Retrovisor, espelho meu.

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Daniel Ortega. Foto: vermelho.org

 

          Não tomar as lições históricas como aprendizado tem seu preço. Por vezes, o preço dessa omissão é alto e passa a ser cobrado de todos indiscriminadamente. Um olhar atento pelo o que ocorre hoje em nosso continente pode fornecer algumas pistas e mesmo preciosas lições a serem aprendidas com urgência. Ou é isso, ou iremos repetir os mesmos erros e, sobretudo, adentrarmos por caminhos que certamente nos conduzirão ao mesmo vale desolado e desesperançoso em que muitos países da América Latina se encontram no momento.

         O que teriam em comum, países como Nicarágua, Cuba, Argentina, Venezuela e outros, que poderiam nos servir como aprendizado nesse momento em que o segundo turno das nossas eleições está prestes a acontecer? A resposta pode ser resumida com a lembrança de uma antiga propaganda de bebida. Essas nações podem estar vivenciando hoje, na pele e na alma, o que poderemos vir a ser amanhã. Enfeitiçados pelo canto das sereias vermelhas do oceano marxista, esses povos amargam agora as consequências da ditadura socialista, em que os prejuízos são socializados e os lucros apropriados pelos donos do poder e do partido, tudo em nome do povo, que nada vê.

         A Venezuela é a vitrine atual desse descalabro produzido por um modelo socialista em que população, ou aquela pequena parcela que permaneceu no país, foi reduzida à miséria e à fome, enquanto os membros do governo se enriqueceram com todo o tipo de manobra, inclusive com o narcotráfico. A decadência moral e econômica daquele país, outrora modelo para toda a América Latina, o fez refém de potências bélicas como a Rússia, que hoje ocupa e controla as suas Forças Armadas locais. Ouvir relatos dos milhões de fugitivos dessa hecatombe pode nos dar uma pequena ideia do inferno em que se transformou aquele país. Só que a realidade e a tragédia humana chegam a ser bem mais cruel do que os relatos feitos pelos deslocados. Nicarágua é outro exemplo desse tipo de ditadura socialista, que assolou o país.

         Depois de mais de 43 anos da chegada Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) naquele país e mais de vinte e seis anos no poder, Daniel Ortega é um tirano exemplar. Perseguiu e mandou prender e exilar o que restava de oposição e hoje governa com mão de ferro, ladeado por sua mulher. Nem mesmo a Igreja Católica, que, no passado, deu abrigo e refúgios aos sandinistas, tem escapado de sua tirania. Muitos bispos e padres estão presos e exilados. Organizações não-governamentais foram fechadas e mandadas para fora do país. O vazio de ética pública foi também ocupado por países aproveitadores como China, Rússia, Cuba, Venezuela e outros de igual pendor, controlando e fornecendo armas para essa ditadura.

          Governando desde 1984, Ortega é, para muitos, um exemplo de democrata e endeusado por aqueles que estão no poder naquele pequeno país. Obviamente que, para se manter no poder, Ortega tem recorrido a fraudes de todo o tipo, controlando o Judiciário e o Legislativo Nicaraguense. Não chega a ser coincidência que a Nicarágua e a Venezuela sejam hoje os países mais pobres do continente. O número de mortos e desaparecidos do regime aumenta a cada dia e, juntamente com os exilados, chega à casa dos milhares.

          Quem controla a temida Polícia Nacional é seu cunhado, que cuida de limpar a área de opositores. A militarização de todo o Estado alcançou, como na Venezuela, o poder absoluto. As mídias sociais e a imprensa estão sob severo controle do Estado. A censura é total. Não há nenhuma liberdade de opinião. Em comum com o Brasil, temos que a FSLN foi organizada ao mesmo tempo em que o PT em nosso país, contando para isso com a cobertura da Igreja Católica, que, na época, sofria grande pressão por parte de alas ligadas à Teologia da Libertação.

         Pensar em um Brasil parecido será como ter a certeza de que não aprendemos nada, não esquecemos nada também.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nosso passado nos oferece uma escolha… viver nele ou viver dele.”

Brittany Burgunder

Brittany Burgunder. Foto: Divulgação

 

Suspeitas

Havia uma esperança de que o senador Álvaro Dias trouxesse à tona tudo o que sabe sobre loterias. Mas isso nunca aconteceu.

Charge: Nani Humor

 

Ver de novo

No Blog do Ari Cunha, as imagens da TV Senado, da Comissão de Constituição e Justiça de 21/02/2017, dia da sabatina de Alexandre de Moraes, indicado ao cargo de Ministro do STF. Muito interessante.

 

Os sem notícia

Por falar em ver de novo, às vezes a profissão de jornalista é ingrata. Os anos se passam e as notícias vão e voltam como bolas enjoadas no chão de um barco. Fim do foro privilegiado, decretação da prisão em segunda instância, medidas eficazes de transparência, fiscalização na administração pública são assuntos que colocam só a cabeça fora da gaveta.

Charge do Jaguar

 

História de Brasília

O Serviço de Trânsito treinará, nestes próximos dias, a primeira turma MT (Monitores de Trânsito). Serão alunos, com capacete e talabarte como distintivos, que orientarão os pedestres e os automóveis às saídas das escolas. (Publicada em 11.03.1962)

Um quadro dantesco

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Mansão do ditador, José Eduardo dos Santos. Foto: club-k.net

 

         Brasília, idealizada para ser a moderna capital dos brasileiros, apresenta, aos que chegam de avião, a mesma e triste imagem da expansão das favelas sobre a cidade, repetindo o mesmo fenômeno presente em todas as metrópoles brasileiras e muitas pelo mundo. Com isso, é possível constatar que a totalidade das cidades de nosso país, vista do ar, pouco se diferem da imagem cruel que mostra a realidade em Angola, por exemplo. Vistos de cima, somos o que somos e nenhum índice oficial, por mais engenhoso que seja, é capaz de camuflar o que os olhos veem.

         Esse é um problema endêmico da pobreza no Brasil, suas causas e consequências, bem como as estratégias capazes de livrar nosso país dessa chaga social e econômica, quaisquer que sejam as fórmulas que venham a ser adotadas para tirar boa parte da nossa população dessa condição, terão que principiar, pelo rompimento do círculo fechado em que esse fenômeno se insere.

         Um país ou região é pobre porque há falta de capital, falta capital porque há baixa capacidade de poupança ou acumulação de riqueza, há baixa capacidade de poupança porque há baixa renda, há baixa renda porque há baixa produtividade e há baixa produtividade porque há falta de capital. Obviamente que, dentro desse círculo vicioso, há outros subfatores que induzem o fenômeno da pobreza, fazendo com que esse rompimento seja ainda mais complicado.

         Também endêmica pela corrupção, a falta de investimento em educação e a concentração acentuada de renda em mãos de poucos brasileiros é o que fazem de nosso país um dos campeões mundiais da desigualdade.

         Uma imagem acessível na Internet, de forma didática e bem resumida, mostra o que é a pobreza, a corrupção e a concentração absurda de renda em um só enquadramento. As lentes apontam para uma tomada aérea da super mansão do ditador José Eduardo dos Santos, falecido em julho deste ano. Era o segundo homem mais rico de Angola, esteve no poder por 40 anos. Além da mansão, ocupando vasta área verde com diversas instalações, uma infinidade de barracos e outras construções, formando um conjunto extenso de favelas precaríssimas que cercam os quatro lados dessa nababesca construção.

         Também em nosso país, a concentração acentuada de renda entra no cálculo da pobreza, piorando de forma desumana esses índices. Quem chega de avião, à maioria das grandes capitais brasileiras, também pode ter essa visão do imenso desnível social e econômico experimentado por nossa gente.

         O Rio de Janeiro, que por muitos anos foi a capital do país e a mais rica de todas as unidades da federação, apresenta, ao visitante que chega pelo ar, um panorama claro de uma cidade que vai, aos poucos, sendo engolida pela expansão das favelas, pelo aumento da desigualdade, pela concentração de renda.

A frase que foi pronunciada:

“Juntamo-nos aos Cidadãos Globais na continuidade de nossa administração para garantir um mundo e um futuro melhores para todos. Os últimos dois anos mostraram o impacto devastador para a humanidade quando escolhemos objetivos individuais em detrimento do bem global. Juntos, temos que tomar ações concretas que criar um futuro melhor para o nosso planeta e seu povo agora.”

Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul

Cyril Ramaphosa. Foto: Mike Hutchings/Reuters

 

Pegada de carbono

Quem for fazer o teste de PCR, no novo laboratório de diagnósticos do Instituto Butantan, vai entrar num local totalmente sustentável. 222 toneladas de materiais marítimos reciclados se transformaram em dois andares na nova instalação do instituto.

Foto: Divulgação

 

Nova moda

No Brasil, quem comenta o assunto é Célia Fernandes, especialista em design, moda e tecnologia do SENAC, em São Paulo. O MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, mostra a nova criação do pesquisador Steve Mann. Roupas inteligentes. Tecidos que conduzem eletricidade. Para o futuro, a conexão na internet pode vir na roupa.

Steve Mann, um pioneiro em tecnologia de computação vestível. Foto: cbc.ca

 

Pela boca

Como falta proteção ao consumidor brasileiro com proibição de produtos alimentícios que em nada alimentam o corpo, a única proteção possível é ficar de olho nas embalagens. Quantidade de sal, açúcar, gordura saturada, ou se o produto é transgênico pode ser o começo. O fato é que, em outros países, foram proibidos: achocolatado nas escolas, batata frita industrializada, ketchup, margarina, entre outros.

Versão em português da charge da Natural Health News & Self-Reliance

 

História de Brasília

Enquanto isto, a superquadra 108 está com dois “túmulos”: o posto de serviços públicos, e a creche Ana Paula, inaugurada há quase um ano, e fechada. (Publicada em 11.03.1962)

Assédio eleitoral é…

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Charge do Zé Dassilva

Tivessem os atuais candidatos à presidência apresentado consistentes programas de governo, contendo propostas realistas para os próximos quatro anos, e não projetos de poder, como o que vimos, nada dessa confusão raivosa teria palco ou plateia.

Esqueceram, nesta campanha, de falar do Brasil. Talvez, não tenha havido tempo para tanto ou, quem sabe, o país não possua problemas. O fato é que estamos no escuro e num vazio de programas. A radiografia real do país, mostrando suas entranhas, que deveria ser uma obrigação de cada candidato, também não nos foi apresentada.

Não aquela radiografia construída com dados inventados, subdimensionados ou inflados. O grupo de campanha que assessora cada candidato deveria preparar um dossiê completo do país, mostrando as áreas onde a intervenção aos problemas deve ser imediata. Onde estão os números reais e onde as soluções pontuais? Nada sabemos. Onde estariam e quanto custariam também o desenvolvimento deste e aquele projeto? Silêncio.

Nessa altura da discurseira, soube-se quem é o mais ligeiro em sacar ofensas. Já se sabe também quem é que mente mais. O passado no Brasil torna-se sempre um projeto de futuro. Nestas eleições, regressamos ao passado, não de nossa história factual, mas ao pretérito de um Brasil de chanchada, com personagens caricatos sobre o palanque, só faltam dançar e cantar. Voltamos tão para trás que o chamado “cabrestismo” ou o voto de cabresto foi repaginado, transformando-se no que o emplumado Superior Tribunal Eleitoral denomina agora de assédio eleitoral. Com isso, volta também, na sua versão aditivada, o novo “coroné” ou coronel, na figura do candidato que, por suas habilidades na prestidigitação da realidade, mostra-se o plenipotenciário de toda a região Nordeste.

Aos eleitores, pela falta de programas, restam a escolha feita a partir da imagem que ele passa ao público, principalmente por sua capacidade e imaginação em fazer promessas. Nesse ponto, não adianta apenas fazer promessas sem imaginação, é preciso que as promessas sejam precedidas de uma estória comovente e fantasiosa. É nesse exato momento, de volta ao passado, que as campanhas resgatam também a áurea santa dos beatos, com os candidatos, agora achegados às igrejas, passando uma imagem de santos, cuja única missão é a salvação das almas pelas urnas.

Fossem quaisquer dos candidatos, encostados contra a parede, ao vivo e a cores, por pesquisadores e estudiosos do Brasil, sobre seu real conhecimento deles a respeito do país que buscam governar, de certo que desmanchariam, transformando-se em areia diante de todos.

É essa iconoclastia, ou o pulverizar dessas imagens falsas, que as campanhas necessitam para que o país se sobressaia muito além desse ou daquele candidato. O que não pode é a nação ficar em segundo plano, assistindo passiva o desfilar desses candidatos ao paraíso.

O assédio eleitoral é essa volta compulsória ao passado, obrigando a população a assistir esses debates de coronéis, que se acreditam beatos, ouvir propaganda eleitoral gratuita e de baixa qualidade e, além disso, ser obrigado a engolir o cipoal de censuras impostas pelo Mao TSE Tung à população. Assédio eleitoral é o que o Estado nos obriga a aturar durante meses de campanha. Como se não tivéssemos coisa mais importante a fazer.

 

A frase que foi pronunciada:

“Durante uma campanha política todos se preocupam com o que um candidato fará em relação a esta ou aquela questão se for eleito, exceto o candidato; ele está muito ocupado imaginando o que fará se não for eleito.”

Everett Dirksen

Everett McKinley Dirksen. Foto: dirksencenter.org

 

Mas moço!

Pelo interior, prefeitos e vereadores candidatos oferecem de tudo para a população, que aceita de bom grado e vota no concorrente.

 

Azul conecta

Uma opção interessante oferecida pela Azul. Aeronaves da frota Cessna Grand Caravan, com 9 lugares, vão todo sábado de Mossoró para Fortaleza e, no domingo, de Fortaleza para Mossoró. A segunda maior cidade do Rio Grande do Norte está em pleno crescimento turístico. As salinas e o parque arqueológico em Apodi estão fazendo sucesso.

Lajedo de Soledade, Parque Arqueológico em Apodi. Foto: eaiferias.com

 

Domingo

Longas filas nas eleições se deram por dois motivos. Pessoas que tinham a cola na cabeça e não levaram os nomes e ordem dos candidatos por escrito ocuparam as urnas por mais tempo do que imaginavam. O teclado digital também foi vilão no domingo de eleição. Não permite a mesma destreza que o teclado físico oferece. A orientação para o pessoal da fila é a tarefa mais importante do processo.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

História de Brasília

As irmãs de S. Vicente de Paulo (Taguatinga) vão inaugurar, em Brasília, no mês de abril, a primeira creche para crianças, na Península Sul. (Publicada em 11.03.1962)

Sucupira é aqui

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

           Estivesse vivo hoje, por certo, o dramaturgo Dias Gomes (1922-1999) ficaria espantado com a verossimilhança entre sua peça “Odorico, O Bem-Amado”, de 1960, e o que ocorre atualmente na cena política do país neste ano do nosso Senhor de 2022. É a realidade imitando a ficção e elevando a imaginação aos píncaros da criatividade. De fato, o Brasil é hoje uma imensa Sucupira, local fictício onde se desenrola a trama. Na verdade, desde sempre, o Brasil, pelas próprios personagens e lideranças políticas caricatas, é um país onde a realidade e ficção sempre andaram de mãos dadas. Tanto que é difícil saber, ao certo, onde começa uma e termina outra.
           Certo também é que, no atual contexto político, fica fácil saber a quem melhor encarnaria o personagem de Odorico Paraguaçu, por seu histrionismo e por suas falas amalucadas, cheias de nonsense. Na ficção, Odorico é o prefeito de Sucupira, retratado como um político corrupto, demagogo e que ilude a inocente população local com seus discursos verborrágicos, repletos de neologismos e de ameaças mirabolantes. Odorico é um ufanista, defensor do nepotismo e, na peça, acredita, com segurança, que irá resolver todos os problemas locais de sua administração, como os problemas centrais do planeta, através de medidas como a exportação do azeite de Dendê. “Vamos temperar o Brasil com azeite de Dendê e, prafrentemente, vamos temperar o mundo e o mundo vai se curvar ante o Brasil, ao provar do nosso Acarajé, do Vatapá e do nosso Caruru. Vamos acarajeizar a América, vamos vatapazar a Europa. Para esse meu coração verde amarelecido, que nada de braçada no mar das ufanias, mormentemente considerando que isso representa mais divisas para nosso país, o equilibrismo de nossa balança de pagamentos e quiçá, a salvação da nossa mui amada e afazmente individada pátria.”
           Vivêssemos na terra do nunca, onde até a maldade é de mentirinha, esse seria um discurso apenas hilário. Mas a realidade não tem graça alguma e torna-se até ameaçadora, quando vemos esse tipo de político, milagrosamente ainda aceito pela população iletrada, brandir suas promessas agourentas, cheias de maus presságios.
          Com relação ao petróleo, nada mais atual do que o discurso de Odorico: “Para o problema do petróleo, eu já criei a Petropira, que é para explorar o petróleo de Sucupira, emboramente esses retaguardistas, esses retogradistas, corugistas, digam que não existe petróleo em Sucupira. Mas nós vamos assinar um contrato de risco com a Petrobras, desses em que o risco é todo dela e o petróleo é todo nosso.” Nada mais semelhante ao que escutamos hoje.
          Quando perguntado sobre a posição política desse gênio da raça, filho legítimo do cabrestismo ou voto de cabresto, a resposta é de uma atualidade ímpar: “eu sou partidário da democradura e que bota os pés no hoje com os olhos no depois de amanhã.” Qualquer semelhança é pura coincidência!
          Para que tão nobre e impoluto personagem prossiga sem atropelos em sua caminhada, agora na vida real, levando à frente toda essa farsa sociopolítico-patológica, como definia o próprio Dias Gomes, é que o Tribunal Superior Eleitoral, na figura de seu comandante, mandou censurar, severamente, todas as críticas que porventura venham a ser feitas a esse político de passado ruinoso. É a justiça tentando reescrever a realidade, dando cores fantasiosas aos fatos, numa autêntica medida “marronzista” e “badernenta”. É a história entrando para os anais e menstruais desse país surreal.
A frase que foi pronunciada:
“Vai ter uma confabulância político-sigilista sobre as nossas candidaturas”
Odorico Paraguaçu
Odorico Paraguaçu. Foto: Acervo TV Globo
Contra a lei
Ligações não reconhecidas, cobrança de portabilidade indevida, cobrança de serviço cancelado, propaganda enganosa, telefones fixos sem funcionamento. A população, que teria uma agência nacional para protege-la, está completamente abandonada. A OI, por exemplo, que traz na conta a informação que está em recuperação judicial, não disponibiliza um número que funcione para receber as ligações dos clientes que reclamam sobre os telefones fixos, que não funcionam mais. Basta dar uma volta pelo Reclame aqui. Não há interesse nem em responder os registros no site.
Imagem: SOPA Images/Getty Images
Contra o edital
Uma lástima alguns concursos oferecidos pelo GDF. É preciso considerar o Edital durante a contratação. As vagas disponíveis não são preenchidas pelos cargos oferecidos. O resultado é que o proponente assume o trabalho e, por ter um novo emprego, não reclama. Na realidade, a insatisfação pessoal é nítida quando se empenha dois anos de estudos para não ser o que estudou para ser.
Foto: Divulgação/Sejus
Contra o orçamento
Pelo menos os milhões tirados dos contribuintes e usados para a construção do Buritinga serviram para nortear alguns endereços: “próximo ao Buritinga, retornando o Buritinga.” No mais, está inservível e abandonado.
Centro Administrativo do governo do Distrito Federal, em Taguatinga — Foto: Isabella Calzolari/G1
História de Brasília
Quando surgirem os primeiros casos de polio em Brasília, aí então o ministro Souto Maior sairá em campo, correndo, para trazer vacinas Sabin para o Distrito Federal. Criminoso abandono. (Publicada em 11.03.1962)

Semipresidencialismo ou semidemocracia

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Charge do Laerte

 

Sem as reformas políticas necessárias e sérias, permaneceremos numa dança doida e desengonçada, girando sobre os pés, sem sair do lugar, até cairmos de tontura por terra. Perseguir nesses improvisos, buscando a cada momento adotar modelos mirabolantes de governabilidade estáveis, sem sequer seguir o que já prevê a Constituição nesse quesito, é, ou pura insensatez, ou existem motivos desconhecidos da população, mas que iriam de encontro a desejos inconfessáveis por parte da classe política.

A quem serve o semipresidencialismo? Eis aqui uma questão a ser respondida com clareza. Sistema de governo com esse mecanismo, e que não é nem parlamentarismo nem presidencialismo, parece daquelas medidas que, à primeira vista, agrada tanto ao Executivo como ao Legislativo, na longa queda de braço que travam dentro do ringue do presidencialismo de coalizão.

Se assim for, o que se tem com o advento desse sistema é uma primeira vitória parcial do parlamento. Depois de vencer com a aprovação dos bilionários fundos eleitorais e partidários, que são reajustados à revelia da nação e depois dos avanços que vão obtendo sobre o orçamento da União, que passaram a controlar por meio das emendas de despesa, tanto dos orçamentos individuais, como de bancada e o orçamento de relator, também denominada emendas secretas, o Legislativo vê agora a perspectiva de conquistar também parte do poder que caberia exclusivamente ao Executivo.

Outra questão a ser respondida nesse ponto é a que preço esses avanços vêm sendo feitos? Mesmo a realização de um plebiscito, como propõe agora o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), aprovado nessa terça-feira, não resolve e nem confere a nitidez que se exige de uma mudança desse nível.

As constantes ameaças de fazer ressurgir a cabeça do iceberg do impeachment contra o chefe do Executivo são sempre um trunfo a ser levado em consideração e a favor do Congresso. Estamos aqui diante da clássica e pouco recatada alternativa ameaçadora: “ou dá o que se quer, ou desce as escadas para o inferno.” Dizer que o semipresidencialismo irá resolver as crises institucionais cíclicas, é uma falácia. Poderá até intensificá-las, com a queda incerta do gabinete por moções contrárias. Tão pouco resolve o caso de governabilidade, num Poder repleto de legendas partidárias, todas elas controladas com mão de ferro por seus presidentes, por motivos óbvios.

Também a questão da baixa credibilidade junto a população de que goza, faz do Congresso um Poder que precisa de muitos aperfeiçoamentos nesse quesito. Não bastassem os óbices a serem vencidos antes dessa mudança de sistema, de nada parecem servir a consulta popular por meio do plebiscito para decidir sobre essas importantes mudanças, uma vez que parte da população, conforme já foi comprovado, não deposita muita confiança nas urnas eletrônicas e nem naqueles que a controlam.

Há ainda muito chão a ser vencido antes da implantação do semipresidencialismo. Caso essa mudança venha a ser feita, como muitos querem, a toque de caixa e para atender motivos alheios à democracia, o que teremos é a instalação permanente do banzé nessa República, que já começou de modo torto, com um golpe.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando você tem algo a dizer, o silêncio é uma mentira.”   

Jordan B. Peterson

Imagem: YouTube, Holding Space Films, captura de tela do trailer oficial de ‘The Rise of Jordan Peterson

 

Agende

Lingu@gente, novo livro de Gustavo Dourado, já tem data marcada para o lançamento: dia 22 de outubro, das 17h às 21h, no estande da Academia Taguatinguense de Letras (ATL), na 5ª Bienal Internacional do Livro de Brasília, a ser realizada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, de 21 a 30 de outubro.

Gustavo Dourado. Foto: divulgação

 

Carecas

Está na hora de fazer um estudo sobre a carga de cloro na água distribuída pela Caesb. Dermatologistas registram o aumento de casos de calvície e o cloro pode ser o vilão.

Foto: brasiliaagora.com

 

Reatividade

Artur Lira, da Câmara, quer pressa, Rodrigo Pacheco, nem tanto. O caso é que os institutos de pesquisa falharam em 2018 e só agora a ficha caiu. Será?

Imagem: cnnbrasil.com

 

História de Brasília

Pois bem: um grupo de médicos bem intencionado está enfrentando dificuldades para construir o primeiro hospital particular de Brasília, e uma das dificuldades é pagar pontualmente as prestações do terreno. Até hoje o mesmo Conselho não se dignou apreciar o pedido de doação. (Publicada em 11.03.1962)

Chibata já

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Charge do Quinho

Ninguém pode ignorar que, ao longo desses dois mil anos da história do Cristianismo, Fé e Política permaneceram praticamente irmanadas. Cristãos, fiéis aos ensinamentos contidos nos livros sagrados da Bíblia e, principalmente, atentos ao que dizia o próprio Cristo, sempre foram exortados a participarem das atividades sociais, interferindo não só nas organizações populares, como amparando os mais necessitados da comunidade, de acordo com os preceitos da caridade e do amor ao próximo.

De certo que, ao longo dessa extensa estrada de tempo, muitos conflitos surgiram de parte a parte, gerando consequências que conhecemos bem. Muitos líderes da Igreja, à semelhança do próprio Cristo, estiveram empenhados nas lutas contra as injustiças e contra a exploração dos mais poderosos. Muitos, por essa ousadia, pagaram com a própria vida. Outros viraram mártires por pregações contra o sistema, tanto no passado como na atualidade.

A Política, com “P” maiúsculo, aliada à verdadeira Fé, tem produzido seus bons frutos e esse fato é reconhecido como de grande importância para o pleno desenvolvimento humano. O reino de Deus na Terra é feito de Fé e de Ação Política. A salvação pelas obras, quando o cristão entrega sua força e vida em prol dos necessitados, é um exemplo de Ação Política movida pela Fé, é a chamada Fé na Política.

O atual Papa Francisco, chefe da igreja, reconhece e incentiva essas ações concretas em favor dos irmãos. Noutras igrejas, de credo cristão, os ensinamentos vão na mesma direção. Ninguém deve ficar alheio ao que ocorre em volta. Esse é o ensinamento maior. Mas tudo isso fica no terreno das boas ideias, quando a mistura entre Fé e Política passa a ser feita em proveito apenas das ideologias político-partidárias, servindo a grupos que usam a Fé para propósitos nada cristãos.

É quando a Fé passa a se constituir numa espécie de Política da Fé, com a utilização dos cristãos como massa de manobra. É quando também a Política rompe e destrói as pontes entre o Céu e a Terra. No Brasil, mesmo com raras exceções, a aliança entre a Fé dos cristãos e a política partidária tem sido feita em favor de políticos aproveitadores e oportunistas. Isso não quer dizer que também não existam falsos clérigos, que insistem em misturar as homilias com pregações de cunho político, na tentativa de levar seu rebanho de fiéis para os currais eleitorais que defendem.

A utilização e o assédio das diversas igrejas cristãs feitas pelos candidatos durante a campanha eleitoral deste ano, de tão descarada e despropositada, passou a ser reconhecida pela maioria dos fiéis como caricatas e sem crédito.

Os candidatos a tudo, surgem do nada, invadem as igrejas com seus séquitos, acompanham todo o ritual com mimetismos cômicos, fazem caras e bocas de devotos, olham de esguelha para os lados em busca de aprovações, lançam suas redes e saem dali como entraram: vazios de Fé e cheios de confiança de haver pescado mais alguns incautos.

A política, com “p” minúsculo, e a fé,com “f” de falsidade, dão-se bem por que almejam apenas vantagens materiais imediatas. Falsos pastores se aliam a políticos aldrabões, afinal, estão todos irmanados no propósito de rebaixar a Fé e a Política, fazendo-as ferramentas para seus desígnios.

Muitas igrejas, contudo, têm sido arrastadas por esse vendaval, transformando púlpitos em palanques e homens de batina e terno em vendedores de ilusões. Há, nessa polarização política, pouca razão e muita ambição. Aqueles que antes diziam que, pelas eleições, fariam pacto até com o diabo, hoje fazem cara de beatos. Terminadas as eleições, nos próximos quatro anos, os candidatos, que hoje desfilam nos templos de todo o país, irão sumir das igrejas como fumaça, mas deixarão atrás de si aquele cheiro desagradável de enxofre no ar.

Quanta falta daqueles dias em que o próprio Cristo usava da chibata para expulsar os vendilhões do templo.

 

A frase que foi pronunciada:

“O meu reino não é deste mundo.”

Jesus Cristo

Foto: reprodução do filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson

 

Intolerância

Merece um registro a postagem da aluna de 20 anos, Julia de Castro, estudante de História na UniRio, sobre a falta de democracia nas instituições de curso superior. Julia resume a situação que passa, semelhante a inúmeros alunos em várias universidades que não são um universo de ideias como deveriam ser. O vídeo está postado no Blog do Ari Cunha.

 

Impacto

Duas mulheres, uma em Samambaia e outra no Itapuã, caíram da maca de depilação. Uma delas teve um impacto no pescoço e não estava sentindo os membros. A ocorrência chamou a atenção pela coincidência, por terem sido no mesmo dia.

 

História de Brasília

O Conselho da Novacap na última reunião autorizou a doação de terrenos ao Minas Brasília Tênis Clube, Fluminense Football Club, Associação de Cultura Franco-Brasileira, Associação Recreativa e Cultura dos Trabalhadores de Brasília, Clube de Regatas Guará, Congregação das Filhas do Amor Divino, Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil e Grande Oriente do Brasil. (Publicada em 11.03.1962)

Pensar dá trabalho

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Foto: istoedinheiro.com

 

          Um bom presidente da República pode até não ser um presidente bom em si, mas o será à medida em que sua equipe e todo seu staff seja, de fato, competente. Dessa forma, a qualidade de um governo pode ser medida pela qualidade do seu entorno.

         O Brasil já teve presidentes medíocres, mas que se salvaram pela competência de seus ministros e de toda sua equipe. Mas esses são pontos fora da curva. A maioria, por sua fragilidade intelectual, não apenas forma equipes medíocres, como atua de maneira voluntária em todas as áreas, provocando desastres de todo o tipo.

         Entre os anos de 2011 a 2016, o Brasil experienciou esse desastre na própria pele, que acabaria num processo ruidoso de impeachment da mandatária. De um modo simples, vale dizer que a salvação de um governo pode ser creditada à maneira como ele pensa e reflete sobre os problemas nacionais.

         A questão aqui é que pensar dá muito trabalho e exige exercício e esforço mental de sacudir e acordar os neurônios dentro da cabeça. Poucos estão dispostos a esse trabalho. Com isso exposto, fica patente que boa parte de nossas mazelas advém do pouco exercício de pensar o Brasil, deixando as medidas necessárias serem guiadas pelo acaso, numa improvisação contínua e sem responsabilidades, todas elas abrigadas no baú do populismo.

         Tirar a camisa do populismo e vestir a camisa do patriotismo exige coragem e desapego pessoal. Governo sério é, em suma, aquele que consegue manter as contas públicas arrumadas, num esforço diário para devolver os impostos, pagos pelos contribuintes, na forma de serviços de qualidade. Cumprida essa etapa, segue a missão de investir essa poupança interna em infraestrutura, pensando sempre nas futuras gerações.

          No Brasil tem sido particularmente difícil a conciliação entre política e economia, uma vez que os interesses voláteis e subjetivos da primeira chocam-se com a segunda, que é feita de razão e números que não permitem desaforos e afrontas. Não espanta, pois, que um governo que não apresente, previamente, uma política econômica séria, transparente e exequível, será sempre aquele que irá conduzir a nação para o abismo.

          Aqui também é sentida a falta de pensadores sérios como o ex-ministro Mário Henrique Simonsen (1935-1997). Por sua biografia e currículo, fica evidente que esse era realmente um pensador criterioso dos problemas nacionais. Aqui, nesse ponto, abre-se um parêntese importante, quase como um alerta. Ministros da economia, que por sua formação acadêmica e intelectual não se definam como liberais autênticos, não deveriam se ocupar de questões relativas à economia. Por um motivo até prosaico: economia, como ciência humana, é uma disciplina eminentemente liberal que rejeita o intervencionismo estatal e prega a emancipação do indivíduo em relação às ciladas e aos dogmas externos.

         Não é preciso nem lembrar aqui que foi, exatamente, um conjunto de economistas liberais que salvou o Brasil da hiperinflação e do esfarelamento do antigo Cruzeiro. Pessoas como André Lara Resende, Edmar Bacha, Pérsio Arida, Pedro Malan, criaram e colocaram em prática o Programa do Real, uma verdadeira revolução econômica e liberal que, aos trancos e barrancos, sobrevive muito bem até hoje.

         Puderam realizar esse feito extraordinário porque se deram ao trabalho de pensar e formular ideias, todas embasadas nas ciências econômicas. Por sorte, temos ainda um ministro da economia liberal na figura de Paulo Guedes. Não fosse por seu trabalho à frente da pasta, as consequências da pandemia global, da guerra na Ucrânia e de outras adversidades mundiais teriam levado o Brasil para o fundo do poço.

        Também graças ao gênio econômico do ex-ministro Simonsen, o Brasil conseguiu atravessar um dos momentos mais difíceis de sua história, em que a inflação, pelos estragos que causava em toda a cadeia produtiva e de consumo, já era vista, tranquilamente, como um problema endêmico sem solução possível. Foi de Simonsen, a ideia da criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1965, uma ousadia que iria permitir, pela primeira vez, o acesso à casa própria pelos brasileiros de renda baixa e média. O Chamado “Milagre Brasileiro”, entre os anos de 1968 a 1973, em que a economia nacional chegou a crescer até 14% ao ano, tido como o maior desenvolvimento do mundo Ocidental, tem também o dedo de Simonsen.

         Nesses seis anos, o PIB do Brasil havia crescido mais de 88%, um feito extraordinário, todo ele impulsionado pelas ideias do liberalismo econômico. Hoje, quando se ouve, ao longe, gente discutindo a volta do estatismo e de projetos como a quarentena fiscal e o fim da responsabilidade com o teto de gastos do governo, todas elas anunciadas com orgulho pelo candidato das esquerdas, é que podemos ver quanto tempo perdemos apenas pelo fato de já não exercitarmos mais a faculdade de pensar o país.

 

A frase que foi pronunciada:

“O déficit público não é de caráter orçamentário. O déficit público simplesmente não tem caráter.”

Mário Henrique Simonsen

Charge: K. Raia

 

História de Brasília

O BNDE dá-se ao luxo de manter diversas casas fechadas, apodrecendo, em Brasília. (Publicada em 11.03.1962)

Pensar o Brasil

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Imagem: amazon.com

         Ante a perspectiva de o Brasil vir, uma vez mais, a tomar os rumos da estrada sinistra em obediência ao que estariam indicando as “infalíveis” urnas eletrônicas, nada mais útil do que, num gesto de consolo derradeiro, trazer à tona, aqui, não um alerta sobre os muitos malefícios dessa opção, já testada entre nós e em outras partes do mundo, e com os resultados que já conhecemos, mas a lembrança de que o Brasil, como um mau aluno, definitivamente, não quer aprender.

         Mesmo sendo objeto de profunda e criteriosa análise, em que seus males seculares foram devidamente esclarecidos e apontados um a um, ainda assim persiste, em nosso país, a tentação teimosa e inútil de reinventar uma espécie de roda que não gira. Com isso, seguimos parados ou em marcha ré contínua.

          Tivesse o país dado ouvidos ao que pregavam, há mais de meio século, personagens ilustres e dotadas de raciocínio ímpar e brilhante, por certo, as crises institucionais e econômicas cíclicas, que experienciamos nessas últimas décadas, não teriam existido. A insistência com que o Brasil fecha os ouvidos às admoestações clarividentes tem seu preço, na forma da continuidade de governos pouco ou nada afeitos a pensar.

         A frase que dizia: “é preciso pensar o Brasil” foi deixada de lado, por falta de pensadores. Faz falta, ao país, gente como Roberto Campos (1917-2001), cuja missão de vida foi justamente esta: estudar e esmiuçar o país, em busca de alternativas que o libertasse das mazelas e do labirinto do subdesenvolvimento crônico.

         Campos foi além de pensador, arguto. É dele a iniciativa de criação do Banco Central em 1965, quando era ministro do Planejamento, para agir nos ciclos inflacionários e deflacionários e que, em sua visão, deveria ser independente em relação aos governos de plantão, voltado exclusivamente para proteção da moeda, alheio às agitações políticas.

         O problema de ser demasiadamente sofisticado e avançado num país, muitas vezes governado por semianalfabetos, é que esse desnível intelectual acaba ou em invejas e perseguições, ou em banimento, puro e simples.

         Já nos anos sessenta, Roberto Campos tinha uma visão muito clara do que o Brasil necessitava para sair do impasse. Primeiro, mobilizar a poupança interna voltada para o investimento; seguido de uma redução na ineficiência desses investimentos; na sequência, reduzir a instabilidade das receitas de exportação. Por fim, treinar os brasileiros para o advento da civilização tecnológica e para a missão de liderar esses avanços e, obviamente, melhorar a qualidade do governo. É nesse último ponto que andamos às voltas, sendo obrigados, inclusive, a assistir a uma queda acentuada na qualidade de nossas lideranças. Nesse último quesito, andamos para trás, tanto que falar em qualidade soa demasiado despropositado.

         Lembrando aqui que Roberto Campos, chamado raivosamente pela esquerda de “Bob Fields”, foi deputado federal, senador, ministro, embaixador nos Estados Unidos e no Reino Unido, tendo participado da Constituição de 1988.

         Para um país de moucos, Campos pregava, no deserto, o livre mercado, o estabelecimento de um governo com contas ajustadas, onde haveria corte nos gastos improdutivos para permitir o aumento nos investimentos sociais, principalmente em educação, saúde e segurança. Insistia ele que o país reduzisse as barreiras comerciais, para expandir o mercado interno, além de estabelecer regras mais claras, simples e estáveis para regular o setor privado. Tudo o que ainda hoje tentamos fazer a conta gotas.

         Para os que hoje sonham com a volta da estatização da economia, com o governo controlando tudo, Campos advertia: “Há quatro características essenciais ao capitalismo: reconhecimento da propriedade privada, sinalização mediante o sistema de preços, livre acesso ao mercado pelos agentes econômicos e regras estáveis do jogo num Estado de direito”. Roberto Campos já alertava, sessenta anos atrás, que a causa da inflação era o gasto descontrolado do governo e a insistência com que tentava contornar esse problema através da emissão de moeda e de papeis ou letras do Tesouro.

          É preciso ressaltar aqui a íntima relação entre economia e política no Estado. Com isso, fica demonstrado que políticos medíocres induzem a economia, inevitavelmente, para a mediocridade, preferindo ser populistas a serem patriotas.

         No livro que Campos lançou, “A lanterna na Popa”, de 1994, em que perpassa cinquenta anos do Brasil ao longo do século XX, um calhamaço de 1460 páginas, e que logo se tornou um best seller clássico, Campos lembrava da frase de Coleridge: “A luz que a experiência nos dá é de uma lanterna na popa, que ilumina apenas as ondas que deixamos para trás”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A mágica agora é o denuncismo do ‘pega corrupto’. Esquecemos as razões profundas da corrupção, a falência múltipla do Estado, obsoleto, corporativo, ocupado por interesses espúrios, cuja ineficiência tem por maiores vítimas, os pobres e indefesos.”

Dr. Roberto Campos

Roberto Campos. Foto: Bia Parreiras/EXAME

 

História de Brasília

Mais uma do “Gavião”: falta água quase todos os dias. Os reservatórios construídos não foram inaugurados. Ou melhor, foram, e não aprovaram, por causa da infiltração. As especificações da construção estavam erradas. (Publicada em 11.03.1962)

Plebiscito e Referendo

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Charge: jornalggn.com.br

 

Perdeu-se mais uma excelente oportunidade, nestas últimas eleições, de submeter o cidadão e eleitor a um amplo questionamento, que, muito mais importante do que indicar representantes políticos, forçasse o Estado, ou, mais precisamente, o establishment a empreender uma profunda e séria reforma política administrativa, capaz de pôr um fim às crises institucionais cíclicas. Perguntas simples, mas fundamentais para o ordenamento e modernização do Estado, como por exemplo: ­Você é a favor do orçamento secreto livre de fiscalização, conforme elaborado pelo Congresso?

Você concorda que o Congresso tenha o controle de mais de 40% do Orçamento da União e use dessa prerrogativa de modo político e não técnico? Você apoia a ideia de implantação do sistema do semipresidencialismo, como propõe o Congresso? Você é a favor dos Fundos eleitoral e partidário? Você está de acordo com iniciativas do Poder Judiciário em outros Poderes da República? Na falta do comprovante impresso, você acredita que as urnas eletrônicas sejam completamente seguras? Você está de acordo com o chamado foro privilegiado? Você é a favor da prisão em segunda instância? Você está de acordo com o sistema de indicação política dos ministros do Supremo pelo presidente da República? Você aprova a existência de cargos vitalícios dentro da máquina do Estado? Você está de acordo com a atual redação da Lei da Ficha Limpa? Você está de acordo com a atual redação da Lei de Improbidade Administrativa? Você é favorável a que os presidentes da República decretem sigilo legal sobre suas ações? Você concorda com a atual carga tributária? Você acredita que o Estado devolve os impostos que arrecada em forma de serviços públicos de qualidade? Você é a favor do sistema da reeleição? Para você, a corrupção política é um delito menor ou um crime hediondo?

Por certo que, tomado ao pé da letra, as respostas da população a essa consulta mostrariam o imenso fosso a separar a sociedade necessitada de atendimentos básicos e um Estado perdulário e rico, que muitas vezes usa desses imensos recursos em proveito próprio, alimentando uma situação que já perdura por séculos.

Muito mais proveitoso do que a eleição desses e de outros grupos políticos, todos igualmente irmanados em dar prosseguimento a esses antigos privilégios, é a realização de uma reforma, quase revolucionária, que ponha fim ao conhecido status quo estamental.

As eleições, conforme desenhadas, não resolvem os problemas nacionais, apenas os entregam a outras mãos, que irão dar prosseguimento aos mesmos mecanismos injustos, sob outro verniz. A questão aqui fica evidente e óbvia, embora se saiba que somente os gênios possuem olhos para enxergar o óbvio. Não é a simples mudança de pessoas. É a mudança do sistema e de todo o mecanismo do Estado, obrigando-o a trabalhar e servir a nação.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quem decide praticar o mal, encontra sempre um pretexto.”

Públio Siro

Imagem: reprodução da internet

 

Perigo

Ainda sem pinturas, as faixas de pedestres. Faltam poucos dias para as chuvas voltarem de vez!

Foto: samambaiaempauta.com

 

Freio já

Invasões de terras vão começando sub-repticiamente. No Setor de Mansões do Lago Norte, na pista oposta, que é área verde, perto do balão que leva ao Paranoá, já fizeram os furos para colocação da cerca. Na DF 250, no balão de Rajadinha, à direita, a invasão toma proporções alarmantes. Ceilândia, Samambaia e Planaltina também enfrentam a ilegalidade. Agora é ficar de olho na Neoenergia e Caesb. Esse é o parâmetro para atestar o aval do governo. Já há jurisprudência sobre o assunto.

Foto: chicosantanna.wordpress.com

 

Único

Com um mote antes de começar os discursos, o senador Kajuru sempre abre a fala dizendo que os brasileiros e brasileiras são suas únicas excelências.

Senador Kajuru. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Dois lados

De um lado, os sem esperança afirmam que, surpreendentemente, o PT já ganhou as eleições. Um ministro do Supremo não tiraria o candidato da prisão se não fosse para vencer. De outro lado, como disse o senador mato-grossense Jayme Campos, nós temos que ter o pensamento, como o Ruy Barbosa já dizia: “Ai de nós se nós não sonhássemos”, como sonhou D. Pedro I, com a independência do Brasil, não é isso? Como sonhou Juscelino Kubitschek, com a construção de Brasília, e outros grandes políticos e homens pelo Brasil. E nós temos que sonhar com o Brasil mais justo, é isso que nós queremos.

Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

 

Sem assinatura

Pfizer contra Covid tem validade estendida. A autorização foi dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O estranho nisso tudo é autorizar vacinas onde não há responsáveis pelos efeitos adversos.

Foto: Dado Ruvic/Reuters

 

História de Brasília

Mais uma do “Gavião”: falta água quase todos os dias. Os reservatórios construídos não foram inaugurados. Ou melhor, foram, e não aprovaram, por causa da infiltração. As especificações da construção estavam erradas. (Publicada em 11.03.1962)

Pela volta de um mundo com compaixão

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Iotti

          Quem imagina que a polarização política, um mal a ligar o cérebro ao fígado, fica restrita apenas no âmbito dos partidos e entre aqueles que atuam profissionalmente nessa área está enganado e vem sendo convencido de que esse tipo de antagonismo permeia toda a sociedade indo, inclusive, parar no seio das famílias, gerando brigas e desentendimentos de toda a ordem.

          De fato, essa polarização, por seu grau de insanidade, tem feito muito mal ao Brasil e, por extensão, aos indivíduos e a todos os grupos, sejam eles consanguíneos ou não. O que parece, no antigo país do futebol, é que essa praga migrou dos estádios e das torcidas organizadas para dentro das casas, contaminando tudo, como uma radiação mortífera.

         Para quem ainda não percebeu, este é o legítimo subproduto de um modelo de política à brasileira, feito não de discussões sérias e propositivas, com todo o embasamento ético que esse tema exige. Trata-se aqui de uma rinha de galo, cercada de fanáticos que querem ver briga e muito sangue.

         O que não pode ser escondido do público é que essa rinha teve início exatamente no momento em que a mais alta Corte do país julgou, per si, a conveniência de soltar nesse ringue o Garnisé de Garanhuns. Deu no que deu. Para onde quer que o brasileiro olhe, lá estão em discussão acalorada um grupo e outro. Casais, com matrimônio marcado, deixaram tudo para trás e romperam as relações. Nas famílias, filhos deixaram de falar com pais, irmãos cortaram relações uns com os outros. Tios, avós, primos, foram cada um amuado para seu canto. No trabalho, colegas passaram a torcer o nariz uns para os outros. Amigos, antes fraternos, deixaram de se falar.

         Nas ruas o clima mudou para pior, com o medo tomando conta de tudo. Enfim, a maldição lançada há anos, do “nós contra eles”, vai tomando forma concreta, enfeitiçando cada um. De lado, ficaram aqueles que torcem pela volta de um passado que deixou marcas ruinosas e nunca vistas anteriormente. Para outros, a simples menção da possibilidade desse retorno vir a acontecer, de fato, representa um anátema e uma rendição a um pesadelo permanente.

         Não há pontos de contato entre uma posição e outra. O Brasil, que nas urnas revelou seu caráter nitidamente conservador, por obra de uma espécie de forças do além, votou também pela volta do passado. Ficamos, com isso, a meio caminho, colocando em sérias dúvidas o que apresentavam as pesquisas e o que diziam as multidões nas ruas.

         Com tanta discórdia, não surpreende que a censura, que se acreditava morta e enterrada, tenha ganhado corpo e músculos em todo lugar, sobretudo nas empresas, com as chefias orientando e mesmo obrigando seus subordinados a votarem no candidato por elas apontado. Demissões têm sido confirmadas. Assédios, confirmados. A regulação da mídia, como tem pregado o candidato pretérito, de certo, trará o recrudescimento da censura política que já é observada e posta em prática contra aqueles que ousam desacreditá-la. O bom sinal é que a censura sempre foi e será um grande sinal de que o que se está sendo censurando é correto e aponta para a manutenção da dignidade humana.

 

A frase que foi pronunciada:

“Um ser humano é uma parte do todo chamado por nós universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta a si mesmo, seus pensamentos e sentimentos como algo separado do resto, uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e à afeição por algumas pessoas próximas a nós. Nossa tarefa deve ser libertar-nos dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão para abraçar todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza”.

Albert Einsten

Albert Einsten. Foto: Arthur Sasse/Nate D Sanders Auctions/Reprodução

 

Terras

Veja, no Blog do Ari Cunha, o convite do Instituto Brasília Ambiental para a população participar da audiência pública virtual de apresentação e discussão do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental para parcelamento de solo urbano da Reserva do Parque, no Núcleo Rural Vargem da Bênção, Região Administrativa do Recanto das Emas. A partir das 19h, do dia 25 deste mês, com transmissão pelo YouTube.

 

Futuro

A formação de uma ampla bancada parlamentar voltada para a manutenção dos ideais da Lava Jato, promete agitar a nova Legislatura, com propostas que rendem ainda grande apoio da população.

Ilustração: cnnbrasil.com

 

Mobilidade

A finalização das reformas viárias na principal avenida do Paranoá, com construção de espaçosas calçadas, com estacionamento e todo ordenamento paisagístico, irá proporcionar mais do que um novo visual para aquela cidade. A urbanização adequada é fato de desenvolvimento e revitalização para o comércio local.

Paranoá. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Já que o assunto é professôras, pelo contrato, o pagamento será feito até o dia 5, e até hoje a Fundação não pagou a ninguém. E mais: não diz quando, nem dá esperança para os próximos dias. (Publicada em 11.03.1962)