Diplomacia brasileira em xeque

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A crise real

Experientes embaixadores alertam que os parlamentos de todos os países vão precisar ratificar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia e, se o Brasil não agir rápido para resolver o problema na Amazônia, pelo menos parte do que foi conquistado pode desmoronar. Nos bastidores da nossa diplomacia, há quem assegure que, até o momento, o único país da União Europeia que está, de fato, ajudando o Brasil de corpo e alma nesse acordo é a Espanha. Os demais têm seus desconfortos.

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A coluna ontem cantou a bola: a celeuma em torno das queimadas da Amazônia e a demora do governo em responder com ações em vez de declarações culpando ONGs, fazendeiros e quem mais chegasse preocuparam o agronegócio brasileiro e deram fôlego àqueles que assinaram o acordo da União Europeia e do Mercosul a contragosto. Fazer passar esse acordo nos parlamentos europeus será o grande desafio no jogo internacional.

Maia se coloca bem na foto

Quem conversou com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes para garantir recursos recuperados pela Lava-Jato para ações de combate aos incêndios na Amazônia foi o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. As conversações caminham para a destinação de
R$ 1 bilhão já na próxima semana.

Perdeu pontos

Senadores avaliam que, se o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) quiser ser embaixador, deve ter mais cuidado com o que diz ou tuíta. Talvez por inexperiência, retuitou um vídeo de um internauta que chamava o presidente da França, Emmanuel Macron, de “idiota”, com um enunciado da sua lavra: “Recado para o @EmmanuelMacron”. Até parlamentares que pretendem votar nele para embaixador ficaram constrangidos.

Mas pode recuperar

Os mais tarimbados avisam: diplomacia não se faz com bravatas nem provocações. E sim com sangue frio, inteligência, conhecimento e equilíbrio. É por aí que será feita a sabatina. Certamente, alguém vai perguntar por que ele retuitou o vídeo colocando mais lenha na fogueira em vez de atuar como bombeiro, esclarecendo as ações do Brasil na área ambiental.

Enquanto isso, em Salvador…

Delegados da Polícia Federal divulgaram nota criticando eventuais interferências na corporação, mas sabem que, na prática, têm pouco a fazer para reagir a um avanço efetivo de Jair Bolsonaro. Se o presidente quiser trocar os chefes das superintendências regionais, fará sem qualquer reação da PF. Assim, ganha força entre os delegados a defesa do mandato do diretor-geral e a autonomia orçamentária da polícia. Mas tudo a partir da pressão legislativa. Eles consideram que é o único caminho.

Menos, presidente, menos/ Parlamentares diziam ontem à boca pequena que não dá para o presidente Jair Bolsonaro seguir o exemplo do presidente Donald Trump. Afinal, a economia brasileira não lhe permite essa atitude.

Por falar em Trump…/ O presidente Donald Trump se disse pronto a ajudar o Brasil no combate aos incêndios na Amazônia, mas o governo brasileiro espera mesmo é que ele ajude o presidente Jair Bolsonaro dentro do
G-7. O que for bom para os Estados Unidos, o presidente americano fará. No momento, está mais focado na guerra comercial com a China.

Mourão, o discreto/ Ao participar da sessão solene em homenagem ao Dia do Maçom, no Senado, o vice-presidente Hamilton Mourão (foto) não abriu a boca para falar da Amazônia. Quem esteve com ele garante que o período é de paz entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. E, pelo menos até a paella que Mourão servirá hoje para o presidente no Jaburu, não tem briga.

Enquanto isso, na Câmara…/ O comandante do Exército, Edson Pujol, não saiu um milímetro do script, na sessão pelo Dia do Soldado. A ordem no governo é um discurso único. Já não era sem tempo.

Agronegócio brasileiro teme boicote europeu por causa da Amazônia

Amazônia
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Coluna Brasília-DF

A intenção do presidente francês, Emmanuel Macron, de levar a discussão das queimadas na Amazônia para o G7, que reúne as maiores economias do mundo, acendeu o pisca alerta do agronegócio e de alguns embaixadores brasileiros. O setor, que hoje move o Brasil, aguarda ansiosamente os acordos com a União Europeia e com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), formada por países que não fazem parte da UE.

O receio é de que produtores europeus, temerosos com a entrada dos produtos brasileiros, usem os incêndios na Amazônia como forma de tentar dificultar os acordos comerciais entre os europeus e o Mercosul. Por aqui, é consenso que o Brasil hoje não tem saúde econômica para comprar brigas internacionais e, se desequilibrar a saúde do agronegócio, ficará pior.

De volta aos anos 1990…

Embaixadores experientes que viveram de perto a agenda negativa que o Brasil enfrentou no cenário internacional nos anos 1990 sobre o desmatamento na Amazônia começam a se preparar para repetir a dose. Naquele período, foi feito um grande esforço da diplomacia brasileira para mostrar que o Brasil cuidava das suas mazelas, a começar pela Eco-92.

… e muito mais grave

Naquele período, porém, não havia fake news nem redes sociais para disseminar com tanta rapidez os protestos pelo mundo afora. Agora, o desafio para reverter o desgaste da imagem será muito maior. Há quem receie que a campanha internacional será pequena para levar o país a retomar o protagonismo no setor ambiental.

Desestimulados…

Muitos dos diplomatas que comandam postos-chaves não estão lá muito entusiasmados com o atual governo. O atual chanceler, Ernesto Araújo, ainda não demonstrou capacidade de liderança para estimular seus colegas com mais tempo de janela a ajudar o Brasil a sair da enrascada em que está entrando.

…e largados

Para completar, há quem se sinta desprestigiado na carreira depois de ver o presidente Jair Bolsonaro interessado em colocar seu filho Eduardo num dos principais postos da diplomacia.

E a Petrobras, hein?

Desde o período da campanha que Paulo Guedes fala em privatizar a empresa. O difícil vai ser o Congresso aceitar. Hoje, com a campanha “A Amazônia é nossa”, voltará a de “o petróleo é nosso”.

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Sem redução/ Se não é para cortar salário, como defendeu a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, não é para cortar jornada de trabalho. A ideia em estudo no governo é remanejar servidores onde houver excesso. E quem não gostar que peça para sair.

Adivinhou…/ Antes de saber que o presidente Jair Bolsonaro havia citado os fazendeiros também como suspeitos de queimadas, o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado Alceu Moreira, do MDB-RS, estava na tribuna do Senado em defesa dos produtores sobre o mesmo tema.

…e respondeu/ “Parem de criminalizar quem produz alimentos para abastecer a mesa dos brasileiros. Desmatamento é uma questão de polícia, não de política. Não somos nós, os produtores de alimentos, responsáveis por isso. Temos muita responsabilidade e somos obedientes ao Código Florestal”, disse Alceu.

Bolsonaro em dois tempos/ Ao assumir a Presidência, Jair Bolsonaro não mudou seu comportamento de parlamentar. Antes, ele levantava suspeitas, como fez com ONGs e fazendeiros sobre o desmatamento na Amazônia, e não gerava crises. Hoje, qualquer declaração tem o peso do cargo que ocupa. A espontaneidade é boa, mas ele já foi aconselhado a não exagerar na dose.

Eduardo Bolsonaro dita o timing da indicação para o cargo de embaixador

Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

O deputado Eduardo Bolsonaro pediu ao presidente que espere o balanço das conversas que vem mantendo com senadores para enviar à Casa a mensagem com a indicação dele para o cargo de embaixador do Brasil em Washington. A ideia é concluir as visitas até sexta-feira e que o texto seja enviado para avaliação dos senadores na próxima semana.

Continhas

As contas do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), indicam, hoje, 10 votos a favor e sete contra a indicação de Eduardo na Comissão de Relações Exteriores.

Parlamentares correm para aprovar reforma eleitoral

reforma eleitoral
Publicado em CB.Poder
Coluna Brasília-DF

Os parlamentares tentam aprovar uma minirreforma eleitoral para valer nas eleições de 2020. A ideia é pegar o que foi objeto de resolução do Tribunal Superior Eleitoral e votar já na semana que vem. Estão no radar o impulsionamento de internet via fundo partidário, e dar às mulheres candidatas a responsabilidade de gastar os recursos que lhe couberem desse fundo. A ideia é votar tudo na próxima terça-feira.

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Se houver algum espaço para a federação de partidos, o assunto também entrará em pauta, conforme antecipou a coluna Brasília-DF no fim de semana. É uma forma de tentar amenizar a dificuldade de montar uma chapa completa, uma vez que, no ano que vem, não será permitida a coligação para fins eleitorais. A diferença é que, na federação, a união dos
partidos permanece pelo período que a lei determinar e não fica restrita à temporada eleitoral. “Esse é um tema que pode evoluir”, diz o líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento.

Outras mudanças, entretanto, só para a eleição de 2022. Vem aí uma comissão de líderes para debater um projeto mais profundo. A ideia é discutir o voto distrital misto e mudanças no financiamento de campanha.

A queda de braço no governo

Os ministros estão na maior dificuldade para fechar os orçamentos que devem ser encaminhados ao Congresso em 30 de agosto (na verdade, seria 31, que cai num sábado). E os parlamentares não querem saber. No Legislativo, a prioridade são as emendas — e a disposição é usar os sinais de recuperação da arrecadação e a antecipação de dividendos dos bancos federais para cobrir os pedidos de deputados e senadores para liberação em 2020, ano eleitoral.

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Não é para já/ No dia em que foi eleito, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, prometeu acabar com as votações secretas em plenário. Agora, ele responde assim quando perguntado se há chance de mudança no curto prazo: “Nada será feito agora”.

Não é comigo/ Quando alguém pergunta quando será votada essa bandeira de campanha, ele completa: “O relator
é o senador Antonio Anastasia. Pergunta para ele”. O assunto ainda está em discussão.

Apelidos/ Considerado um dos maiores aliados do presidente Jair Bolsonaro, ao ponto de ser citado como candidato do PSL a prefeito do Rio, o deputado Hélio Lopes (Hélio Bolsonaro) ganhou um apelido entre os colegas: “A Benedita do Bolsonaro”, numa referência à deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e ao ex-presidente Lula. Um gaiato ontem no plenário brincava: “Cada um tem a Benedita que merece”.

Brigas não faltarão/ Quem esteve com o presidente Jair Bolsonaro, nos últimos dias, garante que ele não pretende voltar atrás nas brigas que está comprando, seja na área ambiental com as Ongs, seja na Receita Federal. A amigos, ele tem dito que está no caminho certo.

E o Aécio, hein?/ Nunca foi tão difícil analisar um processo de expulsão dentro de um partido. E o voto do relator, deputado Celso Sabino (PA), contra a expulsão de Aécio Neves, impôs a primeira derrota do governador de São Paulo, João Dória, dentro do PSDB. Vida que segue, cheia de sequelas dentro do ninho tucano.

Governador Ibaneis Rocha não comandará o MDB nacional

Ibaneis
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Em reunião que terminou há pouco, a Comissão Executiva Nacional do MDB rejeitou a mudança imediata no estatuto do partido. Assim, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, está automaticamente fora da disputa para o comando nacional do partido. Isso porque o atual estatuto não permite que governadores no exercício do cargo sejam escolhidos presidentes da legenda. A decisão de não alterar o estatuto agora tira também do páreo os governadores Renan Filho (AL) e Helder Barbalho (PA).

O atual presidente, Romero Jucá, tentou aprovar a mudança no estatuto hoje. Porém, os demais integrantes da Executiva Nacional rejeitaram colocar esse tema em pauta e fecharam o compromisso de que qualquer alteração nas normas internas do MDB deverão ser discutidas por quem for escolhido presidente na convenção prevista para 6 de outubro.

Sem os governadores no páreo, crescem as chances do atual líder da bancada na Câmara, Baleia Rossi, que tenta construir um consenso entre os deputados e angariar apoios entre os senadores. A reunião terminou com a frase do ex-senador Wellington Salgado (MG) ressaltando a capacidade de Jucá em não bater de frente com os demais integrantes da cúpula do partido: “Você, realmente, mostra que sabe ler o jogo”. Nos bastidores, significa que a Executiva Nacional não quis facilitar a vida para entregar a agremiação nas mãos do governador do Distrito Federal e Romero Jucá, que trabalhava por Ibaneis, preferiu não se queimar com os demais.

Congresso quer evitar indicação política no novo Coaf

Coaf
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Coluna Brasília-DF

Começa a ganhar corpo no Congresso um movimento para evitar que qualquer pessoa fora das carreiras de Estado possam compor os quadros da nova Unidade de inteligência Financeira (UIF), o novo nome do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A Medida Provisória que cria a UIF abre espaço para cargos em comissão, e a ideia dos congressistas é manter a área restrita a técnicos do Banco Central ou da Receita Federal.

Nesse sentido, foi muito bem-recebida no Parlamento a decisão do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de manter os atuais conselheiros do Coaf. A medida ajudou a esfriar um pouco os ânimos. Porém, ainda não está certo que o governo vai conseguir tudo o que pediu na MP.

Auditores em movimento

Jair Bolsonaro acordou uma categoria que andava quieta. Técnicos da Receita Federal passaram um pedaço da tarde de ontem no Congresso e estão em franca mobilização para um ato hoje à tarde no Senado. A ideia é dar um abraço simbólico no Senado. O Sindifisco Nacional, inclusive, chamou todos os senadores e escreveu expressamente no convite enviado por WhatsApp que “o ato reflete o descontentamento da classe com os recentes ataques que buscam enfraquecer a instituição”.

Novas continhas

De 13 senadores que participaram de um jantar fechado nesta semana, 10 votam contra a indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador em Washington. Ainda assim, acreditam que o presidente não terá dificuldade em aprovar o nome do deputado. Afinal, avaliam, a votação é secreta e requer maioria simples, ou seja, metade mais um dos presentes.

Não conte com eles

Prevalece no MDB algo que há muito tempo não se via: o partido simplesmente não quer e não deve ingressar no governo. Nem se for chamado. A ideia é voltar a legenda para aquilo que a fez crescer nos anos de chumbo: a defesa da liberdade e da democracia.

Uma coisa e outra coisa

Há 13 dias, o PT reuniu mais de 100 deputados na ida ao Supremo para evitar a transferência de Lula de Curitiba para o presídio de Tremembé, em São Paulo. Ontem, a ida ao Ministério da Justiça em defesa do “Lula livre” não obteve tanta adesão.

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Dados completos I/ Ainda em abril, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, estabeleceu que as notas fiscais referentes a verbas indenizatórias “seriam amplamente divulgadas”, seguindo os moldes da Câmara dos Deputados. O movimento do parlamentar foi registrado em ata na reunião de líderes no dia 23 daquele mês. Em julho, a determinação foi posta em prática.

Dados completos II/ Até então, as notas fiscais entregues pelos senadores tinham apenas os valores e os CNPJs das empresas. Com a determinação, o teor dos serviços prestados passou a ser divulgado, facilitando o trabalho de consulta, assim como estabelecem as regras de transparência entre os deputados.

A pressão da Zona Franca/ Seis deputados do Amazonas estão na comissão especial da reforma tributária na Câmara. Tudo para evitar que a Zona Franca perca os incentivos fiscais.

Enquanto isso, no PSDB…/ É visível o constrangimento de alguns parlamentares com o pedido de expulsão do deputado Aécio Neves do partido.

Previna-se/ Quem ficou preso no engarrafamento, na semana passada, para tentar alcançar a Esplanada, pode sair cedo de casa hoje. O movimento dos motoristas de transporte alternativo (vans e micro-ônibus) vai reunir 300 veículos e interditar parte da Esplanada.

Mercado financeiro descola de Bolsonaro

Mercado financeiro descola de Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Os assessores palacianos, ministros e líderes do governo estão aliviados. É que as polêmicas declarações do presidente Jair Bolsonaro perderam o potencial explosivo junto ao mercado financeiro. Porém não dá para comemorar, porque derrete a olhos vistos o apoio desse segmento ao governo. Os expoentes do mercado querem saber é de “entrega”, ou seja, o que o governo fará para ter PIB, isto é, de onde virá a base para o crescimento econômico. Até aqui, eles não sabem.

A reforma da Previdência é mais um ajuste fiscal do governo que ajuda, mas não resolve. Enquanto o PIB não der sinais de melhora, o ânimo dos investidores não voltará. São as atitudes que preocupam, e não as palavras. Por exemplo, o mercado, de forma geral, considerou um erro estratégico incluir a indicação de Eduardo Bolsonaro a embaixador nos Estados Unidos no palco em que deve prevalecer a reforma previdenciária e a tributária. O porto governamental, avisam os políticos e os integrantes do mercado, não tem profundidade nem espaço suficiente para abrigar tantas embarcações pesadas.

Renan, o retorno I

No papel de ex-líder do MDB e ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) não está tão convencido a aprovar a reforma previdenciária sem modificações. “O Senado precisa exercer o seu papel e modificar o que precisará ser modificado”, diz ele, que tem dúvidas em relação às mudanças no regime geral.

Renan, o retorno II

Experiente na tramitação de projetos e propostas de emendas constitucionais, ele avisa que, com um texto apenas sobre a Previdência dos Estados, corre o risco de morrer na praia. “Tem que ter ali algum ponto relacionado à reforma em si, se não, não anda”. Em tempo: ele não vê na capitalização um tema com fôlego suficiente para fazer valer a tal PEC paralela.

E o Eduardo, hein?

Renan é primeiro suplente de seu partido na Comissão de Relações Exteriores do Senado e não está disposto a aprovar a indicação de Eduardo Bolsonaro, caso precise votar. Ou seja, se o líder do governo necessitar de algum voto do MDB para substituir Jarbas Vasconcelos, não o terá no suplente.

O nó é na CRE

Aliados de Eduardo Bolsonaro estão em busca de um parecer que possa se contrapor ao solicitado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania -SE) à consultoria da Casa, que qualificou a nomeação de “nepotismo”. O receio dos senadores aliados ao governo é de que os indecisos quanto ao voto usem esse parecer como justificativa para votar contra a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador em Washington.

Caminha para o empate

Quem fez as contas na ponta do lápis considera que Eduardo Bolsonaro corre o risco de ganhar por um voto — o do presidente da Comissão, senador Nelsinho Trad.

Entrou com pé esquerdo/ Alexandre Frota mal chegou ao PSDB e já tem gente querendo vê-lo fora do partido. O ex-presidente do diretório estadual paulista Pedro Tobias e o ex-deputado José Aníbal entraram com um pedido de impugnação da filiação. Frota, no dia em que anunciou seu ingresso no ninho tucano, avisou em entrevista que apoiaria Joice Hasselmann para prefeitura. O atual prefeito, Bruno Covas, é tucano e candidato à reeleição.

O visitante…/ O senador Fernando Collor esteve, dia desses, com o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que entrou na campanha Eduardo embaixador. Collor é um dos integrantes da Comissão de Relações Exteriores que ainda não revelou como votará em relação à indicação de Eduardo Bolsonaro.

…exigente/ Vale lembrar que, quando presidiu a Comissão de Infraestrutura, Collor fez questão de cobrar dos indicados a agências reguladoras currículo e conhecimento na área, uma espécie de prova de títulos. Ou seja, havia, na gestão dele, uma análise de admissibilidade para depois sabatinar os indicados a essas agências.

Bem mineiro/ O senador Antonio Anastasia, que quase seguiu a carreira diplomática, não revelou seu voto, mas os amigos consideram que ele dificilmente votará a favor de Eduardo Bolsonaro.

União condenada a indenizar ex-ministro de FHC em R$ 100 mil

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A sentença da juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara Federal do Distrito Federal, é direta: “No mérito, julgo procedente o pedido, na forma do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, pra condenar a União a pagar ao autor compensação por dano moral no valor de R$ 100 mil”. O autor em questão é o ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, que ocupou o cargo no governo Fernando Henrique Cardoso. A ação corria na Justiça há 17 anos e se referia a entrevistas e divulgação de documentos sigilosos por parte dos procuradores do Ministério Público Luiz Francisco e Guilherme Schelb, a respeito do ex-ministro. Na sentença, a juíza diz que “o autor (no caso, Eduardo Jorge) sofreu dano extrapatrimonial”. Porém, na página 27, ela relata: “Se os citados procuradores agiram ou não com dolo, fraude ou culpa, cuide-se de questão a ser examinada em eventual ação regressiva, ajuizada pela União, se for o caso, mas não no presente feito”. Ela afirma que a responsabilidade do Estado é objetiva. Em suma, se a União quiser repassar a conta pra os procuradores, deve entrar com uma nova ação.

O caso da ação se refere a reportagens publicadas no ano 2000, com ilações do nome do ministro ao ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, condenado no escândalo do TRT de São Paulo. A juíza considerou que os agentes públicos “se excederam no exercício de suas funções, por meio de atos incompatíveis com as funções do cargo ocupado por eles à época dos fatos”. Ela, na sentença, destacada ainda que “mesmo que o autor tivesse de fato cometido crimes e atos ilícitos a ele atribuídos, o que, de acordo com elementos dos autos, não ocorreu, não poderia ter havido a divulgação de informações sigilosas e nem a utilização da imprensa com a finalidade de se obter material para, posteriormente, abrir investigação com base nas publicações jornalísticas e de macular a honra e a imagem do requerente”.

Autonomia do BC deve ser incluída na transferência do Coaf para o banco

Banco Central
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Coluna Brasília-DF

A semana será agitada pelas mudanças no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Banco Central, por medida provisória. Será mais um teste para o PSL, o Novo e todos aqueles que chegaram ao Parlamento lastreados pelo discurso de combate à corrupção. Para dourar a pílula, a ideia que prevalecia na sexta-feira era incluir a autonomia do BC no pacote.

Vespeiros abertos

As mudanças no Coaf, a tentativa do presidente de indicar diretamente delegado da Receita Federal no porto de Itaguaí (RJ) e ainda a situação da Polícia Federal no Rio aproximam o governo da parte enrascada do Centrão e o afastam daqueles que esperavam o fim das ingerências políticas. Coaf, Receita e PF, parte importante da estrutura de Estado que combate os malfeitos, prometem se tornar o grande foco de desgaste para o governo dentro e fora do Parlamento.

Recessão ameaça reforma tributária

reforma Câmara dos Deputados
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Coluna Brasília-DF

O debate mal começou e o clima entre os partidos é de chance quase zero para a reforma tributária. A avaliação geral é a de que não há como ter mudança significativa em um cenário de crise econômica. Ninguém vai querer abrir mão de receita: nem os estados nem a União. O governo federal quer cuidar apenas dos seus impostos, para não precisar dividir o seu bolo. Os estados vão na mesma linha. De quebra, está em gestação algo parecido com a antiga CPMF, a antiga contribuição sobre movimentação financeira, popularmente conhecida como o imposto do cheque.

O cenário é mais preocupante do que em 2008, quando houve a quebra do Lehman Brothers nos Estados Unidos. Desta vez, avaliam, há a briga Estados Unidos versus China, risco de recessão na Europa e; por aqui, a Argentina em dificuldades, e o governo brasileiro sem recursos, como lembrou o presidente Jair Bolsonaro. O risco é de cada ente federativo tentar puxar o pouco que resta para o seu bolso e não sair reforma nenhuma.

Nem vem…

Pressionado pelo PT para disputar a Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo já avisou que não será candidato e pretende continuar dedicado à advocacia.

… Que não tem

Em círculos mais reservados, alguns petistas dizem que, se a eleição fosse pule de 10 para o PT em São Paulo, as correntes partidárias não estariam atrás de Cardozo. O clima hoje na capital paulista não está para o partido de Lula.

No colo do Senado

A demora na votação do PLC 79, que reestrutura as telecomunicações, poderá colocar no colo do Senado a responsabilidade da intervenção na Oi. O projeto que dá fôlego às empresas de telefonia está tramitando a passos de tartaruga e a lentidão é atribuída nos bastidores às resistências da Claro à proposta. As demais empresas e o governo são a favor do projeto.

CURTIDAS

Trocou mesmo/ Aliados do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já perceberam as mudanças na articulação política do governo. As demandas dos parlamentares, assim que chegam, seguem diretamente para a Secretaria de Governo.

Una-se a ele!/ Até o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que, há algum tempo havia dito que manteria a interlocução com Onyx, já se compôs com o novo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O ministro se mostrou aos políticos como um homem do diálogo. Resta saber se entregará os pedidos.

Farinha & bolo/ Enquanto o governador de São Paulo, João Doria, amplia a Invest SP para Xangai e Dubai, a Apex Brasil abre um escritório no Rio Grande do Sul. O governador gaúcho, Eduardo Leite, gostou. Mas os exportadores continuam ansiosos por medidas mais ousadas.

Sempre eles/ Os magistrados abrem a porteira por pedidos de reajustes salariais para compensar a inflação, haja vista a nota da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra). A entidade, como bem registrou o Blog do Servidor no site www.correiobraziliense.com.br, foi a primeira a reclamar do Orçamento de 2020 não conter o reajuste. Outras queixas virão.