Autor: Denise Rothenburg
Caso da entrevista de Lula ameaça o plano de Toffoli de pacificar o STF
O Judiciário na guerra eleitoral
Os últimos dias de campanha eleitoral apontam para o ativismo do Poder Judiciário, sem precedentes. No Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ricardo Lewandowski enfrentou o vice-presidente da Corte, Luiz Fux, e reforçou a liberação de entrevista de Lula à Folha de S.Paulo. Mal Lewandowski anunciou sua decisão, o juiz Sérgio Moro, do Paraná, levantou o sigilo de parte da delação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na qual o leque de acusações ao PT é farto.
Nesse clima, o presidente do STF, Dias Toffoli, vê escoar por entre os dedos o plano de pacificar a Suprema Corte. Ontem, em São Paulo, ele e Lewandowski tiveram uma conversa nada amigável, quando o presidente relatou seu plano de levar o caso da entrevista a plenário. Como chefe supremo do Poder Judiciário, Toffoli se preparava para ocupar o lugar de pacificador após as eleições. Antes, porém, ele terá de acalmar os ânimos no próprio STF. Começou, na noite de ontem, reafirmando sua autoridade e cassando, de próprio punho, a liminar de Lewandowski. Nos bastidores, há quem diga que não poderia ter outra atitude, diante das cobranças do colega. O Judiciário, que planejava atuar para pacificar o país no pós-eleitoral, agora entrou na guerra das paixões eleitorais, tão dividido quando os partidos e os eleitores. Ou Toffoli acalma os ânimos por ali ou perderá o papel de pacificador.
Bolsonaro e Doria
Em 2016, Fernando Haddad subiu alguns pontos na eleição para prefeito de São Paulo, e a consequência foi a maioria anti-PT levar João Doria, do PSDB, à vitória no primeiro turno. A subida do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, de quatro pontos na pesquisa do Ibope, deixa claro que não é impossível ao capitão reformado repetir a performance de Doria.
Bolsonaro e Haddad
Os cálculos do grupo mais próximo da campanha do capitão reformado são de que Haddad tem hoje o teto do PT. E daí, dificilmente sairá, ainda que a eleição seja em dois turnos. Os aliados dele já contam, sim, com a vitória.
Alckmin e Doria I
A esperança do PSDB é de que o medo da vitória de Bolsonaro, ou de Haddad, leve uma parcela do eleitorado a dar ou ao petista ou ao capitão o mesmo destino de Celso Russomano em 2016. Ele despencou 10 pontos percentuais na última semana da campanha para prefeito de São Paulo, levando o tucano João Doria, que estava bem atrás, à vitória no primeiro turno.
Alckmin e Doria II
O ânimo dos tucanos reside na pesquisa BTG pactual, divulgada ontem, que apontou números diferentes dos do Ibope. No levantamento do BTG, Alckmin tem um crescimento de três pontos, chegando a 11%, na frente de Ciro Gomes (9%). Bolsonaro aparece com 31%, e Haddad, 24%.
CURTIDAS
No embalo de Palocci/ Embora sua equipe conte com a vitória no primeiro turno, Bolsonaro se prepara para a segunda rodada, e contra Fernando Haddad. Da mesma forma que seus opositores exploram as declarações de Hamilton Mourão com crítica ao 13º salário e ao adicional de férias, a turma do PSL de Bolsonaro vai passar a tratar da delação de Antonio Palocci, com denúncias contra o PT. De quebra, falará ainda do controle da mídia e da “democracia direta”, sem passar pelo Congresso, como prioridades do programa petista.
Nas ruas/ No Rio de Janeiro, um atento observador fez questão de contar o tempo que levaria para passar a carreata pró-Bolsonaro na frente de sua casa, no último domingo. Foram mais de 40 minutos.
Movimentos tardios I/ De olho nas pesquisas que hoje apontam a divisão do país entre as candidaturas de Bolsonaro e Haddad, os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (foto), e de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira, ambos do MDB, gravaram mensagens de apoio a Geraldo Alckmin. Ambos
não são do grupo do presidente
Michel Temer.
Movimentos tardios II/ Hartung menciona o risco de a polarização aprofundar a divisão dos brasileiros depois das eleições. O apoio, entretanto, talvez tenha vindo tarde. No domingo, Vitória viu uma das expressivas manifestações em prol de Jair Bolsonaro.
Depois da ríspida conversa que teve com o ministro Lewandowski hoje cedo em São Paulo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, suspendeu a liminar de Lewandowski que liberava a entrevista do ex-presidente Lula. O assunto provocou um confronto no STF, depois que o ministro Luiz Fux, vice-presidente da Suprema Corte, havia suspendido a liminar de Lewandowski que autorizava a concessão da entrevista, solicitada oficialmente à Justiça pelo jornal Folha de S.Paulo. Lewandowski, então, partiu para o confronto com Fux e reforçou a liminar. O impasse deixou a Polícia Federal baratinada. Sem saber a qual ministro atender, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, consultou Toffoli sobre que decisão estava valendo. Toffoli, então, respondeu ao ministro que ficasse com a decisão de Fux. E, em seguida, passou a trabalhar no seu próprio despacho sobre o tema (veja abaixo). Toffoli tenta, assim, repor sua autoridade enquanto comandante do Poder Judiciário. Porém, o STF não está em paz.
PT, PSDB e PDT querem mesmo espaço dado a Bolsonaro em entrevistas
Os principais adversários do candidato do PSL,Jair Bolsonaro, recorreram ã Justiça em busca do mesmo espaço de entrevista que o apresentador José Luiz Datena deu ao capitão reformado essa semana. O PSDB, por exemplo, decidiu ingressar com a ação hoje à tarde, depois receber uma resposta negativa da emissora para que fosse aberto o mesmo espaço a Geraldo Alckmin. A Band respondeu à equipe de Alckmin que já havia entrevistado o candidato do PSDB. O PDT e o PT também decidiram recorrer.
Assim que a revista Veja começou a circular, com a reportagem sobre um processo em que o candidato Jair Bolsonaro é acusado de ocultação de patrimônio, as redes sociais se encheram de memes com capas falsas da revista, dizendo que o candidato era acusado de grudar chiclete no cabelo de um amiguinho e que o seu cachorro teria fugido de casa, porque a ração era ruim. Paralelamente, o próprio Bolsonaro, em entrevista na tevê, afirmava que não aceitaria resultado diferente da sua eleição. Os dois movimentos são coordenados e planejados. A ordem é criar polêmica com outros temas e sair da pauta relativa às críticas do candidato a vice, Hamilton Mourão, a respeito do 13º salário e do adicional de férias. De quebra, deixar em segundo plano qualquer notícia a respeito do patrimônio oculto e colocar no ar a segurança, de um modo geral, tanto a da população quanto a das urnas. Aí, Bolsonaro nada de braçada.
Debate interditado I
Até aqui, nenhum candidato a presidente disse o que fará para reduzir os impostos sobre os combustíveis, a energia elétrica e as telecomunicações, áreas que terminam por atingir toda a população. “Todos eles estão acima de 30% nos estados e 15% na União”, comentou o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.
Debate interditado II
Moreira afirmou, em discurso para executivos da área de petróleo, que o brasileiro está “pagando a energia mais cara do mundo. Intolerável para o dia a dia das pessoas”. Nos bastidores, empresários simpáticos ao governo Temer comentavam que, se o presidente tivesse apostado na Reforma Tributária, em vez da Previdenciária, a história seria diferente.
Atirou no que viu…
… e acertou no que não viu. Num segundo turno, o Datafolha aponta que quem tem a maior dianteira em relação ao candidato do PT, Fernando Haddad, é Ciro Gomes (PDT). Geraldo Alckmin (PSDB) parece empatado com Haddad e Bolsonaro perderia para o petista. Alckmin está rouco de tanto dizer que ele é o melhor nome para derrotar o PT. Porém, as pesquisas ainda não confirmam esse cenário.
Por falar em PSDB…
O tucanato ficou em estado de alerta com a operação da Polícia Federal sobre Marconi Perillo, que coordenou a campanha de Alckmin na largada. A ordem é continuar com o discurso de que essas operações às vésperas do primeiro turno têm motivações políticas.
Por falar em PT…
Um setor do partido ficou atônito com a perspectiva de o ex-presidente Lula conseguir dar entrevistas nesta reta final de campanha. Há o receio de que ele estanque a ampliação de votos do candidato Fernando Haddad. Afinal, a curva do petista é ascendente do jeito que está. E os petistas temem que qualquer alteração mais brusca freie a subida.
Aquele Mourão f@&#*!/ As declarações do general Hamilton Mourão (foto) sobre o 13º salário tiraram até mesmo os colegas dele do sério. O que os amigos têm comentado nos bastidores não se escreve.
O neo MDB I/ É assim que os deputados estão chamando o PP, o partido presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), que ontem, a 10 dias do primeiro turno das eleições, se viu alvo de busca e apreensão. Dividiu-se em três estações nessa campanha, à espera de quem vai vencer o pleito.
O neo MDB II/ O PP, que saiu chamuscado do mensalão e do petrolão, tem um pé na canoa do PT, outro fincado na campanha de Jair Bolsonaro, está oficialmente com Geraldo Alckmin. A estratégia é: quem ganhar, puxa as demais alas do partido para o barco.
Roriz/ As despedidas ao governador Joaquim Roriz não deixaram dúvidas de que a disputa pela herança política está posta. Até aqui, nenhum dos antigos apoiadores e aliados conseguiu liderar politicamente o clã.
Levy Fidelix diz que será presidente da Câmara se Bolsonaro vencer
A ambição do santo de casa
Candidato a deputado federal, o presidente do PRTB, Levy Fidelix, tem dito que será presidente da Câmara, em caso de vitória de Jair Bolsonaro. Para quem não se lembra, Levy comanda o partido do candidato a vice, o general Hamilton Mourão, aquele que, conforme antecipou a coluna Brasília-DF ontem, criticou o 13º salário e o adicional de férias.
Antes de se apresentar para comandar a Câmara, Levy tem ainda que passar pelo crivo do eleitor paulista e dar muitas explicações ao Tribunal Superior Eleitoral. As irregularidades no uso dos recursos do fundo partidário são recorrentes na agremiação. As análises de 2009 a 2012, por exemplo, detectaram mais de R$ 1 milhão aplicados irregularmente, segundo informações disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tanto é que o TSE pediu devolução ao erário de parte dos valores recebidos pelo partido.
Diante de tanta confusão, já tem gente no grupo aliado a Bolsonaro disposta a dar uma chega pra lá geral no partido do vice. Não dá para Mourão dizer que quer moralizar o Brasil, e até criticar as leis trabalhistas, se o seu próprio partido tem as contas sob suspeita de irregularidades no TSE.
O tiro no pé do general
Ainda que o general Mourão tenha tentado reduzir o estrago da sua declaração sobre o 13º salário, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) dedicará os próximos dias a explorar a crítica. Ontem, por exemplo, o tucano mostrou em seu programa de tevê a página deste blog, que publicou a notícia em primeira mão. Se você ainda não viu o vídeo, está lá. Não menciona “planejamento gerencial”, nem tampouco foi descontextualizada.
O estrago está feito
Alckmin sabe bem o que uma declaração mal colocada pode causar. Em 2006, quando disputou contra Lula, ele passou todo o segundo turno jurando que não privatizaria o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras. A defensiva lhe tirou votos naquele ano. Agora, embora Bolsonaro tenha desautorizado o general, e o próprio Mourão tenha recuado, a suspeita está lançada.
Onde pega
Mourão é preparado, demonstra conhecimento de economia em suas exposições e já disse que a reforma constitucional pode ser feita por uma comissão de notáveis, sem passar pelo Congresso. Esses detalhes somados serão fartamente explorados nas redes sociais para dizer que o capitão Bolsonaro pode estar apenas servindo de ponte para um mandato do general.
CURTIDAS
Temer isolado/ Agora, no 3º andar do Planalto, onde está o gabinete presidencial, até os funcionários têm acesso controlado às salas usadas pelo presidente da República. São quatro estações de portas de vidro espalhadas no corredor. Ou seja, está no fim aquela história do sujeito que vai visitar um assessor do outro lado e termina na sala de Michel Temer ou da chefia de gabinete sem ser convidado. Para passar ali agora, só com autorização formal.
Histórias de Roriz I/ O ex-governador do DF Joaquim Roriz não perdia a chance de dar conselhos a aliados interessados em saber como ele conquistava a simpatia da população local. Certa vez, chamado a uma reunião da campanha de José Serra, em 2002, ele não titubeou: “Tem que fazer que nem eu: dar cesta básica, leite, lote”. Serra arregalou os olhos. Enquanto candidato, não tinha como fazer isso.
Histórias de Roriz II/ Cristovam Buarque, depois de perder a eleição para Roriz, quis saber de alguns eleitores mais humildes o porquê do voto no oponente. A resposta deu aos aliados do petista — que ouviram a história — a razão do sucesso: “O Cristovam fez o saneamento, mas se não fosse o Roriz, eu não estava aqui, no meu lote”.
Adversários vão usar declarações Mourão contra 13º e adicional de férias
A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) planeja levar ainda hoje ao seu programa de tevê as declarações do general Hamilton Mourão criticando o 13º salário e o adicional de férias. O PT também avalia essa possibilidade. As afirmações do candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro foram publicadas em primeira mão neste blog e na coluna Brasília-DF, na edição impressa do Correio Braziliense. Foram dadas numa palestra de Mourão à CDL de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Entre outras propostas, Mourão menciona a necessidade de implementação “séria” da reforma trabalhista. E cita o 13º e o adicional de 1/3 nas férias como “jabuticabas” que pesam nas costas dos empregadores. E diz:”Como, se a gente arrecada 12, pagamos 13?”.
O candidato Jair Bolsonaro, que deixa o hospital amanhã, sentiu o estrago que a declaração pode causar e, pela terceira fez, desautorizou o vice. No Twitter, o capitão reformado diz, nas entrelinhas, que o general desconhece a Constituição. “O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, diz o post do candidato.
Mourão causou polêmica há alguns dias ao que famílias criadas por mães e avós eram fábricas de desajustados. Antes disso, foi criticado ainda por defender a reforma da Constituição sem passar pelo Congresso Nacional. Nas duas vezes, o capitão reformado enquadrou o general.
Num país que já viu três vices no comando em menos de 50 anos — José Sarney, 1985; Itamar Franco, 1992; e, agora, Michel Temer —, as declarações daqueles que ficam em segundo plano passaram a ter peso na hora do voto.
Paulo Guedes está quieto, mas o general Mourão voltou a abrir mais um pouquinho daquilo que pode ser feito, caso Jair Bolsonaro vença a eleição. Em palestra no Clube dos Diretores Lojistas (CDL) de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, ele mencionou a necessidade de “implementação séria” da reforma trabalhista e sacou o 13º como uma das “jabuticabas” brasileiras.
“Como a gente arrecada 12 (meses) e pagamos 13? O Brasil é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais”, disse. “São coisas nossas, a legislação que está aí. A visão dita social com o chapéu dos outros e não do governo”, comentou. A palestra, disponível no YouTube, promete ser mais uma polêmica para o candidato administrar. Até aqui, o 13º era considerado quase que uma cláusula pétrea. Pelo visto, no futuro será rediscutido. Assista a fala de Mourão no vídeo abaixo (a partir dos 20 minutos e 25 segundos):
Os partidos e Eliana
Candidata ao governo do Distrito Federal, Eliana Pedrosa (Pros) que se prepare. Alguns adversários já entraram em contato com seus respectivos aliados no Rio de Janeir, a fim de coletar todas as informações a respeito dos contratos que a colocaram como ré no processo que envolve o Detran-RJ.
Pressão sobre Bolsonaro…
Meio esquecido no debate do SBT, Jair Bolsonaro não ficará tão protegido nos demais confrontos. Especialmente, agora que os médicos já disseram que ele poderá inclusive participar de debates depois de receber alta, a ordem nos adversários é não baixar a guarda.
…gera reação
Cientes de que o teor emocional pós-facada está acabando, Bolsonaro não ficará inerte. A intenção é anunciar mais alguns ministros para mostrar que pode agregar personalidades a um futuro governo, caso seja vitorioso. É a aposta para o tudo ou nada no primeiro turno.
Onde mora o perigo
Com a reeleição de Rui Costa caminhando para a definição ainda no primeiro turno, os petistas começam a se preocupar em manter a mobilização em prol de Fernando Haddad, caso o candidato do PT esteja no segundo turno da sucessão presidencial.
Enquanto isso, na turma da terceira via…
Aliados de Geraldo Alckmin temem uma migração de votos para Ciro Gomes, o candidato do PDT, que, no espectro político fica entre o PT de Fernando Haddad e o PSDB.
… a história ensina
Em 1989, Leonel Brizola era visto como o candidato capaz de derrotar Fernando Collor no segundo turno, porque era considerado mais palatável aos eleitores tucanos. Da mesma forma, dizem muitos, Ciro é visto hoje como um candidato à direita do PT. E como já chamou o MDB de “quadrilha”, seria certeza de não ter Romero Jucá como líder do governo.
CURTIDAS
A “canja” de Suplicy/ Candidato ao Senado, Eduardo Suplicy (foto), do PT, tem feito campanha em bares de São Paulo em parceria com o deputado Paulo Teixeira. Dia desses, depois da conversa com os eleitores, ele soltou a voz com a sua marca registrada Blowing in the wind, de Bob Dylan. Ninguém saiu correndo.
O discreto/ Quem acompanhou in loco a palestra do general Hamilton Mourão, em Uruguaiana, considera que a conversa dele com Paulo Guedes na semana passada foi justamente para dar subsídio econômico a essas explanações do general Brasil a fora. Portanto, não estaria sozinho nas reflexões sobre o 13º salário.
Mourão e Palocci/ Na mesma palestra, Mourão comparou Antonio Palocci a Adhemar de Barros, o “rouba, mas faz”.
Mourão e FHC/ O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu um elogio meio atravessado do general: “Não morro de amores por ele, mas a questão econômica foi muito bem tratada pela equipe que ele escolheu”.
A outra eleição/ Nem todo o Brasil está de olho 24 horas na eleição presidencial ou para os demais cargos em disputa em 7 de outubro. Os advogados estão mais voltados para a sua própria eleição. Hoje, por exemplo, o pré-candidato à Presidência da OAB-DF, Max Tedesca lança o movimento OAB para todos, na Asbac, 20h.
A carta de Fernando Henrique Cardoso tentando chamar os simpatizantes do PSDB à razão levou os dois extremos a refletirem sobre tomar a mesma direção. Jair Bolsonaro, o líder das pesquisas, escondeu o general Hamilton Mourão, tirou o economista Paulo Guedes dos debates pelo Brasil afora e, até a semana que vem, fará uma carta de apreço à democracia e respeito às diferenças. Fernando Haddad, por sua vez, vem sendo aconselhado a caminhar na direção da “coesão nacional”, economia de mercado e reformas consideradas essenciais para o ajuste fiscal de que o país necessita.
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Ambos, entretanto, enfrentam problemas com esses textos. A turma de Bolsonaro considera que não é hora de fazer concessões ao centro, sob a máxima de que, “em time que está ganhando, não se mexe”. E, da parte do PT, prevalece hoje a tese de que qualquer passo rumo ao centro deve ser feito apenas no segundo turno. A ordem é chegar lá só com as propostas já colocadas pela coligação e deixar as concessões para o segundo turno.
Interpol seletiva I
Acabou a fase de oba-oba com os alertas vermelhos na Interpol. Em pelo menos dois casos, a polícia internacional retirou nomes da lista de mais procurados, acolhendo justificativas de perseguição política. O primeiro havia sido feito pelo Brasil, no caso do advogado Rodrigo Tacla Durán, alvo da Lava-Jato que colocou em xeque a imparcialidade do juiz Sérgio Moro.
Interpol seletiva II
Agora, na semana passada, houve o mesmo em relação a Rafael Corrêa, o ex-presidente do Equador. Para muitos, o recado está dado: as ordens devem ser fartas de provas, como no caso do banqueiro Alberto Cacciola e do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
Memória
Para quem não se lembra, Cacciola é aquele banqueiro, ex-dono do banco Marka, preso por crimes contra o sistema financeiro cometidos durante o governo Fernando Henrique. Fugiu e foi preso seis anos depois no Principado de Mônaco. Passou três anos em Bangu. Pizzolato, condenado no esquema do mensalão petista, também foi para a Itália e terminou extraditado em 2015. Saiu da Papuda em outubro do ano passado.
A hora do tudo ou nada
Os tucanos concluíram que não há mais saída nesta reta final, a não ser atacar dos dois extremos, tanto Jair Bolsonaro quanto Fernando Haddad. Se os candidatos do PSL e do PT forem ambos ao segundo turno, ficará difícil os tucanos apoiarem formalmente um ou outro. Henrique Meirelles também entrou nessa toada, mas com uma diferença: desde o início da campanha, se coloca como alguém que ajuda o país. Logo, não terá como recusar ajuda a quem vencer.
CURTIDAS
A rainha do impostômetro/ Ex-ministra da Agricultura de Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) (foto), candidata a vice na chapa de Ciro Gomes, vai lembrar que foi uma das maiores vozes contra a CPMF no governo Lula, quando ainda era do DEM. Ela foi uma das defensoras de se colocar o medidor de impostos no centro de São Paulo e todos os dias levava o tema ao plenário do Senado.
Prioridade petista I/ Na andança de Fernando Haddad em Recife ontem, o senador Humberto Costa (PT-PE), candidato à reeleição, e Marília Arraes, candidata a deputada federal, caminharam colados ao presidenciável. Costa foi escalado para falar na transmissão via internet.
Prioridade petista II/ Humberto está em terceiro nas pesquisas para o Senado. São duas vagas. Marília é vista como a esperança para puxar por outros deputados federais do partido. Lá, quem está mais à frente para a Câmara é João Campos, do PSB, filho do ex-governador Eduardo Campos.
E a Dilma, hein?/ A ex-presidente Dilma Rousseff continua em forma. Dia desses, provocou gargalhadas em Betim e virou a anedota preferida dos políticos do próprio partido. “Estou aqui com o Fernando Pimentel, e com o Fernando Haddad. Dois Haddads. Não, dois Pimentéis. Não, um Fernando!”.
Candidatas dos mais variados partidos foram à Justiça para obter os 30% de recursos para financiamento de campanha. Em Goiás, por exemplo, candidatas como Eulinda Brito, do PSD, que é procuradora, só conseguiram algum depois da ação judicial. Os partidos, por sua vez, correm para atender às candidatas que recorrem aos tribunais. É que, a menos de um mês da eleição, não dá para correr o risco de ver os recursos represados, porque o partido descumpriu ordem judicial e só garantir a liberação depois das eleições. Nessa hora do desespero, qualquer centavo é considerado bem-vindo.
Caladinho aí
Depois de o general Hamilton Mourão, candidato a vice, ser enquadrado por Jair Bolsonaro, chegou a vez de Paulo Guedes. Por ordem do “chefe”, o economista cancelou, de última hora, um encontro com empresários no Credit Suísse, ontem em São Paulo. O receio agora é a turma do mercado pisar forte no freio. Ao que tudo indica, já pisou.
Ninguém segura
O general Augusto Heleno, que tem papel central na campanha de Jair Bolsonaro, foi escalado para tentar conter as falas de Mourão. Mas, quem conhece o candidato a vice assegura que Heleno não conseguirá cumprir essa missão. Afinal, como já dissemos aqui, general não bate continência para capitão. Porém, se Bolsonaro for eleito, a história é outra. Para o presidente da República, todos têm que bater continência.
Por falar em Bolsonaro…
Os médicos não deram qualquer previsão de alta hospitalar para o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
Agora ou nunca I
A equipe do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tratava o debate da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP), como a chance para tentar arrancar votos de Jair Bolsonaro e daqueles que rejeitam o PT. A ordem era reforçar que seu plano econômico não trará de volta a CPMF e, de quebra, se colocar como o candidato com experiência administrativa, algo que Jair Bolsonaro não tem.
Agora ou nunca II
A avaliação dos tucanos é a de que a saída para tirar Geraldo Alckmin do atoleiro está no programa exibido ontem, que traz a mensagem de que os extremos não são bons para o país. O comando tucano considera que os próximos dias serão cruciais para levar os eleitores a essa reflexão.
CURTIDAS
Tete a tete tucano/ O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, teve uma conversa a portas fechadas com Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente ficou de ajudar a conter a debandada de aliados.
Por que não te calas?/ Um dos que o grão tucano deve conversar é o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (foto), que tem dito cobras e lagartos a respeito do candidato.
Ciro versus Haddad/ O candidato do PDT, Ciro Gomes, chegou a Aparecida disposto a partir para cima do candidato do PT, Fernando Haddad, que teve ontem à noite seu primeiro debate.
Sentiram o tranco/ A equipe do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, organizou uma carreata com um festival de fogos em frente ao centro de eventos da Basílica de Aparecida, local do debate entre os presidenciáveis. Esse era o único confronto de primeiro turno que o deputado tinha planejado participar, nessa reta final.
Nas conversas de bastidores durante jantar na casa publicitário Nizan Guanaes, parte dos representantes de bancos, do agronegócio, de grandes empresas nas áreas de telecomunicações chegaram ã seguinte conclusão: Querem eleger qualquer um, menos “um representante do PT”. Por isso, muitos que planejavam votar em Geraldo Alckmin, do PSDB, agora começam a migrar para Jair Bolsonaro (PSL), de forma a tentar liquidar a fatura no primeiro turno e “evitar o PT”. Só tem um probleminha: a proposta de Paulo Guedes, de recriação de um tributo parecido com a CPMF, assustou a muitos. E, se brincar, fará refluir essa onda.
Ciente do apoio dos endinheirados de São Paulo e da possibilidade dessa turma sair correndo na próxima semana, caso cresça essa linha de recriação da CPMF,Bolsonaro se apressou em desmentir o volta do imposto do cheque e a tirar fotos com papel e caneta em mãos, e, depois, andando pelos corredores do hospital Albert Einstein, onde continua internado. A ordem é passar a ideia de que quem manda é ele e não Paulo Guedes. Na dúvida, um pedaço do PIB vai esperar um pouquinho antes de seguir em bloco para o capitão.
Agro é guerra I
O jantar na casa de Nizan Guanaes não foi para discutir as eleições e sim o setor agropecuário, o motor da economia nacional, junto com o presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins, que se coloca como a voz nacional do agro. No mesmo dia, o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia, se reuniu com empresários em defesa da candidatura de Bolsonaro.
Agro é guerra II
A UDR e a CNA hoje brigam pela primazia de representação do setor e a UDR, ao que tudo indica, levará a melhor. Nabhan é quem dará as cartas na seara do agronegócio, em caso de vitória de Jair Bolsonaro. Ele está para Bolsonaro como aquele sujeito que compra apartamento na planta e acompanha toda a construção. Abraçou o projeto quando ninguém acreditava que pudesse dar certo.
“A grandeza da crise brasileira não está no texto constitucional e sim na fraqueza de seus aplicadores nos três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário”
Do jurista Ives Gandra Martins, em seminário sobre os 30 anos da Constituição, promovido pela Fecomércio em São Paulo.
Sutis diferenças
As centrais sindicais se dividiram entre Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). O petista promete revogar a lei trabalhista. E o pedetista rever a legislação. Os demais apoiam as mudança na legislação. Vai ser mais um tema a gerar polêmica no Congresso no ano que vem.
CURTIDAS
Em busca do anti-PT/ Ciro Gomes, do PDT, passa a jogar em duas frentes: A daqueles que não desejam o PT e daqueles que rejeitam Bolsonaro. Tenta ocupar o lugar que Geraldo Alckmin até aqui não conseguiu alcançar, o daquele que venceria tanto Haddad quanto Bolsonaro. Vai começar a bater pesado na tecla de que Haddad, se eleito, representará Lula administrando o país da cadeia. O primeiro embate entre os dois será hoje no debate da TV Aparecida.
Os “oitentões” I/ O debate da Fecomércio sobre os 30 anos da Constituição reuniu juristas do porte de Ives Gandra martins, Bernardo Cabral e Ney Prado. Todos já passaram dos 80 anos e continuam estudando e refletindo sobre o país.
Os oitentões II/ No debate, ficou patente que, apesar dos avanços, o texto precisa de reformas urgentes, em especial, a política. A maioria defendeu o voto distrital e também mudanças na forma como o Supremo Tribunal Federal (STF) delibera.
Os oitentões III/ Ali, houve um consenso de que o Brasil não tem um STF mas 11 Supremos Tribunais Federais. Foi nessa turma que o novo presidente do Supremo, Dias Toffoli, foi se inspirar há algumas semanas, quando lançou a ideia de valorizar o colegiado e tentar evitar o que chamou de 11 ilhas.
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Sds
Denise Rothenburg
(61) 9987-1610