Autor: Denise Rothenburg
Numa reunião a portas fechadas num hotel em São Paulo, os bolsonaristas fecharam várias estratégias para esta reta final de primeiro turno. A primeira delas é dar ao candidato a vice, general Hamilton Mourão, um discurso lastreado no modelo de controle civil do país nos últimos 30 anos e que essa receita não será alterada. Até aqui, avaliam os aliados de Jair Bolsonaro, o discurso de Mourão é considerado um entrave à campanha. Ontem, por exemplo, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, bateu duro na declaração em que o general se referiu a famílias chefiadas por mães e avós como “fábricas de desajustados”. “Isso é uma ofensa às mães que criam seus filhos com dificuldade, com sacrifício, às vezes dois, três filhos, sozinhas. Às avós, que são verdadeiras heroínas. É lamentável esse tipo de declaração”, afirmou o tucano.
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Paralelamente às falas de Mourão, os bolsonaristas preparam o discurso para o segundo turno, quando os temas econômicos estarão mais visíveis. A ideia é levar a campanha do candidato para o centro, abusar das expressões “liberal-democrata” e defender a economia de mercado como pilar do resgate da dívida social. A ordem é destacar a expressão “resgate da dívida social”. Afinal, dizem aliados do capitão reformado, quem quer vencer tem de caminhar para o centro.
Fácil & difícil
Os estrategistas de Jair Bolsonaro concluíram que, enquanto a campanha estiver voltada para o anti-Lula, o candidato deles nada de braçada. Quando chega a hora de discutir política pública, a equipe e o próprio candidato escorregam. Nesse ponto, conforme a coluna já escreveu há alguns dias, seus estrategistas consideram que o candidato terminou preservado.
Fácil agora, difícil
no segundo turno
Para alívio do candidato, esses estrategistas consultaram especialistas em pesquisas, que lhes garantiram que, a esta altura do campeonato, o capítulo política pública só será explorado no segundo turno.
Santo de casa
Os coordenadores políticos da campanha do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, estão convictos de que a melhor forma de o candidato tentar ganhar fôlego nesta reta final é reconquistando os votos dos paulistas e paulistanos e apostando forte ainda em Minas Gerais. Se não for por aí, adeus.
Precauções jurídicas
Autoridades do governo de Michel Temer começaram a consultar medalhões da advocacia para saber o que o futuro lhes reserva em 2019. O cenário não é nada bom. Seja para o presidente, seja para os ministros. Ninguém, entretanto, pensa em sair do país em 1º de janeiro.
Por falar em Temer…
Em São Paulo, os adversários do candidato do MDB ao governo, Paulo Skaf, passaram a massificar a mensagem de que o emedebista é o candidato de Temer. É uma tentativa de desgastar Skaf e deixar que ele chegue enfraquecido ao segundo turno.
Companheiros I/ No voo que o levou para São Paulo, ontem no fim da manhã, a fim de participar de reuniões de coordenação da campanha de Bolsonaro, o general Augusto Heleno (foto) sentou-se ao lado de um padre francês. Lá pelas tantas, entra o tema eleição, e o padre pergunta em quem
o general votaria para presidente. Na hora, o general conta que pensou: “Pronto, vou dizer que voto no Bolsonaro, e o padre vai se benzer”.
Companheiros II/ A preocupação
do general não durou 10 segundos. Ao ouvir que Heleno votaria em Bolsonaro, eis que o padre sorri e diz: “Ah, sou amigo da Marie Le Pen”. O general suspirou aliviado.
Eu sou legal!/ O candidato do PT, Fernando Haddad, sentiu o desgaste no fim de semana em que o governador de Minas, Fernando Pimentel, mencionou o indulto a Lula como o primeiro ato de governo do postulante petista a presidente da República. Por isso, disse, com todas as letras, que não dará a liberdade ao ex-presidente e respeitará a decisão da Justiça.
Eu sou legal II!/ A avaliação é de que os votos do PT, com ou sem indulto, Haddad terá. Ele quer agora é conquistar aqueles eleitores que votam em candidatos de centro, porém, rejeitam totalmente Jair Bolsonaro.
O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, tem dito que sua missão agora é repetir o que fez João Doria na eleição para prefeito em 2016. Bastou o prefeito-candidato Fernando Haddad, à época, subir um pouco nas pesquisas para que Doria ampliasse os ataques ao PT. O tucano venceu no primeiro turno. É por aí que o candidato do PSL pretende jogar, tirando do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, o discurso de porto seguro do antipetismo, que o ex-governador tentou emplacar.
Alckmin, por sua vez, volta ao discurso de anti-Bolsonaro, com pitadas de anti-PT. Ele vai intensificar na tevê a mensagem de que é o único capaz de derrotar, seja Haddad, seja Bolsonaro. Aliados do PSDB consideram que, até aqui, a “onda Geraldo” não apareceu. A contar pelo andar da carruagem, virou marola. Porém, o tucano também sonha em repetir Doria, que saiu dos 6% e venceu.
“Não pode ficar assim”
Quem está fora do país e acompanha as eleições não se conforma com o silêncio em torno dos financiadores de Adelio Bispo, o criminoso que esfaqueou Jair Bolsonaro. Regina Swift, brasileira radicada nos Estados Unidos, criou um abaixo-assinado em change.org com advogados brasileiros para exigir apuração: “Quem banca Adelio? O povo quer saber”. Em menos de oito horas no ar, a petição estava com quatro mil assinaturas.
Nada muda no Brasil. Bolsonaro é um Lula de farda. Será festejado e usado pela elite enquanto interessar”
Do ex-deputado Paulo Delgado (PT-MG),
um dos principais críticos do próprio partido
Foram eles!
Já tem tucano dizendo, em conversas reservadas, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conspirou contra Geraldo Alckmin. E petista dizendo que o governador-candidato de Minas Gerais, Fernando Pimentel, conspira contra Fernando Haddad.
A meta de Ciro
Estrategistas de Ciro Gomes calculam que, se ele chegar cabeça a cabeça com Fernando Haddad na última semana da eleição, terminará levando a diferença para passar ao segundo turno, com os votos daqueles eleitores que não querem os extremos na final.
A enquete de Toffoli I/ Em sua primeira entrevista depois da posse, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli (foto), pediu que levantassem a mão os jornalistas desconfiados da segurança do voto na urna eletrônica. Ninguém se manifestou.
A enquete de Toffoli II/ Alguns jornalistas até ficaram com vontade de erguer o braço, porém, ninguém se mexeu, porque consideraram que não dava para ficar nessa polêmica, transformando o presidente do STF de entrevistado em entrevistador. Faz sentido.
Ana Amélia e Kátia Abreu/ As senadoras que concorrem à vaga de vice, Ana Amélia (PP-RS), de Geraldo Alckmin, e Kátia Abreu (PDT-TO), de Ciro Gomes, tomam caminhos distintos. Enquanto a gaúcha ataca o PT, Kátia bate forte no general Mourão, vice de Bolsonaro, sobre a frase de que famílias sem pai e avô são fábrica de desajustados. “Um filme de terror de péssima qualidade. O Brasil tem 30 milhões de mulheres que chefiam suas famílias. Tem certeza de que essa dupla quer governar o meu país? É muita pretensão”, afirmou.
Esquisito/ A apreensão de US$ 16 milhões em relógios de luxo, joias e dólares na comitiva da Guiné Equatorial, a 23 dias do primeiro turno, deixou muita gente de orelha em pé.
Colaborou Renato Souza
Gilmar Mendes solta Beto Richa e todos os demais presos na operação Radiopatrulha no Paraná
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, acaba de despachar o Habeas Corpus para soltar o ex-governador do paraná Beto Richa, a ex-primeira-dama Fernanda, o irmão do ex-governador Pepe Richa, do empresário Malucelli e outros presos na operação Radiopatrulha há três dias. Do grupo, só Fernanda sairia da cadeia hoje, porque não teve a prisão temporária transformada em preventiva pelo juiz Fernando Fisher. Agora, com o despacho de Gilmar Mendes, todos sairão da cadeia. Ao blog,Gilmar foi direto: “É preciso averiguar se não houve motivação eleitoral nessas prisões. Espero que eles saiam ainda hoje á noite”, disse Gilmar.
Há muita desconfiança no meio jurídico com operações deflagradas em plena campanha eleitoral. Há a suspeita de que algumas iniciativas tenham sido tomadas apenas para influir no processo eleitoral.
A decisão de Gilmar, entretanto, não recupera o estrago politico causado na campanha do tucano Beto Richa ao Senado. O ex-governador ´[e acusado de chefiar uma organização criminosa e receber propina dentro do programa estradas rurais, direcionando licitações. Richa estava em segundo lugar nas intenções de voto. Seus aliados acreditam que ele deve retomar a campanha. Afinal, se desistir, será o mesmo que assinar uma confissão.
A aposta do meio jurídico é de que a Procuradoria-Geral da República deixará para 2019 o oferecimento de denúncia contra o presidente Michel Temer no caso da suspeita de propina nos portos. É que, embora a Polícia Federal esteja investigando o presidente agora, os fatos se referem a 2014, quando ele ainda era vice. E, reza a legislação, um presidente só pode ser processado por atos relativos ao mandato.
Enquanto o processo não vem, Temer aproveita para tentar dar uma arrumada na biografia, entregando obras pelo país. Ele coloca na conta de seu governo, por exemplo, a transposição do rio São Francisco, projeto que foi paralisado na administração Dilma Rousseff e que o presidente retomou.
Enquanto Bolsonaro
se recupera…
Aliados do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, traçam um “plano C” para a hipótese de o candidato não se recuperar a tempo de conseguir fazer campanha no segundo turno. E a solução passará por quem tiver um discurso mais moderado.
… a intriga corre solta
A entrevista que o príncipe Luiz Phillipe de Orléans e Bragança concedeu à revista Crusoé vem sendo citada entre os aliados de Bolsonaro como um tiro para tentar afastar o presidente do PSL, Gustavo Bebianno. Na entrevista, embora, cercado de “não sei se foi isso e não houve cobrança direta”, o príncipe faz insinuações de que teria suspeitado de uma cobrança indireta de dinheiro para ser vice na chapa.
Apostas
Quem arrisca fazer cálculos sobre bancadas põe o MDB e o PP disputando cabeça a cabeça a hegemonia na Câmara. Porém, nada de números tão espetaculares. As contas indicam que os partidos majoritários farão, no máximo, 55 parlamentares. O PT vem no segundo pelotão, com algo em torno de 40 deputados.
Moral da história
Quem vencer a eleição presidencial terá que conversar com o partido de Michel Temer, hoje criticado por todos os candidatos.
Destinos cruzados/ O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, e o de São Paulo, Márcio França, passaram boa parte da posse de Dias Toffoli conversando. Ambos estão com dificuldades de fazer deslanchar as campanhas.
Os recados do pacificador I/ Dias Toffoli assumiu a Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) com a missão de pacificar a Casa e atender todos os públicos. O primeiro gesto foi fazer do ministro Luís Roberto Barroso o orador em nome da Corte. Barroso, há alguns meses, protagonizou uma discussão acalorada com o ministro Gilmar Mendes, chamando-o de “pessoa horrível”.
Os recados do pacificador II/ A escolha de Barroso deixou Toffoli à vontade para, em seu próprio discurso, citar a necessidade de diálogo entre os ministros e de respeito às diferenças, e a importância da generosidade e do afeto. Para bons entendedores, é hora de deixar de lado cenas acaloradas em plenário.
Arthur, o cabo eleitoral/ Presente à posse de Toffoli, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (foto),
do PSDB, conversou com Geraldo Alckmin por telefone, há três semanas, quando alertou o tucano sobre a necessidade de apresentar uma proposta econômica para a Amazônia e a Zona Franca. Combinaram uma visita de Geraldo ao estado. “Recebi o Álvaro Dias, que é meu irmão, mas tive a alegria de não estar lá para receber o Ciro Gomes, que fala bobagem com pose. Ele representa o atraso”, diz.
O movimento que geralmente ocorre a poucos dias da eleição, desta vez, parece mais acelerado e, pelo andar da carruagem, aponta para transformar Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) em maiores apostas para as próximas semanas. Em São Paulo — onde o Ibope mostrou Alckmin e Ciro em ascensão, enquanto Jair Bolsonaro subiu apenas um ponto, de 22% para 23% —, há quem assegure que já está em curso a migração: o eleitor tem deixado de lado seu candidato preferido para apostar em alguém com capacidade de derrotar quem ele mais rejeita.
No quartel-general bolsonarista, a subida do candidato nas pesquisas em todo o país, depois do atentado, era considerada fava contada. Porém, não se esperava tão pouco em São Paulo. Por isso, há quem esteja disposto a mudar a imagem do postulante ao Planalto, tornando-o mais “paz e amor”. E, conforme a coluna publicou em primeira mão na quarta-feira, os apoiadores do candidato do PSL vão pregar ainda o voto branco e o nulo, a fim de reduzir a quantidade de votos válidos e tentar assegurar a vitória logo na primeira rodada. Pesquisa não decide eleição, mas dita movimentos. E, enquanto uns seguem para o voto útil, outros pregam o nulo e o branco.
Queda de braço no PT I
Fernando Haddad foi a Curitiba, ontem, certo de que, à noite, ele e Manuela D’Ávila estariam num ato em São Paulo prontos para virarem a chapa de Lula. O novo parecer do escritório das Nações Unidas jogou um balde de água fria.
Queda de braço no PT II
Os sinais ontem eram os de que um grupo do partido ainda pretende jogar no sentido de manter a pressão para que o ministro Celso de Mello libere a candidatura, ainda que seja por liminar, até que o STF julgue o mérito. Porém, essa ala perde força diariamente. O PT não quer passar as próximas semanas, cruciais da campanha, nessa novela, ainda mais depois que Haddad cresceu na pesquisa do Datafolha.
O que eles temem
Bastou o presidente Michel Temer passar a atacar os candidatos a presidente da República para que, em menos de uma semana, voltassem as notícias sobre pagamento de propina. Desta vez, com direito a áudios que o delator apresentou para mostrar que combinava horários de pagamento com o coronel Lima, fiel aliado de Temer.
Calendário
O prazo de 15 dias solicitado pela Polícia Federal para conclusão do inquérito em que o presidente
é citado foi visto como mais um agravante para o candidato do MDB, Henrique Meirelles. É que, embora o ex-ministro da Fazenda não tenha a ver com o caso, o partido segue na roda das notícias negativas.
Sem boca livre I/ As autoridades em Brasília começam a se adequar aos novos tempos de orçamentos mais modestos. Os convidados para o coquetel de comemoração da posse do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli (foto), e do vice, Luiz Fux, terão de desembolsar R$ 250 por cabeça.
Sem boca livre II/ A entrada será mediante um código fornecido ao convidado apenas depois do envio do comprovante de pagamento ao cerimonial. O mesmo sistema foi adotado para o jantar no dia da posse
do presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha.
Menos, general!/ A turma mais ligada a Jair Bolsonaro não gostou de Hamilton Mourão ter dito em alto e bom som, durante entrevista à Globonews, que era a primeira opção de Jair Bolsonaro para a vaga de vice na chapa. Afinal, fez parecer que os movimentos anteriores não passaram de teatro. E não é bom um candidato passar a imagem de que não
é sincero em suas conversas políticas.
O adeus a Ubirajara Timm/ Referência na aquicultura no país e responsável pela introdução de trutas no Brasil, Ubirajara Timm dedicou a vida a transformar o setor pesqueiro num segmento mais profissional e moderno. Uma das frases preferidas dele, segundo amigos, era “tendência não é destino”.
O corpo será velado hoje, das 8h às 11h, na capela 10 do Campo da Esperança. De lá, seguirá para o crematório em Valparaíso.
Há alguns dias, quando o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, fazia campanha, na feira central de Ceilândia, ao lado do governador-candidato, Rodrigo Rollemberg, a segurança retirou um sujeito, em atitude considerada suspeita, que portava um facão e recolheu a arma. Em janeiro, o ônibus em que a comitiva do ex-presidente Lula viajava no Sul do país foi apedrejado. Agora, esse atentado a Jair Bolsonaro completa o círculo e acende o sinal de alerta na Polícia Federal. A avaliação da PF é de que nenhum candidato está totalmente seguro.
Aqueles que conversaram ontem com policiais garantem que algumas possíveis situações de perigo para os candidatos, como a do sujeito com facão no dia de Ciro e Rollemberg na feira, já foram evitados. Nunca se sabe onde um sujeito tomado pelo desequilíbrio — por enquanto, é assim que eles tratam esses casos — atacará. A ordem é reforçar especialmente os serviços de inteligência.
O representante
Enquanto Bolsonaro estiver fora de combate, quem o representará é o candidato a vice, general Hamilton Mourão, que, ontem, num primeiro momento, acusou o PT pelo atentado. Pelo visto, os ânimos vão continuar acirrados.
Vai sem ele
Apoiadores de Jair Bolsonaro convocaram manifestações em várias cidades para manter a campanha do candidato viva nas ruas. Será a prova dos nove da mobilização sem a presença do deputado que lidera as pesquisas de intenção de voto.
Próximos capítulos 1
Analistas ontem eram unânimes em afirmar que, depois do atentado, Jair Bolsonaro se manterá na liderança e conquistará apoios. Mas, daqui a alguns dias, o fato de o candidato defender a liberação de armas de fogo e, em alguns casos, incitar a violência contra adversários, deve voltar à baila.
Próximos capítulos 2
Ninguém arrisca dizer quando Jair Bolsonaro voltará à campanha. Mas seus apoiadores desejam algo bastante voltado à religiosidade do povo brasileiro.
E o PT, hein?
A decisão do ministro Celso de Mello de negar a liminar liberando a candidatura de Lula não deixa outra opção ao partido, se não organizar a passagem do bastão para Fernando Haddad. Apesar das resistências, deverá ser mesmo em 11 de setembro.
Ficou para depois/ O atentado a Jair Bolsonaro parou o Brasil. Pelo menos, no Palácio do Planalto. A reunião que tratava das medidas provisórias para a criação de fundos patrimoniais e a definição do modelo de gestão dos museus teve que ser suspensa. A ordem é retomar ainda hoje, depois do desfile.
É para ontem 1/ O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que presidia a reunião, foi chamado para o encontro em que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, fez um relato ao presidente a respeito da segurança dos candidatos e, juntos, decidiram reforçar a atuação.
Por falar em Temer…./O presidente pretende continuar a defesa do governo e os ataques a Geraldo Alckmin via vídeos no Twitter, como aqueles em que citou a participação do PSDB no seu Ministério. Agora, entretanto, diante do atentado a Bolsonaro, vai baixar a bola.
… está tudo meio nebuloso/ O atentado também jogou em segundo plano as denúncias de que o presidente teria recebido propina. As apostas da classe política são as de que esse tema só volta à baila com força em janeiro.
Os hinos de cada um/ O ministro da Justiça, Torquato Jardim (foto), abriu as comemorações de 7 de setembro com uma exibição da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional (que continua fechado), no saguão do Ministério. Ao final, Torquato brincou: “Ficou faltando um quarto hino!” O maestro Claudio Cohen fez aquela cara de quem não estava entendendo, e o ministro cantarolou a melodia que todo flamenguista canta com a mão sobre o peito.
“Eu sou Fluminense!!!, retruca o maestro.
Paz e democracia a todos neste 7 de Setembro
Como o leitor da coluna Brasília-DF sabe há tempos, o presidente Michel Temer e Geraldo Alckmin têm diferenças antigas. Temer não parece, mas guarda mágoas. E se tem alguém que o magoou profundamente nos últimos tempos foi Geraldo Alckmin. Quando da votação das duas denúncias contra Temer, Geraldo Alckmin simplesmente cruzou os braços. Todo o PSDB de São Paulo, à exceção da deputada Bruna Furlan, votou pelo acolhimento da denúncia contra o presidente, o que significaria o afastamento de Temer do cargo. Para completar, Bruna Furlan ainda foi ao Planalto e disse com todas as letras que votaria com Temer, porque não precisava de Geraldo Alckmin para se reeleger. Pronto. Foi o suficiente para que o presidente ficasse irritadíssimo. Para completar, quando da segunda denúncia, Alckmin passou por Brasília às vésperas da votação e foi embora sem mover uma palha um prol de Temer.
Agora, com a campanha e os ataques de Alckmin ao governo, Michel Temer, que, em público, sempre mantém a fleuma, decidiu sair da toca. Lá atrás, quando do lançamento da campanha de Henrique Meirelles, alguns mais apressados disseram que o MDB estava lançando um candidato para que ele absorvesse a impopularidade de Michel e deixasse Alckmin mais livre para voar rumo ao segundo turno. A coluna Brasília-DF publicou a história das diferenças entre Temer e Alckmin no período das denuncias, inclusive a história da deputada Bruna Furlan. Agora, com os vídeos divulgados nos dois últimos dois dias, Temer põe a público essas diferenças. Os dois não se bicam. Aliás, na solidão da urna, se estiver Alckmin num segundo turno contra qualquer outro…Temer votará no outro. Façam suas apostas.
Receosos de que os recursos sobre a candidatura de Lula sejam enviados diretamente ao plenário da Suprema Corte, os petistas vão montar todo um discurso para que, em caso de derrota, fique claro que quem tirou Lula da disputa foi o Poder Judiciário. O partido vai insistir em jogar seus militantes contra a Justiça.
Detalhe: As críticas, que até aqui se concentravam no TRF-4, que condenou Lula a 12 anos e um mês de prisão, vão se espalhar para o colegiado do Superior Tribunal Eleitoral, que barrou a candidatura, e ao próprio STF, se confirmar a decisão do TSE. E tudo isso ao vivo e a cores no horário eleitoral. É a forma que o PT encontrou de tentar manter o nome de Lula vivo na campanha. Até aqui, segundo as pesquisas de intenção de voto, a estratégia deu certo.
A nova onda
No embalo da pesquisa Ibope divulgada ontem, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, que subiram alguns pontinhos, vão passar a jogar a ideia de que são os melhores nomes para derrotar Jair Bolsonaro no segundo turno. Marina Silva, embora não tenha subido e também derrote Bolsonaro na final, ainda não pretende entrar nessa seara.
Ciro versus Haddad
Antes que Fernando “Andrade”, como ficou conhecido no Nordeste, vire o candidato oficial do PT, Ciro Gomes joga toda a sua campanha na região, em busca de tentar arrancar votos do petista. É ali que considera mais viável ganhar terreno para chegar ao segundo turno.
Alckmin versus
Dias e Meirelles
Embora centre sua campanha em polemizar com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, cresce a pressão no PSDB para que o tucano corra atrás dos votos de Alvaro Dias (Podemos), de Henrique Meirelles (MDB) e de João Amoêdo (Novo). Se for por aí, já terá o suficiente para passar ao segundo turno.
Por falar em Meirelles…
Diante das dificuldades de conquistar votos dos lulistas, Henrique Meirelles vem sendo aconselhado a dar mais destaque ao trabalho dele no governo de Michel Temer, pondo fim à curva de recessão econômica e domando a inflação. Embora o país esteja desacelerando agora, a ordem é lastrear o discurso no período em que ele estava à frente da economia.
Bolsonaro outdoor/ O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, considera que o candidato Jair Bolsonaro deve participar de apenas mais um debate nesse primeiro turno, o da TV Aparecida, em parceria com a Rede Vida de Televisão e a CNBB. No mais, é corpo a corpo pelo país para gerar imagens e jogar nas redes sociais.
Paulo Guedes indoor/ Quem cuidará das atividades de campanha em que é preciso detalhar programas de governo e responder perguntas mais difíceis será o economista Paulo Guedes (foto).
A visão dele 1/ Se o STF ouvir o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, sobre a prisão em segunda instância, vai saber que ele não defende a retomada desse tema. Em café com jornalistas ontem, ele foi direto: “A questão já foi analisada. (…) Não podemos pensar que a Suprema Corte pode a todo mês mudar seu entendimento”, disse ele.
A visão dele 2/ Sobre a prisão preventiva, o novo presidente do STJ também é direto: “É preciso prudência na sua decretação”, disse ele, jogando a responsabilidade sobre os magistrados, e não ao Ministério Público: “O Ministério Público está no papel dele de requerer. A responsabilidade de decisão final é da Justiça”, disse ele.
… ajude Bolsonaro. Que ninguém se surpreenda se o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, apelar para que quem não vota nele prefira o branco ou o nulo. É que, de acordo com a legislação, brancos e nulos não são considerados votos válidos. Logo, dizem alguns apoiadores do partido, podem funcionar como um bom redutor do número de votos que um candidato precisa ter para se eleger.
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É esse cálculo que tem levado muitos bolsonaristas a apostar que o candidato pode vencer no primeiro turno. Presidente do PSL, Gustavo Bebiano considera, entretanto, que a vitória no primeiro turno está dada pelo movimento que ele vê nas ruas. “Quem paga pesquisa colhe o resultado que quer. Não temos pesquisas. Temos o sentimento da rua. Pode escrever: ele vai ganhar no primeiro turno”, diz.
O alerta do STF I
A contar pelo que disseram tanto o futuro presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, quanto o ministro Gilmar Mendes, na sessão da Segunda Turma, a partir de 13 de setembro, muita coisa vai mudar para o Ministério Público. O que eles chamam de “abuso de prisão preventiva para fins de delação” é um dos pontos que estão sob o signo da mudança.
O alerta do STF II
Gilmar chegou a dizer, para quem quisesse ouvir, que a “era do Janot, de triste memória, já passou”. E Toffoli comentou que “vai ter muita coisa boa para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça)”.
Entendeu
Num dado momento da audiência de ontem, o representante do Ministério Público, Juliano Baiocchi, comentou, brincando: “Estou com
medo de sair daqui preso!”. E riu. Ninguém riu com ele.
Ajuda aí
O presidente do DEM, ACM Neto, está ficando rouco de tanto pedir ao seu pessoal que faça campanha para Geraldo Alckmin. Até agora, esse é considerado o maior desafio do candidato tucano a presidente da República.
Manu na cobrança
O PCdoB já está para lá de incomodado com a situação de regra três na chapa triplex do PT. Até o fim da semana, a cobrança vai aumentar, e os comunistas vão transferir a campanha de Manuela D’Avila de “Manu no Jaburu” por “Manu na campanha”…
É assim/O presidente do PSL, Gustavo Bebiano, comentava ontem no corredor da Câmara que não esperava ver o candidato do seu partido numa posição tão boa: “É, besouro é pesado, mas voa!”
Gostinho/ Bebiano também aproveitou para dizer que, “se Bolsonaro não vencer no primeiro turno, eu teria um gosto enorme de vencer o PT nas urnas”, disse, como quem quer escolher o adversário.
História/ O sonho do presidente do PSL é que o candidato do partido repita a performance de Fernando Collor, que chegou ao segundo turno contra Lula e venceu. Collor era do minúsculo PRN e venceu com o discurso de combate aos marajás e aos políticos de uma forma geral. Deu no que deu.
Te cuida, Jarbas!/ A vida dos candidatos em Pernambuco não está nada fácil. Virou um bolo. E Jarbas Vasconcelos (foto), que começou a corrida quase na casa dos 40%, hoje já baixou para menos de 30%. O fato de cada eleitor votar duas vezes complicou ainda mais: além de Jarbas Vasconcelos, estão no páreo Humberto Costa (PT), Mendonça Filho (DEM) e, mais atrás, Bruno Araújo (PSDB) e Sílvio Costa (Avante).
A ordem interna no PT, definida ontem durante reunião em Curitiba, é só trocar o candidato se houver certeza da transferência dos votos do ex-presidente Lula para Fernando Haddad. Como os eleitores de Lula ainda não seguiram em direção ao ex-prefeito, fica tudo como está, mesmo depois da decisão do TSE, que rejeitou a candidatura. No momento, só quem perde com isso é Haddad. O ex-presidente e os políticos do PT, de um modo geral, só têm a ganhar. Lula continuará com o partido a serviço da sua defesa. Os candidatos a deputado, senador, governador, em especial os que buscam a reeleição, aproveitam para embalar suas campanhas na tese de Lula perseguido.
Em tempo: Ao que tudo indica, Lula não conseguirá transferir os votos para Haddad de forma automática, sem que se engajar dia e noite na campanha do ex-prefeito. E, preso em Curitiba, fica difícil. Se a dificuldade de transferência persistir, não está descartada a hipótese de deixar anular os votos de Lula, em caso de derrota no recurso do STF. Essa é a tese dos lulistas de raiz. Assim, o partido ganha o discurso de que a eleição foi fraudada. Enquanto não chega a esse extremo, o PT recorre à biologia: o organismo partidário se alimenta de Lula e Lula se coloca como preso político com essa tese sustentada na tevê pelo PT ao longo do horário eleitoral. E Fernando Haddad? Que se contente no papel daquele que é sem ser. Falta, obviamente, combinar com o grupo que está querendo fazer de Haddad candidato para valer.
Alô, servidores!
Apesar da negativa do governo em conceder reajustes salariais aos funcionários públicos, pelo menos, uma categoria está perto de ter uma correção nos vencimentos aprovado pelo Congresso. A proposta que contempla os agentes de saúde está para ser votada na Câmara dos Deputados. E, sabe como é: Se o projeto for à votação nesta semana de esforço concentrado, ninguém vai ficar contra.
Disfarça e sai
Os governistas estão de olho. Se não for para votar os projetos de interesse de governo e sim aqueles que aumentam despesas, os líderes governistas estarão a postos para esvaziar o plenário.
Centrão ameaça MDB
Pela primeira vez na história recente do país, o MDB corre o risco de perder a primazia no Senado. Se as urnas confirmarem as pesquisas e os partidos do chamado centrão se unirem no ano que vem, esse grupo tem tudo para superar o número de senadores do MDB e ficar com o comando da Casa. A consultoria Arko Advice, que analisou o quadro da eleição para o Senado, considera que o Centrão pode somar, no melhor cenário para eles, 30 senadores, enquanto o MDB, no máximo 17. No mínimo, o centrão chega a 15, um a mais que mínimo previsto para o MDB.
CURTIDAS
Contra Dilma, Meirelles defende Temer/ A ex-presidente Dilma Rousseff tentou jogar a culpa do trágico incêndio que consumiu o Museu Nacional nas costas do governo do presidente Michel Temer, de Henrique Meirelles e até do PSDB. A resposta foi direta “Tão lamentável quanto o incêndio é ver gente oportunista tentando tirar proveito da situação para esconder nas cinzas do que sobrou a sua incapacidade de governar”.
De grão em grão…/ O candidato a presidente da República João Amoêdo, do partido Novo, pode até não chegar ao segundo turno, mas no Planalto, há quem diga assim: “O dia que o Meirelles tiver o percentual do João Amoêdo, a gente passa a acreditar na campanha dele”.
Haja esforço/ Os parlamentares estão combinando de só fazer o “esforço concentrado” hoje para, na quarta-feira, voltarem correndo para as bases.
Spa Câmara/ Alguns poucos parlamentares que chegaram a Brasília ontem pareciam aliviados com o sossego da capital. Houve quem dissesse que aproveitará esses dias para descansar da campanha.