Autor: Denise Rothenburg
O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, vai para a convenção que oficializará a sua candidatura a presidente da República sem um vice para compor a chapa. Ali, o partido dará carta branca à Comissão Executiva nacional para homologar a escolha, em 5 de agosto. A decisão de repassar a homologação para a executiva foi tomada hoje, depois que o PRP não autorizou o general Augusto Heleno ao ocupar a vaga na chapa do ex-capitão e, em resposta, Heleno saiu do PRP e não será candidato a nada. Ontem, ele já havia dito que estava pronto para assumir a vaga de vice na chapa. Com o desgaste de ter um vice desautorizado pela legenda, o PSL voltou à estaca zero nesse tema e agora não descarta sequer voltar a conversar com o senador Magno Malta (PR-ES) para ver se consegue convencê-lo a assumir o posto. O problema, entretanto, é que Malta teria que passar pela aprovação de seu partido, que resiste a seguir com Bolsonaro. O próprio senador também não quer, prefere concorrer à reeleição.
O adiamento da escolha é mais um sinal das dificuldades do líder das pesquisas hoje em agregar aliados. De ontem para hoje, dois partidos recusaram compor a chapa de Bolsonaro, o PR, capitaneado por Valdemar Costa Neto, e o PRP. Uma das soluções em estudo, a advogada Janaína Paschoal, uma das signatárias do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, não é considerada o melhor nome pelo partido, porque é do PSL. Assim, não acrescentaria o que Bolsonaro mais deseja hoje, tempo de televisão. Janaína manteria Bolsonaro restrito aos oito segundos no horário eleitoral, fazendo com que ele praticamente desapareça nas inserções ao longo da programação normal das emissoras, a propaganda que tem mais audiência. Agora, com mais dias para escolher o seu vice, ele espera angariar apoios. Só tem um probleminha: Se até lá as pesquisas começarem a mostrar crescimento de outros candidatos, ou mesmo uma baixa nos percentuais de Bolsonaro, o ex-capitão corre o risco de não agregar mais ninguém. Aí, restarão Janaína e os oito segundos.
O pé no freio do PR em relação ao apoio formal à candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) foi comemorado tanto pelo PT quanto pelos partidos de centro. É que, se outros partidos fizerem o mesmo movimento, o candidato do PSL não terá tempo de tevê em volume suficiente para fazer crescer a sua campanha quando começar a corrida eleitoral de fato. Para completar, a saída do PR da aliança de Bolsonaro será um sinal de que os caciques do partido não confiam que o ex-capitão estará no segundo turno.
Até aqui, os partidos estão avaliando dois campos: num, mais à esquerda, estão Ciro Gomes, do PDT, e o PT com ou sem Lula. No outro, Geraldo Alckmin, do PSDB, e Bolsonaro (eles conversaram, mas não levam mais em conta Álvaro Dias, do Podemos, e tampouco pensam em fechar com Marina Silva, da Rede, que segue fazendo sua campanha longe dos partidos de centro e de potenciais aliados do PT). O PR tende a seguir com o PT, dando adeus ao bloco de centro. O PP, DEM e Solidariedade continuam disputados entre Ciro e Geraldo Alckmin, com uma ligeira vantagem para Alckmin por causa do discurso pró-reformas.
Eles têm a força
As direções partidárias têm os recursos para financiamento de campanha, mas não terão pulso para mandar nas escolhas de quem os deputados federais vão apoiar para presidente da República. Como as quotas de cada parlamentar para financiar a própria campanha foram definidas antecipadamente, estão todos senhores de si. A turma agora corre é para cobrar os recursos prometidos e que se dane a campanha presidencial.
Tá neste nível
Os partidos oficialmente podem até ter candidatos, mas algumas estrelas estão cuidando da vida sem esperar a formatação nacional. Renan Calheiros vai de PT, Guilherme Mussa, do PP, apoiará Alckmin; o cearense Danilo Forte, do DEM, também vai de Alckmin. Cada um na sua.
Vai ter nome!
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, tem dito que seu partido terá sim, candidato a presidente da República. E, pelo tom da conversa dele com amigos, não será Geraldo Alckmin. “Não temos vocação para ser tucano e ficar em cima do muro”, diz.
Lídice na roda
Carlos Siqueira passou, inclusive, a trabalhar com a pré-candidatura de Lídice da Mata a presidente da República. Só tem um probleminha: a ideia, até aqui, não colou nos outros estados. A conta que alguns fazem é que Pernambuco, ao se juntar à Paraíba, Amapá, Acre, Rio Grande do Norte e outros estados nordestinos, faz o que quiser dentro da reunião do diretório do PSB, marcada para 30 de julho. A convenção ficou mesmo para 5 de agosto, depois que o PT pernambucano definir o que fará da pré-candidatura de Marília Arraes ao governo estadual.
Sutil…/ O governador de São Paulo, Márcio França, aproveitou a entrevista ao Roda Viva na última segunda-feira para um “chamego” com os tucanos. Além de defender o apoio a Geraldo Alckmin, citou José Gregori, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, como inspirador de programas de segurança no tempo em que o socialista era prefeito de São Vicente.
… como um elefante/ Nos idos dos anos 90, o MDB ao menos esperava as convenções partidárias para declarar apoios a outros candidatos. Pois agora nem precisa mais disso. Renan Calheiros (foto) visita Lula, faz jura de amor ao PT e fica por isso mesmo.
Por falar em Lula…/ Os pré-candidatos a senador, caso de Sílvio Costa, do PTdoB, aproveitam as imagens coletadas nas caravanas do petista antes da prisão para jogar nas redes sociais que têm o apoio do ex-presidente. Lula, ainda que não esteja na campanha, estará presente todos os dias.
Breu na política/ O que mais incomoda os partidos sem candidatos a presidente da República é ter que decidir um caminho no escuro. Ninguém tem segurança nas escolhas, muito diferente das eleições anteriores. Se escolher errado, depois para mudar de rumo fica mais difícil.
Os socialistas nunca estiveram tão divididos. Por isso, a reunião do diretório, que deverá determinar o rumo a seguir na eleição presidencial deste ano, foi adiada para dia 30 de julho e a convenção partidária para 05 de agosto. Da candidatura própria, ao apoio a Lula, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, o PSB tem hoje de tudo um pouco. Ontem, por exemplo, o governador de São Paulo, Márcio França, insistia no programa Roda Viva na defesa do apoio a Alckmin. Já o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, continua interessado no apoio a Lula ou a ninguém. O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, prefere Ciro Gomes. Na Bahia, circula o nome de Lídice da Mata como candidata a presidente. Quem quiser perguntar sobre o que o partido fará vai perder tempo, porque cada um aposta a ficha no seu cavalo. E ninguém dá um vintém pela aposta do outro. Até mesmo Márcio França jura não ter perdido as esperanças de levar o partido para Geraldo Alckmin. Ao que tudo indica, a decisão do PSB será no voto. Essa é a única aposta que une todos os socialistas no momento
Começa a dar resultado a blitz montada pelo governo, PT e até o PSDB para evitar que Ciro Gomes (PDT) tenha uma forte aliança. O PT pede neutralidade ao PSB de Pernambuco, enquanto o PSDB de Geraldo Alckmin faz o mesmo com Márcio França, em São Paulo. No outro segmento procurado por Ciro, o dos partidos de centro, crescem as conversas para que Rodrigo Pacheco, do DEM, saia candidato ao Senado na chapa de Antonio Anastasia (PSDB), em Minas Gerais. Há ainda quem aposte que não está descartado um acordo entre Álvaro Dias, pré-candidato do Podemos, e Alckmin. Tudo para unir forças para tirar votos de Jair Bolsonaro (PSL).
Em tempo: até em seu maior reduto eleitoral, Ciro terá problemas com esses partidos que ensaiaram uma aliança com ele e agora refluem. O deputado Danilo Forte (DEM), por exemplo, anuncia que, assim que começar a campanha, abrirá um comitê pró-Alckmin. “Quem tem consistência e coerência é Alckmin”, diz.
Efeito Crivella
Depois que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, passou por um pedido de impeachment acusado de favorecimento a integrantes de sua igreja, os líderes da bancada pediram cuidado redobrado com a mistura de campanha e cultos. Ninguém quer correr o risco de ficar exposto a perder o mandato.
Fé em Deus
Os deputados, entretanto, confiam que a Justiça dos homens não será tão forte quanto promete. É que os tribunais eleitorais não têm estrutura para fiscalizar todos os cultos do país. Portanto, ou a população fiscaliza por conta própria ou a campanha vai rolar solta em muitas igrejas por aí.
A vingança da loira
Luizianne Lins convocou uma plenária do PT para discutir os candidatos do partido e a organização da campanha de Lula. A movimentação dela se dá em represália ao movimento de Ciro Gomes que, na semana passada, ameaçou largar a campanha do governador Camilo Santana.
A hora da verdade
De olho numa parceria com o PT, o senador Renan Calheiros lançou um vídeo #mdblivre, nos moldes do #Lulalivre, com apelos para que o partido desista da candidatura de Henrique Meirelles a presidente da República. Na outra ponta, Romero Jucá (foto) pede que os emedebistas aprovem Meirelles, a fim de não deixar o partido “sujeito a seguir outras ideologias populistas que nos fizeram tanto mal”. É a guerra da hora dentro do partido. E ninguém tem o papel de árbitro.
O silêncio do PTB
O partido tratou a invasão do Ministério do Trabalho como um caso de furto. Nem nota soltou. Quem vai dizer se os petebistas têm razão é a Polícia Federal. Até aqui, nada está descartado.
Tá explicado/ A marcha #Lulalivre que saiu de vários municípios pernambucanos rumo ao Recife deixou parte da organização preocupada. É que, se lá o PT não conseguir mobilizar milhares de pessoas, vai ser difícil conseguir alguma coisa potente em outros estados.
Borboletas e lobisomens I/ Esse é o título do livro que o jornalista e professor Hugo Studart lança hoje, 18h30, no restaurante Carpe Diem da 104 Sul. A obra é resultado de uma alentada pesquisa sobre a guerrilha do Araguaia. A alentada pesquisa de Hugo levou a novas descobertas sobre o tema. Por exemplo, uma testemunha jura que Maria Petit, uma jovem militante, teria sido enterrada viva e o caso foi abafado. “Ele disse também que a jovem fora ferida com um tiro, mas ainda estava viva quando fora enterrada. Ele chorava muito. Guardei na memória ele me falando da imagem de ‘um braço fora da terra se mexendo’”.
Borboletas e lobisomens II/ Hugo também traz algumas curiosidades, por exemplo, a vida sexual na guerrilha. Aponta ainda quem seriam sete guerrilheiros que mudaram de lado durante o conflito. A história da guerrilha do Araguaia, a cada década parece ganhar novos contornos.
A volta de Moema/ A ex-deputada Moema São Thiago (PSDB) vai concorrer a um mandato à Câmara dos Deputados. Vem com a experiência de ser a única mulher constituinte cearense no páreo, justamente no ano em que a Constituição de 1988 completa 30 anos.
O deputado Saraiva Felipe (MDB-MG) acaba de assumir a presidência da comissão provisória do partido no estado com carta branca para, se for o caso, refazer a aliança com o PT do governador Fernando Pimentel. Só tem um probleminha: Será difícil ingressar no mesmo palanque em que a presidente Dilma Rousseff, candidata ao Senado, chamada o MDB de ” golpista”. A dissolução do comando nacional do MDB de Minas foi anunciada em primeira mão pelo Blog, na semana passada. Agora, além de Saraiva, passam a mandar no partido ex-deputado João Magalhães, no papel de tesoureiro, e os deputados Leonardo Quintão, Newton Cardoso Júnior, Iran Barbosa, Leonídio Bouças e Luiz Tadeu Martins Leite. Quem assegurar um maior número de vagas à Câmara e á Assembleia Legislativa para o MDB de Minas, leva. Até o PT, se Pimentel prometer que Dilma não jogará o microfone na cabeça deles na hora em que estiverem todos juntos no palanque.
“Partidos que apoiarem Ciro devem sair do governo”, defende Marun
Em café da manhã com jornalistas, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, contou que se reuniu com o presidente do PP, Ciro Nogueira, e comunicou a ele que não cabe uma aliança entre pré-candidatos que são contra as medidas do governo, como reforma trabalhista, com legendas que foram partícipes desses projetos. “Espero que os partidos que apoiarem Ciro Gomes deixem o governo. Queira destacar a completa hipocrisia de Ciro, ao buscar partidos do governo. É o querer ganhar de qualquer jeito. A volta da política oportunista” afirmou.
Marun ressaltou, entretanto, que não há uma decisão de governo, sobre demitir ministros de partidos que apoiarem candidatos mias refratários ao governo e
Que estava dando sua posição pessoal. Porém, só o fato de dizer que conversou com o presidente do PP, Ciro Nogueira, a respeito já mostra que o governo trabalha contra Ciro Gomes. “Não estou dizendo que, quem não apoia o Meirelles ( Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB) deva sair do governo, não. Mas tem que haver limites”, comentou.
O ministro não mencionou conversas com o DEM, mas, ao comentar uma cena hipotética, citou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia: “Imagina lá no palanque, o Ciro deitando falação, nos chamando de golpistas, criticando a reforma trabalhista, o teto de gastos e lá o Rodrigo Maia e o pessoal todo que defendeu, fazendo cara de paisagem. Não cabe, no primeiro turno, uma aliança entre partidos que votaram com o governo e aqueles que foram completamente contrários ao impeachment, à reforma trabalhista. No segundo turno, é votar no menos pior”.
Quanto ao apoio do PR a Jair Bolsonaro, ele comentou: “É outro que torço para não vencer. Ele votou acabou do impeachment, com um voto meio desastrado lá (Bolsonaro votou homenageando Brilhante Ustra, acusado de tortura). Ciro nos chama de golpistas. Torço para que esta semana, em que estarei fora, os partidos reflitam” disse Marun.
E a participação do presidente na campanha? Diz Marun que Temer vai governar. Menos mau.
A avalanche de medidas aprovadas pelo Parlamento, que resultou no aumento das despesas governamentais nesses últimos dias antes do recesso, deixou ao governo a certeza de que o Planalto perdeu totalmente o comando do processo legislativo. Em especial na Câmara, onde quem manda hoje é o triunvirato DEM, PP e PR, ao qual se agrega, vez por outra, ao Solidariedade. O MDB tem parte nessa turma, mas se torna uma massa a cada dia mais amorfa, enquanto o grupo capitaneado pelo DEM/PP e cia. ora se alia à oposição mais orgânica (PT-PCdoB-PSol-PDT), ora ao governo. PSDB e PPS, considerados os partidos mais “pé no chão”, estão cada vez mais sozinhos.
Em tempo: Os partidos que comandam a cena são os mesmos que rezavam pela cartilha de Eduardo Cunha, atualmente na cadeia. Não é à toa que o presidente do DEM, ACM Neto, quer se afastar um pouco desses companheiros.
Vai ajudar os outros
A absolvição do senador Delcídio do Amaral no caso de obstrução de Justiça vai reforçar o discurso de muitos que estão com a corda no pescoço e a cabeça a prêmio no Legislativo. A partir de agosto, vai prevalecer o lema: enquanto os tribunais não derem um veredicto, não dá para cassar ou afastar qualquer senador do mandato.
Assunto popular
A análise da abertura de um pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella no Rio reacendeu o pisca-alerta do mundo político. Há quem tenha o receio de que, diante das dificuldades econômicas que o país atravessa, o próximo presidente, seja quem for, acabe colecionando alguns pedidos nessa área logo na largada, caso queira promover gastos sem cobertura orçamentária.
Nem piscou
O mercado não se assustou muito com a derrubada do dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que proibia a concessão de reajustes salariais aos servidores em 2019. Conforme antecipou a coluna ontem, o que vai segurar os aumentos é o teto de gastos.
Aí, vai dar ruim
Analistas já fizeram chegar às coordenações de campanha dos pré-candidatos à Presidência que o melhor a fazer é não mexer muito no teto e, sim, segurar as despesas. Se tirar o teto para investimentos ou outros gastos, o deficit projetado na casa dos R$ 130 bilhões, vai piorar a situação do país.
Tudo de novo I/ Depois do solta-prende do ex-presidente Lula no último domingo, tem grão-petista planejando ações em torno do direito do ex-presidente gravar um vídeo para a convenção do partido, entrevistas e mensagens para os petistas.
Tudo de novo II/ A primeira parada de um recurso para que Lula possa gravar entrevistas e vídeos deve ser o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Aliás, foi para isso que os deputados pediram o habeas corpus. Há quem diga que , se tivessem feito apenas esse pedido, sem a liberdade, poderiam ter alcançado algum sucesso.
Longo recesso/ O governo está com receio de montar uma agenda mais alentada para o esforço concentrado de agosto. É que, depois da ampliação dos gastos, é melhor deixar tudo para depois da eleição.
Mandato derramado/ O PTC, novo partido de Delcídio do Amaral (foto) vai à Justiça tentar reverter a inelegibilidade do ex-senador e lançá-lo candidato. Delcídio, entretanto, ainda não decidiu se quer concorrer à Casa que não lhe deu o benefício da dúvida quando permitiu que ele ficasse preso.
A engenhoca que vai impedir o reajuste dos servidores públicos vai muito além da proibição incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 e derrubada pelo Congresso. Ontem, no fim do dia, especialistas orientaram os deputados no sentido de que se a oposição conseguisse tirar a proibição de reajuste salarial aos servidores, a medida não teria qualquer efeito. No ano que vem, o tema será discutido diante da realidade do teto de gastos, fixado por emenda constitucional. Ou seja: Ou modifica o teto mais à frente, ou nada feito.
A aposta hoje é a de que os próximos parlamentares vão modificar o teto para liberar gastos com saúde, educação e, ainda, investimentos. Quanto aos reajustes, a ordem é que sejam decididos caso a caso.
O pós-Laurita
Conforme adiantou a coluna na terça-feira, os petistas foram avisados, por amigos no Judiciário, que o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli não deve, mesmo, aproveitar uma interinidade no recesso para soltar Lula. Para completar, depois de a presidente do Superior Tribunal de Justiça, Laurita Vaz, recusar de uma só vez os 143 pedidos de liberdade do ex-presidente, as esperanças também foram soterradas. Está cada vez mais claro para o PT que Lula será escolhido candidato sem que esteja presente à convenção do partido.
ACM Neto reflui
A vontade do presidente do DEM, ACM Neto, de apoiar Ciro Gomes à Presidência da República está em viés de baixa. É que o partido fez as contas e descobriu que o PT não está liquidado, ainda que o candidato seja Fernando Haddad. E não haverá dois candidatos de esquerda (Ciro e Haddad) num segundo turno. Logo, o DEM tende a reforçar um nome de centro mais viável. Hoje, Geraldo Alckmin.
Rodrigo insiste
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ainda pretende direcionar seu partido para o PDT de Ciro Gomes. Afinal, seu pai, o ex-prefeito César Maia era brizolista de carteirinha e cresceu politicamente no PDT. E, se Ciro vencer, há quem faça uma conta favorável à recondução de Rodrigo Maia ao comando da Casa.
Gratidão eterna
Para completar a liga DEM-PDT no Rio, há quem lembre da dívida do presidente do PDT, Carlos Lupi, com Eduardo Paes. Quando prefeito, em 2012, Paes nomeou Lupi para um cargo de assessor em seu gabinete, logo depois que o pedetista virou ex-ministro do Trabalho, demitido por Dilma Rousseff, diante das suspeitas de irregularidades na pasta. O prefeito, entretanto, voltou atrás quando a nomeação foi notícia nos jornais.
A acolhida depois da demissão do governo federal nunca foi esquecida pelo pedetista.
Ah, é? Vai ver/ O PT mantém a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco e o governador Paulo Câmara, candidato à reeleição, conversa com Ciro Gomes para mostrar que não está dependente dos petistas. Da mesma forma, Geraldo Alckmin conversa com Índio da Costa (foto), do PSD, para mostrar ao DEM do Rio de Janeiro que pode fazer outro jogo. Essa dança só termina no fim do mês, uma vez que todos os partidos estão marcando
suas convenções para a primeira
semana de agosto.
Enquanto isso, no Congresso…/ O governo não vê a hora de o Congresso entrar em recesso. É que a base está fraca e há uma penca de projetos que ampliam despesas ou mudam o que o presidente Michel Temer havia planejado. Haja vista a votação do decreto legislativo que manteve os incentivos fiscais do setor de refrigerantes, que haviam sido suspensos para cobrir parte do acordo com os caminhoneiros.
Alckmin, o selfista/ Pré-candidato a presidente pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin tem aproveitado os voos de carreira para fazer aquela média com o eleitor. “São 30 selfies por voo”, diz ele com a maior cara de alegria.
Por falar em Alckmin…/ Inicialmente, seus aliados queriam que ele fizesse a convenção nacional do partido em São Paulo. Ele, entretanto, terminou convencido de que é melhor fazer em Brasília, a fim de tirar a imagem de paroquial.
Por 209 votos a 45, os deputados derrubaram o dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 que impedia o reajuste de servidores públicos. No Senado, a votação foi simbólica. Também foi derrubado a imposição de um corte de 5% nas despesas administrativas do governo. A derrubada dos dois dispositivos, entretanto, é uma derrota mais do ponto de vista político, que demonstra a fragilidade do governo para impor sua vontade num ano eleitoral, do que propriamente uma derrota em termos de política econômica ou mesmo uma garantia de reajustes. É que o próximo presidente da República, seja quem for, terá a obrigação de cumprir o teto de gastos, que, por si só, impõe a necessidade de corte de gastos. Um presidente que quiser ser “generoso” em projetos e reajustes terá que mexer no teto, o que só poderá ocorrer por emenda constitucional.
No caso dos servidores públicos, ao retirar a proibição de reajustes, os congressistas apenas deixaram para o futuro presidente decidir se irá ou não conceder correções salariais aos servidores das mais diversas categorias. E certamente será um tema explorado na campanha. A base do governo se dividiu, com uma maioria de parlamentares votando a favor do pedido do PT, para que essa parte do projeto fosse derrubado. “Até o DEM está votando conosco”, comemorou a deputada Érika Kokay (PT-DF), autoria da proposta.
A sessão do Congresso que votou a LDO terminou pouco depois da meia-noite. Agora, deputados e senadores estão livres para seguir rumo ao recesso e se dedicar à campanha eleitoral, com perspectivas nada animadoras para quem vencer a sucessão presidencial. O déficit está na casa dos R$ 132 bilhões. Quem vencer a eleição presidencial não terá vida fácil em 2019.
A guerra no MDB mineiro chegou ao seu ápice há pouco, quando os 13 deputados estaduais e cinco federais dissolveram o diretório estadual, mediante a renúncia de mais de 50% de seus integrantes. A medida extrema está diretamente relacionada à indecisão do vice-governador Toninho Andrade, sobre o caminho a seguir na formatação de alianças. “Ele estava nos enrolando. E queremos sobreviver. O tempo para esperar que ele indique o caminho acabou. Vamos buscar uma aliança que permita a nossa reeleição”, contou ao blog o deputado Saraiva Felipe (MDB_MG).
Toninho Andrade brigou com o governador Fernando Pimentel e não definiu quem apoiará na eleição estadual. O MDB tem dificuldades em seguir com o PT, por causa da candidatura de Dilma Rousseff ao Senado. Porém, os deputados vão se pautar pelo pragmatismo e buscar uma aliança que garanta a reeleição deles. Não está descartada uma composição com o DEM do pré-candidato Rodrigo Pacheco ou o PSB, de Márcio Lacerda. quem definirá o caminho será uma comissão provisória, formada pelos próprios parlamentares. Com a comunicação da dissolução do diretório estadual ao comando partidário, essa comissão deve ser nomeada até amanhã de manhã.
Para o comando nacional do MDB, o que interessa é o diretório estadual conseguir essa aliança que garanta a reeleição da bancada. Afinal, o que garantirá a um partido espaço de poder, funco partidário e tempo de televisão no futuro é o tamanho de sua bancada federal. É nisso que o MDB, enquanto partido jogará sua força. Quanto à campanha presidencial, diante das incertezas de primeiro turno, o MDB de Minas está praticamente fechado com Henrique Meirelles, na convenção nacional de 02 de agosto em Brasília.