Categoria: português
Beatriz morre de preguiça de escrever. Quando tem de dar um recado, não pensa duas vezes. Telefona. Adora ouvir a voz dos amigos no outro lado da linha. Mas as ligações ficaram meio fora de moda. As mensagens eletrônicas pediram passagem. Sem saída, a alternativa da moça é uma só — digitar. Numa dessas, Beatriz encontrou o grande amor. Bonito, charmoso e delicado, o rapaz […]
“Nas palavras e nas modas, observe a mesma regra: sendo novas ou antigas demais, são igualmente grotescas.”
As siglas não dão folga. Você abre o jornal, lá estão elas. Liga a tevê, não dá outra. Conversa com os amigos, as danadinhas aparecem. É ONU pra lá, PT pra lá, PM, UTI, Embratur pracolá. O Programa de Aceleração do Crescimento perdeu o tamanhão original. Virou PAC. Até as pessoas se transformam em siglas. É o caso de FHC. Fernando Henrique Cardoso governou o […]
Norte, Sul, Leste, Oeste, quando pontos cardeais, são nomes próprios. Mas, se definem direção ou limite geográfico, cessa tudo que a musa antiga canta. As moçoilas põem o rabinho entre as pernas e entram na vala comum: O leste dos Estados Unidos tem grande influência latina. O carro avançava na direção sul. Cruzou o país de norte a sul, de leste a oeste. Resumo da […]
Nome de disciplinas tem pedigree. Português, Inglês, Francês, Espanhol, quando matéria estudada na escola, ganham inicial grandona. As mesmas palavras, ao dar nome a idioma, perdem a majestade. Escrevem-se com a inicial pequenina: No Brasil, fala-se português. O português, o francês, o espanhol são línguas latinas.
A língua joga no time dos mutantes. Instrumento de comunicação das pessoas, muda conforme mudam os tempos e os falantes. Concordâncias, regências, colocações, significados trocam o passo conforme a música. A grafia não fica atrás. Maiúsculas e minúsculas servem de exemplo. Os nomes próprios se escrevem com inicial grandona. É o caso de João, Maria, Pará, Colônia, Brasil. Às vezes, porém, eles entram na composição […]
Água parada apodrece, dizem os louquinhos por mudanças. Para eles, eleição é festa. A cada dois anos, abrem-se possibilidades para caras novas. O verbo eleger entra em cartaz. Não é por acaso. Adepto do troca-troca, ele mascara a aparência. A letra g, como quem não quer nada, vira j. A razão é simples. Em todos os tempos e modos, a pronúncia tem de ser gê. […]
“É de se preocupar que, em contexto de severa crise fiscal do Estado, não haja meio eficaz de coibir estratégia eleitoral de governantes impopulares”, escrevemos na pág. 9. O pronome se com infinitivo? Só com verbo pronominal. No mais, sobra. Melhor: É de preocupar que, em contexto de severa crise fiscal do Estado, não haja meio eficaz de coibir estratégia eleitoral de governantes impopulares.
No pronunciamento feito depois da vitória na Câmara, Temer disse que o objetivo do seu governo é gerar novos empregos. Abusou, não? Trata-se de baita desperdício. Só se gera o novo. O adjetivo sobre. Basta gerar empregos.
É lugar-comum afirmar que a língua muda. Organismo vivo, está a serviço dos falantes. Eles, como a água que passa sob a ponte, nunca são os mesmos. Movimentam-se, misturam-se, transformam-se. Viva! Mas, por motivo que até Deus ignora, algumas deixam de circular. Ficam estagnadas. Resultado: viram moda. Depois, praga. O uso se intensifica por influência do rádio, da tevê, da internet. São os modismos, que […]