Autor: Denise Rothenburg
Novo governo quer empreiteiras da Lava Jato longe das concessões
Juristas se posicionam, Barbosa vai de Haddad; Ives Gandra, de Bolsonaro
Odiado por grande parte dos petistas por causa do processo do mensalão, a declaração de voto do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa pegou Fernando Haddad de surpresa. O PT estava de olho no PDT de Ciro Gomes. Jamais pensou que Barbosa se manifestaria. O jurista tem sérias criticas ao PT, quase foi candidato a presidente da República pelo PSB, mas preferiu ficar fora da disputa. Na posse do ministro Dias Toffoli na Presidência do STF, o ex-mnsitro chegou a comentar com o blog que gostava muito da sua vida para mudar tudo numa disputa presidencial. Agora as palavras dele no Twitter deixaram a mitos a certeza de que o ex-ministro não desistiu totalmente da politica. : “Votar é fazer uma escolha racional. Eu, por exemplo, sopesei os aspectos positivos e os negativos dos dois candidatos que restam na disputa. Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad”, afirmou.
O apoio de Barbosa a Haddad vem um dia depois de o jurista Ives Gandra Martins gravar um vídeo em suas redes sociais em apoio ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Do Alto de seus 83 anos, Gandra afirmou que o combate à corrupção, a disciplina e as propostas liberais de desenvolvimento o levam a, mais uma vez, votar em Bolsonaro. “Votei no primeiro turno e votarei no segundo”, disse ele. O capitão prontamente agradeceu o apoio. Há alguns dias, inclusive, Bolsonaro recebeu a visita de Ives Gandra Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A Justiça, como todo o pais, não votará fechada nessa eleição.
Bolsonaro sinaliza que, se eleito, quer Alberto Fraga com ele no Planalto
Derrotado na eleição para governador do Distrito Federal, o deputado Alberto Fraga terá vaga cativa ao lado do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, caso o presidenciável vença a eleição no próximo domingo. Bolsonaro foi direto: “No final, foi bom você ter perdido. Agora, poderá ficar comigo”, disse.
A ideia de Bolsonaro é colocar o deputado em uma assessoria especial, que colabore na articulação com o Congresso. Fraga tem um bom trânsito na Casa, e quase foi líder do DEM. Ele já chega defendendo a candidatura de Rodrigo Maia à reeleição: “Rodrigo tem experiência e será importante para esse momento”, diz o deputado.
Mais conformado com a derrota, Fraga só não aceita as circunstâncias que derrubaram seu número de votos. “Eles me tiraram com um processo sem pé nem cabeça” diz Fraga. A menos de dua semanas do primeiro turno, a Justiça do Distrito Federal condenou Fraga a quatro anos de prisão em regime semiaberto pela prática do crime de concussão – exigência de vantagem indevida em razão do cargo.
De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Fraga recebeu R$ 350 mil em propina para assinar contratos entre o GDF e uma cooperativa de micro-ônibus em 2008, quando era secretário de Transportes do governo Arruda. Pela conversa de Bolsonaro com Fraga, a condenação não prejudicará a nomeação, se o candidato do PSL for eleito presidente do Brasil, no próximo dia 28.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, acaba de pedir ao corregedor da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi, a anulação das eleições, baseado em três fatores: O financiamento de empresas privadas à campanha de Jair Bolsonaro, a proliferação de fake news impulsionadas nas redes sociais, especialmente, WhatsApp; e abuso do poder econômico. O pedido foi feito há pouco via internet. “Não adianta ele (Bolsonaro) dizer que não sabia de nada, porque, o Lula sempre disse que não sabia e está preso, na minha visão injustamente”, afirmou Lupi ao blog.
O presidente do PDT considera factível o seu pedido e cita que, em 1994, as eleições proporcionais no
Rio de Janeiro (para deputados estaduais e federais) foram anuladas por denúncias de fraude. “Há precedentes e é preciso garantir a lisura do processo”, afirma o pedetista.
O TSE não tem prazo para análise do pedido. Ao que tudo indica, é por aí que se dará o terceiro turno. Até aqui, resta a certeza de que a pacificação não ocorrerá em 28 de outubro, independentemente do resultado.
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Calma, pessoal! É da eleição para presidente da Câmara. Ao receber o apoio da maioria da bancada evangélica, o candidato do PSL disse que, independentemente do resultado da eleição presidencial, pretende desencorajar os deputados estreantes de seu partido a disputarem a eleição para presidente da Câmara. “Pato novo não mergulha fundo”, afirmou, repetindo o ditado popular. A muitos, ficou a impressão de que, se eleito, Bolsonaro vai deixar a disputa correr e, depois, abraçar o vitorioso, de forma a não criar animosidades na largada.
Em tempo: Quem não gostou muito dessa conversa sobre Presidência da Câmara foi o coordenador político da campanha, Onyx Lorenzoni (DEM-RS): “Somos um grupo humilde, pequeno e focado na eleição do dia 28. Depois disso, como eu espero e acredito, teremos 60 dias para a montagem do governo. É só após essa fase é que olharemos para a eleição de presidente da Câmara”, disse ele à coluna.
O terceiro turno I
Esses últimos 10 dias até a eleição vão deixar nítido o desenho de que a corrida ao eleitor não termina na noite de 28 de outubro. A contar pelo que disse ontem o senador eleito Jaques Wagner, do PT da Bahia, “o deadline não é 28. Depois, tem a diplomação e, mais tarde, a posse. Tem prefeito que é cassado depois”, afirmou, dando a entender que o PT se prepara para questionar o resultado.
O terceiro turno II
Jair Bolsonaro, do PSL, por sua vez, levanta suspeitas sobre as urnas eletrônicas desde o início da campanha e já declarou em alto e bom som que “pelo movimento que vemos nas ruas, não podemos aceitar resultado diferente da vitória”.
Terceiro turno II
Entre os bolsonaristas, aliás, a preocupação impera. Afinal, eles consideram que o PT é especialista em segundos turnos. Por isso, tanto eles quanto o próprio Haddad juntam munição para embates futuros. E o país que o assista de camarote. Vem por aí um novembro sombrio.
Rodrigo Dias se defende
Indicado para a Anvisa, Rodrigo Dias tem percorrido os gabinetes dos senadores com realizações à frente da Fundação Nacional de Saúde. Quanto à tomada de contas especial sobre irregularidades no órgão aberta pelo Tribunal de Contas da União, informa que foi ele quem levou as suspeitas ao tribunal. Até aqui, seus aliados garantem que ele tem quebrado resistências.
Resta uma/ O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) tira apenas a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) do rol de apoio a Bolsonaro dentro da bancada evangélica.
Café com leite/ Outro que se coloca fora dessa lista é Cabo Daciolo (foto). Ele faz questão de não se apresentar como “bancada evangélica”.
Delgado, o atrevido I/ Ácido em suas críticas ao PT, o ex-deputado petista Paulo Delgado é citado assim entre antigos colegas de partido. Ontem, por exemplo, saiu-se com estas: “O PT, em vez de processar o WhatsApp, deveria processar o Climatempo: quem não previu trovoada foi a meteorologia. A tecnologia anuncia há tempos que essa eleição seria travada nas redes sociais”.
Delgado, o atrevido II/ “O Bolsonaro já tem o primeiro milagre: fez a Manuela comungar no Dia de Nossa Senhora Aparecida.”
Pelo andar da carruagem o presidente eleito, seja quem for, terá que chamar os congressistas que terminam seus mandatos em janeiro do ano que vem e pedir encarecidamente que pensem suas vezes antes de aumentar despesas sem cálculos do impacto orçamentário e provimento de recursos financeiros para pagamento. Hoje, por exemplo, os congressista derrubaram o veto do presidente Michel Temer ao reajuste do piso salarial dos agentes comunitários de saúde e combate às endemias. São, aproximadamente, 300 mil agentes comunitários de saúde e outros 100 mil de combate a endemias. Outras categorias também fazem pressão no Congresso em busca de reajustes salariais. Temer havia a parte relativa aos reajustes por falta de caixa. previa apenas uma correção em 2022, a fim de dar ao próximo presidente liberdade para tratar do tema. Agora, restará ao eleito a conta a pagar, uma vez que a derrubada do veto será levada a promulgação.
As afirmações de Cid Gomes na noite desta segunda-feira num ato pró-Haddad no Ceará reflete exatamente o que se passa na cabeça dos políticos dos mais variados partidos que sempre conviveram com o PT. Ele estourou a bolha. Falou de público o que todos falam nos bastidores. O vídeo é grande para ser incluído aqui, mas está disponível no site do Correio. mas se você não está com paciência para vídeo, aí vão as declarações. “Tem que fazer um mea culpa. Tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira”, disse Cid, sendo prontamente repreendido por parte da plateia. “É assim, é? Pois tu vai perder a eleição. Não admitiu erros que cometeram. Isso é para perder a eleição e é bem feito perder”, afirmou, provocando uma sonora vaia.
“O teu tipo, assim, que acha que fez tudo certo. pois vão, vão, vão e vão perder feio porque fizeram muita besteira, aparelharam as repartições públicas, acharam que eram os donos de um país e o Brasil não aceita ter dono”. O inconformismo dos petistas com o discurso do “aliado” foi num crescente e chegou ápice quando ele gritou: “Quem criou Bolsonaro foram essas figuras que acham que são donos da verdade. Tudo bem, me calo numa boa” Foi quando os presentes começaram a entoar um Lulalá. “Lula? Lula tá preso. Babacas!”, reagiu Cid. ele citou ainda Jair Bolsonaro, como algo “terrível”: “O Brasil está numa encruzilhada, e dela pode sair um mal terrível para o Brasil, terrível”, ressaltou.
O PT, no início da campanha, trabalhou dia e noite para que o PSB não fechasse com o PDT de Ciro Gomes. Os petistas tinham plena consciência de que, Ciro, com tempo de tevê e apoios pelo país afora teria uma vida mais fácil, podendo inclusive chegar ao segundo turno. Sem esses dois ingredientes, a campanha de Ciro ficou sufocada. O PT, por sua vez, sabia que tinha fôlego para chegar ao segundo turno. Agora aposta que o discurso da defesa da democracia era maior do que o anti-petismo. A contrapesas declarações de Cid Gomes, nem os aliados acreditam mais nisso.
Se eleito presidente da República em 28 de outubro, Jair Bolsonaro pretende substituir o relacionamento com as lideranças partidárias pelo contato direto com as frentes parlamentares. Esse foi um dos principais recados repassados ontem ao comando da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), que levou uma comissão de parlamentares para reafirmar o apoio ao presidenciável. A ordem é discutir propostas com cada frente parlamentar, grupos que, aliás, ganharam mais expressão no Congresso.
Um dos testes de Bolsonaro, se eleito, será conseguir realizar esse projeto. No Congresso, o encaminhamento de votação sempre foi feito pelos líderes partidários. Se as bancadas temáticas quiserem algum poder maior nesse sentido, terão que disputar espaço com os líderes. Será mais uma disputa, entre as tantas que se avizinham para o Parlamento no ano que vem.
UDR perde Agricultura
Jair Bolsonaro aproveitou a conversa com a presidente da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA), Tereza Cristina (DEM-MS), e outros integrantes do grupo para reforçar o convite para que, caso seja eleito, eles indiquem alguém do setor para o cargo de ministro da Agricultura, O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia, estava do lado e não esboçou reação.
Projetos em alta
Na conversa com a FPA, entraram na agenda a demarcação de terras indígenas com aprovação do Congresso e uma lei trabalhista específica
para o setor rural.
Pato novo…
A expressiva votação de Major Olímpio para o Senado fez com que alguns de seus aliados pensassem em fazer dele presidente da Casa. Só tem um probleminha: quem elege a maior bancada tem, por tradição, direito ao cargo. Todos que tentaram quebrar isso sofreram sérias consequências no passado.
…Não mergulha fundo
Aqueles que conhecem o funcionamento do Senado temem que a pretensão do Major crie, desde cedo, um clima de animosidade desnecessário com grandes bancadas. Se Bolsonaro for eleito presidente, conforme apontam as pesquisas de ontem, a intenção de alguns para evitar o confronto é buscar um nome mais palatável dentro do próprio MDB, respeitando a tradição.
Curtidas
E o Perillo, hein?/ As apostas dos tucanos são as de que, no ano que vem, outros integrantes do partido podem ter o mesmo destino de Marconi Perillo, preso ao prestar depoimento ontem. É que hoje, o foro privilegiado só vale para atos cometidos no mandato. Em 2019, mesmo quem se reelegeu, estará em outro mandato.
Olímpio 2022/ O apoio do senador eleito Major Olímpio (PSL) e de Paulo Skaf (MDB) ao governador candidato Márcio França está diretamente relacionado ao prazo de validade. França concorre à reeleição, portanto, tem mais quatro anos de governo, deixando menos um concorrente na roda. Se Doria vencer, poderá disputar um novo mandato.
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Daciolo é fofo/ O deputado Cabo Daciolo (Patri-RJ) fez sucesso ontem num café à tarde, em Brasília, simpático a todos que fizeram questão de ir cumprimentá-lo. “Paixx!”, dizia ele a todos. A quem quis saber quem ele apoiará no segundo turno, Daciolo dizia apenas que continuava na campanha de desconfiança da urna eletrônica.
Ordem à tropa/ A vantagem nas pesquisas fez o comando de campanha de Jair Bolsonaro entrar num esforço para manter a mobilização. Entre seus aliados, ninguém esquece que o PT ganhou quatro eleições no segundo turno, sendo que a última delas, a de 2014, a divisão do país era muito parecida com a atual.
Numa lapada só, o eleitor mandou para casa senadores como Romero Jucá, Edison Lobão, Valdir Raupp, Eunício Oliveira, Roberto Requião e, menos conhecido, mas não menos importante, Waldemir Moka. Esses senhores têm duas coisas em comum: São senadores e pertencem ao MDB, o partido do presidente Michel Temer. De todos eles, Jucá era considerado o mais próximo do atual presidente. Requião, por sua vez, era mais independente. Porém a sigla pesou.
A situação mais angustiante foi a do eterno líder do governo, Romero Jucá, em Roiraima. Ele só soube que a eleição estava perdida quando já passava da meia-noite e havia menos de 500 votos a serem apurados. Houve momentos em que a diferença dele para o segundo colocado chegou a 400 votos ao longo da apuração. Haja calmante para suportar a ansiedade.
Jucá planejava ocupar a Presidência da Casa. No partido, houve quem previsse uma disputa entre ele e Eunício Oliveira, outro que não se reelegeu. Do trio de emedebistas que almejava concorrer à Presidência da Casa sobrou apenas Renan Calheiros, de Alagoas, reeleito. Se outro aparecer no páreo dentro do partido será o senador Eduardo Braga. Renan e Eduardo têm em comum o fato de ter feito uma campanha colada na imagem do ex-presidente.
O MDB, embora com a bancada reduzida à metade, ainda será a maior da Casa, dada a pulverização do Parlamento em diversos partidos. São 20 legendas com representação no Senado. O MDB terá 11. Se hoje é difícil formar maioria para aprovar um projeto, imagine em 2019. O futuro presidente, sem dúvida, terá trabalho dobrado.
Salvaram-se os