Vício que se alastra como fogo morro acima e água morro abaixo. Pernambuco, como Sergipe, São Paulo, Goiás, Mato-Grosso e Mato-Grosso-do Sul, sofrem de incurável alergia ao artigo. Não aceitam o pequenino nem a pedido dos orixás. Fale e escreva com boca cheia e cabeça erguida: Sou de Pernambuco. Moro em Pernambuco. Nasceu em Goiás. Chegou de Goiás. Sergipe fica no Nordeste. Você vem de […]
Na formação de adjetivos pátrios, norte e sul pedem hífen sim, senhores. Assim: norte-coreano, sul-coreano, sul-americano, norte-americano, sul-mato-grossense.
“O Brasil tem quase duzentas e dez milhões de pessoas”, disse a repórter. Ops! Tropeçou na concordância. Milhão é masculino. Os numerais que o acompanham precisam concordar com ele: um milhão de pessoas, dois milhões de pessoas, duzentos milhões de pessoas, duzentos e dez milhões de pessoas.
Marcelo Abreu é atento observador da vida. A língua não escapa do seu interesse. Hoje, quando assistia ao programa da Ana Maria Braga, ouviu estas pérolas sobre os 20 anos de morte da princesa Diana: — Houveram muitas teorias conspiratórias na época. E não se confirmou as suspeitas. Marcelo comentou: “Camões morreu. De novo. Roxinho de vergonha”. A apresentadora pisou duas vezes a língua. Uma: […]
“A investigação já realizada só pode ter continuidade após o mandado presidencial”, escrevemos na pág. 3. Leitores, como João Basto, chiaram. Com razão. Mandado é ordem (mandado de segurança, mandado de prisão). O presidente tem mandato. Melhor corrigir. Assim: A investigação já realizada só pode ter continuidade após o mandato presidencial.
A reforma política está em debate. Deputados rimam. Falam em distritão e fundão. Mas, como ninguém se entende, continua tudo como dantes no quartel de Abrantes. Programas de partidos políticos vão ao ar em horário nobre. Com eles, volta ao cartaz um pluralzinho pra lá de especial. Uns o chamam de plural de modéstia; outros, de majestático. No fundo, no fundo, ele não passa de […]
“Kaepernick pode ser cortado sem que o time o pague um centavo sequer”, escrevemos na pág. 16. Bobeamos com o verbo pagar. A gente paga alguma coisa a alguém (O time paga salário milionário ao jogador.) Ao substituir o a alguém pelo pronome correspondente, o lhe pede passagem: Kaepernick pode ser cortado sem que o time lhe pague um centavo sequer.
O professor Odilon Soares Lemes explica: Diferir significa ser diferente, distinguir-se: Minha opinião difere da sua. A tese por ele defendida difere da aceita pelo professor. Diferenciar quer dizer estabelecer diferença ou perceber diferença: É a sua gentileza que diferencia você dos seus colegas. Alguns não sabem diferenciar latrocínio de roubo. Você sabe diferenciar alhos de bugalhos?
Acordo firmado entre mim e o senhor? Ou entre o senhor e mim? As pessoas do discurso são três. A primeira fala (eu, nós). A segunda escuta (tu, você). A terceira serve de assunto (ele, ela). Qual a mais importante? A primeira. Por isso o mim, pronome de primeira pessoa, tem prioridade sobre os demais: acordo firmado entre mim e o senhor, entre mim e […]
O verbo depor é filhote de pôr. E irmãozinho de compor, propor, repor, dispor. A família or tem uma característica. Falta-lhe criatividade. Todos os membros se conjugam do mesmo jeitinho. Rezam no catecismo do pai: eu ponho (deponho, componho, proponho, reponho, disponho); eu pus (depus, compus, propus, repus, dispus); nós púnhamos (compúnhamos, propúnhamos, repúnhamos, dispúnhamos). E por aí vai. Erros com essa família são arroz […]