Os sem-programas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Cazo

 

         Faltando menos de um mês para a realização do segundo turno das eleições, permanece ainda a lacuna relativa à apresentação de programas de governo. No primeiro turno, essa exigência básica e fundamental, para todo e qualquer governo que assume, passou batida e nem mesmo o eleitorado sentiu sua falta. Pouco ou nada foi falado ou discutido sobre programas de governo.

         Para uma democracia, que ruma para o amadurecimento, esse vácuo é inadmissível e até mesmo contrário aos mais insignificantes requisitos básicos. Trata-se de uma situação anômala e que se assemelha a um piloto que assume o comando de um avião ou navio de grandes portes, com as imensas responsabilidades que essas funções exigem e mesmo assim confessa que não possui plano de voo ou navegação. Depois de zarpar ou decolar, é que se vê o que se irá fazer e como, resume.

         Caso isso persista, estamos todos nós a bordo de uma nau ou nave, sem bússola, cegos e sem destino. Nessa situação surrealista, vale dizer também que, se não sabemos para onde vamos, qualquer caminho vale ser seguido, mesmo aquele que ruma direto para o precipício.

         O Tribunal Superior Eleitoral, que nessa eleição passou a ganhar um protagonismo pra lá de vistoso, deveria colocar, como condição básica, a apresentação, por parte dos candidatos inscritos, de um amplo e minucioso plano de governo, com detalhes em todas as áreas do país, prevendo ações em cada uma, ou seja um calhamaço consistente e exequível de medidas, todas elas devidamente analisadas e aprovadas pelo Tribunal.

         Aceitar candidatos apenas para fazer volume ou por pressão dos partidos, de nada resolve. E não se trata aqui de programas de governo feitos de qualquer maneira, copiando de outros ou inventando medidas que jamais serão implementadas. Muito mais importante do que qualquer candidato é seu programa de governo, que, uma vez apresentado e aprovado nas urnas, deverá ser obrigatoriamente posto em prática, sob pena de ações penais de fraude eleitoral e estelionato.

         Sem medidas dessa natureza, as eleições se transformam exatamente no que infelizmente se tem visto. Já que instrumentos jurídicos, como a Lei da Ficha Limpa, não são mais requeridos dos candidatos, tampouco a Lei de Improbidade Administrativa, todas elas, propositalmente descartadas ou descaracterizadas, ao menos poderiam cobrar, dos pleiteantes ao comando do Executivo, a apresentação de um documento contendo o programa de governo. Sem esse instrumento, o que se tem é a repetição dos mesmos erros e descaminhos tomados pelos chefes do Executivo, que vão agindo à medida em que surgem os problemas, com estratégias, todas elas, feitas em cima do laço, como bem fazem aqueles que vivem da improvisação, levando o governo de um lado para outro e nunca saindo do mesmo lugar.

         Fosse o Brasil uma grande empresa, do tipo multinacional, com todas as exigências de governança e critérios técnicos de alta performance para a escolha de seus diretores, que chances teriam os atuais candidatos, quando se verifica que muitos deles sabem apenas desenhar o próprio nome, e de forma ilegível, numa folha de papel?

 

A frase que foi pronunciada:

“Cresce o poder do narcotráfico. Esse poder ameaça, alicia, mata. Onde consegue chegar ao governo, destrói a democracia”.

(Trecho do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico, da Câmara dos Deputados, de 1991).

Ilustração: reprodução da internet

 

Alô, Alô responde!

Chega o 5g ao Brasil, mas a conversa entre senadores, por videoconferência, não está lá de se elogiar. Os senadores Wellington Fagundes e Jean Paul Prates, durante reunião da Comissão justamente de Ciência e Tecnologia, quando falavam em radiodifusão, sofreram com várias falhas no áudio e a comunicação ficou entrecortada.

Foto: Albert Gea/Reuters

 

Missão cumprida

Um bom passeio passa pela Chapada dos Guimarães, no Parque Nacional, onde o Lago do Manso se expande entre 40 mil hectares. Quando há enchente no rio Cuiabá, é o Lago do Manso quem dá o suporte à vazão da água. Geração de energia, incremento do turismo, da pesca e preservação do Pantanal.

Foto: Divulgação

 

Curiosidade

O governo da Indonésia recebeu o aval, da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, para o Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Indonésia, assinado em Jacarta. Falando em Pantanal e Jacarta, há na província de Papua, no leste da Indonésia, uma floresta onde só mulheres são autorizadas a entrar.

 

História de Brasília

O fato de aproveitar a Legislação Trabalhista para impor às professôras o que convier à Fundação, fugindo aos interêsses das mestras, é, além de antipático, irregular e injusto. (Publicada em 11.03.1962)

Normalização do ódio

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Foto: Thiago Gadelha

 

         Não restam dúvidas de que o pior que poderia advir, como consequência, dessa campanha polarizada começa a tomar forma nas mídias sociais, com os ataques sucessivos aos nordestinos pelo apoio dado ao candidato Lula, no primeiro turno dessas eleições. Trata-se aqui de um sério problema que, pelo seu desenrolar, pode conflagrar ainda mais a nação, levando-nos todos, sem distinção, para o caminho, perigoso e sem saída, dos conflitos fratricidas.

         Ninguém, em posse de suas faculdades mentais e imbuído de um mínimo de ética humana, pode embarcar nesse bote furado. É tudo o que o país não precisa nesse e em qualquer momento. É tudo o que querem os políticos sem compromisso e de olho em vantagens imediatas, mesmo que elas venham tingidas de sangue.

         De um lado desses ataques, estão tanto os seguidores fanáticos da direita como os da esquerda. Nessa rede mundial, onde boa parte dos peixes são fakes, é preciso olhar para essa questão com muito cuidado e, se possível, com a ajuda da Polícia Federal, pois trata-se aqui de um crime que aponta para a dissipação do Estado Brasileiro e que aparece previsto na Constituição atual. De qualquer forma, a guerra de versões foi deflagrada, tendo, como primeiro campo de batalha, a Internet. Nesse meio, a coragem dos que atacam virtualmente é imensa. A coragem, no entanto, para defender o que é certo, falta a esses guerreiros de barro.

         Tudo isso faz lembrar uma história que corria nos anos quarenta, em plena Segunda Grande Guerra. Defensores e críticos do então chanceler alemão, Adolfo Hitler, discutiam sobre os avanços do nazismo. À certa altura, um desses defensores do 3º reich e do fuhrer afirmou, com todas as letras: “As causas que nos levaram a esse conflito mundial e à ascensão do nazismo é toda dos judeus. Eles são os culpados por tudo que nos levaram a essa guerra”.

         Ao ouvir tão disparatada versão dos fatos, que conduziu a humanidade ao maior morticínio de sua história, um crítico desse raciocínio surreal e nitidamente racista ponderou: “A culpa por tudo o que estamos passando, tanto a guerra, como a ascensão do nazi-fascismo no mundo, não é somente dos judeus mas também dos ciclistas”.

        E por que os judeus? E por que os ciclistas? De fato, naquele período, os judeus eram os nordestinos da vez, criticados e atacados não só na Alemanha de Hitler, como em outras partes da Europa e, inclusive, no Brasil, onde eram comuns os ataques aos descendentes e imigrantes judeus. Ao promover essa campanha insana contra os nordestinos, o que os fanáticos não sabem é que estão municiando, cada vez mais, os dois lados dessa disputa.

         A grande questão aqui é reconhecer que essa é uma batalha que interessa apenas àqueles que sabem que as divisões, ao enfraquecer o conjunto da sociedade e ao dividir a nação, tornam possível e mais fácil o avanço daqueles que querem dominar. Esse tipo de tática de guerra é antiga e nem por isso ineficaz. Com a palavra, a Polícia Federal.

 

A frase que foi pronunciada:

“Se ciência for o que os Institutos de Pesquisa fazem antes das eleições, é preciso redefinir ciência.”

Ludovico Saboia

Imagem: cnnbrasil.com

 

Sucesso de bilheteria

Amigo Secreto, documentário de Maria Augusta Ramos, agora está disponível na Apple TV, Google Play, YouTube Filmes, Vivo Play, Claro TV+ e Sky Play.

Foto: Ana Paula Amorim

 

Notícia boa

Goiás está se destacando no atendimento à saúde. A UPA do Novo Gama, que atende o pessoal do Lunabel, funciona 24h com profissionais prestativos e atendimento rápido; inclusive, crianças são atendidas na emergência, sem filas.

Foto: jornalbnews.com

 

Mas veio

No TJDF, há casos onde a vedação do fornecimento de energia elétrica é negado em áreas de parcelamento irregular do solo. Essa é uma boa alternativa para desestimular a ocupação irregular do solo. A iniciativa veio tarde.

Foto: brasiliadefato.com.br

 

Vitorioso

Uma das lembranças mais engraçadas nas conversas com o Adriano Lafetá foi quando discutíamos sobre o cérebro dos homens e das mulheres. Uma amiga dizia, como grande vantagem, que conseguia, numa execução de multitarefas, dirigir ouvindo rádio, cantando, tomando suco e arrumando o porta luvas. Lafetá, com aquele jeito mineiro, respondeu ganhando os ouvintes: Eu só consigo duas coisas: dirigir e ter bom senso. Boas lembranças…

Foto: portaldotransito.com

 

História de Brasília

As professôras de Brasília estão sofrendo terrível perseguição da maioria dos membros da Fundação Educacional. Aumentaram as horas de trabalho, e os vencimentos poderão sofrer redução. (Publicada em 11.03.1962)

Psicologia das massas e eleições

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Ilustração: reprodução da internet

 

          Afirmam, alguns historiadores, que o povo é, no lento movimentar da roda humana no vale do tempo, uma porção de ninguém, semelhante às areias de um imenso e árido deserto. Levado ao sabor dos ventos, vai de um lado para outro sem resistências. A constatação, um tanto cruel, não pode, por seu realismo factual, ser contraposta.

          De fato, as massas, ao longo da história humana, sempre demonstraram não possuir o sentimento genuíno ou sede pela verdade. Apenas alguns pouco indivíduos parecem movidos pelo desejo da verdade. Mas, de tão poucos, quase nunca são notados. Essa movimentação das massas pelos ventos da ilusão se dá, talvez, pelo fato de que a realidade é sempre inóspita e sempre pronta a desmanchar sonhos e fantasias.

        Talvez pela própria condição humana de idealizar o futuro como um tempo melhor que o presente, as massas seguem em sonhos. Com isso, as massas tendem a fugir léguas, de tudo que não lhes traga satisfação e gozo. Cortejam as mentiras cômodas, pois são elas que fornecem os alicerces para as ilusões. Seguem cegas àqueles que recitam fantasias. Adoram, por isso, as artes, as drogas, as bebidas, os saltimbancos e circos e tudo que possa trazer distração e alheamento do cotidiano. Talvez, por isso, os vendedores de ilusões se dão tão bem junto às massas. Com eles, as gentes hipnotizadas, como estátuas de orelhas moucas, seguem mansas como ovelhas, rumo ao incerto jardim. Por isso mesmo, todos aqueles que ousam sacudir as massas, para que acordem e saiam do transe e do feitiço ilusório, é logo apontado como um inimigo a ser posto de lado imediatamente.

          Nossos políticos, à semelhança do flautista de Hamelin, dos irmãos Grimm, hipnotizam as massas com suas melodias encantatórias, para depois lançá-las, sem remorsos, direto ao abismo. Mesmo lá, aqueles que sobrevivem ainda aguardam e sonham com o retorno do flautista. Esse transe coletivo é fruto da vida em sociedade e sua principal característica. Os políticos e os prestidigitadores da realidade conhecem essa fraqueza das massas e exploram-na como ninguém. De outra forma, como entender o fato de que, nessas eleições, dezenas de milhões de votos sejam dados a determinados candidatos que, sequer, deram-se ao trabalho de apresentar programas de governo? Candidatos, inclusive, que, em outras oportunidades, lançaram a nação, sem remorsos, direto ao abismo.

         A explicação para fatos psicológicos dessa natureza reside muito além da simples junção da alienação com uma espécie de masoquismo coletivo. O prazer de ser ludibriado é sempre maior do que a dor e o sofrimento que vêm como consequência. Submetidas aos encantamentos da retórica política e ao prazer que ela parece provocar em todos, o melhor destino para as massas é sempre se prostrar aos pés de seus ídolos, mesmo que eles se revelem os verdadeiros lobos. É da psicologia das massas.

A frase que foi pronunciada:

“Uma das características mais constantes das crenças é a sua intolerância. Quanto mais forte a crença, maior sua intolerância. Homens dominados por uma certeza não podem tolerar aqueles que não a aceitam.”

Gustave Le Bon

Retrato de Gustave Le Bon (1881). Foto: Morphart Creation / Shutterstock.com

 

Finanças

Ao pagar uma conta de água ou de luz, o detalhe descriminando, no comprovante de pagamento, como Caesb ou Neoenergia, ajuda o contribuinte a se organizar. Já no caso de IPTU, ITCD, IPVA e outros, não há discriminação, apenas a indicação “GDF CONTA ARRECADAÇÂO”, o que deixa o contribuinte confuso sem saber ao certo o que pagou. Hora de mudar.

 

 

Científico

Análises sobre os institutos de pesquisas sugerem que possa existir um padrão científico desconhecido da comunidade acadêmica. No sábado (1º), um dia antes do primeiro turno, Lula tinha 50% das intenções de votos válidos, enquanto Bolsonaro aparecia com 36%, segundo pesquisa Datafolha. No mesmo dia, pesquisa Globo/Ipec mostrou o petista com 51%, e o presidente, com 37%. O resultado foi bem diferente e extrapolou a margem de erro de 2%.

Charge do Thiago Rechia

 

Mais leis

A cada ação, uma reação. O deputado federal Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, vai propor um Projeto de Lei para criminalizar institutos de pesquisa que divulgarem levantamentos que sejam diferentes do resultado das urnas — considerando a margem de erro estipulada pela própria entidade. Ele propõe no projeto que a pesquisa publicada, na véspera da eleição, que extrapolar a margem de erro será considerada criminosa e o responsável pelo instituto será punido com cadeia e multa.

Imagem: cnnbrasil.com

 

História de Brasília

As professôras de Brasília estão sofrendo terrível perseguição da maioria dos membros da Fundação Educacional. Aumentaram as horas de trabalho, e os vencimentos poderão sofrer redução. (Publicada em 11.03.1962)

Soma igual a zero

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Charge do Ivan Cabral

 

          Se as eleições de hoje estão, de fato, por serem sacramentadas pela parcela da população que, até a undécima hora, não decidiu seu voto ou, pelo menos, não externou publicamente sua opção, o que temos é bem significativo para afirmarmos, com todas as letras, que nenhum instituto de pesquisa de opinião sabe, ao certo, quem será o novo chefe do Executivo. Nem ao menos se haverá segundo turno.
         Caso se confirme essa teoria, de que a indecisão coletiva é o fator determinante para a escolha de um candidato ou a realização de mais de um turno, fica subentendido, entre outras premissas, que nenhum dos dois principais pleiteantes é do agrado da população. Estamos imersos então numa espécie de incerteza de Heisenberg, um dos pilares da física quântica. Quando se conhece a posição aproximada de um candidato, medido por um determinado instituto de pesquisa, simultaneamente, outro instituto mostra uma posição totalmente diferente, sendo impossível avaliar, com precisão, qual a real posição de cada um nessa disputa.
          A incerteza sobre um possível vencedor, pelo menos ao cargo de presidente, abre também uma possibilidade física para que ele seja qualquer um dos que estão nessa disputa, inclusive o próprio padre Kelmon. Lembrem-se que, em outros tempos, candidatos totalmente fora de propósito e de razoabilidade, sagraram-se vencedores em pleitos em que a população fez questão de externar sua contrariedade com a qualidade dos políticos em disputa.
         Dessa forma, animais como o cavalo Invictus, o burro Boston Curtis, o macaco Tião, o cachorro e até um rinoceronte de nome Cacareco obtiveram significativo número de votos, numa demonstração de que o eleitor não sabe e parece não querer saber de eleições, ainda mais quando o pleito é marcado pelo baixo nível dos candidatos e de propostas.
          Eleição é coisa séria e, portanto, deveria ser disputada apenas por indivíduos de igual índole. Aqui e mais uma vez, caímos de volta na seara da ética pública, de onde deveriam partir os candidatos severamente aprovados pelo pente fino da Ficha Limpa. Na ausência desse requisito básico, destruído por vontade expressa dos políticos com assento no Congresso, o que temos é o que temos e que leva uma boa parcela da população a decidir em quem votar, contrariada e obrigada, apenas em cima do laço, quando as esperanças já se transformam em conformismo.
          De qualquer forma, a sorte ou o azar estão lançados pelos próximos quatro anos, ao menos. O mais cruel, em todo esse movimento em torno das próximas eleições, é trazido pelo fato de que os candidatos que aí estão em disputa, bem ou mal, representam a cara da nação. Não há necessidade de ser nenhum estudioso em antropologia ou sociologia para certificar que estamos ali representados por indivíduos que carregam nossos defeitos e virtudes e que, para o bem ou para o mal, irão conduzir a nação nesse próximo quadriênio. São nossos vícios e virtudes que estão em disputa. Qualidades e defeitos de uma soma igual a zero.
A frase que foi pronunciada:
“Não é a votação que é democracia; é a contagem.”
Sir Tom Stoppard, dramaturgo e roteirista britânico nascido na República Tcheca.
Tom Stoppard. Scott Gries – Hulton Archive/Getty Images
Progresso
Com mais estradas transitáveis, a 29ª Agrinordeste terá uma ampliação na área de 50% e vai durar 4 dias, de 1º  a 4 de novembro, em Pernambuco. Quem comemora o avanço é o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Pernambuco, Pio Guerra.
Postagem na página oficial do Agrinordeste no Instagram
US
Ainda repercute a frase de Thomas Shannon, que foi embaixador dos Estados Unidos em Brasília. O diplomata declarou que o seu país gostaria de ter o Brasil mais engajado nas parcerias e espera que isso aconteça depois das eleições.
Thomas Shannon. Divulgação/US Department of State
Made in Japan
Só até hoje, o brasiliense terá oportunidade de aproveitar a culinária japonesa no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Organizados como sempre, a logística e o carinho em atender, além da qualidade do serviço, são o que mais atrai a população.
Foto: Divulgação
Local do voto
Mal sabia o candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, quando se esqueceu onde votaria, cairia na graça de todos. É bom que você e sua família vejam, com antecedência, o local de votação. A maior parte dos Tribunais regionais eleitorais alertam para as alterações feitas nos locais de votação, lembrando que cada um deve conferir o local no portal do TSE
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
História de Brasília
Nota: A tôrre que encobre, presentemente, o Cruzeiro, foi levantada pelo Conselho Nacional de Geografia, sem autorização da Novacap nem da Prefeitura, e se destina à medição angular ao longo do meridiano 48, que passa em cima de Brasília. Durará mais uma semana, ainda. (Publicada em 10.03.1962)

Mamon

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Mamon de Collin de Plancy

         Novos atores se juntam agora aos protagonistas de sempre, todos eles pregando o voto em seus candidatos prediletos. No fundo o que se tem é o mais do mesmo, com essas personalidades, catadas a laço, fazendo propaganda para seus políticos de estimação, como se o povo, fosse atrás de conversa de artista ou de pastor. Falatório de artistas, já se sabe, não traz voto para nenhum candidato e nem ao menos retira.

         Na verdade, o grande público mantém sua fidelidade aos artistas, na medida em que seus talentos permanecem em alta. A fidelidade do povão é como fidelidade de político: dura enquanto for necessária e satisfatória. Cantor que perde a voz e desafina, perde o fã. Obviamente que os marqueteiros, que sempre formam a turma que realmente ganha com as eleições, não confessa essa crua verdade. Nem essa nem outra, aquela que diz que, passadas as eleições todos esses artistas, que se expuseram, fazendo campanha política para determinado candidato, mais tarde irão cobrar do vencedor o labor e as benesses que acreditam ter direito.

         Nada no mundo é de graça.  Por isso mesmo a Receita Federal, essa mesma que terá que engolir o perdão fiscal, dado por um ministro do supremo a dívida de R$ 18 milhões do Instituto Lula, deveria ficar de olhos bem abertos e acompanhar o modo e quanto cada um desses marqueteiros irão lucrar com as campanhas milionárias, feitas, na sua maioria com o dinheiro sacado do contribuinte.

          O que se tem de parcialmente novo nessas eleições é a entrada em peso do fator religioso nessa disputa. Ao contrário dos artistas, cuja a soma é igual a zero, os pastores, dependendo do credo, possuem certa ascendência sobre a plateia de fiéis que escuta sua pregação diária. Nesse sentido, a pregação de pastor é semelhante aos discursos proferidos por políticos. Há um certo conteúdo, mas há também, e em quantidade, um vazio de ideias e muita distorção da realidade.

         Para o teólogo consciente, Deus parece não confiar em políticos, sejam eles Césares, ou fariseus. Quem é amigo do mundo é inimigo de Deus, já ensinava Tiago 4:4. Ainda assim, alguns crentes na Palavra costumam ouvir o que falam seus pastores dentro de suas igrejas, principalmente quando esses dirigentes, na sua eloquência, alertam para os malefícios em votar em determinados candidatos. Criticar e condenar certos candidatos, lançando-os direto ao fogo do inferno, por seu passado nebuloso e até criminoso, resulta muito mais eficaz do que tecer elogios.

         É o que se tem se ouvido com mais frequência nos cultos e missas pelo país afora. De olho nesse eleitorado, que se soma às dezenas de milhões, muitos políticos têm aparecido com assiduidade nas igrejas, numa mostra falaciosa de sua devoção e fé. Comungam, tomam passe, johrei e outros ritos na tentativa de se apresentar como cidadãos rumo ao céu. Tudo fantasia, facilmente vista por todos.

         Políticos são o que são: camaleões miméticos ou uma espécie renovada de Zelig, de Wood Allen. Fingem tão fielmente ser o que não são, que até chegam a fingir uma fé que não possuem ou sequer entendem. A entrada e o protagonismo marcante das religiões nessa campanha são também, e simplesmente, uma jogada de marketing político, sem qualquer dom ou marca de espiritualidade. Usam a religião e mesmo a fé das pessoas com objetivos pragmáticos e muito longe do Deus verdadeiro. Acreditam, isso sim, no deus Mamon (dinheiro), ao qual seguem cegos e sedentos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não há necessidade de o capitalismo ser monstruoso. O mundo permitiu que esse demônio, essa criatura de Mamon, surgisse como uma murcha Medusa em seu meio, porque se recusou a enfrentar os problemas perenes da herança e das elites dinásticas servindo seus próprios interesses em todos os momentos, contrariamente às necessidades do povo. pessoas.”

Mark Romel

 

Pauta

Moradores da 208 Sul estão se mobilizando contra a obra de um restaurante mal localizado na quadra. Depois da extinção da Casa D’Italia, só faltava essa. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos.

 

Pediatras

Pediatras e medicamentos para crianças sumiram das prateleiras das farmácias. As mães tomaram a decisão de recrutar pelo menos 4 profissionais da saúde para a prole. Na falta de um, outros 3 são a possibilidade. Hospital público, nem pensar! Não há profissionais para atender a demanda. Um absurdo que já poderia ter sido resolvido.

 

Fim do mundo

Um botijão de gás, o recipiente mais o GLP, está custando R$ 350. Na Alemanha, o valor da energia elétrica é um terço do salário mínimo.

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press

 

História de Brasília

As casas foram destelhadas, outro dia, por uma ventania. Agora, a humilhação. Quem não foi vítima, dorme, hoje, com a casa amarrada com arame. Arame, sim! (Publicada em 10.03.1962)

Feliz ano velho

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Reprodução: divulgação

 

         Dentre os muitos problemas que essas eleições irão gerar, pelo seu alto poder de apartação, talvez, o principal seja mesmo a catalisação do sentimento de antagonismo e de fracionamento da sociedade. Por seus efeitos profundos e duradouros, a atual disputa eleitoral, polarizada e até açulada por seus próprios candidatos e partidários, poderá se revelar, num curto espaço de tempo, numa verdadeira vitória de Pirro, pelos prejuízos irreparáveis que essas posições extremadas trarão para os dois lados e, por consequência, para todos os brasileiros.

         Ganhar um país extremamente dividido significa, em outras linhas, vencer pela metade e tendo que governar sob o olhar crítico e até inamistoso de boa parte da população. Num cenário de desunião como esse, de nada irão adiantar as encenações marqueteiras de pactos e de reconciliações propostos, uma vez que, por seus efeitos nefastos, o que se tem dessa vez é um nítido sentimento de ódio mútuo, que político nenhum, desses que aí estão presentes, conseguirá aplacar.

         Vença quem vencer, o pódio de campeão estará no mesmo nível baixo do segundo colocado. Entender como todo esse movimento nos conduziu a essa estação de crise, talvez seja necessário apenas como exercício de retomada do caminho, analisando cada ação, para entendermos em que ponto do mapa nos desviamos da rota civilizatória.

         De certo que, seguir por mais quatro anos sob a sombra da polarização, irá custar ainda mais a todo país, adiando, mais uma vez, o tão esperado dia em que o gigante, deitado em berço esplêndido, irá acordar e encarar seu destino. É a tal da reforma ou remendo em pano velho, em que as mudanças estruturais nunca são realizadas, resumindo cada gestão em remendar pontos soltos da estrutura do Estado. O essencial, num país politicamente polarizado, jamais será feito, ficando as reformas que o país necessita, como a política, administrativa, tributária e outras, mais uma vez, lançadas para um futuro incerto e não sabido. O preço da polarização é alto e será cobrado do governo. O pior é se a saída para esse impasse do novo governo vir fantasiada de falsas reformas ou reforma de fancaria, como temos visto até aqui.

         No caso de vitória da oposição, o que virá já é conhecido e reprovado por sua ineficácia, O reaparelhamento da máquina do Estado e o fim do teto de gastos é só o começo. As estatais, que até aqui sempre foram usadas como moeda de troca, desvirtuando suas funções e tornando-as um peso para o próprio contribuinte, voltarão a representar mais um ponto de preocupação. O retorno calibrado da política do tomá lá dá cá e do presidencialismo de cooptação também.

         A restauração do grande balcão de negócios dentro do Legislativo, por certo, irá renascer das cinzas, mais fortalecido, mesmo que medidas, como o fim do orçamento secreto, prevaleçam. A partir de 2023, o Brasil poderá comemorar mais um feliz ano velho, renovado com os votos de ampla anistia judicial, concedida pelas altas cortes a toda a turma que agora ensaia voltar à cena.

 

A frase que foi pronunciada:

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados.”

Mahatma Gandhi

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

Silêncio e morte

Parece que governantes de Brasília não se preocupam com a tradição da cidade. Escola de Música de Brasília, Aruc, Defer, Teatro Nacional, Biblioteca Demonstrativa, entre diversos outros exemplos. A última facada foi na Aruc. Mesmo reconhecida como patrimônio cultural imaterial do DF, é ameaçada de perder o terreno há muitos anos e, agora, foi interditada. Motivo: mais decibéis que o permitido.

 

Voz por eles

Mais de 60 países participarão da campanha “40 Dias pela Vida”, rezando pelo fim do aborto. No Brasil, a iniciativa acontecerá em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Campina Grande. “Esta campanha é baseada na fé e acreditamos que a batalha contra o aborto é espiritual e só a venceremos de joelhos”, disse a coordenadora no Rio de Janeiro, Fátima Mattos, em entrevista à imprensa.

Foto: 40diaspelavida.com

 

Aberta

Ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, Valdemar da Costa Neto do PL, advogados de vários partidos e representantes de entidades fiscalizadores e missões internacionais visitaram a sala de totalização de votos do TSE.

Foto: Alejandro Zambrana / Secom / TSE – 28.09.2022

 

Enclausuradas

Em passeio pela 305 Sul, 50 anos depois, o que mais impressiona é o silêncio. No início de Brasília, a criançada brincava na quadra sem que os pais tivessem qualquer preocupação. A algazarra era ouvida de longe. Hoje, Brasília, outras capitais e até as cidades do interior estão tomadas com o perigo que tirou o ar livre das crianças.

Inauguração da praça 21 de_Abril, na Asa Sul DF 1993.                                                    (Foto: Arquivo Público do Distrito Federal/Fundo Novacap)

 

História de Brasília

Tôda a cidade recebeu plantas. As cidades satélites, também. Mas o “avião” não recebeu uma única muda. Nenhum pé de grama foi plantado até agora. E, por coincidência, a terra é boa. É um dos poucos lugares de Brasília onde há árvores de grande porte! (Publicada em 10.03.1962)

Olhos vesgos

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Charge do Cazo

 

          Insensibilidade e indiferença profundas, diante da dura realidade nacional, talvez seja o traço mais forte e negativo a caracterizar a personalidade de nossas elites políticas, desde sempre. De fato, esses senhores veem o país com os únicos olhos que possuem e que traduzem o mundo exterior, de acordo com a alma mesquinha que abrigam em seus corpos. De outra forma, como entender o comportamento perdulário que apresentam, mesmo frente a tantos problemas econômicos vividos pela população, que, em última análise, representam também seus fiéis eleitores?

          A explicação pode estar justamente bem debaixo de nossos olhos. O dinheiro que torram e que lhe foi confiado pelos cidadãos é recurso público, que escorre, em grande quantidade, por entre os dedos como areia fina. Na verdade, esse dinheiro, retirado a fórceps dos contribuintes, graças a uma das maiores e mais escorchantes cargas tributárias do planeta, faz falta onde devia ser empregado de fato, mas, ainda assim, é retirado de quem menos pode para ser entregue aqueles que tudo podem.

          Detalhes como esses e que dizem respeito às agruras experimentadas pela maioria da população não parecem comover ninguém. Foto recente, retratando um desses muitos eventos em que os áulicos comemoram suas vitórias pessoais na capital do país, chama a atenção para aqueles que querem enxergar a sinistra troca de olhares que esses personagens parecem estabelecer entre si, e que os fazem irmanados num mesmo grupo, o Centrão, empenhados nos mesmos projetos e propósitos, que nada dizem respeito ao resto da população.

         Apenas em posse dessa foto e sabedor do que fazem no Congresso, como é o caso aqui do chamado orçamento secreto, já seria possível, a qualquer juiz justo, condenar a todos, sem perdão. Criado por volta de 2020, o orçamento secreto, ou emendas do relator, cujos critérios de transparência e de prestação de contas simplesmente inexistem, vieram se somar a outras verbas bilionárias ou emendas ao orçamento da União já existentes, como os casos das emendas individuais, de bancada e de comissões.

         São justamente essas emendas de relator ou secretas, e que passam muito longe do faro das instituições de controle, que possibilitam os mais esdrúxulos acordos políticos, em sua maioria até antirrepublicanos. Mas é esse o preço a ser pago pelo chamado presidencialismo de coalizão, que, nesse caso, está mais próximo de um presidencialismo de cooptação. Trata-se aqui de uma versão modernizada do famigerado mensalão, que consistia na compra de votos pelo governo. A situação chegou a um tal paroxismo que impedir esse tipo de emenda inviabilizaria todo o governo. Para alguns, trata-se de uma chantagem pura e simples e que tem as bençãos e o apoio do Centrão.

         Mesmo com um orçamento da União curto, o governo acabou pressionado a cortar dotações, por exemplo, do Programa Farmácia Popular, para suplementar o orçamento secreto e assim não contrariar o Centrão. É esse o jeito que as nossas elites no poder conseguem enxergar as políticas públicas, olhando-as a partir dos olhos vesgos que possuem.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Por onde o secreto anda, o diabo dança.”

Ariano Suassuna, enquanto dá uma olhadinha para o planeta Brasil

 

Inacreditável

São tantos impostos que chegava a ser brincadeira dizer que, daqui a pouco, seria cobrado o ar que você respira. O ar, ainda não. Mas a luz do sol, sim. Quem instalar painéis fotovoltaicos, para ter uma redução na conta de luz, vai ser abraçado pela “Taxação do Sol”, que entrará em vigor a partir do próximo ano.

Queima

De Goiás, diretamente para o Rio Grande do Sul. Minas de carvão tomam espaço, justificadas pelo Projeto na Mina Guaíba, que se espalha em 5 mil hectares a céu aberto. Senador Paulo Paim está fazendo o que pode para evitar esse desastre. A Justiça Federal não aceitou o processo de licenciamento.

Foto: Reprodução/RBS TV

 

Futuro

Pela liturgia católica, os noivos devem entrar na igreja de braços dados com os pais. O noivo com o pai e a mãe e a noiva com o pai e a mãe. Em algum tempo, não haverá noivos, nem pai e mãe e, tampouco, Igreja Católica. Esse é o desabafo de um padre em excursão a Lourdes.

Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, França. Foto: AFP/Arquivos

 

Solução nacional

Mais uma vez, a Embrapa avança com estudos que reduzem a dependência de fertilizantes na agropecuária nacional. Balanço das ações da Caravana Embrapa, que leva soluções para uso eficiente de fertilizantes e insumos, será apresentado no XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo.

Foto: embrapa.br

 

História de Brasília

Abriram valetas para colocação de esgotos. Fecharam as valetas. Não fecharam. Jogaram terra. Nenhuma placa indica o perigo, e a todo instante, um carro atola perigosamente. Ponham alguma indicação, por favor. (Publicada em 10.03.1962)

Desarmados e indefesos

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Foto: Joédson Alves (EFE)

 

         Uma das razões que comumente levam os partidos de esquerda, no Brasil e em todo o mundo, a pregarem, sistematicamente, contra o acesso dos cidadãos a posse de armas, tem suas raízes fincadas muito além de quaisquer princípios ideológicos de paz ou coisa do gênero. Por detrás dessa vedação estratégica, os fatos históricos demonstram que, em todo o mundo, o crescimento da hegemonia dos partidos de esquerda dentro do Estado só foi efetivamente concretizado à medida em que se processava, paralelamente, o desarmamento da população e de toda a quaisquer dissidências, impedindo-as de reagirem em tempo.

         Ao arbítrio da força das armas, imposta por governos com as mesmas características, sejam de esquerda ou direita, somente uma força igual e contrária em intensidade é capaz de reverter a situação. População desarmada é refém e presa fácil da imposição da bandidagem, esteja ela dentro do Estado ou nas ruas.

         Esse é um fato inconteste a provar que, mesmo em democracia evoluídas, as relações sociais necessitam do lastro das armas para sua efetivação. Não por outra razão, a maior democracia do planeta, os EUA, consagram, em sua Carta Magna, o direito dos cidadãos ao porte de armas de fogo. Tanto a segunda como a décima quarta emenda daquele país, protegem o direito dos cidadãos de portarem armas de fogo para defesa pessoal, de sua família e de sua propriedade.

         As esquerdas não conseguem mais esconder que desejam os cidadãos desarmados, pois, dessa maneira, podem, a qualquer tempo, como bem esclareceu recentemente o próprio teórico do partido dos Trabalhadores, José Dirceu, “tomar o poder” mesmo após um processo eleitoral normal. O fato de levantar estatísticas mostrando que o aumento da violência urbana e rural está diretamente ligado ao aumento no número de armas, já não tem surtido os efeitos desejados pelos defensores do desarmamento. O que existe de fato é que o crescimento exponencial da violência, principalmente nos centros urbanos nos últimos anos, e a pouca efetividade da segurança pública têm levado os cidadãos a comprar armas e a investirem, cada vez mais, em segurança pessoal ou condominial, o que tem favorecido a indústria e o mercado legal de armamentos.

         Cursos de defesa pessoal, de tiro e de uso correto e preventivo de armas de fogo têm aumentado também por todo o país. A maior liberação ao acesso às armas, feitas pelo atual governo, inclusive com o incentivo ao uso de armas, tem ajudado a população a se armar como nunca antes. Vídeos mostrando a atuação frustrada de bandidos e a pronta reação dos brasileiros também têm incentivado a compra de armamentos por muitos. A questão do aumento do armamento não está no mercado legal de armas, mas na possibilidade ampla do tráfico de armas, realizado graças à porosidade excessiva de nossas fronteiras terrestres. Os armamentos clandestinos entram no país e têm sua clientela certa junto às organizações do crime, essas sim representam um verdadeiro perigo para todos e estão associadas diretamente aos índices de violência.

          Bairros inteiros, nos quais boa parte da população já possui armas, os bandidos, precavidos desse fato, passam a evitar, por razões óbvias. Com a população devidamente armada e preparada, há que se pensar duas ou mais vezes antes de agir.

 

A frase que foi pronunciada:

“Oligarcas e tiranos desconfiam do povo e, portanto, privam-no de suas armas.”

Aristóteles, 384-322 a.C.

FOTO: CREATIVE COMMONS

 

Terror

Deputado federal Hercílio Diniz (MDB), Dr. Luciano (Patriota), David Barroso (União) e o piloto levaram um susto. O helicóptero fretado para campanha caiu, na tarde de ontem, no Vale do Rio Doce, no município de Engenheiro Caldas. Todos estão vivos, apenas com leves ferimentos.

Foto: Reprodução/redes sociais

 

Participe

Até o dia 30 deste mês, A UnB, em parceria com a Biblioteca Central e Editora UnB, vai reunir livros infantis que serão doados a instituições beneficentes de todo o DF e entorno. São 14 pontos de coletas de doações, um deles na entrada da Biblioteca da universidade.

Foto: crb1.org.br (Felipe Menezes)

 

Mala direta

Está respaldado na Lei 6538/78, o serviço dos Correios a pessoas físicas e jurídicas que contratarem o envio de mensagem publicitária para vender ou divulgar serviços, e até promover eventos, inclusive, a candidatos e partidos políticos. Veja todos os detalhes no link Soluções dos Correios para ações de comunicação nas Eleições 2022.

Imagem: correios.com

 

Falando nisso

Outra forma de presença importante dos Correios durante as eleições é com o suporte aos mesários, com o vale postal eletrônico para a alimentação, além do transporte que, este ano, é de mais de 100 mil urnas.

Foto: bbc.com

História de Brasília

Abriram valetas para colocação de esgotos. Fecharam as valetas. Não fecharam. Jogaran terra. Nenhuma placa indica o perigo, e a todo instante, um carro atola perigosamente. Ponham alguma indicação, por favor. (Publicada em 10.03.1962)

O avanço da poeira

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Foto: Carlos Fabal/AFP – 25/08/19

 

         Marchamos a passos acelerados, movidos por cega ganância, por um caminho que, inevitavelmente, irá nos conduzir a um novo e vazio Planalto Central. Tomado pela aridez do deserto, esse imenso território, varrido por ventos escaldantes e pela poeira fina, está agora todo coberto com o farrapo branco da morte.

         O horizonte em volta daquela região central do país, que um dia foi o berçário das águas e da vida, está hoje irreconhecível. Assim como a outrora moderna e pujante capital do país, cercada e inviabilizada pelo deserto que avança intrépido por ruas, avenidas e monumentos, cobrindo tudo com o pó fino das areias.

         Entre julho e setembro, o céu se fecha com a cortina espessa e escura das nuvens de poeira, que aos poucos vão soterrando Brasília e o entorno. Tal como um coveiro lança terra sobre os mortos, a natureza, indiferente, vai sepultando tudo em volta, cobrando seu preço por décadas de destruição dos campos do Cerrado.

         Eis aí um vaticínio certo e seguro, que mostra como será, num curto espaço de tempo, o Centro Oeste do Brasil, caso prossigam na mesma rota suicida substituindo a vegetação local por monoculturas transgênicas, implantadas em imensos latifúndios e destinadas à exportação e ao lucro de poucos. O Cerrado, como tem alertado os ecologistas e cientistas do meio ambiente, está agonizando à vista de todos, por conta do agronegócio e da expansão desenfreada da monocultura.

          Somente o setor agropecuário, que coloca o Brasil como o país com o maior rebanho bovino do planeta, já tomou conta de mais de 45% de toda a área do bioma Cerrado. É o lucro feito a qualquer custo e tem sido denunciado aqui, neste mesmo espaço, para a contrariedade daqueles que acreditam ser possível lucrar com a destruição irreversível. O Cerrado, como tem alertado a doutora em Antropologia Social e assessora do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Raisa Pina, está pedindo socorro e exigindo medidas urgentes para conter o desmatamento. Sobretudo agora, às vésperas das eleições gerais, quando esse importante tema deverá ser incluído ou, ao menos, citado entre os diversos programas de governo apresentado pelos candidatos. Por enquanto, esse tema delicado, por se tratar de um setor com grande poder de lobby e com uma expressiva bancada no Congresso, ainda não veio à tona.

         Falar de forma negativa do agrobusiness, quer apresentando verdades incontestes ou elencando seus efeitos deletérios, mesmo em se tratando de um setor superavitário e incensado pelos políticos, desperta paixões e, não raro, termina em confusão e pressões indesejáveis. É, sem dúvidas, um assunto delicado, mas que não deve ser evitado, sob pena de comprometermos, severamente, o futuro das próximas gerações de brasileiros, que irão colher os frutos amargos de ações impensadas e baseadas apenas na ideia de lucro imediato.

          Atrás do processo dinâmico do desmatamento, vem o agronegócio, de olho na expansão insana da produção. Quem, por acaso, duvidar desse processo de destruição acelerada basta verificar o que mostram os números e dados fornecidos pelos cientistas que monitoram esse território.

         Raissa Pina chama a atenção para o fato de que mesmo os chamados desmatamentos legais são irregulares e trazem enormes prejuízos a todo esse Bioma. A controversa política de Estado, baseada no desmatamento em favor do aumento de produção do agronegócio, só faz legalizar uma atividade que vem destruindo, sistematicamente, o Cerrado. Essa história de que o agronegócio preserva não passa de propaganda falsa, feita para iludir consumidores, principalmente na Europa, onde aumentam os embargos a produtos, fruto de destruição do meio ambiente.

         A cada avanço das fronteiras agrícolas e do aumento de produção, sempre anunciados com estardalhaço, aumenta, em maior proporção, a destruição do meio ambiente, a expulsão dos povos autóctones e a decadência da agricultura familiar e da produção de grãos sadios. Para se ter uma ideia do avanço do agronegócio sobre o Bioma Cerrado, apenas entre 2010 e 2020, o Cerrado perdeu mais de 6 milhões de hectares de vegetação nativa, lembra a pesquisadora. Não se trata de uma área qualquer, já que o Cerrado ocupa quase um quarto do território nacional e responde sozinho por mais de 5% de toda a biodiversidade do planeta.

         O desaparecimento desse delicado bioma trará impactos profundos em toda a Terra. Como dizia, com muita propriedade, o pensador austríaco Karl Kraus: “O progresso é o avanço inevitável da poeira”.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nem tudo o que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores do cerrado.”

Nicolas Behr

Nicolas Behr. Foto: correiobraziliense.com

 

Emboulos

Uma faixa na igreja universal afirmando apoio, postagem nas redes sociais e milhares de visualizações. O candidato pelo PSOL teve essa ideia para angariar mais eleitores. O caso foi parar no TSE, já que a instituição negou, veementemente, apoio a Boulos. Por muito menos, há candidatos que perderam a chance de concorrer às eleições deste ano. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos.

Imagem: universal.org

 

História de Brasília

Talha logo, perde. Mas crianças do “Gavião” não precisam tomar leite. Um frigorífico não é para ser usado no “Gavião”. E fica o bairro sem leite, depois das nove horas. (Publicada em 10.03.1962)

Na dúvida, vá para a casa

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Ari Cunha e JK. Foto: arquivo pessoal

 

          Como a primeira coluna diária da capital, desde Abril de 1960, este espaço, de diálogo aberto e franco com os pioneiros, vem lutando em defesa de Brasília. Desde logo, tínhamos em mente que o sucesso na consolidação da nova capital, um fato que contrariava muitos brasileiros, que não aceitavam a perda de hegemonia política e administrativa do Rio de Janeiro, significaria a sobrevivência deste espaço e do próprio Correio Braziliense. O fato de nascerem juntos, Brasília e a coluna Visto, Lido e Ouvido, ligou, de forma vital, este espaço no jornal aos destinos da nova capital.

         O sucesso ou o fracasso da capital selaria o destino do jornal. Não por outra razão e por se colocar, de forma intransigente, na defesa da nova capital e nos ideais que, naquele distante 1960, guiavam o espírito e as mãos do então presidente Juscelino Kubitschek, esta coluna sofreu dura oposição, e assim como o mandatário, naquela ocasião, aguentou firme, porque, no íntimo, vislumbrava que era o melhor para o país, para os brasileiros e, sobretudo, para os candangos que para aqui vieram, sem titubear, construir um novo modelo de cidade.

         O tempo mostrou que estávamos no caminho certo. Mais do que isso, o tempo e as transformações extraordinárias ocorridas nessas últimas décadas no mundo, no Brasil e em Brasília, particularmente, acabaram por apresentar novos desafios e novos problemas para a jovem capital.

         Ari Cunha, ciente de suas responsabilidades históricas e dos seus compromissos, mais uma vez, permaneceu ao lado de Brasília e dos brasilienses, apontando erros, mostrando soluções e buscando sempre trazer para o leitor a oportunidade de reflexão sobre esses momentos. Assim, quando da chamada emancipação política da capital, uma manobra urdida à toque de caixa e sem um debate aberto com a população local sobre suas consequências para a cidade, essa coluna se posicionou contra essa medida, porque não tinha dúvidas de que essa mudança, sob o manto falso da representatividade democrática, iria acarretar sérios transtornos para a capital e representaria uma mudança drástica de direção, contrariando o que havia planejado JK e todos aqueles diretamente envolvidos na construção da cidade.

          Não deu outra. A representação política trouxe, para a capital, todo um conjunto de problemas sofridos em outras cidades, a começar pela partilha administrativa da capital, entregue em mãos de pessoas que, na sua maioria, ou não eram pioneiros legítimos, ou não demonstravam amor ou carinho pela cidade. A transformação das terras públicas em moedas de trocas políticas, dentro da noção mesquinha: um voto, um lote, provocaria estragos irreversíveis para a capital.

         Áreas reservadas a futuras barragens, para abastecer a capital de água de boa qualidade e em abundancia foram transformadas em assentamentos. Também áreas de preservação ambiental viraram, da noite para o dia, áreas residenciais, tudo feito por incentivo de políticos, que agiam, inclusive, fornecendo material para as invasões. Escândalos se seguiram, mas os prejuízos já eram fato consumado.

         Esta coluna, a todo o momento, não se intimidou, denunciando essas mazelas e crimes contra os brasilienses e contra o futuro da capital. Ainda hoje esses problemas se repetem. Ainda hoje mantemos a linha de proteção à capital aberta por Ari Cunha. Denunciamos esses fatos, mesmo sob ameaças e outras intimidações. A violência, o congestionamento dos serviços públicos, a invasão silenciosa que vem sendo feita mesmo na área tombada, com a proliferação de barracos de lata, espalhados até pelos pontos de ônibus, mostram bem a face nefasta e as consequências danosas de uma representação política mal feita e muito bem remunerada, que custa bilhões aos contribuintes e sorvem recursos que poderiam, muito bem, ser destinados a áreas realmente prioritárias.

         A invasão de áreas nobres, como o Parque Nacional, ameaçado de ver diminuídas suas áreas naturais para a implantação de novos assentamentos, mostra que vamos nos aproximando do limite da razão e vamos ficando, a cada dia, mais parecidos com o restante das cidades do país, onde os problemas e as más ações políticas se multiplicam.

         Quando colocamos o dedo na ferida, logo surge um falso defensor desse tipo de democracia, que usa o bem público para alavancar candidaturas nocivas à capital. Agora mesmo, vemos o absurdo representado pela candidatura de pessoas financiadas, com altas somas de dinheiro, pelo crime organizado, que manda e desmanda nas áreas que controlam, dizendo quem pode ou não fazer campanha nesses locais.

         A aproximação das eleições, sobretudo aquela envolvendo a candidatura de políticos locais, deve ser muito observada pelos brasilienses. Ou a escolha errada, naquele político oportunista e sem valores éticos, significa uma ação a mais visando inviabilizar a vida na capital, para a população e para o próprio eleitor.

         A pandemia fez aumentar, ainda mais, a distância entre o cidadão e a Câmara Distrital, por isso mesmo é preciso muita atenção antes de entregar os destinos de sua cidade em mãos desconhecidas. O prejuízo pode retornar para você, em dose dupla e muito antes do que imagina. Todos nós já percebemos que estamos imersos em tempos muito estranhos, rodeados de problemas e sem soluções à vista. Desse modo, torna-se mais do que necessária a tomada de um compromisso íntimo: não votem em pessoas sem amor pela cidade e por sua gente. Na dúvida, vire as costas e vá para a casa.

 

A frase que foi pronunciada:

“Fazíamos música sentados no gramado das superquadras de Brasília, em casa, na faculdade. Era uma época criativa, mais ingênua, em que as pessoas se divertiam mais, brincavam mais.”

Katya Chamma

Katya Chamma. Foto: katyachamma.com

 

História de Brasília

Mas vamos ao avião que fica a três quilômetros da Praça dos Três Podêres. Ontem não ouve aula. O vento jogava chuva sôbre os alunos, porque a escola não tem janelas. As tábuas vão até certa altura, e por diante, o tempo é quem determina a assiduidade. (Publicada em 10.03.1962)