Vistam-se de população brasileira, senhores!

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil

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Charge do Moisés

Quando teve início o processo de migração da classe média e alta das escolas públicas para os particulares, entre o fim da década de 70 e começo dos anos 80, o que ocorreu como consequência incontestável foi a deterioração progressiva desses estabelecimentos do Estado, o sucateamento do ensino, em todos os níveis, e a transformação dessas instituições em lugares perigosos para o convívio de crianças, adolescentes e até para os próprios professores.

As sucessivas reformas feitas a toque de caixa no ensino público, para conter a evasão crescente de alunos, não surtiram o efeito desejado e hoje, raras são as escolas públicas que conseguem manter algum nível regular de qualidade no ensino. Essa é uma triste realidade que demonstra cabalmente que a maioria das políticas públicas e principalmente aquelas direcionadas para as classes mais carentes, são realizadas de modo apenas a suprir lacunas ou a cumprir o que dispõe e obriga a Constituição.

Entregues à própria sorte, o ensino público, da pré-escola à universidade, com raríssimas exceções, está em estado de ruínas. O mesmo se repete em outros setores, como saúde, segurança, o que tem levado as famílias, com certo nível de renda, a procurar também amparo em hospitais privados, planos de saúde, a contratarem seguranças particulares, blindarem automóveis ou a residir em condomínios que mais parecem penitenciárias. Quem tem recursos, procura suprir essas falhas do Estado como pode. O problema é com aqueles que necessitam dessas políticas públicas e não encontram respaldo. Uma visita a qualquer escola ou hospital da periferia, dá uma mostra da qualidade desses serviços prestados à população da base da pirâmide.

Mudar essa realidade por leis, reformas ou projetos políticos não tem dado certo e a razão é simples e clara: nenhuma autoridade, esteja ela na administração do Estado ou não, utiliza efetivamente os serviços públicos. Nem eles, nem seus familiares. Vivem num Brasil à parte, onde tudo funciona a contento. Essa realidade é ainda agravada quando se observa o arco de proteção que o Estado proporciona às autoridades instaladas nos três poderes da República. Quem se der ao trabalho de analisar, de perto, por exemplo, o que dispõe a nova Lei da Magistratura, poderá ter uma ideia desse diferencial de tratamento proporcionado pelo Estado aos juízes e aos seus familiares.

O mesmo ocorre com relação aos parlamentares, aos ministros, tanto do Executivo como os dos tribunais, todos devidamente blindados contra as agruras e deficiências dos serviços públicos prestados ao grosso da população. O mesmo se repete com os transportes públicos que são de péssima qualidade para a população de baixa renda. Para os áulicos, jatinhos da Força Aérea, carros de última geração e outras mordomias, bancados, obviamente, pelos impostos extraídos das massas.

Condicionar as autoridades, com assento nos três Poderes, a utilizar desses mesmos serviços públicos para o atendimento de suas necessidades em educação, saúde, segurança e transporte, apenas para ficar nesses itens, surtiria mais efeito para melhorá-los do que qualquer reforma, ou discurso político. De fato, o que tem impedido, por séculos, essas mudanças, é que o pessoal que, por suas atribuições, poderia fazê-lo, não sente a necessidade de modificá-los, até porque estão muito bem servidos, obrigado.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Liderança é serviço, não posição.”

Tim Fargo, autor de Sucesso do Alfabeto e Mentiras.

 

 

Ambiente

Sarney Filho, Secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF, promete tirar do papel 17 parques no DF já criados por lei. O secretário garante que até o final do mandato serão 35 parques a mais para a população do DF respirar o verde.

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

 

 

Denúncia

Por falar em meio ambiente, continua a vigorar a lei mais estapafúrdia em tempos de economizar água. Se você tem uma sala comercial, é obrigado a pagar uma taxa mínima de consumo. Essa taxa recai sobre a estimativa absurda de 10m³ de água em uma sala comercial de 30m². Decisão recente do STJ determinou que a existência de hidrômetro, por si só, impede a cobrança por estimativa, critério que atende as regras do Código de Defesa do Consumidor, na medida em que só poderá ser cobrado o que efetivamente for consumido. Mas na capital do país isso não funciona.

Charge: paradesenhar.wordpress.com

 

 

Enquanto há tempo

Problema sério nas superquadras de Brasília e nas cidades satélites. Motoqueiros andando nas calçadas e ciclovias desrespeitam a lei e colocam a vida de pedestres em risco. Principalmente nas quadras comerciais onde há restaurantes com serviço de entrega. Ou se corta o mal pela raiz, ou aguardamos a morte de alguém para que alguma providência seja tomada.

Foto: veracascaes.wordpress.com

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Alguém deve receber punição no caso da iluminação da Praça dos Três Poderes. O dinheiro gasto, que não foi pouco, não poderia ser empregado em experiência, como tudo deixa crer, tenha sido. (Publicado em 17.11.1961)

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