Categoria: português
“… a cidade é ótimo destino para se esticar as férias ou curtir aquele feriado prolongado”, escrevemos no suplemento Turismo. Reparou? O pronome se sobra. Melhor mandá-lo pra casa: … a cidade é ótimo destino para esticar as férias ou curtir aquele feriado prolongado.
A língua é pra lá de flexível. Como a água se adapta ao recipiente em que é jogada, ela se adapta às intenções do falante. Se ele quer fazer humor, ela atua como aliada. Se quer fazer chorar, ela o ajuda a rolar rios de lágrimas. Se quer transmitir uma informação neutra, ela diz presente. Se quer manipular, ops! Ela está prontinha da silva. É […]
“Queimai as bibliotecas, pois o que elas têm de precioso estão no Corão.”
O verbo ir admite duas preposições. Cada uma dá recado diferente. Ir a significa que vamos voltar rapidinho (vou ao clube, vou ao cinema, vou ao teatro, vou a São Paulo). Ir para avisa que vamos de mala e cuia — pra ficar ou pra demorar um tempão: Vai para Nova York fazer pós-graduação. Vai para Porto Alegre morar com os pais. Vá pro inferno. […]
É correto afirmar que o Ministério Público concluiu “pela” ou “por” alguma coisa? Regência é calo nos dois pés. Na dúvida, é melhor recorrer ao paizão. O dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes (o melhor que temos), dá nota 10 para concluir por (pelo, pela), que significa convencer-se de: Gonçalo concluiu pela necessidade de acabar a novela.
Depois de interjeições, é necessário usar alguma pontuação? Sim. A interjeição traduz emoção. Por isso pede ponto de exclamação: ah!, oh!, olá!, oxalá!, tomara!, ui!, alto!, psiu!, cuidado!, alerta!
No tribunal, usa-se “a folhas” para indicar a página. A duplinha está certa? No plural? Trata-se de linguagem forense. Juízes, advogados, promotores & cia. são loucos pela forma rançosa. A gramática os abona. Mas… vamos combinar? Não a adote fora do âmbito das togas.
Ouve-se, aqui e ali, um tal de “adquirir dívida”. Soa tão esquisito quanto “adquirir uma doença”. É questão de propriedade vocabular. Dependendo do contexto, a gente contrai dívidas. Ou faz dívidas. Ou se endivida. Às vezes, negocia dívidas. Ou troca dívidas.
Óptico é relativo à visão (músculo óptico, fibra óptica). Ótico, relativo ou pertencente ao ouvido (músculo ótico). Para definir ponto de vista ou o estudo da luz, é preferível a forma ótica: ilusão de ótica, estudo da ótica. Olho vivo Óptico admite a variante ótico. Mas pode armar confusão com ótico, referente a ouvido. Montaigne, há 400 anos, ensinou que a maior qualidade do estilo […]
Imitamos as vozes dos bichos ou o ruído das coisas. Com elas, formamos novas palavras. São as onomatopeias. As danadinhas aumentam o vocabulário e, com isso, enriquecem a língua. Miau-miau, mia o gato. Au-au, late o cão. Muuuuu-muuuuuu, muge a vaca. Cocoricó, canta o galo. Cri-cri-cri, cricrila o grilo. Zum-zum-zum, zune a mosca. Tique-taque, bate o relógio. Pingue-pongue, salta a bola. Fofocar é coisa de […]