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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Nada como eventos imprevisíveis e incontroláveis pelos seres humanos para mostrar a viabilidade de outros caminhos, renovando e empurrando velhos conceitos para fora da estrada. Foi assim com a pandemia. De repente, o home office, uma opção de trabalho puramente racional e adequada a um mundo congestionado e superpopuloso, e que parecia longe da realidade brasileira e mundial, ao menos na visão dos antigos modelos burocráticos impostos aos trabalhadores, tornou-se o novo normal, com pessoas cumprindo suas tarefas diárias sem sair de casa, economizando recursos, para si e para o país.
Em certo sentido, essa mudança na direção dos ventos pode ser aplicada também, guardada as devidas proporções, à chamada Federação de Partidos. Instituída pelo Congresso Nacional em 2021, dentro da meia-sola que foi a reforma política, em plena pandemia, permitiu que as legendas pudessem atuar unificadamente em todo o país, no que se pretende ser uma futura fusão de partidos.
Na verdade, a federação foi uma gambiarra feita, de modo improvisado, para impedir que as pequenas legendas naufragassem no quesito representatividade, atraindo-as para as legendas maiores e, com isso, aumentando o tempo de propaganda e de recursos oriundos dos fundos eleitorais e partidários.
Mesmo sendo obrigadas a permanecerem coligadas depois das eleições, não há, evidentemente, afinidades programáticas entre os elementos que formam o conjunto de federações. De fato, ninguém, nem mesmo os eleitores, conhecem os novos estatutos dessas Federações. O que importa aqui é saber que as Federações, mesmo antes do pleito de outubro, demonstram, na prática, a possibilidade concreta de que se estabeleça um novo modelo de representação, em que quatro ou cinco forças políticas, no máximo, tenham assento no Congresso, acabando com a miríade de legendas, a grande maioria, siglas de aluguel e sem importância alguma.
A pandemia, a possibilidade de trabalho remoto dos próprios congressistas, a polarização política, os atentados, como o sofrido pelo então candidato Bolsonaro em Juiz de Fora, e a insegurança geral vão empurrando as campanhas para fora das ruas, longe do contato direto com o público. Nesse novo modelo, as redes sociais ganharam terreno e parecem ditar o jeito atual de fazer campanhas. Todas essas alterações radicais seriam impensáveis até três anos atrás. É a política a reboque da ocasião.
Se, por um lado, a pandemia forçou o aparecimento de novos modelos políticos, no que pode ser chamado de reforma política pandêmica, a reclusão forçada e o medo da doença e mesmo a luta pela vida forçaram os cidadãos a se distanciar do dia a dia da política. Foi justamente, nessa ocasião de recolhimento geral, que ministros do Supremo encontraram, nas filigranas jurídicas, o caminho que desejavam para empurrar, goela abaixo da sociedade, a candidatura de um ex-presidiário, embaralhando e conspurcando as eleições, criando um factoide surreal, que ameaça o próprio futuro democrático do país.
Lula é, de fato, o candidato que os ministros, das altas Cortes, querem de volta à Presidência. Não apenas eles, mas os banqueiros, os empresários, que sempre tiveram no Estado seu cliente mais rentável e outros que enxergam e anseiam pela volta do país ao período pré Operação Lava Jato. Como candidato favorito nas pesquisas pouco detalhadas, Lula afirma que não irá participar de debates. Quando estava na prisão, fez o que pôde e o que não pôde para participar dos debates. Agora diz que não vai se expor. Ao eleitor, que a lei obriga o comparecimento às urnas, não é dada a faculdade de se eximir.
A legislação precisa obrigar os candidatos a participar dos debates. Afinal, essa é a maneira do eleitor conhecer o caráter e as propostas de cada um desses postulantes. Com altíssima intenção de votos, mas sem poder caminhar livremente pelas ruas, e sem participar de debates com outros adversários, Lula tornou-se o candidato de laboratório que, à semelhança da criatura, trazida ao mundo, pelo cientista Victor Frankenstein, no romance de Mary Shelley, de 1818, sonha em reacender os tempos sombrios da era petista.
A frase que foi pronunciada:
“Qual a diferença entre o capitalismo e o comunismo? O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O comunismo é o inverso.”
Piada polonesa
Sonegação
Com menos R$10,1 bilhões de impostos arrecadados sobre o ISS nos últimos seis anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal do Sistema Financeiro do Distrito Federal, da Câmara Legislativa, encaminhou o documento final assinado pelo relator deputado Delmasso. Foi encaminhado ao TCDF e ao Ministério Público do DF para as tomada de providências. O deputado distrital Delmasso lembra que esse é praticamente o mesmo valor do orçamento destinado à Saúde.
Reguffe
Por falar nisso, mais uma vez o único representante do DF que encara os planos de Saúde vai ao plenário do Senado criticar a ANS por mais um reajuste. A previsão é que o valor seja incrementado em quase 16%. A decisão já foi publicada no Diário Oficial da União. Para quem não sabe, o senador Reguffe abriu mão do Plano de Saúde do Senado, que, como parlamentar, teria o direito vitalício.
Agência Senado informa
Controle da poluição e defesa da sustentabilidade. Essas são as razões do Senado Federal estar iluminado pela campanha Junho Verde. A proposta foi dos senadores Jaques Wagner Confúncio Moura e Fabiano Contarato.
História de Brasília
Pensei em fazer uma campanha, mas num deles encontrei uma coisa que ninguém encontra noutra parte a não ser em camelôs: barbatanas para camisas. (Publicada em 01.03.1962)
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É bom que os antigos paladinos da justiça, na sua grande maioria composta pelas equipes que fizeram parte da força tarefa da Lava Jato, providenciem, quanto antes, meios de colocarem as barbas de molho, de preferência, por meio da urnas, nessas próximas eleições, elegendo-se para os cargos de deputados, senadores ou seja lá o que for. Importa aqui que eles obtenham algum tipo de prerrogativa de foro ou blindagem política. A outra opção é evadir-se do país, buscando refúgio em outras nações.
A questão aqui é simples: o já conhecido aparelhamento da Justiça, principalmente nas altas Cortes, ganhará ainda mais fôlego e audácia, com um possível retorno do ex-presidente Lula e de todo o seu bando, conforme vai indicando as pesquisas de opinião.
Depois de ter feito parceria com o presidente Bolsonaro, onde teria carta branca para agir contra a praga secular da corrupção, o ex-juiz Sérgio Moro, um neófito nas artimanhas da política, abandonou a magistratura e foi varrido pelos ventos da suja política nacional. Caiu numa espécie de desgraça, sendo perseguido pela esquerda e pela direita.
Do mesmo modo, um a um dos antigos protagonistas da justiça, que atuaram contra os poderosos corruptos, vão sendo colocados na alça da mira de uma Justiça, totalmente descredibilizada e partidarizada. O retorno do demiurgo de Garanhuns promete mais uma saraivada de balas contra os membros dessa antiga força-tarefa. Não há quem possa defendê-los, nem de um lado, nem do outro.
O Congresso, a quem deveria caber a tarefa de tomar para si o combate à corrupção, há muito já lavou as mãos, uma vez que muitos de seus membros estão atolados em suspeitas nessa e em muitas outras operações da Polícia Federal. O Ministério Público, que foi saudado como a grande esperança de justiça e de correção dos rumos do Estado, depois da redemocratização, não consegue agir em todas as dimensões.
Mesmo os órgãos de fiscalização das movimentações de dinheiro estão hoje sob domínio das forças políticas, que estenderam seus tentáculos para outras repartições públicas, como o Tribunal de Contas da União e dos estados, todos eles igualmente dominados por grupos políticos. Não apenas não há espaço para a atuação e desempenho da Justiça, como todas as brechas para a realização de operações contra a corrupção foram vedadas.
A população, que a tudo assiste inerte e sem esperança, nessa altura dos acontecimentos, vai percebendo que as eleições de outubro próximo, pelos caminhos que vão sendo traçados pelos poderosos, tornaram-se um jogo de carta marcada, servindo apenas para selar o destino malfazejo.
Em outubro, milhões de brasileiros adentrarão cegos para o labirinto, sendo, dessa feita, perseguidos não por um Minotauro, mas por dois desses seres com corpo de homem, cabeça e cauda de touro. Um deles virá pela porta de entrada. O outro pela porta de saída.
A frase que foi pronunciada:
“Subjugue seus apetites, meus queridos, e você conquistou a natureza humana.”
Charles Dickens
Formigas vs Cigarras
No último dia de maio, foi publicado, no Diário Oficial do DF, pela Secretaria Executiva das Cidades, uma ratificação de inexigibilidade de licitação de interesse da Administração Regional de Brazlândia. Foram 85 mil reais, não para saneamento básico, mas para o cantor Fernandinho. Cem mil reais, não para reforma de escolas, mas para o cantor Thiago Jhonathan (a grafia é essa mesmo), cinquenta mil reais para Lucas Reis e Thácio, enquanto as quadras de esporte estão aos pedaços, e cento e trinta mil para o É o Tchan, enquanto alunos penam pela falta de transporte público. Caro administrador Marcelo Gonçalves da Cunha, festejar é bom, mas depois de cumpridos os deveres.
Caixinha, obrigado
Por iniciativa do TCDF, o GDF vai suspender a reforma da piscina de ondas. Se há intenção de vender para a iniciativa privada, melhor economizar os R$8 milhões do aprimoramento.
Mais que merecido
Márcio Fava tem conseguido adesão dos moradores do Taquari para a instalação do Parque Ecológico na área. A empreitada é urgente, já que falta espaço para lazer e socialização. Outra importância do parque é a mesma de todos os parques nessa cidade. Conter invasões e a gana dos empreiteiros. Já são 22 anos de espera para que o projeto saia do papel.
História de Brasília
Eu ia passando ontem em frente à Escola Parque, e vi uma fila enorme de camelôs, bem organizados, com banquinhas em carrinhos com rodas de bicicletas. (Publicada em 01.03.1962)
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Prejuízo fabuloso tem sido acumulado por quase todas as lideranças políticas deste país ao longo de décadas, apenas pelo fato de não se cercarem de pessoas de bom senso, capazes de enxergar para além da carapaça do poder, entendendo as coisas como elas são, e não como querem que sejam os mandatários. Mesmo em monarquias, onde os poderes estão concentrados apenas nas mãos dos reis, exemplos diversos, ao longo da história da humanidade mostram que não eram descartadas as ponderações dos bons conselheiros. E isso, e apenas isso, livrou o mundo de muito derramamento de sangue.
O ego hipertrofiado tem sido a causa da ruína de muitos políticos da cena nacional, assim como a falta de ilustração, trazida pela leitura atenta dos clássicos da literatura mundial que abordam a arte de bem governar, dentro dos parâmetros da ciência política, fugindo assim dos perigos e incertezas trazidas pelos desejos e pelas paixões egoístas. O problema com a pouca ou nenhuma bagagem cultural daqueles que ousam se colocar como faróis de lideranças, é que pela própria deficiência de luz interior, acabam por levar a todos à beira do abismo escuro.
Essa tem sido a principal causa a amarrar o país na rabeira das nações desenvolvidas, mesmo aquelas que começaram sua jornada para o primeiro mundo depois do Brasil. A questão toda cai no labirinto sem saída quando se observa que a capacidade limitada daqueles indivíduos que são alçados ao poder dificulta e até impede que eles determinem o comportamento de outros indivíduos.
De que adianta aos indivíduos a quem os eleitores delegam o poder, se não sabem como ordená-lo em benefício dos cidadãos, restringindo toda a sua atuação nesse posto, em obter vantagens pessoais, fazendo valer sua vontade, mesmo em prejuízo de todos?
Por outro lado, a hegemonia absoluta dos partidos em nosso país impõe uma arquitetura de democracia que é desenhada exclusivamente pelos donos desses partidos, com a finalidade de servir-lhes. Nessa construção em que inábeis indivíduos chegam ao poder, como resultado de uma orquestração arranjada pelos partidos, a existência de excrescências, representada pelos tribunais eleitorais, faz-se necessária para impedir que o jogo de cartas marcadas seja contestado.
O bom senso e o auxílio de conselheiros dotados de razão estão exilados da política nacional. A voz da razão foi substituída pela paixão pelo poder. Não há espaço para gente de experiência e isso se reflete nas ações políticas destrambelhadas. Tampouco há condições para princípios básicos da ética, quando se verifica o desprezo por precondições como a certidão negativa dada pela Lei da Ficha Limpa para aqueles que buscam o poder.
De tão arraigada na política e mesmo na vida nacional, a corrupção, que resulta dessa pouca qualificação de nossas lideranças, é vista hoje por boa parte de população como um mal menor, quando se sabe que esse vício é a maior corrente a nos prender num subdesenvolvimento eterno e cíclico. Desde sempre se soube e Maquiavel já pontuava que “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.
Também Bobbio esclarece a necessidade de bons conselheiros ao afirmar: “Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, devemos procurá-la por nós mesmos .” É nesse ponto em que o dirigente, a quem foram delegadas altas responsabilidades, não tendo o devido preparo e não tendo ao seu lado um bom conselheiro, resolve seguir a direção apontada pelo próprio nariz.
É nessa direção, traçada a partir da ponta do nariz daqueles que nada sabem, que rumamos todos para o buraco. É como diziam os antigos:“ quem segue apenas a direção apontada pelo nariz, sem ligar para as vozes da razão em volta, dá de cara contra a parede da realidade premente, quebrando o nasal e o dente.”
A frase que foi pronunciada:
“Qual será nossa escolha: degradação ou recuperação, escassez ou fartura, compaixão ou cobiça, amor ou medo, tempos melhores ou piores?”
Carl Safina
Levantamento
Passado um ano, GDF inicia ciclo de apresentações do resultado da pesquisa por amostra de domicílio. As novidades da pesquisa estão no questionário que registrou respostas sobre preferência sexual, existência de animais domésticos nos domicílios e questões relacionadas à insegurança alimentar.
Brasileiros em NY
Uma ópera transforma o filme Sétimo Selo. A adaptação musical estreou nesse mês em Nova York sob o comando do brasileiro João MacDowell, compositor e diretor artístico da ópera. O coro e 16 instrumentos foram preparados pelo maestro também brasileiro, de Brasília, Néviton Barros. Obra de Ingmar Bergman está sob o comando de profissionais brasileiros muito competentes.
História de Brasília
Na terceira página, o jornal que traz, ainda, o nome do sr. Carlos Lacerda no expediente, noticiava atividades sociais do sr. Samuel Wayner, que almoçara com diversas figuras da administração nacional. (Publicada em 01.03.1962)
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Com ou sem eleições, com ou sem a possibilidade de aferição pelo voto impresso, o fato é que, dentre as lideranças políticas deste país, incluídos nesse rol os ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral e todos os candidatos que aí estão se apresentando para o pleito de outubro deste ano, ninguém, dentro desse imenso grupo, parece reunir condições ou capacidade de deter o quadro de decadência institucional do Estado Brasileiro.
Aos eleitores que, em tese, deveriam caber essa capacidade de mudar os rumos do país, seguem indiferentes, como bois rumo ao matadouro. Não se iludam! As eleições nada mudarão no dia a dia dos brasileiros. A inflação continuará aumentando, a corrupção, dentro da máquina do Estado, e que está na raiz de todos os nossos problemas, continuará da mesma forma ou, talvez, com mais intensidade. Também a indiferença dos políticos e dos altos escalões da República, com todos os seus privilégios e mordomias e toda a sua capacidade de manterem-se imunes às leis, permanecerá ou, quem sabe, ganhará ainda mais fôlego.
As injustiças sociais e a concentração de renda, que faz de nosso país o campeão mundial das desigualdades, permanecerão as mesmas ou, talvez, até cresçam ainda mais, aumentando o fosso entre ricos e pobres. Da mesma forma, permanecerão os programas ditos sociais, que escondem em seu interior, mecanismos viciados de perpetuação do voto de cabresto. Programas formulados às custas dos pagadores de impostos apenas para dar projeção aos anseios pessoais de políticos sem escrúpulos e sem projetos para o país.
Esses e outros programas, desenhados de última hora, e sob a pressão das eleições, permanecerão intactos, justamente porque impossibilitam que largas parcelas da população encontrem meios de tomar posse de seus destinos, libertando-se, de vez, do jugo populista. Do mesmo modo, ficarão os aumentos cíclicos dos fundos bilionários eleitorais e partidários, assim como as emendas secretas e todo um conjunto de benefícios vetados aos cidadãos comuns.
O que haverá, de fato, nessa dança das cadeiras, são mudanças cosméticas, em que os donos das legendas milionárias e seus caciques, todos eles amasiados na mais rendosa e segura empresa que existe, designarão aqueles que irão para esse ou aquele posto, para que tudo permaneça como está.
Também ficarão os modelos perversos de reeleição, assim como a possibilidade de parlamentares elegerem para uma função e abrir mão dela, em troca de um outro cargo mais vantajoso, jogando fora os votos recebidos. Ficarão onde estão, ainda, a malandragem dos suplentes a deputados e senadores, cabendo, nessa função, até mesmo o pai ou a mãe. Os campeões de emendas secretas permanecerão onde estão.
A impunidade para os poderosos, amigos, parentes e agregados, incluindo nessa lista até as amantes, permanecerá a mesma. Só poderosos ganharão, na Justiça, causas contra o Estado. O mesmo vale para a impossibilidade de prisão em segunda instância, tudo igual. A dúvida quanto à lisura das eleições permanecerá intacta, do mesmo modo que permanecerão inexplicáveis as tentativas dos ministros supremos de explicarem esse mecanismo.
Ficarão as ameaças de um retrocesso, apenas com uma possível vitória de Lula da Silva, salvo do presídio, na undécima hora, por ministros amigos e por ele e seu partido indicados. É que as coisas poderão mudar, tornando o que já está ruim para calamitoso, com toda uma perigosa e bem articulada quadrilha subindo, de volta, a rampa do Palácio do Planalto, de onde darão prosseguimento ao projeto de saquear o país, interrompido, brevemente, pela Operação Lava Jato.
É isso ou aquilo, numa mistura eterna e mal cheirosa entre passado e presente, e onde o futuro é sempre adiado. Marchamos para as urnas, como condenados marcham em direção ao laço da forca, que balança com os ventos de outubro.
A frase que foi pronunciada:
“Se a lei defender a propriedade, muito mais deve defender a liberdade pessoal dos homens, que não podem ser propriedade de ninguém.”
José Bonifácio de Andrada e Silva
Direitos Humanos
O capixaba Jean Carlos Gomes Gonçalves projetou uma gaiola, atendendo a ideia do vereador petista Adriano Pereira, que fez um projeto prevendo que todos os caminhões de coleta de lixo tenham grades e assentos para os profissionais, proibindo que fiquem pendurados sem segurança no trânsito. A experiência foi testada no Rio de Janeiro.
Força Tarefa
Agaciel Maia lembra os colegas que Câmara Legislativa recebe projeto da LDO para 2023 com previsão de 14 mil nomeações. Concursados serão chamados para preencher vagas desde a Secretaria de Educação, Secretaria da Saúde a Segurança Pública.
História de Brasília
Quem leu ontem a Tribuna da Imprensa, estranhou, certamente, a alteração na orientação do jornal. (Publicada em 01.03.1962)
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Houvesse um instrumento jurídico, verdadeiramente válido, que obrigasse os políticos em campanha a cumprirem cada uma das promessas feitas aos eleitores, muito dos problemas atuais, na administração pública, estariam resolvidos. A começar pelo o que parece ser o maior problema de todos neste momento, que é o malfadado instituto da reeleição, que o atual presidente da República, durante sua campanha lá em 2018, prometia pôr um fim. “O que eu pretendo é fazer uma excelente reforma política, acabando com o instituto da reeleição, que começa comigo caso seja eleito, e reduzindo um pouco, em 15% ou 20%, a quantidade de parlamentares”, prometia o então candidato Jair Bolsonaro.
De lá para cá, o vinho virou vinagre e promessas como essas e outras viraram fumaça e foram levadas pelo vento. É preciso lembrar que foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso que, em 1997, moveu céus e terra para ver, aprovada pelo Congresso, a possibilidade de reeleição para si mesmo, inaugurando o que é hoje o mais nefasto instrumento da vida política nacional.
A reeleição faz de cada político eleito, um candidato permanente, já no primeiro dia de mandato, como aconteceu, de fato, com o atual presidente. O pior nesse jogo de empulhação propalado pelos políticos é que não apenas todas as promessas recitadas solenemente diante dos eleitores são deixadas de lado, como o próprio programa partidário, impresso em livretos e distribuídos para a população.
Não há empenho em fazer cumprir nem uma coisa e nem outra. São as fakenews a preparar o terreno. Passadas as eleições, joga-se a culpa pelo não cumprimento das promessas nas costas do acaso e tudo fica como antes. Ao eleitor fica a sensação de haver comprado gato por lebre. Mentir pode não ser crime, mas obter cargo público, que deveria ser de alta responsabilidade, pelas consequências que gera para todos, por meio de falsos compromissos, é como falsificar currículo, o que é puro estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal. Só para lembrar, o referido artigo diz: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa”.
A mesma penalidade deveria caber àqueles que se elegem para um cargo, com todo um caminhão de promessas de que vai fazer isso e aquilo, e depois pede afastamento, ou para ocupar outro cargo no Executivo, ou para se descompatibilizar e concorrer a outro cargo, deixando a população e toda a administração ao relento. Enquanto isso, o estado está acéfalo, entregue à própria sorte. Culpa dos eleitores também que não sabem avaliar a qualidade dos candidatos.
Exemplos desse pouco caso com os eleitores e com o pouco compromisso com as funções públicas são abundantes nesse país e não há, no horizonte, qualquer iniciativa para acabar com essa pouca vergonha. Sujeito se elege prefeito, renuncia para ser governador e volta a se afastar dessa função para se candidatar à presidência da República, tudo numa sequência que deixa clara a falta de responsabilidade. Outro se elege senador, deixa o cargo para o primeiro suplente, que pode ser até a própria mãe, para ocupar cargo de ministro. Os exemplos desse pouco caso e até de desprezo flagrante com os eleitores são em grandes quantidades e, mais do que revelar o descompromisso com a função e o desejo de atender apenas a desejos pessoais, revelam o quão longe ainda estamos de uma verdadeira democracia com qualidade, ocupada por pessoas com espírito público.
O que temos, na maioria dos casos em todas essas funções públicas, são aventureiros, de olhos postos nas vantagens materiais. Autênticos sibaritas, cevados à pão de ló.
A frase que foi pronunciada:
“A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o povo venceremos, a serviço da Pátria, e o nome político da Pátria será uma Constituição que perpetue a unidade de sua Geografia, com a substância de sua História, a esperança de seu futuro e que exorcize a maldição da injustiça social.”
Ulysses Guimarães
História
Festa bem merecida recebeu a Imprensa Nacional pelos 214 anos de história. Glen Valente, da EBC, e Heldo Fernando, da Imprensa Nacional, participaram das comemorações.
Consume dor
Continua a discussão sobre Apple e Samsung, que resolveram retirar fones e carregadores dos celulares da embalagem original forçando o consumidor a fazer nova compra para poder usar o produto integralmente. Interessante notar que se, pelo menos, 450 Procons penalizassem cada marca, o fundo de recurso do órgão de proteção ao consumidor, caso a multa fosse paga, receberia por volta de R$ 9 bilhões. Mas o consumidor teria que comprar o aparato da mesma forma, mesmo que tenha sido o único prejudicado.
História de Brasília
Atenção, DFLO. Na quadra 20 da W-3 estão construindo nos quintais das residências. Há casos em que quatro cubiculos estão sendo construídos para alugar, e, que dizem, a 15 mil cruzeiros mensais. (Publicada em 01.03.1962)
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Enquanto a terceira via míngua a olhos vistos, deixando milhões de eleitores literalmente sem chão, pendurados no teto pelo pincel, as duas pinças pontiagudas do venenoso extremismo político seguem preparando o que pode ser o bote final.
É tudo o que falta para levar à morte toda uma nação, que não se alinha, nem de um lado, nem de outro, encurralada que está, nesse ringue, entre a jararaca e o perigoso escorpião. A inexperiência nas artes de fazer política, sobretudo naquele tipo de política à brasileira, em que a prestidigitação e o embuste são ferramentas essenciais para iludir o eleitor, fizeram do possível candidato, Sérgio Moro, um candidato impossível de se encaixar no gigantesco e preordenado edifício das eleições nacionais. Ciro não é terceira via. É apenas o rebotalho de um velho sistema que teima em não sair de cena.
Nos infinitos labirintos dessa mega-construção, ardilosamente e pré desenhada por dentro, não há espaços para alternativas ou candidatos desprovidos de peçonha letal. O que temos pela frente não são disputas civilizadas e dentro do que o inocente e vestal eleitor imagina. O que há, de fato, é uma batalha ou um UFC, que apontará o próximo vitorioso, que virá justamente para derrotar a cidadania.
Pelo o que foi visto até aqui, o menos pior, entre esses lutadores verdugos, é o que está à direita do ringue, embora suas chances de vitória, dentro das quatro cordas do tablado de lona, sejam menores, porque, evidentemente, mais tolhidas por um sistema complexo que parece permear todo Estado. É nessa equação de soma zero que o perdedor já está determinado na figura de uma nação inerte.
Pobre democracia, que aplaina o terreno para uns, embarreira para outros, deixando, sem saída, dezenas de milhões de cidadãos de bem, num país em que essas antigas virtudes são vistas hoje como escandalosas. Surpreende que um país com mais de cinco séculos de história ainda tenha que conviver com o espetáculo insano da política nacional. Pior ainda é que nesse país parece ter perdido a graça de vez. E agora, nem o rinoceronte Cacareco, nem o chimpanzé Tião poderão nos defender no próximo pleito de outubro.
No meio dessa loucura, fica a pergunta: por que o viável é inviável? E, da mesma forma, por que o inviável é viável? Num mundo onde a brutalidade e a ignorância triunfam, e rendem apreços de uma parcela de eleitores oportunistas e niilistas, não pode haver espaços para a construção do edifício da civilização. Seguimos amuados, como vaticinava o antropólogo Lévi-Strauss, saindo da barbárie, diretamente rumo à decadência, sem ao menos conhecer os frutos da civilização. Pensar que temos ainda tantos e tantos cidadãos brasileiros, imantados pela ética e pelo saber, mas que não se apresentam, trazendo suas lanternas, porque nesse imenso e escuro edifício, erguido por esse sujeito indefinido, chamado sistema, não há aberturas ou portas para a entrada da luz.
A palavra que foi pronunciada:
“Nunca dê as costas a um perigo ameaçador ou tente fugir dele. Se você fizer isso, você vai dobrar o perigo. Mas se você o enfrentar prontamente e sem vacilar, reduzirá o perigo pela metade. Nunca fuja de nada. Nunca!”
Winston Churchill
Situação real
Dados do Conselho Nacional de Justiça indicam que por volta de 27,5 mil crianças foram incluídas no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. A destituição do poder familiar é uma medida tomada quando há o esgotamento de ações protetivas para manter a criança no próprio lar.
Turismo
Brasília espera, para o mês de junho, abrigar a maior feira náutica que a cidade já teve. Esforços da Secretaria de Turismo do Distrito Federal nesse sentido são fundamentados na excelente condição de navegabilidade no Lago Paranoá e infraestrutura para receber mais de R$100 milhões em negócios.
Para todos
Na paróquia do Corpo de Bombeiros Militar, no Setor Policial Sul, o capelão tenente-coronel Fernando Rebouças ministra um Curso de Eficiência Pessoal até 9 de junho, apenas às quintas-feiras. Veja os detalhes no Blog do Ari Cunha.
Para o bem
Depois da decisão da Câmara dos Deputados que aprova medida provisória que cria sistema eletrônico de registros públicos, o que a população espera é menos burocracia. A medida vai conectar todos os cartórios entre si, por meio eletrônico. A Secretaria de Economia do DF e a Receita Federal poderiam entrar na rede para compartilhar informações.
Com amor e compaixão
Para todas as mulheres que tiveram coragem de exercer a maternidade, fazendo de seu corpo o abrigo mais seguro até o nascimento. Para todas as mulheres que pariram outras mulheres contrárias à soberania da vida e para as mulheres que foram escolhidas para gerar, ser mãe e optaram por matar. Que hoje seja um dia especial.
História de Brasília
Surge, agora, o problema, porque p Exército quer construir imediatamente nos terrenos que foram cedidos pelo prefeito Paulo de Tarso. (Publicada em 23.02.1962)
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Onde há fumaça, – ecoava o filósofo de Mondubim -, há fogo! O que ninguém pode negar hoje é a existência de uma colossal nuvem de fumaça pairando e encobrindo toda a área que abrange desde o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), passando pelo supremo (STF), englobando parte do Legislativo (Câmara e Senado) e indo lançar suas sombras sobre do Executivo Palácio do Planalto e Ministério da Defesa.
O denso fumaceiro, com forte cheiro de coisa queimada, não é um fenômeno recente. Há tempos, toda aquela área, onde se concentram as sedes dos Poderes do Estado, vem sendo encoberta por essa espessa cortina branca, que pode ser vista de longe, inclusive do espaço. Para os mais atentos e que não se deixam levar por certezas absolutas, num tempo de incertezas devolutas, há indícios de que qualquer coisa está ardendo e produzindo muita fumaça.
Os noticiários do país, mesmo aqueles que tecem os fatos sob a diáfana luz das ideologias, não podem ignorar a existência desse fenômeno, sob pena de fecharem os olhos para o que pode estar ocorrendo bem debaixo do nariz de todos. É preciso levar, até as últimas consequências, as acusações, feitas pelos principais próceres da República, tendo à frente ninguém menos do que o próprio chefe do Executivo, sobre a lisura das urnas eletrônicas, sua pretensa inviolabilidade e, pior, quaisquer possibilidades de fraudes na apuração e na contabilidade dos votos nas eleições de outubro deste ano. Bate boca e outras discussões políticas sobre a funcionalidade das urnas eletrônicas de nada adiantam, enquanto todas as informações não forem amplamente disponibilizadas, esclarecidas e transparecidas, tanto para os diversos candidatos, como para os eleitores.
Não há possibilidade de uma aceitação pacífica sobre o dito modelo eletrônico de votação, apenas com base no que afirmam para a imprensa os ministros do TSE. Mesmo com todas as vênias e o reconhecimento à capacidade e honestidade de cada um no comando desse pleito, é preciso notar que estamos diante de sérias denúncias, feitas inclusive pelo ocupante do mais alto cargo do Executivo.
Ou se esclarecem essas e outras dúvidas, ou qualquer resultado que venha após o fechamento das urnas poderá gerar conflitos de grandes proporções. A polarização política extremada exige que a luz da verdade ilumine todo o processo. Pensar que toda essa confusão, que pode descambar em lutas fratricidas poderia, muito bem, ser resolvida apenas com a adoção do voto impresso. Não há porque o tribunal negar a solicitação do presidente Bolsonaro para que as Forças Armadas também acompanhem a contagem dos votos em parceria com o TSE para uma apuração compartilhada. Que perigo haveria nisso?
De nada adianta a presença de observadores internacionais ou mesmo de auditorias contratadas, como quer agora o presidente Bolsonaro, se permanecerem dúvidas e outras interrogações que o pessoal especializado não sabe responder. Ou por falta de conhecimento técnico, ou por falta de acesso ao sistema. O que se sabe é que tecnologia alguma está 100% seguram de invasão hacker. Se existe impossibilidade de conferência e apuração dos votos, paralelamente àquelas feitas pelas urnas eletrônicas, que seja implementada em nome da paz e para a segurança daqueles que irão votar e para os próprios candidatos.
Até agora, as interrogações feitas pelo pessoal especializado do Exército não foram devidamente respondidas. Eleições dão trabalho. Mais trabalho ainda darão as possíveis consequências que se seguirão, caso as dúvidas não sejam todas sanadas. Na Bíblia, em Jeremias 17:5, está o aviso: Maldito o homem que confia no homem. Em tempos difusos como o nosso, esse trecho poderia ser adaptado para a seguinte sentença: Maldito o homem que confia no voto eletrônico.
A frase que foi pronunciada:
“A ignorância de um eleitor em uma democracia prejudica a segurança de todos.”
John F. Kennedy
O outro lado
Sobre as questões colocadas pelas Forças Armadas sobre as urnas ao TSE, o tribunal esclarece que “cabe destacar que são apenas pedidos de informações, para compreender o funcionamento do sistema eletrônico de votação, sem qualquer comentário ou juízo de valor sobre segurança ou vulnerabilidades. As declarações que têm sido veiculadas não correspondem aos fatos nem fazem qualquer sentido.” Sendo assim, a população aguarda as respostas.
Revisão já
Vicente Limongi traduz as palavras dos moradores do DF. O valor do IPTU subiu de forma desigual aos salários. Deve ter havido algum erro no processamento de dados. Limonge protesta quanto ao valor pago: “Como pagador de impostos, não sou beneficiado em rigorosamente nada. A insegurança é brutal. Mesmo com alarme. O asfalto é remendado ou esburacado. A luz costuma falhar. Demora a voltar. As calçadas são sujas e quebradas. O matagal e a sujeira tomam conta dos lotes. O transporte público é tenebroso. A polícia não contém a barulheira das festas intermináveis. Quando chove, transbordam os bueiros da pista principal, alagando os gramados.”
História de Brasília
O pessoal da Cidade Livre que se mudou para a Asa Norte está vivendo momentos difíceis. A Prefeitura localizou as residências numa quadra que, posteriormente, foi vendida ao Exército. (Publicada em 23.02.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Assim como as saúvas, o instituto da reeleição deve, o mais rapidamente possível, ser desfeito, antes que devore todo o país pelas beiradas, como vem fazendo desde que surgiu. A nação não pode mais suportar que o uso da caneta, por ocupantes do Executivo, sejam eles presidente da República, governadores ou mesmo prefeitos, preste-se para bancar, via recursos públicos, campanhas à reeleição desses próceres, que logo no primeiro dia da posse é posta em marcha.
As modalidades usadas para escamotear o uso do dinheiro do pagador de impostos para promoção desses políticos é infinita, assim como a capacidade da justiça eleitoral e outros órgãos de não enxergar esses ilícitos. O uso da máquina pública para alavancar políticos, mesmo aqueles para os quais as leis são meros e insignificantes detalhes, tem sido a tônica geral em todo o país, a começar pela esfera federal.
O Fundo Eleitoral, o Fundo Partidário e mesmo as emendas de relator, de bancada e individuais, que hoje movimentam e sorvem dezenas de bilhões de reais dos cofres públicos e que, à primeira vista, parecem não possuir relação direta com o instituto da reeleição, representam, numa análise mais detida e acurada, um mesmo e coeso conjunto de consequências malfazejas advindas justamente da possibilidade de reeleição. São como filhos bastardos desse modelo, a depauperar a sociedade, tornando-a refém de um modelo criado apenas para gaudio da classe política e para a perpetuação de uma elite que parasita o Estado.
Mesmo os entraves políticos ao futuro do país, representados pela impossibilidade de prisão em segunda instância, pela indiferença aos requisitos da ficha limpa, pela negação ao fim do foro de prerrogativa, entre outras barbaridades legais, são direta e indiretamente frutos da reeleição, e dela se nutrindo.
Assim como a ignorância, no sentido de afastamento da verdade, é considerado dentro da ética, da filosofia e mesmo da teocracia, a mãe de todos os males, é possível afirmar que o instituto da reeleição, entre nós, está no cerne da maioria de nossos problemas atuais. Se não todos, pelo menos grande parte deles. A persistência e mesmo o caráter cíclico das crises institucionais, que temos presenciado nas últimas décadas, opondo os Três Poderes entre si, gerando insegurança e medo de um retorno a soluções anticonstitucionais, possui, no seu DNA, elementos oriundos do modelo de reeleição.
A utilização da população como massa de manobra, desprovida de direitos mínimos de cidadania, chamada apenas nos períodos eleitorais para chancelar uma miríade de embusteiros, abrigados em partidos, que são verdadeiras empresas privadas, também tem sua origem nessa famigerada possibilidade de reeleição. Até mesmo o controle que as legendas partidárias possuem sobre o processo eleitoral e a própria democracia, impedindo o voto distrital ou as candidaturas avulsas, são reverberações trazidas unicamente pelo instituto da reeleição.
Com a reeleição veio, além do reforço da conhecida impunibilidade da classe política, o aumento exponencial nos casos de corrupção, que fazem de nosso país um modelo a não ser adotado, em tempo algum, pelos países civilizados. Fôssemos analisar o processo da reeleição, pela ótica marxista da dialética, veríamos que esse modelo, ao ser introduzido em nosso ordenamento político, vem se mostrando como o elemento que, por seu potencial intrínseco e dissipador, contém, em si, todo o potencial que irá, de dentro para fora, consumir nosso modelo de democracia, destruindo, inclusive, quaisquer traços de Estado Democrático de Direito e outras conquistas trazidas pela já desidratada Carta de 88. É pouco?
A frase que foi pronunciada:
“Um mau aluno poderia ser um presidente do mal?”
Fernando Haddad, pensando no erro que cometeu no Twitter.
200 anos de Independência
A visita do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, à Portugal rendeu um registro importante para a história. Depois das reuniões com o prefeito de Coimbra, José Manuel Silva, o reitor da Universidade de Coimbra, Almícar Falcão, e com o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, foi lançado o livro “Vozes do Brasil”, uma seleção de 21 panfletos políticos publicados no Brasil e em Portugal, entre os anos 1821 e 1824. A notícia foi dada pela Agência Senado.
Mais que merecido
Está marcada para maio a votação, na Câmara dos Deputados, para o piso salarial dos profissionais de enfermagem. A deputada federal Carmen Zanotto coordenou as discussões sobre o assunto. Os estudos sobre o impacto desse aumento continuam até o próximo mês. Em entrevista à Agência Câmara, a deputada explicou o imbróglio: “Por exemplo, os serviços de hemodiálise são privados, mas 95% dos serviços de hemodiálise do país são prestados para o SUS. E tem os filantrópicos, também conhecidos como Santas Casas. Quando a gente fala em colocar mais recurso no Fundo Nacional de Saúde (FNS) é pra atender àqueles que estão dentro do Sistema Único de Saúde, os filantrópicos. Porque para o exclusivamente privado, a desoneração da folha resolve”.
História de Brasília
O deputado Raul Pilla acusa o sr. João Goulart pelo não funcionamento do regime. Ora, se um homem pode atrapalhar um regime, é mais fácil o regime não prestar, que o homem. (Publicada em 21.02.1962)
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Quem observa toda a cena da política nacional hoje, pairando no alto da paisagem como se fosse um pássaro, pode, de maneira mais clara e racional, entender o que ocorre tanto nos bastidores como à luz do dia, com a intensa movimentação de candidatos e partidos rumo as eleições de outubro deste ano.
O atribulado formigueiro de políticos, que vêm e vão buscando parcerias, alianças, federações e mesmo os apoios buscados até onde ninguém jamais pode imaginar evidencia, na grande maioria dos casos, que vem chegando, de fato, à estação dos acasalamentos de ocasião. O ser humano é o único habitante do reino animal que se move apenas por conveniência, sendo todos os seus movimentos orientados por um racionalismo instintivo que busca muito mais do que sua própria sobrevivência.
O que o faz se mover em determinadas direções é a busca pela satisfação de seus desejos íntimos. No caso aqui, o desejo que faz toda essa dança tresloucada do formigueiro dos políticos é o desejo pelo poder. Não um poder qualquer, capaz de satisfazer desejos momentâneos, como é comum a muitos indivíduos, mas o poder de se tornar o controlador daquilo que o formigueiro mais necessita, que é seu suprimento básico. No caso aqui são os recursos da União.
Esse é, do ponto de vista de quem paira sobre toda essa agitação, o leitmotif dessa dança frenética, faltando seis meses para as eleições. Pensar que toda esse bailado e suas pantomimas, cessariam de imediato, retirando essa espécie de açúcar que tanto atrai as formigas. Ou mesmo lançando sobre elas o inseticida da sensatez, na forma do fechamento das porteiras do Estado à sanha sedenta das formigas. Em outras palavras, toda essa agitação seria encerrada de imediato, retirando dessa dança patrimonialista, o acesso aos cofres públicos.
Sem o dinheiro dos pagadores de impostos, o que restaria desse formigueiro seriam alguns espécimes vagando de um canto ao outro, desorientados , sem saber para onde ir ou o que fazer. Antigamente era ditado, de modo furtivo e premonitório, a sentença: “ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil.” O curioso aqui é observar que a manutenção e preservação dessas saúvas é feita justamente pelas formigas operárias, que operam, em grande número, para manter todo esse sistema imutável.
Por outro lado, observa-se também, para a manutenção do status quo vigente a infestação da máquina do Estado, por formigas mais resistentes. Instalados no alto dos três Poderes da República, longe dos inseticidas da ética pública, estariam as saúvas rainhas, responsáveis pela sobrevivência do restante do formigueiro.
Nos intrincados corredores do Estado, um verdadeiro labirinto infindável de túneis e bunkers, essas rainhas estão protegidas, assegurando a continuidade da espécie. Com a quase extinção e enfraquecimento dos tamanduás, que seriam os órgãos de fiscalização, da Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Coaf e outros, espécies que poderiam trazer um certo equilíbrio ecológico e político ao formigueiro, o domínio absoluto das formigas, é imposto.
Por certo, essa é uma história que não irá se encerrar depois das eleições. Fechadas as urnas eletrônicas e proclamados os vencedores pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral, em poucos dias, todo o excitado vai e vem das formigas volta a acontecer, dessa vez, para alojar cada uma em seu devido lugar, dando reinício a essa desassossegada movimentação que vai minando e corroendo a terra sob nossos pés.
A frase que foi pronunciada:
“Uma geração que muda a lei para nunca ser contrariada não consegue se lembrar de um rei que não seja a própria mesada.”
Em um vídeo anônimo nas redes sociais
Virada
Empresa se comprometeu com TSE a segurar megagrupos até o eventual segundo turno da eleição, ou até o ano que vem, diz a imprensa. Não há desespero na causa. Esse aplicativo pode ser substituído pelo Telegram, Tandem, Hello Talk, Speaky, Ablo, Lingbe, e outros tantos. Uma réstia de criatividade e adeus WA!
Babel
Caesb não atende pontualmente os prazos estabelecidos por ela mesma para análise de contas. Consumidor que tem a conta retida, por causa desse atraso, recebe mensagem que a conta está atrasada e ele está em débito. O sistema do leiturista não entende o sistema que indica a análise da conta.
Dica
Ótima programação da Rádio Mec agora também em podcasts. É só acessar no Spotify e curtir entrevistas e músicas. De governo em governo, a melhor rádio de música erudita do país sobrevive porque tem qualidade e gente competente trabalhando.
De ninar
“A Justiça não atende os que dormem.” A primeira lição do Direito pode ser jogada no lixo. O Detran, por exemplo, tem um batalhão de desembargadores que interpreta a lei diferentemente dos juízes de primeira instância, para quem busca a Justiça. Daí, multas de 15, 20, 30 anos atrás jamais prescrevem, mesmo que dezenas de artigos sejam citados como fundamento. O jeito é cantar para que departamentos como esse continuem dormindo.
História de Brasília
Como o número de promissória era muito grande, resolveram mandar cobrar. Os colaboradores recebiam e não prestavam conta, e, o mais grave, recebiam de uns médicos e de outros não, havendo, então, a denúncia de que alguns médicos pagavam propinas aos cobradores para receberem de seus doentes. (Publicada em 21.02.1962)
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Com a aprovação do famigerado instituto da reeleição, principalmente para os cargos majoritários de presidente da República, governadores e prefeitos, o que foi feito na realidade foi o escancaramento total dos cofres públicos da União, dos estados e municípios para bancar a recondução desses políticos, que não se avexam, nessas ocasiões, em usar e abusar da caneta e das prerrogativas que possuem para manterem-se no poder.
Quem perdeu com isso foi, além dos eleitores e pagadores de impostos, toda e qualquer oposição real que venha a se formar para essas disputas. Criou-se, com isso, um quadro de disputas eleitorais totalmente injusto para a maioria dos candidatos. Somado a esse fato desalentador para as disputas, os chamados políticos profissionais, ou seja, aqueles que construíram suas vidas e principalmente suas finanças exclusivamente em função dos cargos que vêm ocupando ao longo das décadas e que jamais abriram mão, cuidaram logo de criar outro famigerado instituto, representado pelos fundos eleitorais e partidários, todos eles carreados, sem muita cerimônia ou fiscalização, para as mãos desses profissionais da política.
Quando o pobre do contribuinte brasileiro, extorquido e tosquiado por uma das maiores cargas tributárias do planeta, acreditou que a reeleição e os bilionários fundos partidários e eleitorais seriam os únicos encargos que teriam que bancar para custear a imensa e parasitária classe política nacional, eis que esses profissionais em esperteza deram um jeito de criar ainda outro mecanismo maroto para depenar, até a última pena, o já esfrangalhado cidadão.
Inventaram as emendas de relator, emendas de bancadas, além das emendas secretas para destinar vultuosos recursos públicos para seus nichos eleitorais, sem fiscalização dos órgãos competentes, criando um largo duto por onde tem escoado centenas de milhões de reais dos cofres públicos, a perder de vista. Os segredos impostos ilegalmente sobre esses recursos podem ser entendidos apenas tomando-se ciência exata da destinação dessa dinheirama.
A maior parte desses recursos acabam nos bolsos de empresas amigas ou de familiares, numa aritmética enviesada onde o único a sair perdendo é sempre o contribuinte, um otário cujas obrigações florescem como erva daninha, enquanto os direitos morrem desidratados. Somados todos esses números fabulosos, inventados por pródigas e malévolas mentes, o que temos como resultado concreto dessa operação de adição mostra, claramente, que a montanha de dinheiro público, extraída a fórceps dos contribuintes, que bancam ainda uma exótica e dispensável Justiça Eleitoral, que não tem sido capaz de presentear os brasileiros com uma democracia digna do nome.
Pelo contrário, o que estamos bancando, a preço de ouro, é um modelo falido, a atrair uma classe parasitária, incapaz de compreender as necessidades do país e sobretudo dos cidadãos. De um modo sucinto, como prevê até o Código do Consumidor, em seu artigo 26, estamos pagando caríssimo por um produto falsificado e com defeito ou problema de fabricação. Tudo isso sem indenização, compensação ou reparação. Sendo que, em caso de protesto pelo atendimento, o cidadão ainda corre o risco de vir a ser penalizado e preso.
A frase que foi pronunciada:
“Quando agentes públicos se revelam incapazes de diferenciar parte de todo, a população se dá conta que o Estado está desvirtuado de suas finalidades e os recursos estão sendo apropriados por predadores sociais, em atentados contra o pacto social que justifica impostos e Estado. É tão difícil entender isso? Um político que entendesse essa diferença e agisse de acordo seria aceito prazerosamente como presidente vitalício. Alguém se habilita?”
Nosso leitor, Rubi Rodrigues
Direitos coletivos
A ideia do leitor Dario Maia é uma bela Ação Civil Pública partindo da nota fiscal que os hospitais apresentam aos planos de saúde. Quem tiver o cuidado de analisar os detalhes vai ficar espantado com as cobranças e valores. Fica a dica do leitor.
Deu certo
Ana Mascarenhas, gerente de Eficiência Energética da Neoenergia, avisa que, no mês de outubro, será lançado o próximo edital de chamada Pública para a seleção de projetos de eficiência energética. O sucesso da ação no campus da Universidade de Brasília na Ceilândia indica que a iniciativa é um sucesso.
História de Brasília
E mais: quando uma pessoa pede para ir para o Palace Hotel, os motoristas alegam que fica longe, que é mau para o hóspede, e que lá é lugar de turismo e de exploração. É uma concorrência desleal e descortez. (Publicada em 21.02.1962)