Categoria: português
O verbo implicar tem três empregos. Em dois, ninguém tem dúvida. É no terceiro que a porca torce o rabo. Veja: Na acepção de ter implicância, pede a preposição com: O diretor implicou com a secretária. No sentido de comprometer, envolver, dá a vez a em: A secretária implicou o chefe em escândalos. No significado de acarretar consequências, implicar implica e complica. Ele é transitivo […]
“Rolos dos Bolsonaros podem boicotar reforma”, escreveu o Estadão de hoje. Certo? Certo. Nome próprio joga no time dos vira-latas. Flexiona-se como os comuns: os Maias, os Silvas, os Castros, os Marotas, os Duques. Atenção, atenção Há casos (a gramática reconhece) em que o plural descaracteriza o nome. O sobrenome Cal, por exemplo, faria o plural Cais. Como agir? Se o nome termina por vogal, […]
Zeus bate à porta do céu. São Pedro o recebe. Mal entra, o deus dos deuses ouve aplausos intermináveis. Entende logo. Anjos, arcanjos, serafins e demais moradores do paraíso recebem Bibi Ferreira. O dono da casa, fã dos fãs, está na primeira fila. O senhor do Olimpo espera com paciência. Quando surge a oportunidade, aproxima-se de Deus. Os olhos de ambos se encontram. Gentil mas […]
Viva! Adeus, horário de verão. É hora de atrasar o relógio. E lembrar por que atrasar & família se grafam com s. A história tem a ver com regra pra lá de produtiva. Trata-se da todo-poderosa família. “Tal pai, tal filho”, prega ela. Em bom português: as palavras derivadas seguem a primitiva, ou seja, mantêm a grafia original sem tossir nem mugir. O clã atrasado […]
Ler ou lê? Muitos confundem as duas formas. Perdem pontos, promoções e amores. Vamos acabar com os vacilos? É fácil como tirar doce de criança. Ler é infinitivo. Lê, presente do indicativo: O infinitivo detesta a solidão. Anda, por isso, acompanhado de auxiliar: Ele pode ler. Nós vamos ler. Eles começam a ler. O presente é dono e senhor de si. Emancipado, dispensa companhias: ele […]
“Sabendo interpretar o que lê, o estudante organiza as ideias e produz bom texto. O resto é conversa, falsa teoria.”
O direito de não ler. O direito de pular páginas. O direito de não terminar um livro. O direito de reler. O direito de ler qualquer coisa. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível) O direito de ler em qualquer lugar. O direito de ler uma frase aqui e outra ali. O direito de ler em voz alta. O direito de calar.
Estudo encomendado pela rede de livrarias britânicas Borders reforçou o ditado “mente sã, corpo são”. O ato de ler gasta calorias, porém o estudo comprovou que, ao ler livros de ação, sexo e suspense, a taxa média de calorias gastas dobra. Isso se deve ao fato de que livros ligados a esses temas provocam a produção de adrenalina, hormônio que prepara o corpo para situações […]
Os leitores estão à beira de um ataque de nervos. O responsável? Ninguém menos que o pleonasmo. A redundância não dá folga. Ora o governo “cria novos empregos” (só se cria novo). Ora há a “estreia de novo filme (estreia é sempre nova)”. Não falta o cantor que “lança novo disco” (não há jeito de lançar o velho). A redundância não dá folga. O jornal […]
“Quem de palavras tem experiência sabe que delas se deve esperar tudo”, repete José Saramago. Tradução: as palavras são enganadoras. Ao menor descuido, entramos na delas. Um dos perigos é o gênero do vocábulo. O masculino tem um significado; o feminino, outro. Veja três exemplos: o cabeça = chefe a cabeça = parte do corpo o capital = dinheiro a capital = cidade mais importante […]