Categoria: português
Para Mário Quintana, “o maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir enquanto se pensa noutra coisa”. Para Bert Taylor, “chato é alguém que, quando lhe perguntam como vai, ele explica”. Para Ambroise Bierce, “chata é a pessoa que fala quando gostaríamos que escutasse”. Para a leitora Maria Vírgínia, “chato é o profissional que abusa dos diminutivos: […]
Que susto! Deu na TV: “Fiscais extorquiram delegada”. É difícil. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de delegada. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista.
Vigir não existe. A forma é viger. O dissílabo tem um defeitão. É intolerante. Detesta o a e o o. Só se conjuga nas formas em que essas vogais não aprecem depois do g. A 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (eu vigo) não tem vez. Nem o presente do subjuntivo. Que eu viga? Uhhhh! Nas demais, o amigo só de alguns é […]
“Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia”, disse Shakespeare. Ele devia estar pensando na concordância do é bom, é proibido, é feio, é necessário, é preciso & cia. A danada tem manhas. O adjetivo pode ficar invariável ou flexionar-se. Depende do recado. O imutável tem vez quando se deseja fazer referência de modo vago e geral. No […]
“O importante não é ganhar. É competir”, repetia o barão de Coubertin. Os fanáticos discordam. Dizem que se trata de desculpa. Cabeças-inchadas recorrem a ela para amenizar a dor por não conseguir cantar “a taça é nossa”. Pelo sim, pelo não, vale a dica. Competir pertence à equipe de preferir e aderir. Veja: eu compito (prefiro, adiro), ele compete (prefere, adere), nós competimos (preferimos, aderimos), […]
O Flamengo conquistou a taça do Campeonato Carioca. Na partida contra o Fluminense, venceu por 1 a 0. “Campeão! Campeão! Campeão!”, gritava a torcida. Passado o alarido da festa, vale a curiosidade etimológica. Campeão A palavra campeão nasceu na Alemanha. Quando usava fraldas, tinha significado muito especial. Designava o cavaleiro medieval que combatia em campo fechado em defesa de uma causa. Não raro a causa […]
“Maioria das grávidas mortas por covid-19 é brasileira”, escreveu o Estadão. Leitores ficaram na dúvida: é ou são? Trata-se do partitivo. O verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (maioria) ou com o complemento (grávidas): Maioria das grávidas mortas por covid-19 é brasileira (concorda com maioria). Maioria das grávidas mortas por covid-19 são brasileiras (concorda com grávidas). Parte dos estudantes saiu (concorda com parte). […]
Réveillon e carnaval? Nem pensar. Em tempos de pandemia, aglomerações são proibidas. “Vamos adiar”, disse o prefeito. Pra quando? “Ninguém sabe. Mas vamos adiar pra depois”. Ops! Baita pleonasmo. Adiar é sempre pra depois. Como subir é sempre pra cima e descer é sempre pra baixo. Basta adiar, subir e descer.
“O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir enquanto se pensa noutra coisa.”
A floresta amazônica ocupa as manchetes dia sim e outro também. Ambientalistas e investidores pressionam o governo. Querem parar o desmatamento e as queimadas. A luta é árdua e promete ser longa. Enquanto os embates se sucedem, vale uma curiosidade. Por que Amazonas se chama amazonas? A história vem da mitologia. As amazonas Elas formavam o clube das luluzinhas. Na terra delas, só viviam mulheres. […]