Para o bem geral

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Hotel Torre Palace. Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

 

Existe, hoje, uma crise séria, na forma de subocupação ou sublocação de edifícios corporativos. Por toda a parte da cidade, o que se observa, seja aqui no Brasil, em Brasília, ou em muitas partes mundo afora, o fenômeno do esvaziamento de prédios inteiros nos apresenta uma nova realidade que, ao que parece, ainda não conseguimos entender em sua extensão e, pior, resolver esse problema que ameaça muitos centros urbanos, inclusive a própria capital do país.

Depois da pandemia, esse problema ganhou ainda mais visibilidade. No nosso caso em particular, para onde quer que você olhe, no centro do Plano Piloto, são inúmeros os edifícios totalmente desocupados. Esse é um problema que deve merecer atenção de todos. Não só dos empresários e donos desses prédios comerciais e corporativos, mas de todas as autoridades, pois essa situação anômala ameaça também a economia local, além de representar uma dor de cabeça para a segurança da cidade.

Por sua extensão, essa questão deveria merecer maior atenção do legislativo local, na forma de audiência pública, debates, CPI e outros instrumentos. O que não se pode é ignorar um problema que parece aumentar com o passar do tempo. Não fossem as instituições públicas, bancos e outras empresas de grande porte, que ainda ocupam esses edifícios, instalando aí seus serviços e repartições, o problema seria ainda mais grave.

Para complicar uma situação que, em si, aponta diretamente para a decadência precoce de nossa cidade, não se tem, por parte do poder público, um levantamento com o número exato de edifícios fantasmas. É preciso entender que essa situação, por suas características próprias, não pode ser empurrada para frente sem uma definição correta e racional.

Edifícios, quando deixados vazios ou sem a utilização para a qual foram projetados, rapidamente entram em processo de degradação, transformando-se em mais um problema. Lembrando aqui que, neste mesmo espaço, tempos atrás, descrito pelo fenômeno conhecido por “ teoria das janelas quebradas”, na qual ficou constado que a degradação de um bem ou mesmo o aumento da criminalidade começam de forma pequena, com uma janela quebrada, pichações, pequenos delitos e outros processos contra a lei, quando não reprimidos logo de início, crescem, transformando-se em verdadeira calamidade pública, agora já de difícil solução.

Não vai passar muito tempo até que moradores de rua ou outros malfeitores e viciados, impulsionados por oportunistas e sabichões, passem a promover a ocupação desses imóveis, como aconteceu no antigo Hotel Torre Palace, ocupado por desordeiros e drogados, degradando toda uma área nobre da capital, com sérios reflexos para o turismo local, para os comerciantes e todos que circulavam naquela área.

Por certo, o fenômeno do teletrabalho, em que muitos profissionais passaram a produzir diretamente de casa, também contribuiu para o esvaziamento de muitos edifícios. Mas essa é uma tendência mundial e local que, por suas características positivas, tanto na vida do trabalhador como para a economia das empresas e instituições, veio para ficar e deve ser, inclusive, incentivada.

Também a interligação dos serviços de computação, as redes e mídias em geral, criou o que os especialistas chamam de “não lugar”, no qual já não existe a necessidade de trabalhar em um ponto geográfico e específico, bastando, ao trabalhador e profissional ter, em mãos, um pequeno laptop com acesso à rede laboral.

Trata-se de um novo tempo. No entanto, essa modernidade toda, com suas facilidades, não pode, de modo algum, trazer problemas e prejuízos para o presente, sob pena de melhorarmos um aspecto específico de nossas vidas, às custas da piora de outros fatores. É preciso pensar com criatividade e para o bem geral.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A única coisa que importa é o resultado da sua equipe. Ao liberar o controle sobre quando e onde alguém trabalha e focar apenas nos resultados, você criará espaço para sua equipe ser criativa, encontrar novas maneiras de fazer as coisas com mais rapidez e construir uma cultura mais forte.”

Mitko Karshovski, fundador da Remote Insider

Mitko Karshovski. Foto do seu perfil oficial no LinkedIn

 

História de Brasília

Ao que parece, e aí a informação não é carregada de certeza, o IAPFEST teria desviado êste dinheiro para outras obras, e por isto as superquadras 104 e 304 estão como todo mundo sabe: reduzidas a um canteiro. (Publicada em 06.04.1962)

PPCUB e o futuro da capital em jogo

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Imagem: seduh.df.gov

         Se depender da coordenação realizada pela deputada Paula Belmonte (Cidadania), que agora preside a Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa do Distrito Federal, os debates que tratam do importantíssimo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) estarão em boas mãos, podendo finalmente chegar a um bom termo.

         Para a parlamentar, o caminho para se chegar a um projeto à altura da importância que a capital de todos os brasileiros possui para o país e para o mundo, já que se trata também de um patrimônio cultural de toda a humanidade, é por meio de um debate amplamente transparente, capaz de informar corretamente os cidadãos sobre o que se está discutindo agora e que certamente terá grande significado para o futuro de Brasília e de seus moradores.

         Esta coluna, inaugurada com Brasília, em 1960, desde seu início vem se posicionando ao lado da cidade e de seus moradores. Não foram poucas as vezes que, em seus editoriais, a defesa firme da capital, conforme idealizada pelas equipes de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer desapontaram políticos e empresários, ávidos por facilidades e outros negócios contrários ao espírito da ética pública.

         Por isso mesmo, a partir do momento em que a capital ganhou representação política própria, as preocupações dessa coluna com os destinos que a capital tomaria doravante foram elevadas às alturas. Nessas ocasiões, não foram poucos os alertas e mesmo as denúncias sobre os desvirtuamentos sofridos no projeto original da cidade.

         A classe política local, aliada aos empresários da cidade, conseguiram levar adiante, contra tudo e contra todos, projetos mirabolantes que, em pouco tempo, levaram a capital a conhecer as mesmas mazelas que já afligiam outras metrópoles do país. Do dia para noite, assentamentos dos mais diversos, muitos edificados em áreas sensíveis ecologicamente, foram erguidos. Verdadeiras cidades foram construídas sem um criterioso plano de impacto, sem projetos racionais e sem levar em conta as múltiplas exigências urbanas. Em curtíssimo prazo, Brasília experimentou um profundo inchaço urbano, com reflexos negativos em todas as áreas. A saúde, a educação, a segurança pública, a infraestrutura viária e urbana foram sobrecarregadas, causando congestionamentos e colapsos em muitos serviços.

          O crescimento desordenado e a invasão de terras públicas passaram a ser uma constante. A transformação de terras públicas em moeda de troca política, na base de “um voto, um lote”, ganhou impulso, graças às ações irresponsáveis de políticos, que incentivavam essas práticas, sendo, muitos deles, responsáveis, diretamente, pela formação acelerada e desordenada de muitos bairros e assentamentos periféricos.

         A representação política da capital, do jeito afoito que foi construída e graças também à qualidade duvidosa de muitos representantes, serviu para desvirtuar o projeto original e sui generis da capital e cujos reflexos, ainda hoje, são sentidos. Por isso quando, mais uma vez, volta-se a discutir o PPCUB, é preciso que toda a população fique atenta sobre os rumos dessa discussão, principalmente quanto a aspectos e critérios de preservação que serão fixados nesse Plano.

         A deputada Paula Belmonte, que hoje é reconhecida como um exemplo de liderança política, terá pela frente um árduo trabalho, sobretudo quando os assuntos relativos ao desenvolvimento da cidade ficarem acima do plano de preservação.

         Todo o cuidado é pouco com a ação e o lobby poderoso de políticos e empreendedores gananciosos, que enxergam, na cidade, apenas uma oportunidade a mais de lucros e ganhos imediatos. O que está em jogo nessas discussões é o futuro da capital e de seus habitantes e a qualidade de vida de ambos. Por certo, será difícil conciliar elementos de preservação com desenvolvimento. O que já foi mencionado aqui, neste espaço, e que vale a pena ser repetido, é que a cidade poderia, num sentido racional, manter intactas as áreas livres e edificáveis que ainda restam, para que tenham sua destinação definitiva decidida, somente quando todos os outros problemas urbanos existentes foram resolvidos.

         É o caso da reurbanização e modernização de toda a avenida W3 Norte e Sul. Primeiro, parte-se para essa obra, depois para a construção de mais uma quadra, como desejam muitos apressados. O mais preocupante em toda essa questão é que o envolvimento da população ainda seja tímido.

A frase que foi pronunciada:

“Falo aqui com o cidadão brasiliense. O que nós queremos para o nosso futuro em questão de políticas públicas e de dinâmica da nossa cidade?”

Deputada distrital Paula Belmonte, na abertura do Primeiro debate sobre o PPCUB

Deputada Distrital Paula Belmonte. Foto: cl.df.gov

História de Brasília

Não sabemos se o professor Hermes Lima sabe disto, mas o govêrno havia liberado u8ma verba para o IAPB construir a superquadra 109. Como o dinheiro era pouco, e não dava, o IAPB abriu mão em favor do IAPFESP, contanto que fossem concluídos os blocos em Brasília.

Decisão perigosa

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Foto: GETTY IMAGES

 

           Descriminalizar o uso e o porte de drogas significa, em nosso caso e em última análise, transformar as leis e a própria justiça em entidades indiferentes e abstratas, incapazes de buscar e implementar soluções para um problema social seríssimo e de repercussões catastróficas.

Transformar leis específicas em letras mortas não só não ajuda a sociedade, como também contribui ainda para tornar esse mal em algo imutável e de difícil combate. Em outras palavras, significa dar poder ao mal, blindando-o de ações mais efetivas e saneadoras. Para que isso aconteça, e estamos a um passo de vermos esse empoderamento acontecer, sem que outras medidas sejam adotadas, significa perder uma batalha sem, sequer, entrar em combate.

Nenhuma autoridade pública, no caso poder público, pode pretender lavar as mãos para o problema, deixando, ao livre arbítrio de traficantes e consumidores, as soluções para essa questão. É preciso lembrar que, nesse assunto específico, Judiciário e Legislativo estão em discordância quanto à questão das drogas. Os parlamentares, de posse do documento legal (voto) de representatividade popular, estão indo contra essa descriminalização, conforme quer e deseja a população brasileira.

Já o Judiciário, por meio da mais alta Corte do país, vai se guiando pela descriminalização de pequenas quantidades de maconha. Caso vingue essa segunda posição, como tudo leva a crer, o problema das drogas irá escalar a um patamar que fugirá totalmente ao controle do Estado, deixando a população e a polícia à mercê desses entendimentos, ditos moderníssimos, mas de resultados questionáveis.

É sabido que, segundo as autoridades de segurança, mais precisamente a polícia, esse é um problema equivalente a enxugar gelo ou a impedir que o fogo se propague morro acima. É do conhecimento de todos também que essa é uma questão que deve envolver toda a sociedade, quer por meio de uma campanha massiva de educação de todos os cidadãos, quer por meio do empenho de cada um para denunciar o problema, exigindo medidas enérgicas e prontas das autoridades.

O que não se vê, em nenhuma parte do país e em nenhum meio de comunicação, são campanhas educativas e de alertas para o consumo das drogas. Nem em escolas, nem em qualquer mídia à disposição da sociedade. É como se o problema não existisse de forma oficial. O pior, nesse caso, é o Estado Brasileiro querer adotar e copiar modelos vindos de outros países do Ocidente, com uma realidade totalmente diferente da nossa e com poderes e meios materiais capazes de enfrentar essa calamidade a qualquer hora.

O que é preciso estar atento agora, e isso não se discute oficialmente, é que muitos países desenvolvidos já estão revendo a posição de descriminalizar o porte e o consumo de drogas. Drogas como as metanfetaminas, hoje consumidas muito mais do que outros produtos como a cocaína e a maconha, estão fazendo estragos nunca vistos. Milhares de filmes apresentados nas mídias sociais mostram os danos desse consumo para a população, transformada em verdadeiros e modernos zumbis, paralisados e dormindo em praças públicas, tudo sob o olhar indiferente da população e das autoridades.

O problema é que a metanfetamina e seus derivados já estão chegando também no Brasil. As cracolândias, com esse novo produto, vão ganhar muitos outros usuários, criando verdadeiras cidades marginais, dentro dos espaços urbanos.

A continuar na direção proposta pela própria justiça da descriminalização das drogas, em breve, as cidades brasileiras irão se transformar naquilo que jornalistas estrangeiros, durante as Olimpíadas de 2016, já alertavam: “Bem-vindos à selva!”.

 

A frase que foi pronunciada:

“O crack tinha uma lógica social, um tipo específico de raciocínio que se baseava em um vasto poço de experiência comum para sua ressonância simbólica. Crack representava dor e poder, caos e ordem, a verdade por trás da mentira. O crack era uma lógica sociojurídica fundamentada no sangue.”

Dimitri A. Bogazianos

Dimitri A. Bogazianos.                            Foto: scholars.csus.edu

 

1 por 3

Com uma placa indicando que é preciso preservar a natureza, a Floresta Distrital dos Pinheiros está sendo colocada no chão. Caminhões levando as toras e a terra aguardando o tempo certo para fazer mais estragos em tempos de chuva. Para gestores que se preocupam com o futuro, cada árvore retirada corresponde a três novas árvores plantadas.

 

Serra&Cerrado

Depois da recategorização dessa unidade, o objetivo é proteger a biodiversidade. Na verdade, o cerrado local foi devastado para a plantação de pinheiros. O Decreto 38.371 também cita a recuperação de áreas degradadas. Pinheiros não são nativos da nossa região. A degradação foi iniciada no Paranoá com a troca do cerrado por pinheiros.

 

História de Brasília

Conselheiro Alves, presidente do IAPI, não está informado de que prédios residenciais da superquadra 305 já podem ser entregues, e ainda não foram, porque a comissão de engenheiros ainda não veio a Brasília receber o trabalho dos empreiteiros. (Publicada em 06.04.1962)

Aos 64 anos

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Quem der ao trabalho de percorrer, quadra por quadra, rua por rua ao longo de todo a vastidão do chamado Plano Piloto, de Norte a Sul, em busca de espaços voltados as atividades artísticas ou estabelecimentos comerciais especializados na venda e promoção de produtos de arte, poderá constatar desiludido, que a capital do país é hoje um imenso e inóspito deserto, desprovido de vida inteligente.

Com exceção de uns raros pontos com essa finalidade, como é caso do subutilizado Espaço Cultural da 508 Sul ou a Casa da Cultura na Asa Norte, quase nada que lembre produção artística é visto nas redondezas de Brasília. Por onde quer que se olhe, não há sinais de livrarias, bibliotecas, teatros, escolas de arte, de dança, de pintura, escultura. Nada de nada. Para um turista que venha de lugares, onde as artes integram o cotidiano dos habitantes e estão presentes em toda a parte, essa ausência e aridez cultural chama a atenção e acaba revelando muito sobre o grau de cultura dessa população.

Viver, ou pior, acostumar-se à uma cidade, onde a exceção dos monumentos arquitetônicos do modernismo, nada mais lembra a pulsação de vida e de criação de seus moradores, que só a arte e a cultura proporcionam e revelam é como estar num terreno baldio, desprovido de alma e engenho humano.

Outra sensação estranha que se observa, com esse vazio e com esse exílio das artes em plena capital do Brasil, é que em cada recanto dos espaços urbanos em que esse vácuo foi criado, ali mesmo, abriu-se mais uma área e mais uma oportunidade para que a degradação da cidade aconteça. Só a vibração humana, trazida pela arte, pode salvar uma cidade de sua decadência. Se formos hoje fazer um apanhado sobre que tipo de atividade e de estabelecimentos são mais presentes hoje ao longo de todo o Plano Piloto, veremos que os bares e as farmácias são as atividades que mais estão presentes nas centenas de ruas de comércio.

Para quem observa esse fenômeno de longe, fica a falsa sensação de que as centenas de milhares de moradores que vivem nesses locais, adoecem nos bares, pelo consumo exagerado de bebidas alcóolicas e daí passam a frequentar as farmácias em busca de remédios e curas para esses males. Depois desses estabelecimentos, aparecem em seguida as casas lotéricas, que também mostram outro perfil humano dessa cidade. A impressão, nesse caso, notada por um forasteiro acidental, é que a população dessas áreas, dispendem o que possuem em recursos, consumindo bebidas e remédios em excesso e depois buscam compensar esses gastos, na vã tentativa de recuperá-los nessas casas de apostas e de azar.

Outra incidência, quase endêmica, observada nessa cidade, onde as artes e o entretenimento cultural e sadio foram transformados em poeira vermelha é a de igrejas e templos para todo o tipo de fé ou de esperança no além. Para esses mesmos observadores ocasionais e assustados com que notam é que, depois de adoecidos pelo consumo de álcool, desenganados pelas farmácias e desiludidos pelas casas de apostas lotéricas, os moradores desse deserto, buscam agora, como derradeiro recurso, a salvação de suas almas, já que o corpo e a matéria foram corroídos pelo consumo de bebidas. Restaria então, como tentativa última desses habitantes da cidade deserto, buscar o consolo da alma, de preferência num mundo além, sobre as nuvens, onde ao menos se possa ouvir os sons celestiais uma harpa, tangida por um anjo solitário e igualmente melancólico.

 

A frase que foi pronunciada:

“A cidade como centro onde, em qualquer dia do ano, pode haver um novo encontro com um novo talento, uma mente perspicaz ou um especialista talentoso – isto é essencial para a vida de um país. Para desempenhar este papel nas nossas vidas, uma cidade deve ter uma alma – uma universidade, uma grande escola de arte ou música, uma catedral ou uma grande mesquita ou templo, um grande laboratório ou centro científico, bem como bibliotecas, museus e galerias que unir passado e presente. Uma cidade deve ser um lugar onde grupos de mulheres e homens procuram e desenvolvem as coisas mais elevadas que conhecem.”

Margaret Mead

Margaret Mead. Foto: britannica.com

Absurdo

Continuam, impunemente, os estelionatários com a retaguarda de bancos e telefônicas. Até recado na caixa eletrônica com opções de retornar para o número dos golpistas as quadrilhas encontraram suporte para atacar. “Recado importante. O seu banco (diz o nome do banco) adverte que houve uma tentativa de compra no Magazine Luiza de R$2.760. Para confirmar digite 1. Se não foi você, digite 2″. E daí para frente, atendentes bem articulados vão levando os desavisados para uma grande enrascada. A melhor saída é ter um gerente de confiança e qualquer dúvida ligar para ele.

 

História de Brasília

A cadeira de “Princípios de Administração” da Universidade de Brasília será entregue ao sr. Felinio Epitácio Maia, que ministrará quarenta aulas, a partir de maio próximo. (Publicada em 06.04.1962)

População em alerta

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Nosso país é um farto laboratório para alunos de filosofia que tenham interesse em aproveitar a oportunidade de conhecer, na prática e na vida real, a grande polêmica, que desde o século XVII é travada entre empirismo versus racionalistas. Basta acompanhar nas redes sociais os infinitos debates com grande parte da nação. Política, Economia, Sociologia, Antropologia incluindo nessas discussões políticos, cientistas, adolescentes, idosos, todos com um discurso pronto e fechado a temperos diferentes.

Na verdade, essa batalha é travada tanto no Brasil como no exterior. Basta aos assinantes do Correio darem uma folheada em jornais dos tempos do Covid. A doença competia com a economia. De um lado os hospitais cheios e de outro a produção e a economia aguardando ações ficando por longo tempo estagnada. O certo já estava escrito. Aquele período poderia agregar ainda mais dramaticidade e consequências nefastas ao futuro. E um detalhe bastante importante para quem acompanhava o trajeto percorrido até os dias de hoje. E agora?  Qual será o próximo passo?

Trata-se de uma discussão que, para alguns opõem três elementos básicos à sobrevivência humana: vida e trabalho, saúde e sobrevivência, opinião e atitude. Num ponto os economistas, em sua maioria, concordam que os efeitos da paralisação da economia poderiam ter sido piores, como o próprio vírus, podendo gerar fome e grande instabilidade social, principalmente em países ainda em desenvolvimento.

Várias discussões brotam de toda parte do país, às vezes até em tom raivoso e muitas vezes eivadas de tonalidades político partidárias e diferentes influências, como de vertentes religiosas e outras. Pontua-se a questão entre a necessidade da população e a boa vontade em usar os recursos disponíveis para tornar o Brasil, um país melhor.

A contínua falta de investimento na Saúde provoca um caos generalizado em todo o sistema do país, mas especificamente no Sistema Unificado de Saúde (SUS), um sistema público e já, tradicionalmente sobrecarregado e pouco eficiente. Nesse debate até os micros, pequenos e médios empresários e todos os brasileiros que trabalham por conta própria, reforçam a tese de que a falta de investimentos traz malefícios a todos indiscriminadamente.

De fato, mais uma vez o Brasil se encontra numa encruzilhada e não pode, por variados motivos, abraçar nenhuma das teses espalhadas por aí de modo absoluto. Há ideias boas de todos os lados. Falta uma gerência imparcial para decidir.

Em um país cuja a economia insiste em apresentar baixos níveis de crescimentos, a estagnação completa é uma espécie de suicídio, tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista político e por consequência, social. É nesse ponto que o empirismo, ou seja, o conhecimento, pela experiência e vivência política, adquirida nas décadas vividas por parlamentares e juízes, investidores e empresários, industriais e executivos se choca com a realidade enfrentada pela população. Toda prática voltada para hoje construindo um futuro promissor. É disso o que o povo fala é isso o que o povo quer.

 

A frase que foi pronunciada:

“Que a democracia, tão falada atualmente, não represente idealismo e interesse partidário, mas sim a razão verdadeira da união e do trabalho de toda uma nação, de cada cidadão, na construção do desenvolvimento do país… sob as leis do Brasil e sob as leis de Deus.”

Astronauta Senador Marcos Pontes

Senador Marcos Pontes. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Pela paz

Aos poucos, o trânsito em Brasília perde o brilho da cordialidade. São pessoas que vêm de estados onde a regra é outra e tentam impor o próprio hábito a uma cidade que conquistou a calma no trânsito graças a investimentos em campanhas e à boa vontade da população. Hora de arregaçar as mangas e cortar o mal pela raiz.

 

Necessidade

Por falar nisso, numa fila de carros parada em local proibido, em Águas Claras, o carro da PM passou devagar com o policial filmando um por um. Depois parou a viatura e multou os que não respeitaram a lei. Mas é preciso dizer a verdade. A viatura parou no mesmo lugar para que o policial pudesse trabalhar. O que dizer?

 

História de Brasília

As firmas que constroem o meio fio de Brasília estão deixando na pista detritos de construção. Areia em quantidade está interrompendo o tráfego, principalmente na pista que liga o Eixo Monumental ao início da W-3. (Publicada em 06.04.1962)

A grande consciência do mundo

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A frase que foi pronunciada:

Quem pensa de maneira massificada, quando alguém começa pensar diferente é incômodo. Porque mostra que é possível pensar diferente. Se quebra o conforto de todo mundo.

Lúcia Helena Galvão

 

Procuradorias

No dia 9 deste mês, a Cartilha da Vereadora será lançada no Senado Federal. Trata-se de uma iniciativa do Interlegis/Senado e demais casas legislativas com orientações para a criação de Procuradorias da Mulher. As vereadoras concordam tratar-se de uma instância fundamental para o combate à violência contra a mulher. Acesse, pelo link, todo o material sobre o assunto tratado detalhadamente: Cartilha da Vereadora.

 

Facilidades&Dificuldades

Barreiras plásticas, colocadas em dia de chuva, impedindo a passagem para o Buriti, fazendo com que os carros fizessem a volta em retorno distante. A impressão é de que alguém esqueceu de tirar, porque o trânsito ficou caótico.

 

História de Brasília

A carta será encaminhada ao nosso Lenini, gerente em Brasília, do consórcio Varig Real. O elogio está feito, e o fato de você não ter nascido em Mondubim, não implica em que seu amigo fique, também, sem provar as delicias de um dôce de leite. (Publicada em 04.04.1962)

Que venha o primeiro passo

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Foto: edocente.com

 

         Sendo o quinto país em número de habitantes e em extensão territorial, o Brasil, por suas características continentais e diversidades regionais apresenta desafios imensos para a implementação de quaisquer políticas públicas, sobretudo quando se trata de assunto tão melindroso como a gestão de políticas educacionais.

         Qualquer indivíduo que venha se sentar na cadeira de ministro da Educação, por mais preparado que esteja para o cargo, encontrará, diante de si, ao examinar de perto essa missão, uma tarefa muito complexa e de proporções gigantescas.

         Com 5.570 municípios, espalhados numa vasta área de 8,5 quilômetros quadrados, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, qualquer política pública eficaz e justa tem necessariamente que lidar com essa realidade concreta, e ainda obedecer ao fato de que cada ente federativo é autônomo e com atribuições múltiplas e descentralizadas conforme estabelecidas pela Constituição atual.

         Implementar serviços públicos de qualidade, num país tão complexo como o Brasil, onde existem diferenças fiscais de toda a ordem e onde variam também a capacidade de gestão de cada uma dessas unidades, não é, definitivamente, um trabalho para principiantes ou indivíduos sem o devido preparo e ânimo; por mais complicada e difícil que seja a tarefa de educar.

         Todo o esforço se esvai se o trabalho de implantar uma educação de qualidade e inclusiva no Brasil não se iniciar pela qualificação e melhoria nos planos de carreira daqueles que atuam nesse setor, melhorando salários, incentivando cursos de aperfeiçoamento, além, é claro, de construir e equipar as escolas com tudo que seja necessário para o pleno desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

         Diagnósticos feitos recentemente, adiantam ainda que nenhum esforço, por mais bem-intencionado que seja, terá o poder de melhorar nossos índices educacionais, se não contar com a mobilização em massa da sociedade e sobretudo com o apoio e presença de pais de alunos e da comunidade no entorno de cada escola. Sem o envolvimento da população em peso, dificilmente uma tarefa dessas proporções terá êxito, ainda mais quando se sabe que, pela Constituição, a educação é posicionada como sendo um esforço de natureza nacional e com sistemas de ensino organizados em regime de colaboração.

         Note-se que essa união da sociedade em torno desse objetivo, apesar de extremamente necessária, não pode ser feita no período de um ou dois governos, mas terá que ser rigorosamente cumprida no longo prazo, durante gerações. Para tornar essa missão ainda mais complicada, é preciso ver que, dentro de cada questão relativa aos problemas da educação, existe ainda uma espécie de subproblemas que parecem embaralhar ainda mais essa tarefa.

         De nada adianta universalizar o acesso à educação, se os alunos não forem mantidos nas escolas até a conclusão, ao menos, do ciclo básico, com o acompanhamento dos pais. Da mesma forma, tornam-se inócuos manter os alunos nas escolas se, ao final desse primeiro ciclo, eles não forem capazes de resolver as questões inerentes a essa etapa, como compreensão de textos e resoluções de operações simples matemáticas, entre outras habilidades próprias para a idade.

         Para dar início a esse verdadeiro trabalho de Hércules é preciso antes resolver o problema das profundas e persistentes desigualdades regionais, consideradas, por especialistas no assunto, como uma das maiores do planeta. Somos um país imenso territorialmente e imensamente desigual na distribuição e concentração de rendas. Nesse ponto, é próprio considerar que, em nossa desigualdade e concentração de renda, está uma das principais raízes de nosso subdesenvolvimento prolongado e, enquanto esse problema não for solucionado, todos os outros também não o serão.

         Dessa forma, políticas públicas desenvolvidas sobre um país tão desigual estão fadadas ao fracasso ou a um sucesso pífio e momentâneo. Infelizmente, até aqui, e diante desse quadro, o Brasil não tem sido capaz de desenvolver programas e modelos capazes de enfrentar e superar essa dura realidade histórica.

         Por outro lado, é preciso atentar também para o gigantismo da estrutura educacional pública do país. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-Inep apontam que, no ano de 2023, registraram‐se 47,3 milhões de matrículas nas 178,5 mil escolas de educação básica no Brasil, cerca de 77 mil matrículas a menos em comparação com o ano de 2022, o que corresponde a uma queda de 0,2% no total. Essa leve queda é reflexo do recuo de 1,3% observado no último ano na matrícula da rede pública, que passou de 38,4 milhões em 2022 para 37,9 milhões em 2023, e o aumento de 4,7% das matrículas da rede privada, que passou de 9 milhões para 9,4 milhões, com números absolutos menores que a queda observada na matrícula da rede pública. Leia a pesquisa completa no link CENSO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2023.

         Trata-se, portanto, de um desafio imenso que precisa ser feito por milhões de brasileiros ao longo de muitas décadas. Falta apenas o primeiro passo.

A frase que foi pronunciada:

“A aprendizagem resultante do processo educativo não tem outro fim, senão o de habilitar a viver melhor, senão o de melhor ajustar o homem as condições do meio.”

Anísio Teixeira

Anísio Teixeira. Foto: gov.br

 

História de Brasília

Meu conterrâneo Gregório Mourão manda uma carta elogiando a Varig pelo cuidado dispensado pela emprêsa, no transporte de uma lata de doces vinda da nossa terra. (Publicada em 04.04.1962)

O que se multiplica e o que se subtrai no Brasil

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Foto: TV Globo/Reprodução

 

Com exceção dos índios, desde o ano de 1500, nenhum outro ser humano ou estrangeiro que tenha aportado no Brasil veio com a intenção de ajudar os autóctones ou tão pouco somar esforços para o desenvolvimento do país.

Essa observação — que, à primeira vista, pode até parecer um tanto radical — diz muito respeito a nossa história e às notícias que passaram a correr mundo afora, descrevendo essas terras perdidas e sem lei entre os tristes trópicos do continente sul-americano.

Não se trata de nenhuma manifestação de ordem xenófoba. O fato é que nenhum historiador é capaz de admitir que os silvícolas que aqui viviam há milhares de anos foram beneficiados, com o que quer que seja, com a chegada do homem branco. Os africanos, carreados a essas bandas, durante o período em que vigorou o regime escravista, ficam fora dessa visão porque vieram para cá forçados e trazidos atados a correntes.

Obviamente que muitos desses povos diversos que vieram ao longo dos séculos formar o que é hoje uma das nações mais miscigenadas do planeta, por força de um destino ímpar, foram sendo amalgamados à terra e a outras culturas aqui presentes, criando raízes e desenvolvendo gosto e apego aos costumes e às novas gentes que iam sendo formadas. Esses foram os povos que ficaram retidos nessas paragens e que, por razões diversas, acabaram ajudando na formação do país.

Para a metrópole portuguesa, o Brasil era uma típica colônia de exploração, inserida no processo mercantil de lucro em mão única. Com os portugueses, vieram os franceses, espanhóis, holandeses e outros povos europeus, ávidos em busca de riquezas de todo o tipo. Cada um fazia o que podia para morder seu pedaço nesse quinhão. Nem mesmo o passar dos séculos, com a formação da nacionalidade brasileira e de governo próprio e soberano, foi capaz de dissuadir os estrangeiros do interesse cobiçoso que exalava sobre nossas terras.

Ainda hoje, povos de várias origens vêm para essa terra em busca de tesouros, numa busca insana por lucros fabulosos que nem mesmo o tempo foi capaz de aplacar. Espanta que, passados tantos séculos, depois de tantas razias, o país apresente ainda tesouros guardados a serem dilapidados e explorados à luz do dia e negociados a preços vis.

Fosse o país um deserto arenoso ou mesmo uma caatinga imensa, ninguém para essa parte do mundo ousaria vir. Não é por outro motivo também que povos do outro lado do mundo parecem ter descoberto o Brasil agora e investem com fúria nessa nova colônia.

Essas observações, frutos de um coração patriota e sincero, vêm em razão da recente visita do presidente francês ao Brasil. Sintomaticamente, a primeira escala desse político foi feita em terras da Amazônia, a nova fronteira e mina fabulosa, descoberta, agora, pelo nosso atual governo e que pode, por suas prendas, “amolecer” o coração do chefe gaulês.

Essa coluna, como observadora mordaz dos fatos e longe dos salamaleques diplomáticos, logo passou a notar que os animais e as plantas que o presidente francês diz querer preservar para a posteridade estão, hoje, na forma de minerais, como o níquel, cromo, titânio, ouro, platina, paládio, nióbio, entre outros.

 

A frase que foi pronunciada:
“Não podemos resolver os problemas reais se apenas cauterizarmos e não tratarmos as raízes do mal.”
Emmanuel Macron

Foto: Guillaume Horcajuelo/ EFE

Mangai
Era comum ver o senador Kajuru chegando cedo ao Senado. Mas, na CCJ, quem percebeu a ausência do senador no início dos trabalhos foi o senador Alcolumbre, que não perdeu a oportunidade: “O Kajuru nunca mais vai poder falar que ele chegou, durante o mandato dele todo, como o primeiro. Seis anos depois!”

Senador Kajuru. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Elas
Nesse dia, o senador Kajuru virou alvo dos colegas. Explicando o atraso, porque substituiu a senadora Leila que seria homenageada, declarou uma poesia aos ouvintes da comissão. Quem não perdeu a chance foi o senador Esperidião Amin. “Ele só conseguiu decorar isso tudo porque casou 11 vezes. Para isso, precisa de memória. Ainda mais com 11 sogras!”

 

 

Experiência
Alunos de acústica da UnB teriam um belo trabalho para dar solução ao espaço de restaurantes no Mané Garrincha. Os decibéis em dias de movimento à noite ultrapassam a possibilidade de uma conversa sem gritos.

 

História de Brasília
Há verdadeiro desespero por parte dos funcionários contratados do DCT que não recebem há vários meses. É sabido que são muitos os afazeres do cel. Dagoberto Sales, mas uma olhada para seus funcionários é uma necessidade, principalmente levando-se em conta que há muitas famílias passando fome. (Publicada em 4/4/1962)

Geografia é o destino?

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: internet

 

Eis aqui uma questão que segue em discussão mundo afora. Em muitos casos, esse tem sido o dilema enfrentado pela humanidade ao longo dos milênios. De modo geral, a diáspora empreendida pelos seres humanos ao longo de toda a sua existência prova que a sobrevivência decorreu, em grande parte, da possibilidade de deslocamento das populações em busca de terras e climas mais propícios.

No caso do Brasil, especificamente, as migrações de grande número de cidadãos do Norte/Nordeste para regiões mais ao sul provam que essa é uma premissa verdadeira. De modo geral, podemos verificar que, em pleno século 21, essa é ainda uma realidade entre nós. Quanto mais longe dos centros de decisão política estadual e federal, mais e mais os municípios se veem largados à própria sorte.

Regiões perdidas nos confins do nosso país, como é caso de muitos municípios situados geograficamente no Norte e no Nordeste, sofrem com todo o tipo de carência, com muitos sobrevivendo graças a políticas do tipo assistencialistas cujas portas de saída ou solução para esse dilema simplesmente inexistem. Infelizmente, essa situação de penúria tem persistido ao longo do tempo, justamente porque essa passou a ser uma condição sine qua non para a perpetuação de certos tipos de políticas e políticos, cujo discurso difere dos fatos.

No entra e sai de governos, soluções milagrosas são anunciadas aos quatro ventos, e por eles levadas da mesma maneira. Pesquisa elaborada pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP demonstra que, nos nove estados inseridos na região semiárida de nosso país, estão 90% dos municípios que exibem residências permanentemente fechadas. Isso de acordo com o Censo Demográfico de 2022.

A mesma pesquisa mostra que o crescimento da população nessas áreas, de 3,7%, é quase a metade da média nacional, que é de 6,5%. Embora os pesquisadores afirmem que essa diminuição demográfica tem menos relação com as mudanças climáticas, sendo um problema mais ligado a fatores sociais, o fato é que, aqui, o fator geográfico impulsiona a roda do destino.

Não só existem municípios fantasmas em nosso país, como essa tendência cresce à medida que essas populações, principalmente as mais jovens, descobrem que estão desgarradas do restante do país. O deslocamento populacional interno segue ainda sendo prova de que geografia é destino e razão de ser para a manutenção da chamada indústria da seca. Essa indústria, no sentido pejorativo, produz riqueza para os que a usam como mote de seus discursos e promessas, significando, por outro lado, a perpetuação de um ciclo de miséria que move a máquina política dos novíssimos coronéis do sertão.

O termo indústria da seca foi cunhado por Antônio Callado (1917-1997) nos anos de 1960. No livro Os industriais da seca e os galileus de Pernambuco: aspectos da luta pela reforma agrária no Brasil, o escritor, jornalista e teatrólogo já apontava, mais de 60 anos atrás, que havia uma espécie de “mito da seca”, que era usado como álibi para a questão da miséria e que, em sua origem, estavam as figuras do coronelismo e da corrupção endêmica a afetar toda a região — e que, ainda hoje, persiste sem solução à vista.

Aqui, além da geografia determinar, com sua mão invisível, o destino dessas populações, a ação humana — no caso, o oportunismo de uma classe política local insensível — vem como um elemento a mais a determinar o êxodo permanente desses nossos compatriotas.

 

A frase que foi pronunciada:

“Seu doutô, os nordestino têm muita gratidão/Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão/ Mas doutô, uma esmola a um homem qui é são/Ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão.”
Luiz Gonzaga

Foto: Reprodução

 

Segredo
Poucas lojas conhecem o poder do marketing musical. Algumas afugentam os compradores em poucos minutos. É preciso conhecer a faixa etária dos consumidores e usar um som que tranquilize.

 

 

Vale conhecer
A primeira escola de Choro do mundo oferece cursos para todas as idades e todos os níveis, desde o iniciante ao mais avançado, com a possibilidade de aulas presenciais e on-line. Ambiente familiar.

Foto: página oficial do Clube do Choro de Brasília no Facebook

 

Entrelinhas
Por falar em Clube do Choro, João Manuel, nos seus 10 anos de idade, passava por ali e, ao ler a placa, perguntou: “Mãe, Clube do Choro é um clube de autoajuda?” Com um sorriso, ouviu o início da resposta. “Não deixa de ser.”

 

 

História de Brasília
Os carros da TCB que fazem a linha Alfa, da Marinha, estão prejudicando os moradores do Gama, porque não apanham passageiros no percurso nem na ida, nem na volta. (Publicada em 4/4/1962)

A galinha dos ovos de ouro

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Imagem: lampadia.com

 

É dito que, sob nenhuma hipótese e em tempo algum, o Estado irá lhe dar o que quer que seja, que não tenha arrancado de você antes. A razão é simples: o Estado, por sua natureza bisonha e abstrata, não produz riquezas. Sorve com a gulodice de um bárbaro. No máximo, faz ricos aqueles que estão com as mãos agarradas ao timão.

É óbvio que, dentro de uma premissa injusta e certeira como esta, aqueles que se desdobram para cumprir seus deveres dentro das regras, terão ainda que custear as aventuras irresponsáveis impostas às finanças públicas.

O que muitos suspeitam é que, a partir da Idade Moderna e à medida em que os Estados nacionais foram sendo organizados, ocorreu também uma apropriação de sua máquina por parte das elites dirigentes, de modo que, a existência de um, passou a condicionar a existência de outro. Sendo dessa forma, pode-se inferir que não há governo algum que possa sobreviver sem o amparo e proteção direta do Estado ou, em outras palavras, sem os recursos sacados da população.

Daí, não chega a ser surpresa que, de posse desse segredo, ocorra entre nós o fenômeno da multiplicação de uma classe de políticos profissionais, cujo empreendimento e grande negócio é, através das dezenas de legendas políticas, lucrar com as franquias do Estado. Certo é que um modelo dessa natureza está fadado ao fracasso. Não dos políticos ou do Estado, mas da nação.

A razão da derrocada desse modelo é a mesma explicada na fábula da “Galinha dos Ovos de Ouro”. Note que a galinha mágica aqui é o próprio cidadão. Aqui também a Curva de Laffer marca o ponto de inflexão, em que o aumento exagerado de impostos é incapaz de aumentar a capacidade arrecadada pelo governo. A solução nesse caso é matar a galinha dos ovos de ouro, sufocando o cidadão e levando-o a tomar uma posição radical contra tudo o que exalar o cheiro do Estado.

A sonegação, a informalidade, o contrabando e todo um conjunto de medidas de sobrevivência à margem da lei passam a ganhar cada vez mais fôlego, quando o inimigo a ser vencido passa a ser o próprio Estado. Afinal, a quem serve o estatismo? É o que todos passam a refletir. Veja o caso aqui dos motoristas de aplicativos. A maioria está contra a proposta do governo de regulamentar a atividade. Sabem eles que o Estado tem em mente, unicamente, tributá-los ao máximo. Agora mesmo, o governo planeja também acabar com o saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), uma facilidade que os trabalhadores, em sua grande maioria, apoiavam, por conceder mais liberdade ao uso desses recursos próprios. Outro caso emblemático, entre milhares de outros, e que demonstra a falta de afinação entre Estado e nação, está no julgamento nas altas Cortes, que analisa se o intervalo de recreio escolar pode ou não ser incorporado à jornada de trabalho dos professores, ou seja, se esse tempo pode ser contado nas horas em que o professor está à disposição do patrão.

Somente quem não conhece de experiência própria essa profissão pode levantar um absurdo como esse e trazê-lo à apreciação de ministros de Estado. Impossível que não saibam que os professores também trabalham em casa, nas horas de folga.

A questão é que o bem público não está entre as prioridades de nossos homens públicos. Daí porque todos acreditarem que quanto menor o poder do Estado, maior o poder do cidadão. O problema é fazer com que o governo passe a acreditar que um Estado forte não é aquele que submete seus cidadãos, colocando-os a serviço de uma elite no poder, mas sim aquele que fortalece e ampara cada um de seus habitantes.

 

A frase que foi pronunciada:

Embora todas as outras ciências tenham avançado, a do governo está paralisada – pouco melhor compreendida e pouco melhor praticada agora do que há três ou quatro mil anos.

John Adams

John Adams. Imagem: National Gallery of Art, Washington

 

Desconsideração

Uma volta pela cidade na hora do almoço, é patente, no serviço público e privado, a falta de um ambiente para descanso dos funcionários. Jardineiros deitam em valas de drenagem, funcionários sentam no chão em frente a lojas, cochilam encostados em árvores. Situação degradante.

 

Alma boa

Por onde andará o petista Cafu? Professor de Geografia no colégio Objetivo, foi deputado distrital. Na década de 70, percebeu que a criançada crescida no Plano Piloto não tinha contato algum com o sofrimento ou pobreza. Ensaiava peças infantis e lá ia a meninada para o Sarinha ver uma realidade distante.

Memória da Câmara Legislativa, Vol. 1, P. 34

 

História de Brasília

Os funcionários da Justiça do Trabalho, lotados em Brasília, acham-se contentes com a publicação de regulamentação da Lei 4.019. Porquanto são os únicos funcionários federais que não viram a cor da “dobradinha”.(Publicada em 04.04.1962)