Na Terra do Nunca

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Infográfico do G1 (06/10/2020)

Das muitas lições que podem ser aprendidas com as últimas eleições municipais, nenhuma outra é tão importante quanto aquela que demonstra a necessidade urgente de se imprimir uma verdadeira reforma na vida política do país. Os números estratosféricos relativos ao total de abstenções, dos votos brancos e nulos somados, mais do que alertam para essas mudanças; eles servem como um sinal a indicar que a nossa jovem democracia parece ter entrado numa espécie de estado de anemia crônica, perdendo seu viço e entusiasmo precocemente.

Quando aproximadamente um quarto da população deixa de comparecer às urnas, mesmo diante da obrigatoriedade do voto, fica patente que nosso sistema eleitoral, pela atuação de seus atores e pelo protagonismo de suas respectivas legendas políticas, não empolga nem motiva os cidadãos a participarem do pleito. O cansaço do eleitor, diante de um modelo de representação em que o cidadão só é chamado a participar de quatro em quatro anos, assim mesmo de forma transversal, diz tudo.

A verdade é que, passados os momentos de euforia com o retorno da democracia, a sensação experimentada pela população é que ela embarcou num canoa furada, com os políticos e partidos avançando, ano a ano, sobre os recursos públicos, criando uma casta privilegiada de cidadãos blindados e divorciados do restante dos brasileiros, centrados apenas em seus próprios interesses.

Diante de uma situação tão bizarra em que os cidadãos não se veem representados dignamente, não surpreende que seja a Justiça Eleitoral, um organismo exótico criado justamente para impor uma certa disciplina e ordem nessa dissintonia representativa, a principal protagonista dos pleitos bianuais. Nessas ocasiões, são os magistrados, e não os políticos, que se colocam diante dos holofotes para certificar a correção das eleições. Mas o que ocorre, por detrás dessa encenação toda, é que a cada pleito, de maneira até monótona, repetem-se as inscrições de candidatos fantasmas, principalmente mulheres, para justificar, falsamente, os altos gastos com as campanhas, por meio de notas frias e outros malabarismos malandros, sempre trazidos à tona pela imprensa investigativa.

Muitos desses candidatos do além não chegam a receber um voto sequer, nem mesmo da mãe. O mais incrível é que todos sabem que a contabilidade dessas e de tantas outras eleições, apresentadas por cada um dos mais de trinta partidos político ao TSE, e que são turbinadas com os bilhões de reais dos cofres públicos, encontram, por ocasião dos pleitos, a oportunidade certa para se transformar em pó, nos desvãos da burocracia das legendas, indo engordar o patrimônio das elites partidárias que encontraram nessas siglas um negócio de ouro, melhor até que o das inúmeras igrejas neopentecostais que dominam o ambiente dentro e fora do parlamento.

A mercantilização da política, e sua apropriação por partidos e por figuras demasiadamente conhecidas da população, vai, a cada eleição, perdendo o sentido e se transformando numa espécie de jogo interno, envolvendo apenas as legendas e seus acólitos, com a população vendo tudo de uma arquibancada distante, indiferente ao que se passa alhures, na Terra do Nunca.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, não importa quantos porcos ele já tenha abatido no recinto ao lado.”

Orson Scott Card, escritor de ficção científica e fantasia norte-americano.

Foto: Orson Scott Card at BYU Symposium 20080216

 

Popular

Google mostra que os Correios estão na 28ª posição de busca dos internautas, com 9 milhões de pessoas acessando a Internet querendo informações sobre a empresa. Para se ter uma ideia, a Mega Sena tem o mesmo número de acessos

Foto: L.C. Leite/Folhapress

 

Real vs Virtual

Ginastas do DF, que penam por patrocínio, conseguiram espaço para treinar. O Parque de Exposição do Parque da Cidade vai se transformar num ginásio para as modalidades artística, rítmica, acrobática, aeróbica e de trampolim. Falta só atualizar a página da Federação Brasiliense de Ginástica.

Foto: fbginastica.com.br

 

Solidariedade

Talvez por falta de comunicação, mas o container onde ficam os alimentos não perecíveis arrecadados pelo Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres está praticamente vazio. O Santuário São Francisco de Assis, na 915 Norte, está se mobilizando para ajudar na campanha. Veja mais detalhes no link @sfSantaDulcedosPobres.

 

Vai entender

A Agência Brasília divulga que o GDF está pronto para enfrentar uma possível segunda onda do Covid, decretando, inclusive, o fechamento de eventos e atividades culturais à partir das 23h. Mas a Secretaria de Turismo quer turbinar a chegada de turistas, o que, convenhamos, não é o ideal no momento.

Foto: Bernardo Jr. / Agência Brasília

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Em geral, vocês sabem. Os chefes de serviço não querem, porque continuam recebendo “dobradinha” e morando no Rio, e morar no Rio com ordenado dobrado é muito melhor, mesmo com terremoto. (Publicado em 19/01/1962)

Absenteísmo revelador

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Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press

 

Melhor é culpar a pandemia do Covid-19 pelos números recordes e históricos de abstenções no primeiro turno das eleições municipais de 2020. Praticamente, um terço do eleitorado, em todo o país, apto a votar, simplesmente resolveu não comparecer às urnas, escudado, segundo creem as autoridades, pelo medo de contágio.
Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, o eleitorado teria comparecido em massa mesmo o país estando em plena pandemia. Entre uma realidade e outra, é preciso observar que, verdadeiramente, o que se esconde por detrás desse absenteísmo cívico de um quarto da população está o fato de que os candidatos que se lançaram nesse pleito são por demais conhecidos da população.
No caso dos prefeitos, tiveram vitória fácil apenas aqueles que se empenharam de corpo no combate à pandemia, emprestando todo o suporte de sua administração para minorar os efeitos da virose sobre sua comunidade.
Já nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais, a sequência de imagens captadas pelos cidadãos das reuniões desses políticos e disponibilizadas pelas redes sociais serviu como uma espécie de motivo prático para varrer muitos falsos políticos.
É óbvio que, nessa multidão de candidatos veteranos, muitos lograram escapar da faxina feita pelos eleitores e vão, ainda, permanecer mais quatro anos tirando proveito pessoal do cargo, alheios às necessidades da população. O fato é que a pandemia apenas serviu como mais uma desculpa para a ausência dos eleitores, cansados que estão da classe política e da mesmice apresentada pelos partidos políticos, transformados, aos olhos de todos, em uma empresa rendosa para seus líderes.
Por um lado, a fuga de eleitores demonstra que de nada adiantam os bilionários fundos eleitorais e partidários para turbinar a democracia, quando se verifica a baixíssima qualidade dos postulantes aos cargos representativos. Por outro, fica patente também, e isso talvez seja a mais importante lição a se tirar desse pleito gigante, que é mais do que chegada a hora de se promover uma verdadeira reforma política, que aproxime os candidatos da comunidade em tempo integral e não somente de quatro em quatro anos.
É bom que fique claro, ainda, que as redes sociais, mais do que qualquer outra instituição do Estado, têm sido a ferramenta, por excelência, a abrir os olhos do eleitorado para a pantomima em que se transformaram nossas eleições, desde a redemocratização, por enquanto, sem 5G.
A injeção de preciosos e volumosos recursos públicos para partidos e candidatos, ao contrário do que creem as autoridades, tem tido o efeito contrário de espantar os eleitores, cada vez mais desconfiados desse espetáculo burlesco. As necessidades verificadas nessa pandemia, desde o atendimento nos hospitais até a indiferença dos políticos que estão pedindo novamente votos, têm feito o cidadão acordar e dar o troco. É preciso, agora, que esse movimento cívico de indiferença venha fazer a diferença e provocar uma melhoria nesse modelo de democracia que insistem em empurrar, goela abaixo, na população.
A frase que foi pronunciada
“O passado é uma espécie de archote colocado à entrada do porvir para dissipar parte das trevas que o envolvem.”
Hugues Félicité Robert de Lamennais (1782 -1854). Filósofo e escritor político francês
Hugues Felicité Robert de Lamennais. Imagem: wikipedia.org
Fica a dica
Manoel Andrade, arquiteto e colaborador desta coluna, chama a atenção para o termo “distanciamento social”, adotado quando se trata de pandemia. Na realidade, trata-se de distanciamento físico. Do social, a internet tem cuidado.
Charge do Zé Dassilva
Voa
Por falar nisso, leia a seguir a íntegra da poesia de Marcos Linhares, conhecido jornalista da cidade. “Acordei com vontade de viajar, de abrir as asas, sair de casa, de flutuar”.
–> Voo soloAcordei com vontade de viajar
De abrir as asas
Sair de casa
De flutuar

De sentir os pés fora do chão
A poeira da estrada
A água gelada
Molhando o corpo e a alma

Estou sem calma, sem pressa
Mas agitada
Vendo a lua em plena tarde
E na noite, a alvorada

Estou quase descolando de mim
E aterrissando em algum planeta
Remarcando meu território
Refazendo meu oratório

Não sei onde vou parar
Nem se vou sair nem se vou chegar
Nem se o vulcão vai explodir
Ou se chuva vai molhar

Só sei que vou fazer algo
Que tenha cheiro de capim
De lírio, de lavanda
De hortelã, manjericão

Que não tenha placas
Mas que aplaque minha vontade
Que mova meu desejo, meu sonho
Minhas pernas, minha verdade

Acordei com vontade de viajar
De abrir as asas
Sair de casa
De flutuar

Poema de Marcos Linhares
Saudades
Gisele Santoro, viúva do maestro Claudio, foi surpreendida por uma informação dada pelo filho Alessandro. Canções de amor dirigidas a ela foram descobertas quando navegava pela internet. Ao saber do ocorrido, Janette Dornellas postou para os amigos uma dessas canções cantada por ela acompanhada ao piano pelo maestro Artur Soares.
Bons velhinhos
A Liga do Bem do Senado, capitaneada pela diretora-geral, Ilana Trombka, estendeu o espectro das cartinhas ao Papai Noel. Idosos também têm direito a pedidos. Detalhes a seguir.
Foto de início da campanha publicada nos histories do perfil oficial da Liga do Bem SF no Instagram

–> 🎅🏽 Já começou a campanha do Natal Solidário!Até o dia 10 de dezembro, você pode adotar uma cartinha para o Papai Noel e ajudar crianças, idosas e idosos de diversas instituições. Confira no link: Liga do Bem SF

👉🏽 É possível adotar dois tipos de cartas:

📩 Cartas digitais: envie um e-mail para ligadobem@senado.leg.br solicitando uma carta de criança ou idoso(a).

📬 Cartas físicas: disponíveis no galpão da Liga do Bem (Gráfica, Senado Federal, Bloco 14), de terça a quinta, das 10h30 às 16h30.

🎄 Faça parte desse time do bem!

História de Brasília
A Novacap está levando avante uma política extremamente danosa para os trabalhadores. Isto de dar comida de graça é acintoso, e foco de agitação. É que, em muitos casos, há, realmente, necessidade, mas a maioria se encosta para receber alimentação, e não quer mais trabalhar. (Publicado em 16/12/1961)

Qualificar o voto e o eleitor

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Charge do Cazo

 

No Festival de Besteirol que Assola o País na área política, ou mais resumidamente (FeBeAsPa), o que parte da população é obrigada a presenciar, desde o retorno do regime democrático nos anos oitenta, não deixa margem para dúvidas de que estamos sendo representados, desde então, pelo o que somos em síntese, como povo e cultura. Ou, pelo menos, do que deixamos de ser, por uma negligência histórica.

Dessa constatação, que para alguns pode ser até chocante, podemos presumir que aquela parcela da sociedade, que ainda insiste em ter os olhos postos sobre a realidade do país, essa é, talvez, uma situação que vai perdurar enquanto não for solucionado, na base, ou seja, no próprio seio do eleitorado, o problema da carência crônica do ensino público.

Enquanto perdurar a insuficiência na educação e formação dos brasileiros, não há como aperfeiçoar o modelo de representação política e, principalmente, o perfil dos representantes. Em outras palavras, o que se pode deduzir dessa premissa é que um país carente de educação não pode, em hipótese alguma, possuir um modelo bem desenhado de democracia.

Essa relação estreita entre democracia e educação é facilmente observável na maioria dos países desenvolvidos que investiram pesado no ensino público, tanto no aspecto material como no aperfeiçoamento e valorização plena dos profissionais dessa importante área.

E esse foi um projeto de prazo bem longo. Com isso, fica patente que ainda teremos muito caminho a percorrer, até atingirmos um modelo próximo do ideal de democracia moderna, funcional e, o que é mais importante, calcada em princípios éticos, sólidos e amplamente aceitos por todos. É preciso que fique claro também que não basta somente um conjunto de leis, elaborado por uma minoria douta e imposto de cima para baixo aos indivíduos pouco esclarecidos, ainda mais quando se sabe que a maioria dos brasileiros não consegue compreender, uma linha sequer, do que está escrito em nossos alfarrábios de leis.

É graças a essa carência na educação pública de muitos e dos eleitores, em particular, que se assiste a perpetuação de uma classe política que está na raiz de nosso subdesenvolvimento crônico. Talvez, por isso mesmo, qualquer projeto de educação sério e de longo prazo jamais tenha vingado em nosso país. Há séculos, percorremos o que parece ser um caminho circular que nos remete sempre ao mesmo ponto de partida.

Na verdade, há um projeto implícito de manutenção de uma multidão de iletrados como forma de assegurar a longevidade desses grupos políticos dominantes. Não é por outro motivo que os clãs familiares se repetem no poder, numa transição monótona e lesiva aos brasileiros.

Não surpreende, pois, que nas universidades e em outros centros de cultura medram as raízes da insurgência contra o status quo. O pior é saber que esses problemas de características políticas não podem ser resolvidos no próprio âmbito político contaminado que temos, onde as resistências em aceitar as propostas que vão de encontro aos anseios da população são imensas e intransponíveis.

Os fundos partidário e eleitoral, as dezenas de legendas, a impunidade dessa elite, para quem o próprio Supremo parece trabalhar, os seguidos escândalos de corrupção que se repetem sem interrupção e outras centenas de mazelas a envolver esses grupos constituem-se, apenas, como pano de fundo para um cenário onde são exibidos falsos duelos ideológicos a animar e iludir a plateia atônita.

Essas últimas eleições deram uma mostra dessa pantomima, ao reeleger os mesmos núcleos de poder político que, há décadas, são destaques nas páginas policiais. Como consequência, não há que alimentar esperança alguma de que o atual quadro venha a mudar, uma vez que persiste o dilema da pouca qualificação do próprio eleitor.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As empresas querem apenas aumentar seus lucros; cabe ao governo garantir que distribuirá o suficiente desses lucros para que os trabalhadores tenham dinheiro para comprar os bens que produzem. Não é nenhum mistério – quanto menos pobreza, mais comércio. O investimento mais importante que podemos fazer é em recursos humanos.”

José Mujica, ex-presidente e senador uruguaio.

Foto: oglobo.globo.com

 

Caso de polícia

Pergunta da vizinha. O caso de um cachorro latindo o dia inteiro pode ser considerado, pela lei, como maus tratos para o animal, falta de cuidado, atenção, alimentação. E para o humano obrigado a ouvi-lo?

Foto: petlove.com

 

Mãos à obra

Hoje, às 9h30, no Grupo de Escoteiro Lis do Lago, QL 6, a comunidade vai se reunir, com os devidos cuidados de saúde, para  organizar a agenda de  plantio de árvores no Lago Norte, ciclo 2020/21. O grupo Adrena Hunters, voluntariamente, irá cavar os berços nos locais de plantio com máquinas furadeiras.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA    

Pessoas que participaram da concorrência para gramar a cidade, informam que a firma vencedora não está cumprindo com as determinações do contrato, e apontam como infração o fato de o terreno não ter sido arado, não ter sido gradeado nem nivelado. (Publicado em 15/12/1961)

Sabe de nada, inocente! 

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Luiza Erundina com Guilherme Boulos. Imagem: Folhapress

 

Anedota que corre pelas terras do sul do país diz que os eleitores gaúchos, por sua teimosia histórica, votam na esquerda, depois saem em massa em direção ao estado de Santa Catarina e do Paraná, em busca de empregos e melhores condições de vida. Pelo sim, pelo não, o fato é que muitos analistas acreditam, de olho nas pesquisas, que a candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, para prefeitura de Porto Alegre é quase certa. Com a ausência de boa parte do eleitorado gaúcho nas urnas, a esquerda, mais disciplinada, tem aproveitado a oportunidade e está quase chegando ao comando da capital, correndo paralelo aos acontecimentos que se desenrolam do outro lado da fronteira, na Argentina, onde a esquerda avança sobre um país em ruínas.

Em São Paulo, o mesmo fenômeno ocorre com a disputa entre os candidatos Boulos e Covas. A questão é saber que importância esses fatos, que vêm ocorrendo a quilômetros de Brasília, têm para o futuro político da capital. Isso depois que forçaram a cidade a entrar nesse jogo de disputas, onde quem mais perde é o cidadão, que é chamado a pagar as contas dos gastos astronômicos deixados pelos políticos.

Dois fenômenos trazidos pelas eleições em segundo turno, que hora se processam tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo, podem esclarecer melhor o que, hipoteticamente, está por vir em direção também a Brasília. Primeiro, é possível detectar que a posição um tanto inusitada, que coloca Manuela e Boulos com possibilidades de chegar ao comando das prefeituras dessas duas importantes cidades, pode ser explicada pela situação de vantagem que esses dois postulantes aparecem nas mídias sociais, talvez por conta de uma maior cumplicidade e intimidade que esses dois candidatos têm com essas mídias. Em segundo lugar, essa posição que, para alguns, pode prenunciar um retorno e um avanço das forças de esquerda no controle do país deve-se a um maior envolvimento dos eleitores jovens nessas campanhas, talvez até uma espécie de revanche contra as posições extremadas do bolsonarismo em relação às mulheres, às causas gays e outras bandeiras que a juventude enxerga e assimila constantemente nas universidades e nos movimentos culturais.

Também o apoio dado por uma coleção de artistas a esses candidatos de esquerda empresta certo peso às suas candidaturas e ajuda na identificação com a população mais jovem. Mas, contudo, não basta o fenômeno das mídias sociais e a adesão da classe artística para alavancar e tornar viável essas candidaturas, ainda mais bem no meio do mandato do atual presidente, com o cacife que ainda lhe resta.

De toda forma, um fato muito maior e de alcance planetário vem chamando a atenção de boa parte da classe política no Ocidente: cada vez mais, a população jovem em todo o mundo, principalmente em países de grande prosperidade econômica, está declarando sentimentos de afinidade com as ideias de socialismo, comunismo e outras de vertente esquerdista. Tanto na Europa Ocidental quanto nos Estados Unidos, mais e mais, os jovens se declaram simpáticos às esquerdas. Nos Estados Unidos, esse sentimento é mais observável, inclusive com parcela significativa dos militantes do tradicional Partido Democrático local, declarando-se abertamente adeptos da cartilha socialista.

O mais curioso é notar que esses jovens, vivendo na maior abundância material que o capitalismo pode proporcionar, e mesmo desconhecendo a verdadeira face do comunismo e o que esse regime provocou no mundo entre ruínas e mortes, ainda assim se empenham em reviver a esquerda em seus países. Para essa população que clama por menos liberdade de mercado e mais poder de intervenção do Estado, o futuro parece se desenhar com tintas escurecidas.

Para a geração de professores universitários que, durante a guerra fria, conseguiu imigrar para os países capitalistas, principalmente os economistas, sociólogos, estatísticos e outros letrados em ciências humanas e que viveram, sob esses regimes, anos e anos de agruras e falta de alimentos e oportunidades, ouvir seus jovens alunos pregarem a favor do comunismo soa como um retorno ao inferno. Para outros, como o professor de economia, o  romeno Rosíu Ovidiu Petre Octavian, essas pregações de seus pupilos eram acolhidas com um sorriso no canto dos lábios e um silêncio de quem diz para si próprio: “não sabem de nada, inocentes”.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:     

“Quanto mais o tempo passa, menos eu significo pras pessoas e menos elas significam pra mim.”

Charles Bukowski, romancista estadunidense nascido na Alemanha

Charles Bukowski. Foto: reprodução

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Hoje, é o aniversário de um homem tímido, inteligente, capaz, seguro, às vezes ingênuo, que confia nos homens, acredita nas palavras alheias. Hoje, é o aniversário de um homem simples, que tem tudo para ser orgulhoso. Hoje, é o aniversário de um gênio. Bom dia, doutor Oscar Niemeyer. (Publicado em 15/12/1961)

A ilógica estratégia do eleitor

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Charge do Laerte

 

Entre os muitos desafios a serem levados adiante por toda imprensa que se apresente como séria, está o de se colocar como uma espécie de desmancha prazeres, mesmo quando os fatos insistem em se mostrar do agrado da maioria dos cidadãos. Nesse quesito, tal imprensa se mostra invariavelmente mais realista que os reis o que a torna indigesta para os poderosos de plantão. Não raro, esse tipo de imprensa sobrevive apenas pelo poder de confiabilidade que desperta entre os leitores mais atentos, o que a transforma numa espécie de farol a guiar apenas aqueles que navegam nas águas da ética e da cidadania.
Talvez seja essa a principal atribuição desse tipo de imprensa, nesses tempos de verdadeiras enxurradas de informações. Um dos sinais mais fortes a indicar esse tipo de mídia é que ela, invariavelmente, desagrada os membros do governo, sobretudo, aqueles para quem a verdade e os fatos possuem mais de um ponto de vista.
Infelizmente, esse tipo de noticiário perdeu muito de seu brilho, com a abdução de suas redações pelo poder encantatório das ideologias, o que obrigou a verdade dos fatos a sobreviver aos filtros das preferências políticas pessoais. Esse “nariz de cera” ou circunlóquio introdutório vem, a propósito das eleições desse domingo último em 5.569 mil municípios, elegendo bancadas nas câmaras legislativas e nas prefeituras locais, no que seria, em números, a maior festa democrática do planeta.
Ocorre que, terminada a festança e verificado parte dos candidatos que conseguiram se eleger para esses próximos quatro anos, a sensação é de desânimo, para dizer o mínimo. Obviamente, não cabe aqui nesse espaço, analisar cada um dos vitoriosos. Mas, num apanhado geral, observando-se apenas as principais capitais e municípios, o sentimento que prevalece é o de que essa foi apenas mais uma outra eleição, como tantas, principalmente, se levarmos em consideração que as forças políticas que alcançaram o poder são formadas, basicamente, pela junção do que se convencionou chamar de Centrão, ou seja: o conjunto heterodoxo e utilitarista formado por políticos de diversas vertentes de interesses, que se aglutinaram num grande grupo para forçar as muralhas do Estado e lá estabelecer seu quartel-general e centro de operações.
PSD, PP, DEM e outras legendas do gênero sempre afoitas em manter seus feudos conseguiram, mais uma vez, e desde o retorno da democracia há mais de três décadas, angariar o apoio da maioria da população, a mesma que insiste em reclamar daqueles que só serão novamente vistos daqui a quatro anos.
A questão aqui não é saber como essas forças do atraso que, invariavelmente, aparecem nas listas da Polícia Federal, envoltos em casos rumorosos de corrupção, são seguidamente eleitos, geração após geração. Mas, antes de tudo, é preciso entender porque aqueles que mais são prejudicados por esse modelo de fazer política insistem, a cada quadriênio, em recolocar no poder, justamente esses mesmos protagonistas e seus clãs, que repetirão os vícios de administração, danosos a todos, indistintamente?
Aqueles que obtiveram a vitória nas urnas estão apenas cumprindo uma espécie de desígnio que herdaram de seus antepassados e, portanto, não degeneraram. São o que são. Os eleitores, não. Eles tiveram mais uma chance de interromper esse ciclo perverso, mas preferiram, por um poder sobrenatural masoquista, continuar na condição de oprimidos. Vai entender.
A frase que foi pronunciada
“Todo governo é suspeito até prova em contrário. Não lhe é concedido o benefício da dúvida.”
Charge: nanihumor.com
Curiosidade
O primeiro selo postal brasileiro (e o segundo do mundo) é o Olho de Boi, de 1842. O primeiro selo postal do mundo foi o “Penny Black”, criado na Inglaterra, em 1840.
Imagem: wikipedia.org
Vivo
Serviço da telefonia móvel é sofrível. O número de reclamações em todos os canais disponíveis à opinião dos consumidores é escandaloso. Cancelar a linha? Impossível. São horas de espera.
Charge do Dennis
Prata da Casa
Cineasta de Brasília e artista plástica, Joana Limongi, dirigiu os vídeos da campanha do primeiro prefeito quilombola do Brasil, Vilmar Kalunga, eleito em Cavalcante, Goiás, na Chapada dos Veadeiros.
Joana Limongi. Foto: annaramalho.com
História de Brasília
Doutor Valmores Barbosa, com as obras no aeroporto, o estacionamento está desorganizadíssimo. Os abusos dos chapas-brancas e verde-amarelo, então, são incontáveis. Ou é proibido o estacionamento a todo o mundo, ou, então, não é para ninguém. (Publicado em 16/12/1961)

Eleições de criminosos ameaçam nossa frágil democracia II

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Charge do Duke para domtotal.com

 

Já foi mencionado, aqui neste espaço, o grande perigo para a frágil democracia do Brasil que o avanço de representantes do crime organizado e das milícias vem empreendendo sobre o aparelho do Estado por meio do processo eleitoral. Em cidades como o Rio de Janeiro, esses sinais são bem claros para todo mundo e ocorrem sobre os cadáveres de muitos candidatos, abatidos, um a um, em plena luz do dia.

A pavimentação com o sangue daqueles postulantes, que não interessam aos criminosos, dá uma pista do que está se armando no horizonte, fazendo com que nossa atual situação transforme as sete pragas do Egito Bíblico num conto infantil.

Uma vez atingida a posição de mando dentro do Estado com suas ramificações posteriores, apanhar esses malfeitores será tarefa de difícil execução, pois esses facínoras terão as facilidades do cargo para se manterem impunes até o trânsito em julgado, o que nunca acontecerá.

De uma tempo para cá, o crime organizado vem se especializando na lavagem de dinheiro e, não por acaso, tem encontrado, nos labirintos das instituições públicas, um recanto tranquilo para expandir seus negócios, ao mesmo tempo em que branqueiam e oficializam a origem de seus butins.

Já se foi o tempo em que obras de arte, cavalos, fazendas, times de futebol e outros meios, eram usados para lavar dinheiro. Também não é segredo para ninguém que o crime organizado muito tem aprendido com os mestres da corrupção, travestidos de políticos, quase sempre impunes, mesmo depois de saquearem bilhões de reais dos cofres públicos a cada ano. Apenas nesses últimos meses, 14 candidatos às eleições municipais no estado do Rio de Janeiro foram baleados. Oito morreram, todos disputavam o pleito pela Baixada Fluminense, área de disputa entre traficantes e milicianos. Em outras regiões, os casos se repetem. Nessas e em outras áreas, só fazem campanhas políticas os candidatos com licença prévia dos bandidos que comandam o local.

A lei do silêncio é total. Também a população, em meio ao fogo cruzado, é assediada e coagida a votar apenas nos candidatos apontados pelos quadrilheiros. Uma investigação séria em qualquer dessas câmaras legislativas mostra, facilmente, indivíduos envolvidos com essas facções. Essas eleições têm apontado que o crime organizado já arrombou a porta do Estado de onde comandam seus negócios, dentro e fora dessas instituições. Alguns analistas dessa situação não têm receio em afirmar que o Brasil vive um processo de “colombialização”, nos mesmos moldes em que eram vistos naquele país sul americano na década de oitenta.

Para coroar uma situação que em si já é por demais dramática, está em curso um amplo movimento apoiado, inclusive, pelo atual presidente da República e muitos de seus ministros e apoiadores, para o retorno dos cassinos ao Brasil. Caso isso venha a ocorrer, estarão dados todos os elementos para a criação de um Brasil paralelo, comandado por uma espécie de organização formada por políticos corruptos, crime organizado e um tipo de forças armadas que, em seguida, também virá constituída, exclusivamente, para dar proteção a essa gente poderosa e abafar quaisquer tentativas de moralização do Estado.

Em tempos de pandemia e de profunda crise econômica, com milhões de desempregados, fechamento de milhares de estabelecimentos e de incertezas políticas de toda a ordem, está dado o caldo ideal para a fermentação desse Brasil que não podemos aceitar nem nos mais sinistros dos pesadelos. Os brasileiros de bem sabem que o que o país necessita é de boas escolas, hospitais eficientes, segurança, trabalho e assistência adequada do Estado, e não de cassinos e outros tipos de negócio cuja única função é enriquecer a bandidagem e aumentar, com isso, a criminalidade e a violência, já em níveis de guerra civil não declarada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“Quando eu saí em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria na prisão.”

Nelson Mandela, advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999

Nelson Mandela em Johannesburg, Gauteng, em 13 May 2008. Foto: wikipedia.org

 

Mais conforto

No total, 14 paradas de ônibus entregues pela Secretaria de Transporte e Mobilidade. Lago Norte, Trevo Triagem Norte, Sol Nascente, Ceilândia, Planaltina e Samambaia. Algumas forçam a parada dos carros que estão atrás dos ônibus, por falta de recuo. Mas os passageiros estão mais seguros em lugares mais confortáveis. A grande novidade é o acesso para os cadeirantes, com rampas que facilitam a mobilidade.

Parada nova em folha na avenida principal do Sol Nascente / Pôr do Sol | Foto: Semob

 

Interessante

Há mais de 15 dias, a imprensa mostrava as praias do Rio de Janeiro lotadas. Nenhuma tragédia covidiana aconteceu. Aqui em Brasília não é diferente e o reflexo disso é claro: como o hospital de Santa Maria, que transformou leitos para pacientes do Covid para pacientes com outros tipos de atendimento.

Foto: Leandro Cipriano / SES

 

Crimes

Não é novidade nenhuma que, em países ricos, as mulheres podem decidir pelo próprio corpo, ignorando o corpo de um embrião, ou uma criança que ainda não nasceu. O que vem à tona, mais do que as feministas gostariam, é o assunto sobre a venda de órgãos e tecidos de bebês abortados. Leia mais em Imagens chocantes denunciam tráfico de órgãos de bebês humanos nos EUA.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Na homenagem dos “Diários Associados” ao prefeito Sette Câmara, um detalhe muito comentado foi o sapato e a boca da calça do prefeito completamente enlameados. (Publicado em 16/12/1961)

Eleições de criminosos ameaçam nossa frágil democracia

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Imagem: bncnoticias.com

 

Com os atentados aos candidatos nessas eleições municipais se sucedendo num ritmo constante, principalmente em localidades onde o crime busca se consolidar, também, como força política, alguns fenômenos de muito mau agouro despontam no horizonte. O que o crime organizado busca defender nas tribunas legislativas nada tem de valores cristãos e éticos.
Isso, obviamente, todos sabem muito bem. Mas, nem assim , ouve-se falar em adoção de medidas enérgicas, para frear esse fenômeno nefasto, que vai se instalando devagar, bem debaixo de nossos olhos. O risco é que, uma vez instalado no poder, dificilmente conseguiremos barrar o seu avanço. E,  lá chegando, essas bandas podres da nossa sociedade ganharão voo próprio, com blindagens de foro e a segurança dada pelos chamados garantistas, instalados nas mais altas Cortes, como vem acontecendo em variados casos, envolvendo outros ramos da ilegalidade, representados pelos chamados bandidos do colarinho-branco.
É tudo uma questão de lógica e de encadeamento dos acontecimentos, tais quais vêm ocorrendo à luz do dia, em cidades como o Rio de Janeiro e algumas localidades no Nordeste e na região Norte do país. A cada eleição, seja em que nível for, mais e mais esses grupos, representando traficantes, milicianos, contrabandistas e outros especialistas nas artes do mal, financiados pelo dinheiro farto dessas atividades, vão consolidado suas posições dentro do aparelho do Estado.
Nenhum Poder está a salvo ao avanço dessas forças. Legislativo, Executivo e o próprio Judiciário vão sendo, paulatinamente, tomados. Não se trata, aqui, de previsão de mau agouro, a apontar a consolidação de um Estado totalmente distópico, capaz, inclusive, de modificar a legislação penal, mas de uma realidade que se arrasta como uma serpente traiçoeira e que só vai ser notada pelos incautos quando o bote já tiver sido dado.
Em algumas localidades do Brasil, como é caso do Rio de Janeiro, onde a área urbana está dividida entre as diversas correntes do crime organizado, a morte de uma quantidade assustadora de candidatos é apenas prenúncio do que está por vir, também, em outras partes do país, onde os assassinatos e o dinheiro sujo farto estão presentes. A senha para o avanço dessas forças das sombras, logicamente, foi dada pelos grupos formados por políticos envolvidos nos mais variados casos de corrupção contra o erário.
Um Estado moralmente solapado por um ciclo de corrupção endêmica é porta aberta e estrada pavimenta à chegada de criminosos de todo o calibre. Essa, na verdade, é uma história há muito anunciada. É preciso saber, no entanto, que essa via de entrada para a instalação do crime organizado no aparelho do Estado não pode, em hipótese alguma, ser detida pela Justiça Eleitoral, simplesmente, porque essa filial exótica do Judiciário não possui, nem de longe, os mecanismos necessários para coibir esse avanço, ainda mais quando ele é feito por pessoas com capacidade de organização muito acima dos juízes eleitorais.

O importante é que o processo contínuo das eleições em todos os níveis não venha a se transformar em mais um caso de preocupação para os cidadãos do país. Caso as eleições se transformem em porta de entrada para criminosos comuns que irão se juntar aos corruptos já aqui instalados, o Brasil deixará de existir como nação. E essa não é uma previsão feita em bola de cristal. Basta olhar pela janela de sua casa. Está tudo aí. Quem tem olhos que veja.


A frase que foi pronunciada:

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”
Nelson Mandela, advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999
Nelson Mandela em Johannesburg, Gauteng, em 13 May 2008. Foto: wikipedia.org
Exterminador
Pombos de Brasília sofrem com a arquitetura e engenharia, ou mesmo administração do Museu Nacional de Brasília. Dezenas desses animais, ao entrar numa abertura atraente para construir ninhos, não conseguem sair e, ao se debaterem, caem numa vala. Os vigias se acostumaram com o visual macabro.
Foto: Michael Melo
Agenda 1
O maior acervo de brasilianas fora do Brasil, a Biblioteca Oliveira Lima, que conta com mais de 60 mil itens fundamentais para a história e a cultura brasileiras, será um dos temas tratados por Duília de Mello, vice-reitora de estratégias globais da Universidade Católica da América de Washington, DC, durante o webinar A Educação na era pós-pandemia: o papel da diáspora brasileira de ciência, tecnologia e inovação.
Foto: Divulgação
Agenda 2

O evento, promovido pela Embaixada brasileira em Washington, DC, na próxima segunda-feira (16), será transmitido pelo canal da embaixada no Youtube e contará, ainda, com a participação do embaixador do Brasil nos EUA, Nestor Foster Jr, do secretário de educação superior do MEC, Wagner Vilas Boas, da representante do Conselho para Colaboração Internacional da Universidade de Maryland Baltimore, Isabel Rambob, e de Benhur Gaio, reitor do Centro Universitário Internacional Uninter.


História de Brasília

Há o caso de vários operários de uma obra, que pediram as contas e foram para a fila da Novacap.(Publicado em 16/12/1961)

Eleições e merecimento

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Charge do Cazo

 

Seria o Brasil a prova viva a confirmar a teoria, segundo a qual, cada povo tem o governo que merece? Para uma parte da sociedade brasileira, principalmente aquela que prima pelos valores da ética na gestão da coisa pública, tal afirmação não passa de uma estultice sem fundamento teórico ou científico. Mas, para uma parcela significativa de cidadãos que vive em constante conflito com um Estado perdulário e patrimonialista e, por isso mesmo, necessita estar onipresente quando se trata de tributar os contribuintes, essa é a mais pura verdade a resumir o modelo de país desigual que construímos para nossa própria infelicidade.

Pelo sim, pelo não, o fato é que, desde que essa expressão foi cunhada pelo filósofo francês Joseph-Marie Maistre, em 1811, para justificar sua tese de que a escolha de maus representantes se devia, basicamente, à ignorância popular, já que o povo não sabia usar do poder do voto para ser corretamente governado, existem ainda muitos defensores dessa teoria, principalmente no Brasil, onde ocorre, neste domingo, o que pode ser considerado o maior pleito eleitoral do planeta.

Não é pouca coisa, mas, pelo o que se tem visto e ouvido dos candidatos que estão nessa disputa pelos cargos de vereadores e prefeitos em 5.570 municípios, reunindo mais de 147 milhões de eleitores, a tendência é de que a qualidade desses postulantes não chegue a diferir muito dos antecessores. Pelo contrário, o que se acredita é que essa geração de políticos que está por vir seja ainda mais sofrível do que a anterior. Para se ter uma ideia do que nos espera, 66% dos candidatos que buscam se reeleger já estiveram filiados a uma série de outros partidos anteriormente.

Tal dança das cadeiras demonstra não só a fragilidade ideológica desses políticos, embora confirme a suspeita de que muitas legendas partidárias continuam a existir apenas como instituições privadas de aluguel, abastecidas com bilhões de reais dos fundos partidários e eleitorais. De fato, a miríade de partidos, já há bastante tempo, tornou-se um negócio muito mais lucrativo do que os cargos disputados, sejam eles quais forem.

O problema é que boa parte da população não desconhece esses fatos e ainda assim, misteriosamente, acorre em massa às zonas eleitorais a cada novo pleito. A questão aqui é que os rigores propostos pela população, ao reunir milhões de assinaturas para a proposição da Lei da Ficha Limpa, não resultou num ordenamento capaz de retirar de cena postulantes claramente enredados em ilícitos de toda a ordem.

Para o cidadão e eleitor, interessa uma reforma que acabe com os custos exorbitantes da atuação política em todos os níveis, eliminando, de saída, as mordomias descabidas. Interessa à sociedade que seja posto um ponto final na figura do suplente, na imunidade parlamentar, na formação de partidos de aluguel e outras excrecências que só oneram o contribuinte. O cidadão já deu algumas pistas do que deseja para o Estado, quando, por ele mesmo, foi confeccionada a Lei da Ficha Limpa.

Parece que as autoridades se deram conta de que o modelo de financiamento de campanhas coloca em risco a própria democracia. Basta atestar o ocorrido em governos passados, quando apenas um pequeno grupo de empreiteiras ficara com mais de 70% dos recursos emprestados, a juros camaradas, pelo BNDES, e que 75% dos recursos que bancaram as eleições de deputados estaduais, federais, governadores e senadores vieram dessas mesmas empresas. A coisa é extremamente grave!

Com o financiamento de campanha ocorre o mesmo efeito. Todas as propostas vindas à tona acenam para a resolução de efeitos imediatos, desprezando o cerne do problema. Também a realização do Congresso Internacional sobre Financiamento Eleitoral e Democracia, realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral, vem sendo feito a reboque dos acontecimentos.

Questões como voto de cabresto, curral eleitoral, caixa dois e outras manobras flagrantemente desleais e fora da lei, nascidas lá século XIX, continuam a existir sob novas roupagens e a desafiar a justiça. Pior é que muitos desses crimes acabam sendo remetidos à Justiça Eleitoral, inabilitada para examinar esses casos, o que acarreta, na maioria das vezes, que esses crimes caiam na vala comum da impunidade generalizada. Isso, por sua vez, alimenta novos ilícitos, num ciclo sem fim.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os lugares mais quentes do inferno são reservados aos omissos.”

Dante Alighieri, escritor e político florentino

Dante Alighieri. Imagem: reprodução da internet

 

Leitor

Com as chuvas, a administração do Lago Norte precisa ter mais atenção no combate à dengue. Vizinhos da última casa do conj. 8 da QL2 estão preocupados com os restos de obra descartados em área verde, juntando escorpiões, baratas, ratos e muitos mosquitos.

Casa na QL 2, conjunto 8, Lago Norte. Print: Google Maps

 

Artigo

“E o Brasil?” É preciso encontrar logo alguém que pense, acredite no planejamento e tenha competência para executar, de maneira autônoma, com seriedade, um modelo de desenvolvimento econômico e social, antes que novos aventureiros assumam o poder. Getúlio introduziu o planejamento, JK e os militares o seguiram. Para ter êxito, não dá para ficar bem com as partes predadoras: os vampiros encastelados na sociedade. Os eleitores precisam entender que estamos no final de mais uma década perdida.” Leia, na íntegra, o artigo do professor Aylê-Salassié a seguir.

Foto: camara.leg

–> We can?! Recuperar o tempo perdido: como , com quê e com quem?

Aylê-Salassié F. Quintão*

A eleição de Joe Biden, democrata, à presidência dos Estados Unidos, indica um reposicionamento na política externa de metade dos países do mundo, onde os chefes de Estado foram contaminados pelo nacionalismo extremo, o liberalismo exacerbado  e as sandices do republicano, que permanece no Poder até 20 de janeiro. O próprio governo norte-americano deverá retornar aos tempos de Obama. Começar tudo novamente. O Brasil não estará imune às consequências, por causa da conivência de Bolsonaro com Trump.

O caminho de Obama todos conhecem – respeito aos direitos humanos, universalização dos planos de saúde, combate ao terrorismo, crescimento da economia e multilateralismo.

 O que chama mesmo a atenção é  o fato de que, enquanto todos distraíam-se com o protagonismo das eleições americanas, a República Popular da China, aprovou o 14º Plano Quinquenal (FYP) 2021-2025, na quinta sessão plenária do 19º Comitê Central do Partido Comunista, encerrada na quinta-feira (05-10). Estabeleceram-se novas metas para o desenvolvimento social e econômico, com vistas a tornar a China o principal contraparte à hegemonia dos EUA no planeta, inclusive militar e tecnológico. A China caminha para uma nova era em sua história, frisou o presidente chinês Xi Jinping,

Competição Geopolítica: A China joga no ataque e os EUA na defesa
O 14º FYP dá continuidade ao 13º Plano Quinquenal , comprometendo-se a ajudar o progresso comum no mundo. Para isso, os chineses já estenderam acordos comerciais entre 120 países e 30 organizações regionais e disponibilizou financiamentos a  grandes projetos de infraestrutura em 138 países. Sua representação na economia mundial elevou-se de 15,5% para 16,3% nos últimos cinco anos. A renda per capita interna aumentou 39,9%. A erradicação da pobreza absoluta interna beneficiou 10 milhões de famílias em um ano. Investiu-se pesado na educação, na saúde e na autossuficiência em ciência e tecnologia: o digital 5G (rapidez nas informações) espalhou-se e já se trabalha com a ideia do 6G. Esses dados são da embaixada brasileira em Pequim. O consumo interno  já responde por 60% do crescimento econômico. Ninguém aumenta preço na China à sua revelia.
Hoje, não existe País que tenha políticas macroeconômicas tão bem definidas quanto a China, nem mesmo a Rússia, que inspirou o 1º Plano Quinquenal. Os russos enviaram técnicos a Pequim de Mao Tse-tung  para ajudar a introduzir o planejamento na economia, assim como os americanos fizeram com o Brasil nos anos 50.  Mao captou a mensagem de Stálin, e fechou o País para balanço por quase 40 anos. Ignorou até o lugar que cabia a China no Conselho da ONU. 

Após a fundação da República Popular da China, em 1949, a economia do país passou por um árduo período de recuperação. Em 1953, o governo central lançou seu primeiro FYP (1953-1957), que visava mudar o país de agrícola para industrial avançado, com foco na indústria pesada. E mudou! Com a economia planejada e sem a interferência dos políticos predadores, a Rússia recuperou-se e a China deu um salto no desenvolvimento.

Tinha à frente de sua economia pessoas totalmente concentradas nos planos de desenvolvimento. Nenhum prêmio Nobel .  Cumpriria a etapa primeira do desenvolvimento, criando uma indústria nacional forte. Os próximos cinco FYPs destacariam o desenvolvimento agrícola e industrial para amenizar as carências internas de alimentos . Os planos deram continuidade ao desenvolvimento industrial pesado, que avançou em direção à tecnologia, e colocou os chineses na lua. 

No último FYP os chineses tiveram um crescimento médio do PIB em torno de 10º, registrando índices anuais próximos de 14 por cento. Nele já se projetava  a China como a primeira economia do mundo. Caminha para acontecer. Já desbancou os Estados Unidos como o primeiro parceiro comercial de muitos países, inclusive do Brasil. 

A moeda chinesa , o yuan, ultrapassou o Euro em 2014, convertendo-se na segunda moeda mais utilizada no financiamento do comércio mundial, depois do dólar. Projeções na economia indicam que, nos próximos anos,   a China será o maior investidor internacional do mundo. O renmimbi  – o nome da moeda corrente – poderá tornar-se um dos eixos determinantes. Os seus ativos globais triplicaram, passando de quase seis e meio trilhões de dólares a vinte trilhões de dólares, o que fortalece a sua posição econômica global.

A projeção do 14º Plano é um crescimento médio de 5% ao ano, até 2035. Significa que os chineses estão prevendo anos muito promissores e, para não serem surpreendidos pelo esgotamento de alguns setores produtivos, uma pandemia e até com uma guerra, mostram uma certa modéstia ao fixar a taxa de crescimento econômico. Os indicadores da economia chinesa nesse período vai se aproximar de 50 %. Para quem trabalha com trilhões, é algo de se assustar.

Os EUA de Biden e seus aliados terão de conviver e competir nesse cenário. E o Brasil ? É preciso encontrar logo alguém que pense, acredite no planejamento e tenha competência para executar de aneira autônoma, com seriedade, um modelo de desenvolvimento econômico e social, antes que novos aventureiros assumam o Poder. Getúlio introduziu o planejamento, JK e os militares o seguiram. Para ter êxito, não dá para ficar bem com as partes  predadoras. Os vampiros encastelados na sociedade.  Os eleitores precisam entender que estamos no final de mais uma década perdida.

·         Jornalista e professor

Cordialmente Aylê-Salassié http://spaces.msn.com/ayleq

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Dizem os que fazem estudos “dos mais”, que o acontecimento “mais Brasília” até agora, foi a inauguração da loja da Vasp, e procuram reunir Pepone e D. Camilo quando relembram o Batista e o Padre Roque. (Publicado em 16/12/1961)

Desigualdade social II

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Charge do Leonardo (blog0news.blogspot)

 

Para aqueles leitores mais acostumados com as teorias de Max Weber, principalmente em sua obra mais conhecida – “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, na qual o estudioso dos fenômenos sociais enxergava a existência de povos moralmente superiores, infensos a questões como corrupção e mais propensos a seguirem as leis e a ajudarem no desenvolvimento de seus países, e que, em contraposição, via também existirem nações onde as questões morais e éticas eram simplesmente postas de lado, nota-se que essas ideias não batem com a realidade e já foram desmistificadas de vez.

O fato é que não existem povos propensos em encampar, como conceitos naturais, questões como a corrupção, apenas pelo fato de terem suas origens históricas distintas. Esse que seria uma espécie de racismo de cunho científico, muito propalado nos séculos passados, garantia que povos, que vivessem no atraso e em meio à corrupção, estivessem nessa condição por fatores e por determinismos históricos que os conduziriam para essa triste realidade. Portanto, dentro dessa visão preconceituosa, não haveria maneiras de desviá-los desse destino cruel, a não ser modificando-lhes a origem desde a nascente, o que seria uma tarefa verdadeiramente irrealizável.

De certa forma, essa classificação pseudocientífica teve no passado, e possui ainda hoje, adeptos em muitos lugares, inclusive no Brasil, onde alcançou grande repercussão. O jeitinho brasileiro, o país inzoneiro, o complexo de vira-lata, o homem cordial, o malando e outros epônimos, nos quais foram classificados os brasileiros ao longo do tempo, passam longe de explicar o fenômeno da corrupção endêmica e sistêmica que, por séculos, assola nosso país. Talvez, essas expressões tenham buscado entender, de modo resumido, a questão das disparidades de desenvolvimento entre as nações, mormente entre o Brasil e os Estados Unidos.

O fato é que, tanto lá quanto cá, os povos se assemelham quanto aos aspectos da ética ou da moral, não havendo diferenças essenciais capazes de explicar o grau de desenvolvimento de uma ou outra nação, vista pelo ângulo obtuso da raça e de sua formação histórica. Agora, observada o ponto de vista de igualdade de oportunidades oferecidas pelo Estado aos seus cidadãos, principalmente no esforço de diminuir os abismos das desigualdades sociais, é que se pode verificar as origens das disparidades entre um país e outro, principalmente quanto à questão da corrupção da máquina do Estado.

 

Enquanto, no Brasil, a desigualdade social pode ser encarada como o motor a mover as engrenagens da corrupção sistêmica, uma vez que afasta a população dos benefícios diretos do Estado elitista, em países desenvolvidos, essa é uma questão que não tem relevo maior para entender os possíveis casos de malversação dos recursos públicos.

Hoje, vai tomando cada vez mais consenso a tese de que a causa estrutural da corrupção advém da desigualdade social, principalmente quando se torna corrente a tendência do Estado em privilegiar determinados grupos, dentro e fora da máquina pública, em detrimento da própria população. No caso da corrupção, fica difícil dissociar onde começa a corrupção do Estado e de seus membros, nos Três Poderes, e onde termina essa ligação com a inciativa privada e a elite econômica.

Irmanados todos no mesmo objetivo de extrair o máximo de lucro dos cofres públicos, esses dois protagonistas unem esforços para agir à sombra, justamente, da desigualdade social tornada inerte. No avanço sem limites do Estado todo poderoso e de suas elites protegidas, sobre as populações exauridas economicamente e sem resistência, está o mais importante pilar a sustentar a corrupção secular. Qualquer outra análise séria perde sentido diante de uma realidade dessa magnitude.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive ‘para’ a política ou se vive ‘da’ política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática.”

Max Weber, intelectual, jurista e economista alemão.

Max Weber.

 

Censura já

Provas, textos e vídeos para crianças de 4 a 12 anos como material escolar. É bom que os pais passem um pente fino. Enxertos, assim como os jabutis nas leis, são colocados da forma mais velada possível para que não haja censura. Educar é ter trabalho. Estar presente, saber dizer não e instruir cada assunto na sua hora. Pais preguiçosos não são capazes disto.

Foto: rachelchaves.com

 

Sofia Fala

Famílias com crianças com síndrome de Down (T21) têm livre acesso ao software inteligente de apoio à fala – Sofia Fala, financiado pelo CNPQ e desenvolvido nos laboratórios da USP de Ribeirão Preto. Mais informações a seguir.

 

Hackers
Leia, no link Olhar Digital, a matéria de Liliane Nakagawa que mostra que mais de 9 mil domínios do governo não usam criptografia https no Brasil. Inclusive o Portal da Transparência. Isso é ser reativo. Uma lástima!

Arte: reprodução da internet

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Uma solução parcial para o problema das invasões em Brasília seria a instituição, novamente, de acampamentos nas obras, hoje proibidos pela Novacap. A outra seria a destruição, pura e simplesmente. O regime de premiar os invasores com um lote, dar caminhão para transportar o barraco ajudar de custo, afora ser dispendioso demais, é aviltante, porque premia os que apossam do que não lhes pertence. (Publicado em 20/01/1962)

Eleições da malandragem

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Charge do Cazo

 

“Agora já não é normal

O que dá de malandro regular, profissional

Malandro com aparato de malandro oficial

Malandro candidato a malandro federal

Malandro com retrato na coluna social

Malandro com contrato, com gravata e capital

Que nunca se dá mal”

Chico Buarque in Homenagem ao Malandro

 

 

Quando a política vira caso de polícia, como temos presenciado com certa constância nesses últimos anos, em todo o país, em todos os escalões, de vereador a presidente da República, não estranha que os tradicionais e legítimos protagonistas do crime, que são as organizações de traficantes e de milicianos, queiram adentrar também para o ramo da representação popular, apor meio dos pleitos eleitorais.

Financiando candidatos simpáticos à causa, ou mesmo concorrendo diretamente aos diversos cargos políticos, a bandidagem procura, obviamente, um meio de continuar no mundo do crime, em um patamar mais elevado e com uma vantagem básica assegurada pelo estatuto do foro privilegiado. Uma vez diplomado, o representante de certo nicho da população, sintonizado tanto com as quadrilhas de criminosos comuns quanto com as milícias, adentra para o mundo blindado da impunidade ampla, onde o cometimento de crimes de toda a ordem é visto, aos olhos vendados da justiça, como delitos menores e veniais, sujeitos ao trâmite emaranhado e infinito de filigranas que compõem os códigos legais nas altas cortes.

Graças a essa possibilidade bem concreta é que vem aumentando, em todo o país, não apenas os casos de assassinatos de candidatos, mas também de repartição de territórios urbanos entre as diversas facções do crime. Miliciano apoia miliciano e traficante apoia traficante, dividindo espaços, mandatos e colocando a população, que a tudo enxerga e nada pode fazer, sob pena de perder a vida, como refém e presa fácil. Com uma fórmula perversa dessa natureza, o Brasil vai adentrando para o rol exclusivo dos países onde as organizações criminosas estão, passo a passo, adquirindo um novo status, misturando-se à multiplicidade de partidos sem alma ou ideologias éticas e sociais.

Com esse movimento rumo ao inferno, chegará um tempo em que os velhos corruptos terão que ceder lugar à nova horda de bandidos que irão assumir postos de importância dentro da máquina do Estado. É preciso reconhecer que toda essa mudança distópica ocorre por obra e graça da corrupção crônica que, há anos, corrói o país. Os números e os relatos que se sucedem não deixam dúvidas de que estamos no limiar do que seria um novo e sombrio tempo.

À semelhança do que vem ocorrendo no Rio de Janeiro, onde os criminosos tradicionais e milícias vêm proibindo campanhas políticas em determinadas áreas sob seus domínios, em São Paulo, o fenômeno se repete, com facções impedindo e ameaçando candidatos de fazer campanhas que contrariam os projetos dessas organizações.

Dinheiro não falta a esses bandidos e muito mais terão quando chegarem ao poder por meio dos fundos eleitorais e dos fundos partidários. O lema: “Tá tudo dominado”, nunca fez tanto sentido, anunciando a chegada do que seria uma nova elite política, formada não pelos conhecidos corruptos do colarinho branco, que tanta inveja sempre causaram aos bandidos comuns, mas uma nova classe de legítimos representantes do crime, “com gravata e capital e que nunca se dá mal”, como na letra do samba “homenagem ao Malandro” de Chico Buarque.

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Eleitor que vota em ladrão tem 8 anos para reclamar da corrupção.”

Dona Dita, fazendo crochê e pensando no Brasil que nunca muda

Charge: humorpolitico.com.br

 

De olho

Serão 100 drones usados durante as eleições, longe do alcance visual dos eleitores, com capacidade de captar imagens à grande distância. O objetivo é combater crimes eleitorais. A discussão sobre as urnas eletrônicas inauditáveis não tem data marcada, nem interesse político para acontecer.

Foto: Daniel Estevão/MJSP

 

Imperdível

No dia 11 de dezembro deste ano, a Lei 8112/1990, que rege os servidores públicos civis da União, completará 30 anos. No embalo das atuais discussões sobre a Reforma Administrativa, discute-se: estaria a 8112 precisando ser atualizada aos novos tempos da Administração Pública? Com Marizaura Camões, especialista em Gestão de Pessoas, doutoranda na Universidade de Brasília e Coordenadora-Geral de Inovação da Enap.

Foto: enap.gov

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os passageiros dos ônibus que se destinam às cidades satélites, e esperam transporte ao longo do Eixo Rodoviário, não dispõem de um único sanitário. Como resultado, aproveitam a existência e a não utilização das passagens de pedestres, onde bem que poderiam ser construídos uns sanitários. (Publicado em 19/01/1962)