Novembro Azul: malandragens da cor

Publicado em português

Menina se veste de rosa. Menino, de azul. A discriminação imperava nos tempos da vovó. Como não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe, os anos passaram, os costumes mudaram e as cores se libertaram do sexo. Garotas e garotos deitam e rolam em azuis, rosas, roxos, vermelhos, brancos e pretos.

Mas a tradição se impôs em dois momentos. O outubro é rosa. O novembro, azul. São dois meses dedicados a campanhas educativas. Chamam a atenção de mulheres e homens para a importância de prevenir o câncer. Elas, de mama. Eles, de próstata. A cruzada vale a pena. Ensina que, muitas vezes, a saúde e a vida estão nas mãos de cada um. Xô, bobeira!

A deixa
Na natureza nada se perde, tudo se aproveita. Na língua também. Vale explorar a deixa do evento. É o azul. Nem as pessoas nem as cores são iguais. O azul tem variações — azul-bebê, azul-celeste, azul-ferrete, azul-marinho, azul-turquesa, azul-violeta. Elas podem funcionar como adjetivos (blusa azul-celeste) ou substantivos (o azul-celeste). A classe gramatical faz a diferença. E arma ciladas.

Lição 1
O adjetivo é invariável. Masculino ou feminino, singular ou plural, é tudo igual. O capricho se explica. Oculta, encontra-se a locução da cor: lençol (da cor) azul-bebê, lençóis (da cor) azul-bebê, toalha (da cor) azul-bebê, toalhas (da cor) azul-bebê; blusa (da cor) azul-celeste, blusas (da cor) azul-celeste; calção (da cor) azul-celeste, calções (da cor) azul-celeste; sapato (da cor) azul-marinho, sapatos (da cor) azul-marinho; blusa (da cor) azul-marinho, blusas (da cor) azul-marinho; blusas (da cor) marinho, blusas (da cor) marinho.

Lição 2
O substantivo joga em outro time. De cara lavada, sem nada oculto, não tem saída. Varia: o azul-bebê, os azuis-bebês (ou azuis-bebê); o azul-celeste, os azuis-celestes; o azul-marinho, os azuis-marinhos, o azul-turquesa, os azuis-turquesas (ou os azuis-turquesa), o azul-violeta, os azuis-violetas (ou azuis-violeta).