, a ordem dos fatores, se invertida, vai alterar e muito o produto. Se tratar do impeachment antes de definido o líder do PMDB para este ano, os oposicionistas do partido acreditam que o movimento não surtirá efeito. O assunto só voltará à cena depois de publicado o acórdão do Supremo Tribunal Federal sobre as regras de tramitação do processo e, principalmente, se houver uma parte expressiva da população nas ruas pedindo o afastamento de Dilma. Antes disso, nada será feito.
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Será o tempo da Lava-Jato decantar as denúncias que surgem agora, envolvendo ministros e o ex-presidente Lula. No momento, até declarações sobre o impeachment têm sido evitadas propositalmente para não avançar o sinal antes que as investigações avancem. O foco agora é tentar tirar Leonardo Picciani do comando da bancada e, depois, se houver sucesso, mudar a pauta para a oposição ao Planalto.
Desidratado
Aos poucos, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vai perdendo musculatura na Casa. Entre seus fiéis escudeiros, já existe quem diga que “se Eduardo Cunha ajudava os deputados no ano passado, neste, ele atrapalha”.
Hidratação
A forma que Eduardo Cunha encontrou de tentar se recompor politicamente é colocando a Casa para votar. A ordem é, já na primeira semana de fevereiro, antes do carnaval, colocar medidas provisórias e temas polêmicos em pauta para forçar os deputados a comparecerem a Brasília terça, quarta e quinta-feira pela manhã. A folga será apenas na semana carnavalesca. Tudo para ver se o desgaste diminui.
Cálculo base
Deputados consideram que o fato de o Senado poder decidir previamente se aceita ou não um processo de impeachment contra a presidente da República jogou um balde de água fria sobre aqueles que pretendiam afastar Dilma. Ninguém vai arriscar ficar contra o governo no momento em que a abertura ou não de processo terá que passar pela Casa onde Dilma tem mais apoios.
Sai daí rapidinho
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aproveita o período de pausa no Legislativo para cuidar da política estadual. Esta semana, aconselhou o governador do Ceará, Camilo Santana, a deixar o PT. Depois que o ex-governador Cid Gomes disse que Dilma Rousseff deveria deixar o partido, nada mais natural.
Dialogar para liderar/ Os Diários Associados e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial promovem na próxima quarta-feira um seminário sobre a importância do diálogo nas relações da era digital, com a participação de jornalistas, professores, filósofos e especialistas em comunicação. A abertura será às 9h, no auditório do Correio Braziliense. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail dialogarparaliderar.cb@gmail.com ou pelo telefone (61) 3214-1554.
É guerra!/ O ministro da Defesa, Aldo Rebelo (foto), passou ontem por Pernambuco para conhecer a equipe militar de combate ao Aedes aegypti. Isso mesmo. São, pelo menos, 800 militares dedicados a essa tarefa no estado. Cada um cuida da guerra que tem. No Brasil, a do momento é
contra o mosquito.
Serviço não falta/ O combate ao mosquito não é a única tarefa a cargo dos militares país afora. No Nordeste, eles trabalham ainda na distribuição de água por meio carros-pipa e ainda tem a turma de engenharia de infantaria dedicada a parte das obras de transposição do Rio São Francisco.
Pós carnaval/ O primeiro partido que pegará “semana cheia” para apresentar seu programa partidário na tevê será o minúsculo PHS, em 18 de fevereiro. Logo depois, virão aos grandes, PT e PMDB.
Que ninguém espere um acordo no PMDB. Nem tão cedo. Da reuniões de hoje, tirou-se apenas mais dúvidas e mais briga. Da data da eleição até o universo de eleitores, não há entendimento. Há quem deseje que os ministros possam votar para tirar dos suplentes o direito de voto. ocorre que um suplente, no exercício do mandato, tem todo o direito de votar. Esse lenga-lenga vai prosseguir até fevereiro. podem apostar.
Sobre Sarney
O ex-presidente José Sarney terá que se submeter a uma cirurgia para colocação de uma placa no ombro. Ele caiu hoje pela manhã na casa de veraneio da família na Ilha de Curupu (MA) e teve microfraturas no ombro direito. Ainda não decidiu onde fará a cirurgia, se em São Luís, em brasília ou em São Paulo. O mais provável, dizem familiares, é que ele opte por São Paulo.
O ex-presidente José Sarney foi levado hoje de manhã para o hospital em São Luís, onde passa por radiografias para saber se fraturou o ombro. Sarney caiu hoje cedo no banheiro de sua casa, na Ilha de Curupu. Machucou o cotovelo e ombro. A previsão da família é a de que ele retorne a Brasília na próxima segunda-feira.
Alguns deputados foram sondados para o cargo de primeiro vice-líder de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), com a perspectiva de assumir o cargo quando Eduardo Cunha deixar a Presidência da Câmara. A proposta chegou aos ouvidos do presidente da Casa, que era contra Picciani e, a partir de agora, jogará todas as suas bruxarias políticas contra o ex-aliado.
Corra, Dilma, corra!
O governo está com tanta pressa nas nomeações que algumas têm dispensado um pente-fino mais rigoroso de antecedentes. Um caso foi o de Rodrigo Rodrigues, de Mato Grosso, nomeado para o Departamento de Gestão da Saúde Indígena, órgão ligado ao Ministério da Saúde.
QI
A indicação de Rodrigues foi feita pelo líder Leonardo Picciani, com o apoio do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) e de dois senadores mato-grossenses: Wellington Fagundes (PR) e Blairo Maggi (PMDB).
Por falar em Picciani…
Os opositores do atual líder peemedebista consideram que as chances de vitória aumentaram, porque, no ano passado, Picciani obteve sete votos em Minas Gerais. Desta vez, não repetirá a façanha.
Se está ruim…
A presidente Dilma Rousseff diz que o problema da Petrobras foi o preço do petróleo, o PT aponta a Lava-Jato, mas, pior mesmo, dizem especialistas, será quando a justiça americana decidir ressarcir os investidores. A acusação é a de que a empresa escondeu problemas hoje desvendados com as investigações, causando prejuízos aos investidores pelo mundo afora, em especial aos americanos, onde corre a ação. O julgamento está marcado para começar em 19 de setembro deste ano.
Nem tanto
O PT criou em seu site a pergunta “Quer voltar ao passado?”, mencionando vários indicadores que apontam o aumento do poder de compra do salário-mínimo nos governos Lula e Dilma. Um deles, o preço da gasolina, entretanto, coloca o litro, em janeiro de 2016, a R$ 3,76. Em Brasília, o litro da gasolina está na faixa de R$ 3,89.
Fantasia: Abajur apagado/ O deputado Izalci (foto), opositor implacável ao governo petista, foi à cerimônia de sanção do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação ontem de manhã no Planalto. Ele trabalhou por cinco anos em favor da nova legislação no Congresso, daí a presença. Mesmo assim, saiu de perto na hora das fotos. Não há celebração que o coloque lado a lado com Dilma. Sabe como é, em festa de governo petista, tucano esconde o bico.
Pós-Momo/ A ordem entre os deputados de oposição do PMDB é deixar a eleição do líder do partido para a terceira semana de fevereiro, ou seja, depois do carnaval. A ideia é aproveitar esse período para tentar desgastar Picciani.
Para depois/ A ida de José Carlos Bumlai ao hospital para a realização de exames, por causa de sangramento na urina, deve adiar a acareação entre ele e o lobista Fernando Baiano prevista para amanhã.
Simbolismo nos EUA/ Interessada em reforçar a necessidade de maior controle na venda de armas de fogo nos Estados Unidos, a primeira-dama Michele Obama deixará um assento vazio hoje no box que lhe é destinado para acompanhar o State of the Union, tradicional discurso feito todos os anos pelos presidentes americanos no Congresso desde George Washington. O gesto será feito em memória das pessoas assassinadas por armas de fogo no país.
Nove em cada 10 políticos atentos ao cenário de janeiro consideram que a Operação deu e dará o tom da largada da política em 2016. Nem a entrevista da presidente Dilma Rousseff a um grupo de jornalistas num café da manhã, com a premissa de lutar com “unhas e dentes” pela retomada do crescimento, elencado as prioridades do governo para 2016 tiraram o protagonismo da investigação. Prevaleceu o trabalho de apurar e tentar fechar os ralos do dinheiro público e das empresas de economia mista, como a Petrobras.
Logo na primeira semana, os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, o da Secretaria de Imprensa da Presidência da República, Edinho Silva, o do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e até o vice-presidente da República, Michel Temer, tiveram que dar explicações a respeito de citações envolvendo seus nomes. Isso sem contar o a cada dia mais enroscado presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “A Lava-Jato vai mandar e desmandar por esses dias. Depois, quando o Congresso voltar, após a data sugestiva chamada quarta-feira de cinzas, veremos quem sobrou”, comenta um integrante do PMDB que prefere ficar no anonimato.
Essas labaredas da Lava Jato prometem chamuscar mais, servindo de pano de fundo para todas as ações políticas em curso. A primeira delas será a escolha do futuro líder da bancada na Câmara. Amanhã, o atual líder Leonardo Picciani chega a Brasília para traçar a sua estratégia de campanha à reeleição.
PMDB, o fiel da balança
Dilma se convenceu que não pode prescindir do PMDB assim como o vice-presidente Michel Temer percebeu que seu grupo dentro do partido hoje não tem o protagonismo necessário para empreender o impeachment. Além disso, precisa de apoio para presidir o PMDB. Dentro dessa perspeciva, deflagrou o movimento de reaproximação com o governo da presidente Dilma.
Enquanto isso, o Planalto ao mesmo tempo em que se reaproxima do vice, age para reforçar o estofo da ala governista do PMDB. A vaga aberta por Eliseu Padilha na Aviação Civil foi oferecida ao PMDB de Minas. O cotado agora, uma vez que Leonardo Quintão recusou o cargo, é o deputado Mauro Lopes, de forma a enfraquecer o jogo de Quintão na briga pela liderança do partido e fortalecer Picciani, hoje amais aliado de Dilma e do presidente do Senado, Renan Calheiros, ao ponto de verbalizar uma preferência pelo presidente do Senado se houver disputa para presidente do PMDB.
Picciani, numa conversa com o Correio, disse que estaria disposto a apoiar Temer e que trabalhar´pela unidade do partido, porém… . “Vou trabalhar pela união, mas se houver disputa e Renan Calheiros tiver um candidato, fico com Renan”, disse Picciani, deixando claro a preferência pelo grupo dos senadores comandado por Renan e pelo líder do partido naquela Casa, Eunício Oliveira, e ainda o ex-presidente José Sarney, todos contrários ao impeachment e favoráveis à manutenção do acordo com o governo.
Oposição, não!
Enquanto Picciani trabalha o lado governista do partido, Leonardo Quintão, seu adversário, volta hoje do Sul da Bahia para retomar a campanha. Quintão começou a perder terreno, porque é visto hoje como um candidato do presidente da Casa, Eduardo Cunha, colocado ali justamente porque Picciani se afastou de Cunha e se aproximou de Dilma. Embora Eduardo Cunha ainda tenha muito poder de fogo dentro da Câmara e, em especial, dentro do PMDB, começa a causar um certo desconforto aos seus pares. Com a Lava Jato dando as cartas no recesso e Cunha a cada dia mais enrolado,quem quer eleger Quintão acha mais fácil atingir o objetivo de se conseguir mantê-lo a uma certa distância de Eduardo Cunha. É a operação de Sérgio Moro entrando até mesmo nas discussões de poder dos partidos.
No mais, sanções, manifestações e Lava Jato
Tem essa semana a sanção do projeto de repatriação e a perspectiva de acareação entre o lobista Fernando Baiano e o empresário José Carlos Bumlai. Prosseguem os protestos contra o aumento de passagens de ônibus.. Amanhã, tem um programado para a Avenida Paulista, em São Paulo. É o segundo este ano. O da última sexta-feira terminou com várias pessoas presas e quebra-quebra no centro da capital paulista.
Abalroada pela queda no preço do petróleo e pela Lava-Jato, a fornecedora de sondas Sete Brasil é considerada no meio empresarial como uma companhia com os dias contados. A conta corre o risco de parar no bolso dos fundos de pensão. A empresa foi concebida em 2010, num cenário com o preço de petróleo a mais de US$ 100 por barril, para construir sete sondas que seriam usadas pela Petrobras. O negócio prometia tanto que se aumentou para 29 navios. Aí, vieram a Lava-Jato e a queda no preço do petróleo. Os 29 caíram para 15.
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Ocorre que os técnicos da Petrobras comentam em conversas reservadas que o projeto Sete Brasil está obsoleto. Só o Petros, fundo de pensão da Petrobras, investiu R$ 1 bilhão e não viu o retorno, tampouco tem perspectivas de reaver o dinheiro. Em fevereiro, os credores da Sete começam a bater à porta para receber US$ 3,6 bilhões. Os acionistas vão se reunir antes disso para tentar ver o que fazer. Fala-se em recuperação judicial, vista por alguns como a única saída para esse produto, que ruiu depois da junção da crise com a ladroagem descoberta depois pela Lava-Jato.
Aposta nos candidatos
Parlamentares que desejam concorrer às eleições municipais fazem parte da esperança do Planalto em conseguir parte dos votos para aprovar a CPMF, vulgo imposto de cheque. O cálculo do governo é o de que ninguém vai querer assumir uma prefeitura sem ter recursos para pagar as contas e cumprir as promessas a serem feitas na campanha. Geralmente, são em torno de 100 congressistas que partem para a disputa municipal.
Todo cuidado
é pouco
Muitos partidos planejam esperar até março para definirem seus candidatos a prefeito nas capitais e cidades grandes. É que, com a Lava-Jato na ativa, uma certa cautela não fará mal a ninguém.
“Vou trabalhar pela unidade, mas se Renan Calheiros tiver um candidato a presidente do PMDB, eu fico com Renan”
Do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ),
referindo-se à hipótese de disputa pela presidência do partido entre o grupo de Renan e o vice-presidente Michel Temer
Melhor agora
Aliados de Dilma que acompanharam atentamente a manifestação contra o aumento das passagens de
ônibus na sexta-feira em São Paulo comentavam em conversas reservadas que o governo aprendeu: aumentar a
gora os valores faz os movimentos agirem em janeiro, com menor repercussão. Em 2013, o que deu fôlego à onda
de protestos foi justamente a elevação das tarifas em meados do ano.
PCdoB emplaca mais uma/ A ex-deputada Perpétua Almeida, do PCdoB do Acre (foto), acaba de assumir a Secretaria de Produtos da Defesa, voltada para a indústria ligada ao Ministério da Defesa. A familiaridade de Perpétua com a área vem dos tempos em que a parlamentar presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Gerdau ficou/ O megaempresário Jorge Gerdau Johanpeter permanece na lista de integrantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que se reunirá no fim do mês em Brasília para discutir a conjuntura econômica.
Creuza entrou/ A novidade na lista de integrantes é a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Creuza Oliveira. Ela está no rol que ainda precisa passar pelo crivo da presidente Dilma Rousseff.
Ator & personagem/ Os políticos noveleiros notaram. No capítulo de A regra do jogo que foi ao ar na quarta-feira, o personagem de José de Abreu, que interpreta o chefe da organização criminosa na novela das 9, se referiu aos valores recebidos para um dos capangas como “pixuleco”. Um fiel aliado da presidente Dilma comentava: “Pô, até o Zé de Abreu falando ‘pixuleco’?!!!”
Nesta primeira semana útil do ano, ninguém no mundo político tem dúvidas de que a Lava-Jato vai dar o tom desse universo em 2016 num salve-se quem puder pior do que o de 2015, porque o cerco começa a se fechar. Até a retomada do Congresso, a série de troca de mensagens entre Leo Pinheiro, o executivo da OAS preso, e autoridades estará no decanter, bem como as demais citações que envolvem os ministros palacianos.
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No Planalto, tudo é visto como um ataque especulativo e seletivo sobre os principais ministros de Dilma Rousseff, em especial Jaques Wagner, da Casa Civil, que começou a refazer as pontes com o Congresso. No PMDB, entretanto, há quem veja nos trechos dos vazamentos uma tentativa de deixar Michel Temer em baixa. Com ambos no desgaste, preserva-se Dilma enfraquecida, sem condições de aprovar a CPMF para salvar a economia. Aí estão a largada de 2016 e a ótica de parte de seus atores políticos.
Relações perigosas
Quem coordenou o processo de transferência da área financeira da Petrobras do Rio de Janeiro para Salvador foi João Carlos Ferraz. Lembrou-se do nome? Ferraz foi o primeiro presidente da Sete Brasil, indicado por Sérgio Gabrielli. Fez delação premiada no ano passado, se comprometeu a devolver R$ 3 milhões e repatriar
US$ 1,9 milhão.
Nova forma I
Os generais do deputado Leonardo Quintão na batalha pela liderança do PMDB decidiram tirar de cena o governo Dilma. Na maioria das conversas, dizem que não se trata de uma briga pró-Dilma nem do Anti-Dilma e, sim, um movimento contra o atual líder, Leonardo Picciani. Há quem diga que Picciani não trata dos interesses da bancada e sim do Rio de Janeiro em sua relação com o governo.
Nova forma II
A mudança de discurso dos adversários de Picciani é vista como um teste para o próprio governo Dilma. É que, se ganhar corpo, é sinal de que o impeachment realmente perde fôlego entre os peemedebistas. A ver.
Por falar em Quintão…
As dificuldades para conseguir um candidato único dentro do PMDB mineiro são consideradas insanáveis.
Isso porque, ali, há uma aliança entre PT e PMDB, e os peemedebistas ligados ao governo Pimentel — leia-se: Dilma Rousseff — não querem dar asas a qualquer movimento contra Dilma no Congresso.
E o Cid, hein?/ Ao fim de entrevista, enquanto tirava selfies com jornalistas, alguém quis saber da presidente Dilma o que ela achava da proposta de Cid Gomes (foto), de voltar ao PDT. Dilma fez uma expressão de que a proposta era uma bobagem e riu: “Não vou brigar com o Cid Gomes, ele pode falar o que quiser que eu não vou brigar com ele. No tempo que convivemos aqui, percebi que é uma pessoa bem-intencionada”.
TQQ/ É assim que técnicos da Petrobras chamam o presidente da empresa, Aldemir Bendine. Há quem diga que ele, muitas vezes, faz a semana parlamentar: terça, quarta e quinta.
Riquinho/ Ah, é assim que advogados da Petrobras chamam o diretor financeiro, Ivan Monteiro. Os advogados da companhia deram o apelido porque consideram que Ivan tem aversão a contenciosos com governos estaduais ou a União. Prefere pagar o que a União pede, sem discutir as dívidas.
O imponderável/ Leo Pinheiro está fora da cadeia, respondendo em liberdade, mas, se voltar para a prisão, é bem possível que termine contando o que sabe.