Ponto de interrogação

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Valter Campanato (veja.abril.com.br)

 

Soubessem as autoridades e os cidadãos das consequências devastadoras que a ocupação irregular do solo traz para o futuro das populações, comprometendo, inclusive, o estabelecimento sustentável de cidades inteiras, situações como essa seriam terminantemente proibidas sob quaisquer pretextos. O problema, entre nós, é que a responsabilização pelo incitamento ou pela negligência na ocupação irregular de terras nunca é levado a termo, sendo seus autores ou responsáveis deixados de lado pela Justiça.

O que é certo é que, a cada invasão de terra, a cada regularização de áreas em conflito, sem os devidos critérios de impacto e de planejamento urbano, mais e mais a cidade vai perdendo, de modo irreversível, sua qualidade de vida. Cidade alguma, em todo o tempo e lugar, jamais logrou ser considerada com boa qualidade de vida e de infraestrutura para seus habitantes, relegando a segundo plano as exigências de um correto planejamento urbano.

Os brasileiros que visitam a Europa ou os Estados Unidos ficam encantados com a qualidade de vida de seus habitantes, com ruas bem sinalizadas, limpas e bem organizadas. Cidades antigas, com dezenas de séculos de história, conseguem manter e ostentar um altíssimo padrão urbano. Por essa razão, são procuradas por turistas de todo o mundo, que, a cada ano, deixam nesses locais milhões de dólares para os cofres da cidade.

Talvez, o maior problema na administração de nossas cidades esteja, justamente, na falta de uma política que mantenha sob o mais estrito respeito todas as diretrizes traçadas para preservar os espaços públicos, fiscalizando e punindo todo aquele que ouse infringir as regras comuns de convivência. Nossas áreas urbanas, de uso comum, quase sempre encontram-se abandonadas ou em processo de decadência acelerada. O curioso é que são gastos rios de dinheiro, do pagador de impostos, para manter essas áreas em condição mediana de uso.

A falta de fiscalização, ou a incúria das autoridades, permite que a cada dia, nas áreas centrais do Plano Piloto, surjam os chamados barracos de lata, instalados em toda parte, inclusive nos pontos de ônibus. Nesses lugares, vendem-se de tudo, até bebidas alcoólicas. Alguns desses estabelecimentos improvisados têm até caixa d’água instalada.

Para uma cidade que se pretendia planejada, essas e outras distorções, como os puxadinhos irregulares do comércio, ajudam a deteriorar, sob todos os pontos de vista, a capital do país. O pior é que não parece haver solução à vista para esse desregramento geral que vai tomando conta de Brasília. Projetos como o PPCUB e o Reurb, que deveriam, pelo menos, cuidar dessas questões, passam ao largo, tratando apenas de aumentar a instalação de infraestrutura em áreas que não deveriam abrigar bairros residenciais nem acrescentar mais de andares a prédios, num claro contraste com o entorno imediato.

Tolice é acreditar que a regularização fundiária prevista em planos recentes, como por exemplo a LC 986/2021, colocará um ponto final nesse problema que se arrasta desde antes da inauguração da capital. Não pode haver regularização fundiária numa cidade em que cada governo que chega, a cada nova legislatura local que assume, trate logo de tornar regular as mais novas invasões, alimentando um caos urbano cíclico e sem fim.

Desde os anos 70, previa-se que os problemas de terra na capital acabariam por provocar um fenômeno comum a todas as cidades brasileiras. No nosso caso, o que se previa, naquela década, é que chegaria um tempo em que o Plano Piloto restaria cercado por um enorme e incontrolável cinturão de bairros e favelas. A emancipação política da capital tem cuidado, a seu modo, de acelerar esse processo, tornando o futuro da cidade em um ponto de interrogação.

 

A frase que foi pronunciada:
“Que fenômenos estranhos encontramos numa grande cidade, basta passear de olhos abertos. A vida está repleta de monstros inocentes.”
Charles Baudelaire

Imagem: gettyimages.pt

 

História de Brasília
Para o DVO: no Setor Comercial Local 304-305, o asfalto não foi completado na área de estacionamento, e as casas estão cheias de poeira. (Publicada em 10/2/1962)

Brasília, querida de (quase) todos

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Foto: jornaldebrasilia.com

 

           Como pode um Plano, que se intitula como de “Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília”, (PPCUB), aprovado agora na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), trazer, em seu âmago, não a defesa e salvaguarda do conjunto arquitetônico e urbanístico da capital do país, como era de se esperar, mas uma série de modificações drásticas nas regras de uso e ocupação do solo, pondo em risco, mais uma vez, o tombamento de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade.

          Na verdade, essa coluna nunca alimentou esperanças de que a CLDF fosse fazer algo diferente e em benefício da cidade e de seus moradores. Desde sua criação, dentro do processo de emancipação política da capital, que as regras de uso e ocupação do solo nessa cidade têm sido alteradas. Basta lembrar os projetos, que mudavam, da noite para o dia, a destinação e uso de lotes, que nada valiam para o mercado, em local para a construção de posto de gasolina ou empreendimento do gênero. Ou mesmo a transformação de áreas de interesse público ou de preservação em bairros imensos, sem infraestrutura e sem estudo de impacto ambiental, ou coisa que o valha.

         Foi assim também que a capital passou num átimo de exemplo de urbanidade para o país e para o mundo, em mais uma cidade inchada e com serviços e aparelhos públicos caotizados. Agora, sob o manto falso de Preservação do Conjunto Urbanístico, a cidade, mais uma vez, vê-se no risco iminente de ser submetida a modificações marotas, que irão alterar, de uma só vez, as escalas residencial, monumental e gregária. Com isso, os setores bancário, hoteleiro, comercial e de diversão, incluindo também a escala bucólica ou áreas verdes terão suas regras de ocupação e uso alteradas.

         Trata-se aqui de um dos maiores ataques já perpetrados contra à imensa área tombada da capital, desvirtuando sua originalidade e propósito, apenas para atender interesses particulares e escusos, totalmente contrários aos desejos dos brasilienses autênticos. Não seria exagero se algum político sério, que ainda existe nesse meio, vier a propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar todo processo que levou à aprovação desse Plano danoso e obscuro.

          Ao governador e às autoridades que lidam com a defesa da capital resta envidar todos os esforços necessários, para que esse projeto não vá adiante. Nem vale a pena, aqui, citar os inúmeros pontos polêmicos trazidos por esse Plano. São tantos, e potencialmente absurdos, que, se forem postos em andamento, não há mais que se falar em futuro ou em coisas como qualidade de vida.

         Os conceitos estreitos e obtusos daqueles que anseiam em pôr abaixo a originalidade arquitetônica e urbanística da capital só podem ser entendidos à luz daquelas propostas que são justamente urdidas no escuro, e por debaixo dos panos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Eu sou engenheiro há muito mais tempo que você”.

Israel Pinheiro, quando queria encerrar qualquer discussão

Foto oficial de Israel Pinheiro na Galeria dos Governadores do Distrito Federal (Brasil) no sítio do Governo do Distrito Federal

 

Quem não?

Qualquer internauta está sujeito a crimes cibernéticos. Mesmo a aparência de segurança do site, centenas de comentários favoráveis, endereço, marcas, tudo pode ser falso. Só a forma de receber o pagamento é garantida. A Polícia Civil do DF já realizou várias investigações com final bem sucedido contra esses esquemas fraudulentos.

Imagem: fastcompanybrasil

 

Acolhimento

GDF continua operação acolhimento para as pessoas em situação de rua. Dezenas de pessoas foram acolhidas com propostas de emprego e moradia. Foram vários caminhões para tirar o entulho de mais de vinte estruturas removidas.

Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

 

Obra de Victor Hugo

Renata Dourado, Vittor Borges, Érika Kallina, Gustavo Rocha, Rafael de Abreu Ribeiro e Rosa Benevides estão à frente da produção de O Corcunda de Notre Dame, o Musical que será apresentado pela Cia de Ópera de Brasília, na Escola de Música, 602 Sul, neste sábado e domingo, com duas sessões: às 17h e às 20h, Ingressos pelo Sympla.

Cena de O corcunda de Notre Dame: atualidade histórica – Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Custa crer que o almirante Lucio Meira esteja trabalhando contra Brasília, mas seja como fôr, êle saberá o que está acontecendo, e tomará providências. (Publicada em 10.04.1962)

 

 

PPCUB e o futuro da capital em jogo

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Imagem: seduh.df.gov

         Se depender da coordenação realizada pela deputada Paula Belmonte (Cidadania), que agora preside a Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa do Distrito Federal, os debates que tratam do importantíssimo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) estarão em boas mãos, podendo finalmente chegar a um bom termo.

         Para a parlamentar, o caminho para se chegar a um projeto à altura da importância que a capital de todos os brasileiros possui para o país e para o mundo, já que se trata também de um patrimônio cultural de toda a humanidade, é por meio de um debate amplamente transparente, capaz de informar corretamente os cidadãos sobre o que se está discutindo agora e que certamente terá grande significado para o futuro de Brasília e de seus moradores.

         Esta coluna, inaugurada com Brasília, em 1960, desde seu início vem se posicionando ao lado da cidade e de seus moradores. Não foram poucas as vezes que, em seus editoriais, a defesa firme da capital, conforme idealizada pelas equipes de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer desapontaram políticos e empresários, ávidos por facilidades e outros negócios contrários ao espírito da ética pública.

         Por isso mesmo, a partir do momento em que a capital ganhou representação política própria, as preocupações dessa coluna com os destinos que a capital tomaria doravante foram elevadas às alturas. Nessas ocasiões, não foram poucos os alertas e mesmo as denúncias sobre os desvirtuamentos sofridos no projeto original da cidade.

         A classe política local, aliada aos empresários da cidade, conseguiram levar adiante, contra tudo e contra todos, projetos mirabolantes que, em pouco tempo, levaram a capital a conhecer as mesmas mazelas que já afligiam outras metrópoles do país. Do dia para noite, assentamentos dos mais diversos, muitos edificados em áreas sensíveis ecologicamente, foram erguidos. Verdadeiras cidades foram construídas sem um criterioso plano de impacto, sem projetos racionais e sem levar em conta as múltiplas exigências urbanas. Em curtíssimo prazo, Brasília experimentou um profundo inchaço urbano, com reflexos negativos em todas as áreas. A saúde, a educação, a segurança pública, a infraestrutura viária e urbana foram sobrecarregadas, causando congestionamentos e colapsos em muitos serviços.

          O crescimento desordenado e a invasão de terras públicas passaram a ser uma constante. A transformação de terras públicas em moeda de troca política, na base de “um voto, um lote”, ganhou impulso, graças às ações irresponsáveis de políticos, que incentivavam essas práticas, sendo, muitos deles, responsáveis, diretamente, pela formação acelerada e desordenada de muitos bairros e assentamentos periféricos.

         A representação política da capital, do jeito afoito que foi construída e graças também à qualidade duvidosa de muitos representantes, serviu para desvirtuar o projeto original e sui generis da capital e cujos reflexos, ainda hoje, são sentidos. Por isso quando, mais uma vez, volta-se a discutir o PPCUB, é preciso que toda a população fique atenta sobre os rumos dessa discussão, principalmente quanto a aspectos e critérios de preservação que serão fixados nesse Plano.

         A deputada Paula Belmonte, que hoje é reconhecida como um exemplo de liderança política, terá pela frente um árduo trabalho, sobretudo quando os assuntos relativos ao desenvolvimento da cidade ficarem acima do plano de preservação.

         Todo o cuidado é pouco com a ação e o lobby poderoso de políticos e empreendedores gananciosos, que enxergam, na cidade, apenas uma oportunidade a mais de lucros e ganhos imediatos. O que está em jogo nessas discussões é o futuro da capital e de seus habitantes e a qualidade de vida de ambos. Por certo, será difícil conciliar elementos de preservação com desenvolvimento. O que já foi mencionado aqui, neste espaço, e que vale a pena ser repetido, é que a cidade poderia, num sentido racional, manter intactas as áreas livres e edificáveis que ainda restam, para que tenham sua destinação definitiva decidida, somente quando todos os outros problemas urbanos existentes foram resolvidos.

         É o caso da reurbanização e modernização de toda a avenida W3 Norte e Sul. Primeiro, parte-se para essa obra, depois para a construção de mais uma quadra, como desejam muitos apressados. O mais preocupante em toda essa questão é que o envolvimento da população ainda seja tímido.

A frase que foi pronunciada:

“Falo aqui com o cidadão brasiliense. O que nós queremos para o nosso futuro em questão de políticas públicas e de dinâmica da nossa cidade?”

Deputada distrital Paula Belmonte, na abertura do Primeiro debate sobre o PPCUB

Deputada Distrital Paula Belmonte. Foto: cl.df.gov

História de Brasília

Não sabemos se o professor Hermes Lima sabe disto, mas o govêrno havia liberado u8ma verba para o IAPB construir a superquadra 109. Como o dinheiro era pouco, e não dava, o IAPB abriu mão em favor do IAPFESP, contanto que fossem concluídos os blocos em Brasília.

Teatro Nacional

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

         Estamos a caminho de vir a lamentar por dez anos o fechamento do mais importante e icônico espaço cultural da capital do país. Pensar que Brasília, com toda a importância que possa ter para o país e para o mundo, mantem fechado, a mais de uma centena de meses, o Teatro Nacional, obra fincada bem no coração da cidade, é algo assustador e ao mesmo tempo motivo de desalento e frustração para toda uma classe de artistas, dentro e fora da cidade.

         Eis aqui um modelo acabado do descaso com a cultura. Pensar também que, a pouco mais de dois quilômetros desse teatro magnífico, e que hoje serve como uma espécie de almoxarifado para o governo local, ergue-se imponente, desajeitado e inútil o mastodonte Estádio Mané Garrincha, onde caminhões de dinheiro dos contribuintes foram criminosa e desnecessariamente despejados, dói na alma dos brasilienses de bem.

         Não é por outra razão, que muitos consideram a bagagem cultural de um governante, um dos principais requisitos para todo e qualquer gestor público. De fato, nosso principal e mais belo palco para artes continua fechado porque as autoridades que tinham obrigação de cuidar desse patrimônio cultural de todos não entendem o significado do que venha a ser arte ou cultura.

         Quando um cartão de visita, do porte do Teatro Nacional, permanece por tanto tempo esquecido e fechado, cheio de lixo e tralhas, o que se depreende é que estamos todos entregues em mãos despreparadas para tal missão ou sob a gestão de gente primitiva e tosca que despreza o universo da cultura. Gente, para quem artes e artistas de toda espécie devem ser deixados à própria sorte ou ao relento.

         Não são poucos os brasilienses que se envergonham quando são perguntados, pelos visitantes, sobre o destino atual do Teatro Nacional e as salas Villa-Lobos, Martins Penna e Alberto Nepomuceno. O que teria ocorrido nos bastidores do governo local e da própria Câmara Legislativa para que esse Teatro tenha sido esquecido por tanto tempo? Não é normal, em país algum, só aos que estão mergulhados em guerra, deixarem-se ao abandono e à ruína, teatros dessa importância. Meninos e meninas que hoje andam por volta dos 10 anos de vida, desconhecem o Teatro Nacional seus espaços e sua importância. E isso é grave.

         Muitos outros moradores locais, que poderiam ter a oportunidade de conhecer a arte nesse espaço espetacular, talvez nunca venham a ter essa experiência. Escolas, que antes organizavam caravanas de alunos para visitar e vivenciar esse espaço e suas apresentações, perderam essa oportunidade. O que acontece no interior desse monumento esquecido se reflete em seu entorno próximo. Entregue ao abandono e ao esquecimento duradouro, toda essa área belíssima, com seu paisagismo bem elaborado, transformou-se hoje em área de valhacouto de delinquentes e drogados, colocando, em grande perigo, quem ousa transitar na região.

         Para os que se contentam com pouco ou se satisfazem com as promessas vãs de que aquele espaço vai voltar a vida em breve, resta admirar, de longe a arquitetura desse prédio monumental. Como uma casca de concreto a exibir, talvez, o período mais fértil de criação do arquiteto Oscar Niemeyer, o Teatro Nacional, por qualquer ângulo que se aviste, é uma obra e uma escultura de arte por si só, a iluminar as tardes e a noite da capital, sinalizando no horizonte a promessa de que seu interior e sua alma ainda hão de voltar a vida, renascendo das ruínas do abandono.

 

A frase que foi pronunciada:

“O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia.”

Jean Barrault

Jean Louis Barrault. Foto: Coleção Fotografias de Carl Van Vechten da Biblioteca do Congresso dos EUA

 

Pelo DF

Em toda essa festa da posse dos novos senadores, o comentário no cafezinho é a falta que o representante do DF, Reguffe, vai fazer. Como exemplo de parlamentar que abriu mão de todas as regalias, inclusive plano de saúde, mostrando a perfeita harmonia e ritmo entre discurso e prática.

Senador Reguffe. Foto: senado.leg.br

 

IFB

Uma herança recebida pela capital do país é o Instituto Federal de Brasília. Com campus em várias regiões administrativas, é lá que o estudante que quer crescer profissionalmente encontra os primeiros caminhos. São centenas de vagas gratuitas de formação inicial e continuada, desde moda à robótica.

IFB. Foto: Divulgação

 

Dez anos

Quem está feliz da vida com a mudança na rotina é Claudia Lyra. Hoje, é gerente de Relações Institucionais da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, CNseg.

Arte: cnseg.org

 

Boas vindas

Segunda-feira será o grande dia para a Saúde do DF. Dentistas (125), Médicos (447), Especialistas (454), Enfermeiros (220) serão nomeados para reforçar o atendimento à população.

Cartaz: divulgação da SESDF

 

História de Brasília

Há uma lei no Brasil, segundo a qual todos os prédios de mais de três andares, devem ter caixa coletora de correspondência para cada apartamento, separadamente, no térreo. (Publicada em 15.03.1962)

O trovador

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Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

 

“Brasília, Brasília, Brasília, pudesse cantar-te um verso com engenho e rima, diria que tua boa sina, que antes todos previam, perdeu-se nalgum lugar ali defronte, onde jazem duas bacias, uma cheia e outra vazia.” Assim cantava, nos idos da década de 1970, direto da sacada da Rodoviária do Plano Piloto, o trovador goiano Iranildo Garça, para as pessoas que por ali passavam apressadas.

Aqueles que ouviam essas trovas, entre risadas e deboche, seguiam pensativas em suas rotinas. Afinal o que esses versos significariam? Pudesse visitar hoje a mesma Rodoviária, que conheceu há quase meio século, por certo, chegaria à conclusão de que seus versos eram, antes de tudo, uma predição do que viria de fato acontecer, não só naquela região, mas em praticamente toda a aeronave pousada que forma o Plano Piloto.

Lirismo à parte, a precoce decadência que, ao longo de todos esses anos, foi tomando conta da capital, tem, entre suas múltiplas causas, o descuido e a desatenção dos muitos administradores políticos que se sucederam a partir daí. Para agravar a realidade que parece seguir sem resposta para os moradores, quis a Constituição local, escrita por mãos forasteiras, elencar entre seus parágrafos a possibilidade de cada governador montar as equipes que formará a secretaria que cuidaria do que as cidades têm de mais delicado e vital: as instâncias que cuidam da vigilância, das condutas e postura, previstas no plano primeiro, de modo a preservar e manter o projeto urbano original.

Ao nomear, demitir e, até mesmo, extinguir secretarias e outros serviços que cuidariam de manter a cidade como um organismo e espaço sadios, o que os sucessivos governos e seus staffs têm feito é desorganizar e destruir a cidade, tornando-a igual ou pior do que a grande maioria das metrópoles brasileiras. O temor de contrariar possíveis eleitores obriga e empurra os governos locais, incluindo nesse rol, principalmente, a Câmara Legislativa a aceitar tudo o que propõem seus apoiadores.

Quem se der ao trabalho de embarcar no coletivo que circula entre as W3 Sul e Norte, fazendo todo o trajeto de ida e volta, e contar quantos barracos de latas existem hoje, entulhando as paradas em cada ponto de ônibus, verá que são dezenas, isso sem contar aqueles que se amontoam ao longo da W2 e se espalham por todas as superquadras. Trata-se de uma invasão que não para de crescer e que, aparentemente, não pode ser retirada, uma vez que desagradariam seus proprietários ou aqueles que subalugam esses espaços e que são eleitores da elite com assento no Executivo e no Legislativo da capital. São verdadeiros aleijões que enfeiam a cidade e mostram um descaso proposital das autoridades.

Pudessem os órgãos de vigilância agir livremente sem a interferência dos políticos de plantão e seus interesses escusos, a cidade seria outra, semelhante a muitas outras civilizadas do primeiro mundo, onde esses excessos não só são proibidos, como acarretam multas e até prisão. Pudesse Iranildo ver como está hoje a sua Brasília-despida de singela beleza, pelos políticos que nada entendem de beleza – constataria que a cidade também se perdeu em algum lugar, bem debaixo da Loba, onde mamam congelados, Rômulo e Remo.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A Justiça é “a virtude moral que rege o ser espiritual no combate ao egoísmo biológico, orgânico, do indivíduo.” ADEODATO, 1996.

 

Empodera ela

Aberto o edital para artesãs exporem no Pátio Brasil e no Alameda Shopping no projeto Empodera Ela. Mulheres unidas, conseguiram o apoio da Secretária do Turismo, Vanessa Mendonça que não tem medido esforços para mostrar à cidade o talento de tantas pessoas. Veja as fotos a seguir.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nada é feito

Cuidado ao andar com carrinho de bebê ou com crianças nas calçadas da cidade. Sem vigilância para inibir, motoqueiros de entregas fazem os próprios caminhos colocando em risco quem está no lugar certo.

 

Largado

Parque das Garças, no final do lago norte é um local muito frequentado, que merece melhorias. Ciclovia, trilhas e mais infraestrutura.

 

Fora do ar

Está lá no portal radios.com.br/play/14746. Faltaram com a promessa. A Brasília Super FM não está mais disponível pela Internet.

 

História de Brasília

Pobre hospital, o Distrital. As encrencas nunca deixam de existir, as fofocas nunca param. Agora, inquérito no Pronto Socorro para quem recebeu o dinheiro. (Publicada em 20.02.1962)

A Luos e os interesses políticos

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Imagem: lagosul.com.br

 

Desde que foi alçada, por interesses diversos e difusos, à condição de capital do país com plena autonomia política, Ari Cunha, nesta coluna, que teve sua estreia exatamente no mesmo dia em que Brasília foi inaugurada, em 21 de abril de 1960, passou a acompanhar, com um misto de desconfiança e maus presságios, o que veria a ser a tal maioridade política do Distrito Federal, tão festejada por políticos e empresários, isso há 32 anos.
Permanecem as razões que levavam, e ainda levam, esse espaço a acreditar que a emancipação política da capital, feita de modo açodado e sem um debate público aprofundado, não seria um bom negócio para seus habitantes. Primeiro, porque o próprio idealizador da capital, o urbanista e arquiteto Lucio Costa, por diversas vezes se posicionou contra essa possibilidade, que desvirtuava as ideias de seu projeto original: também porque, de lá para cá, o que se viu, a cores e ao vivo, foram sucessões de escândalos cabeludos, envolvendo políticos e empreendedores lo cais, com prisões de alguns, flagrados com dinheiro de corrupção nas mãos, mas principalmente com a tão conhecida impunidade, que, a exemplo do que sempre aconteceu no resto do país, veio também a fazer parte do cotidiano candango.
Fossem esses os únicos problemas que passaram a assolar a ca pital e seus habitantes, a solução poderia ser resolvida com eleições. O fato, e essa coluna apontava desde o começo, é que, como se viu, interesses econômicos, aliados a má índole política de nossos representantes, concorreriam para desfigurar o projeto e a ideia originais contidos na proposta vitoriosa de Lucio Costa.
Desde o primeiro dia dessa emancipação, os jornais passaram a estampar em suas manchetes uma torrente de denúncias, mostrando, por um lado, a transformação dos espaços públicos e das áreas de preservação em moeda política de troca, dentro da concepção torta de “um voto por um lote”. Com isso, a capital começou a experimentar um inchaço urbano sem igual, com áreas ocupadas da noite para o dia, invasões a terras públicas e estabelecimento de bairros sem quaisquer projetos de impactos.
A vontade política passou a prevalecer sobre os anseios da população de bem, o que gerou um descompasso tal que, em pouco tempo, o que deveria ser a Casa do Povo – o Legislativo – ganhou a alcunha, nada lisonjeira, de “Casa do Espanto”.
Problemas urbanos que, antes só haviam em outras metrópoles do país, passaram a ser presenciados também na capital, como engarrafamentos constantes, aumentos da violência e da mendicância, deterioração e decadência dos espaços coletivos, com sobrecarga incontrolável na prestação de serviços públicos de saúde, educação, transporte, segurança e outros. O aumento estratosférico nas despesas para custear a enorme e inchada máquina administrativa criada foi outra herança da emancipação política. Os gastos passaram a ser cobertos pelo aumento de impostos e tributos arrancados dos contribuintes. Houve, assim, aumento no custo de vida dos brasilienses e piora acentuada da qualidade de vida dos habitantes.
Por conhecer a história e a índole política dos homens públicos deste país, esta coluna viu suas piores previsões se transformarem em realidade. Uma realidade que desagrada todos. É preciso lembrar que, desde o início, antevíamos que a emancipação seria um excelente negócio para alguns poucos, principalmente gente que vimos desfilando nas páginas policiais dos nossos jornais. Quando se anuncia que, na próxima semana, será votada a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) na Câmara Legislativa, é bom que a adormecida população acorde para o que está por vir nesse pacote que altera, mais uma vez, a ocupação e a destinação das áreas que ainda restam dentro do polígono do Distrito Federal.
De nossa parte, vínhamos alertando, desde os anos 1990, para os perigos de deixar em mãos dos políticos locais as discussões e decisões sobre as terras da capital. Com a palavra dos urbanistas e outros brasilienses atentos.
A frase que foi pronunciada:
“Se os políticos falassem apenas por suas atitudes, por certo muitos deles seriam varridos do cenário nacional e da história do país.”
Filósofo de Mondubim
30/09/2013 Crédito: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.
Eficiente
Mais rápido e eficiente. O aplicativo Maria da Penha Virtual foi usado só no Rio de Janeiro, por 850 mulheres em pouco mais de um ano. As petições de medida protetiva de urgência por violência doméstica, ou familiar, aumentaram durante o isolamento social. Mas a solução dada foi prática e efetiva. Confira no link: https://www3.tjrj.jus.br/mariapenhavirtual/
Ilustração: tjrj.jus
Conhecimento e cacife
Disputa em leilão rende a Dib Franciss uma Bíblia raríssima. Vendida, como um objeto qualquer, a publicação, provavelmente, veio da coleção de algum bibliófilo que faleceu e seus descendentes sequer sabiam do que se tratava. A descrição no catálogo do leilão mostrava o desinteresse pela obra (veja as imagens a seguir). Foi uma disputa acirrada de 48 lances durante o pregão. Dib Franciss venceu.
–> Trata-se de um dos primeiros raricíssimos exemplares da Bíblia, impresso em 1579 em Wittenberg (Alemanha) por Hans Lufft (1495 – 1584), o mais importante “mestre impressor” da Reforma Protestante. Ele entrou para a história como “O Impressor da Bíblia”. Foi ele quem realizou, em 1534, a 1ª edição completa da Bíblia de Lutero, e esse que eu adquiri é exatamente essa tradução para o alemão de Martinho Lutero, o primeiro compêndio com as correções feitas pelo próprio.Contém o Antigo e o Novo Testamentos e traz ilustrações em xilogravura de Lucas Cranach (1515 – 1586). Ela tem ainda a encadernação de época, do sec. XVI.

Essas Bíblias são raríssimas no mundo e quase todas estão em bibliotecas ou museus ao redor do mundo. Uma exatamente igual a essa encontra-se no Museu da Reforma Protestante, em Genebra.
Ainda estou em estado de graça pela aquisição desse tesouro da civilização ocidental.

Imaginem quantos acontecimentos históricos se passaram no mundo ao longo desses 543 anos de existência desse importante compêndio. Quantas guerras, quantas pestes, quantas invasões, tragédias da natureza e etc. Essa Bíblia ter chegado até os nossos dias é realmente algo inacreditável.

Jotapê F
João Paulo Florêncio está se firmando no jornalismo esportivo de forma exponencial. Confira no link: https://www.instagram.com/jpflorencio/.
–> Fala, galera! Tô botando na praça o meu podcast. O Joga Solto vem sendo gestado desde o ano passado e é fruto de uma mudança de chave na minha vida. ⠀

O assunto é esporte, suas inúmeras modalidades e reverberações. Toda semana um convidado e um episódio novo no YouTube e no Spotify. Conto com a torcida de vocês. Valeeeu 👊🙌

História de Brasília
E mais: quando uma pessoa pede para ir para o Palace Hotel, os motoristas alegam que fica longe, que é mau para o hóspede, e que lá é lugar de turismo e de exploração. É uma concorrência desleal e descortês. (Publicada em 20/2/1962)

Concertação à brasileira

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Com a possibilidade, apontada até aqui pelas pesquisas de opinião, de uma polarização final, entre esquerda e direita nas próximas eleições para presidente , com tudo aquilo que essas duas tendências ideológicas possuem de mais radical e anacrônica, os cidadãos brasileiros, conscientes desse momento delicado que se aproxima , possuem a chance única de interceder nesse processo, provocando um verdadeiro ponto de inflexão no desafortunado destino político do país, revertendo, pelo voto, a tendência para o caos que se anuncia para todos nós.

É preciso que os cidadãos se inteirem do momento grave, atalhando o prolongamento dessas desventuras que parecem nos perseguir, praticamente desde o período da redemocratização nos anos oitenta. Nessa altura, já se sabe, que não será por meio da miríade de partidos, que parasitam o Estado, transformados em autênticos valhacoutos de garimpeiros dos cofres públicos, que irão propiciar a mudança de rumos e a salvaguarda da nossa cambaleante democracia.

O que se apresenta no horizonte, não serve aos cidadãos de bem. Tampouco as futuras gerações. Aliado as possibilidades tétricas da nova onda de enfermidades e mortes trazidas pelo estreante Ônicrom, vemos, paralelamente, a formação de algumas candidaturas, já testadas no poder e que se provaram tão ou mais letais para o país que o próprio vírus.

Não há meios termos para definir o que parece vir pela frente com esses estafermos, que bafejados pelos ventos do mal fado, que parecem soprar por essas bandas desde a chegada do primeiro invasor europeu no século XV, surgem em suas mulas mancas.

Ciente de que  a democracia corre sério risco, o eleitor deve acautelar-se, tomando o voto como um bote que pode salvá-lo do naufrágio certo. Lições sobre como proceder ante esse desastre, existem em grande número. Em todo o tempo e lugar.

Mais recentemente Espanha, nos anos setenta e o Chile, nos anos oitenta, se viram igualmente diante do impasse, que bifurcava os destinos do país. Diante da possibilidade ou não do prolongamento do pesadelo da ditadura, escolheram sabiamente o caminho do meio, reunindo, numa mesma frente única, todos aqueles que queriam o caminho da liberdade.          Partidos, sindicatos, intelectuais, organizações sociais e todas as forças vivas da sociedade se reuniram num movimento de “concertación” para decidir imbicar seus países em direção à democracia e à estabilidade política e institucional.

Em nosso país e em pleno século XXI, as esperanças são poucas, dada a baixa qualidade ética e social de nossas legendas políticas, preocupadas apenas em se instalar no poder e dele extrair o que puder em benefícios materiais.

A “concertación” à moda brasileira pode vir a se tornar uma realidade, caso o mais destacado candidato da chamada terceira via, consiga persuadir as forças sociais e políticas do país, na realização de um pacto, para caminharem juntos até as eleições, com um compromisso, assumido de, em caso de vitória, começar as mudanças do país pelas reformas políticas. Sem essas reformas de base, não vamos longe. Nunca.

 

A frase que foi pronunciada:

“A censura é a inimiga feroz da verdade. É o horror à inteligência, à pesquisa, ao debate, ao diálogo. Decreta a revogação do dogma da falibilidade humana e proclama os proprietários da verdade.”

Ulysses Guimarães

Passo importante

Em audiência pública a Câmara Legislativa inicia um trabalho importante de conscientização do etarismo, forma de preconceito e violência contra a pessoa idosa. Interessante notar que as crianças, naturalmente não têm preconceitos. Elas são o canal mais forte para educar a família em relação ao idoso. Um momento nas aulas com os contadores de histórias de cabeça branca é um passo singelo pela valorização e interação dessa parcela da sociedade tão negligenciada.

 

Defensoria

Na Câmara Legislativa a movimentação foi feita pelo deputado Martins Machado, presidente da Frente Parlamentar do Idoso, na Casa. Presente na reunião, Bianca Cobucci Rosière , defensora pública, disse que com a vulnerabilidade do idoso, ele passa a sofrer vários tipos de violência, inclusive a curatela indevida. A afirmação foi feita com a experiência da defensora na Central Judicial do Idoso no TJDFT.

 

Defesa

Segundo Jairo de Souza, militante do Fórum Distrital da Sociedade Civil em Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa no DF são 360 mil idosos, 10% da população. E chama a atenção para o fato de a rede pública de saúde no DF ter apenas 10 geriatras para atender essa população e que não houve uma política pública voltada para o seguimento durante a pandemia.

 

Simples

Reconhecimento, capacitação e a vontade de ser útil à sociedade. São reivindicações simples como a revitalização do Conselho dos Direitos do Idoso no DF. É bom que os deputados fiquem atentos às leis sobre os idosos. Um dia todos seremos enquadrados.

 

História de Brasília

E provando a má vontade do comandante do IAPFESP para com Brasília, basta que se diga que o general Aloísio de Andrade Moura estêve em Brasília, foi muito bem recebido na delegacia, ouviu palavras de elogio, recebeu sorrisos, mas não se dignou, sequer a visitar o canteiro de obras. (Publicada em 15/02/1962)

 

 

A dama morta

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Casa do Cantador, em Ceilândia | Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

 

Toda a cidade que se preza, aqui ou em qualquer outra parte do mundo, deve ser concebida como algo vivo na paisagem que cresce e vai se desenvolvendo ao longo do tempo, numa dinâmica orgânica que muito se aproxima do ciclo evolutivo e natural humano. O que torna a cidade viva não são suas ruas, avenidas, praças e monumentos, mas, sim, o frenesi de sua população, que flui por seus espaços como um sangue correndo por entre artérias e veias.
Ocorre que o motor capaz de tornar tudo isso possível, e que muitos acreditam ser a verdadeira alma de uma cidade, é induzido pelo fermentar de sua atividade cultural, fervilhando noite e dia sem parar. Em outras palavras, a alma de uma cidade está na sua capacidade de produzir arte e cultura. É isso que identifica e dá vida a uma cidade. Cidades sem alma, que também existem como zumbis, são aquelas em que a arte e a cultura foram expulsas de seus limites, ou sequer chegaram a adentrar. Sendo assim, é fato que não podem existir cidades vivas apartadas da cultura e da arte dos seus habitantes.
Não por outra razão, desde os estabelecimentos das primeiras civilizações, há milênios, a preocupação primeira com a criação de cidades que espelhassem a dinâmica da vida e seus mistérios levou os construtores a criarem, simultaneamente, praças com monumentos, jardins, portais, arcos e monólitos colossais, tudo para embelezar e dar vida ao ambiente, numa demonstração de que, naquele lugar, havia vida e cultura assentadas. É esse o sentido primeiro e que até hoje é seguido em todo o mundo.
Quiseram, os idealizadores da capital do país, dotar Brasília dos mais belos, amplos e modernos espaços dedicados à celebração das artes. A corrente modernista, que nos anos 1950 e 1960, guiou os traços urbanos da nova capital, tinha em seu propósito básico o conceito de conjugar arte e arquitetura, dando a uma e a outra não apenas a oportunidade de diálogo entre o concreto e o abstrato, mas atingir, com essa proposta, a possibilidade real de demonstrar a capacidade de um povo de erguer uma cidade viva a espelhar a força criativa de sua gente, e que nada ficava devendo em qualidade a outras obras primas mundo afora.
A importância dessa união entre arte e arquitetura é que permitiu elevar a capital ao patamar de patrimônio cultural da humanidade. Foi com esse pensamento que os idealizadores de Brasília conceberam, logo nos primeiros projetos, os principais monumentos devotados, exclusivamente, à contemplação cultural e artística. Foi assim que, antes mesmo de se pensar em prédios para escritórios, foi projetado o Teatro Nacional, com várias salas para exibição do que o Brasil sempre produziu de melhor na música, no teatro, além de museus como o de Arte Moderna, dedicado à pintura, à escultura e às produções do universo das artes plásticas.
Logo em seguida, surgiram por toda a cidade espaços e salões dedicados à celebração das artes, como o Espaço Funarte, o Espaço 508, galerias Oscar Seraphico, entre algumas outras famosas, que traziam o que de melhor era produzido no Brasil e no mundo para exibir ao público da cidade. Houve um tempo, lá pelos anos 1970, que Brasília se orgulhava de ter mais de 30 galerias de arte.
Também os espaços culturais, onde se assistiam a apresentações alternativas de teatros e musicais, invadiram a cidade com a luminosidade das artes. A Escola de Música, com seu teatro amplo, enchia a cidade de sons. Outros lugares, como a Concha Acústica, as galerias do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, ajudavam a capital a permanecer acesa durante as madrugadas.
Houve um tempo, acredite se quiser, que Brasília pulsava dia e noite. Os concertos e apresentações se seguiam nos amplos espaços verdes, como é o caso do Concerto Cabeças, a revelar o que Brasília tinha de melhor e de mais promissor no campo da música e da poesia. Por toda parte e, ao longo de toda a semana, os espetáculos e mostras aconteciam.
Na UnB, seu auditório de música, era agenda frequente para alunos e ouvintes. Espaços, como os da Casa Thomas Jefferson e da Aliança Francesa, traziam músicos e artistas de seus países, atraindo sempre grande público. Infelizmente, todo esse fervilhar foi sendo reduzido por uma conjunção de fatores, que aliou gestores públicos, infensos à cultura, falta de incentivos diversos, crescimento desordenado da cidade, com o surgimento da violência urbana, além de outras causas mais sérias trazidas por uma pandemia mortal sem prazo para acabar e governos federal e distrital, que parecem ter na cultura um inimigo a ser derrotado. Tempos tristes esses em que a cidade, que antes pulsava em nossas mãos, hoje se apresenta como uma dama morta.
A frase que foi pronunciada
“Arquitetura é, antes de mais nada, construção, mas construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando à determinada intenção.”
Oscar Niemeyer
Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte grafite e aquarela, 29x21cm, 2010 (evblogaleria.blogspot.com)
História de Brasília
O que ocorre é isto, e o ministro Alfredo Nasser precisa saber: a Agência Nacional tem um quadro de redatores grande demais e apenas meia dúzia trabalha. A maioria está encostada em outras repartições, e se houver uma concentração de todos os redatores da AN, o edifício do Ministério da Justiça não terá mesas para todos. (Publicada em 07/02/1962)

As janelas quebradas da capital

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Foto: Carlos Vieira/CB/DA Press

 

Desde os anos sessenta, que o filósofo de Mondubim dizia que a desordem conduz, obrigatoriamente, à desordem. Esse é um tema conhecido de todos aqueles que observam as interações sociais, sobretudo numa cidade populosa, onde a aglomeração de pessoas tem reflexos diretos na qualidade de vida de todos, indistintamente. Não duvide: as atitudes de seu vizinho, ou o que é feito em bairros limítrofes ao seu, tudo possui o poder de repercutir em ações visíveis ou invisíveis na sua própria rua. E tudo será capaz de alterar, significativamente, a qualidade de vida em sua comunidade. O todo está intrinsecamente conectado, numa rede viva e dependente.

O experimento conhecido como “Teoria das Janelas Quebradas”, desenvolvido pelos pesquisadores da Escola de Chicago, nos Estados Unidos, James Q. Wilson e George Kelling, demonstrou, naquela época, que um carro abandonado, num bairro de classe rica ou pobre, tem maiores possibilidades de ser vandalizado ou mesmo furtado, caso uma de suas janelas esteja quebrada. O mesmo ocorre em edifícios, onde as janelas ou partes dele estejam danificadas por um tempo e não passem por pronta manutenção. Logo, logo esse prédio começa a ser depredado, invadido, passando, em pouco tempo, a se constituir em local de moradia de desocupados, sem tetos ou de usuárias de drogas.

A partir desse ponto, toda uma série de crimes passam a ocorrer, afetando não só a população que por ali circula, mas outros pontos da cidade. Exemplo desse fenômeno pôde ser confirmado no antigo Torre Palace Hotel, próximo à Torre de TV, que, a partir de 2014, gerou uma série de acontecimentos negativos e perigosos, não só para o Setor Hoteleiro Norte, onde se localizava, mas para toda a área adjacente. A situação chegou a um crescendo tal que foi necessária uma verdadeira estratégia de guerra para esvaziar o local, com a utilização de helicópteros e de um conjunto de forças de segurança jamais vistas para desocupar o imóvel. Isso depois de muita reclamação, muitos crimes e muitos prejuízos, para o turismo, já que o local onde está a edificação é no Setor Hoteleiro. A imagem de capital moderna acabava por ali.

O mesmo ocorre hoje na conhecida Cracolândia, fincada bem no centro de São Paulo, gerando problemas que nenhum governo foi capaz de sanar nesses últimos anos. O setor Comercial Sul, também possui a sua Cracolândia, sendo formada bem debaixo dos olhos das autoridades e já representa um enorme prejuízo para toda essa antiga e ainda valorizada área da cidade. Também as W3 Norte e Sul, depois da consolidação do modelo dos shoppings fechados, foi perdendo sua importância ao logo dos anos, com muitas lojas sendo fechadas e abandonadas.

A deterioração paulatina dos edifícios nessa localidade também confirma a Teoria das Janelas Quebradas, demonstrando que a falta de zelo e, principalmente, de fiscalização pelos órgãos encarregados desse serviço serviram para aumentar, além da decadência física do local, um atrativo a mais para moradores de rua, viciados e criminosos de todo o tipo que trafegam nessas áreas de dia e de noite.

Nesse particular, a W3 Norte tem sofrido, sobremaneira, nessas últimas décadas, tanto os efeitos da pouquíssima fiscalização pelos órgãos de segurança e vigilância, como dos serviços de postura e de engenharia, que simplesmente deixaram de olhar para essa importante parte da cidade. Outra ilustração clara e oposta à teoria da Janela Quebradas são as estações de metrô da capital. Todas impecavelmente limpas e organizadas e são mantidas assim pela população que, instintivamente, é levada ao desejo de preservação.

Com o desleixo das autoridades em relação aos imóveis da W3 e entrequadras e seguindo a Teoria das Janelas Quebradas, os proprietários desses imóveis passaram a agir e a construir seus puxadinhos à margem do que mandam os códigos de postura e de padrões urbanos, quer expandindo para as áreas públicas seus estabelecimentos comerciais, quer erguendo horripilantes terraços sobre as antigas edificações, não obedecendo questões de gabarito ou mesmo de sobrecargas.

Como resultado desse descaso, há poucos dias um prédio praticamente inteiro na quadra 713 Norte veio abaixo. Por sorte não deixou mortos. Agiriam corretamente as autoridades, se depois desse sinistro e de outros que vêm ocorrendo com certa frequência, mandassem demolir esses andares extras e todas essas obras ilegais, para o bem da população e para o futuro da cidade.

Apenas seguindo o que orienta o código de postura urbana já seria possível frear a decadência dessas vias de comércio. O que ninguém pode permitir, em nenhuma hipótese, é que sejam os próprios donos dessas edificações, junto à omissão da fiscalização, os responsáveis diretos por esses crimes contra a cidade e o futuro dos brasilienses.

História de Brasília

O governador Leonel Brizola chegou ontem pelo Viscount. No mesmo aparelho, viajou, também, o sr. Ranieri Mazzilli, que era o presidente da República à época da Campanha da Legalidade.(Publicada em 06/02/1962)

Décadas de invasões

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Foto: chiquinhodornas.blogspot.com

 

Desde que foi inaugurada oficialmente, em abril de 1960, Brasília vem experimentando um lento e persistente processo irregular de ocupação do solo. Esse fato se deve, possivelmente, aos atrativos, representados pelos serviços públicos oferecidos pela capital do país.

Por outro lado, o ritmo acelerado imprimido na construção da cidade não possibilitou a devida regularização burocrática das muitas propriedades particulares que existiam no entorno da capital ou que eram reclamadas por pessoas e famílias que ocupavam essas áreas anteriormente e que, naquela época, não eram devidamente registradas e documentadas em cartórios. Ou eram, como o caso da dona Victória Rezende e Silva, que, com o marido, era proprietária de toda a região onde hoje é o trecho 7 do Setor de Mansões do Lago Norte.

Tratava-se aqui de uma região remota, distante da antiga capital e do litoral, perdida nos confins do interior do país, pouco habitada e esquecida do restante do Brasil. Esse e outros fatores acabariam por abrir uma grande quantidade de parcelamentos e formação de lotes irregulares.

Até o início dos anos oitenta, ocorriam poucos assentamentos não oficiais nos arredores da capital e que não ofereciam maiores perigos para a ocorrência de invasões em massa, capazes de desfigurar, por completo, qualquer projeto de planejamento da cidade, como os que ocorreram no Rio de Janeiro e que redundaram no completo desvirtuamento urbano da antiga capital, com as consequências nocivas que hoje conhecemos.

A partir da Constituição de 1988 e, principalmente, da chamada emancipação política da capital, deu-se um verdadeiro boom de invasões que passaram a ser erguidas, da noite para o dia, por toda a Brasília. Incentivadas por uma classe política oportunista, que passou a identificar, nas terras públicas, uma moeda de troca representada pelo binômio: um voto, um lote, a multiplicação das invasões fugiu totalmente ao controle dos órgãos públicos, ameaçando destruir uma cidade planejada, transformando Brasília em mais uma das muitas capitais espalhadas por esse imenso país: caóticas e deformadas pela ganância e o oportunismo imediatista que caracterizam a maioria de nossa classe política.

Hoje, passados mais de sessenta anos de sua inauguração, a questão da regularização das terras e o surgimento de novos núcleos habitacionais, bem como as invasões, ainda representam uma realidade e uma ameaça que parece longe de ser pacificada. Trata-se de um processo herdado por décadas de incúria e de falta de vontade e firmeza das autoridades e que laçam essa ameaça para um futuro incerto. O que se tem como certeza, e a maioria de nossas capitais demonstram isso na prática, é que cidade alguma pode prescindir e resistir ao tempo, como espaço seguro e aprazível para seus cidadãos, se abrir mão de um planejamento urbano, racional e metódico, capaz de ordenar e pôr nos eixos toda a complexidade que envolve uma metrópole. Ou aprendemos isso, observando o caos em que se transformaram nossas cidades mais antigas, ou seremos condenados a multiplicar esses erros e espaços, erguendo cidades que, no fundo, as pessoas querem ver de longe.

O problema é que planejamento urbano exige, antes de tudo, civilidade e respeito total às normas e posturas dispostas em lei. E é aí que está a raiz do problema. Quando se verifica que nem mesmo aqueles, aos quais a função e os altos cargos exigiriam pronto acatamento às normas e leis urbanas, cumprem o que está estabelecido, muito menos se pode esperar de outros cidadãos menos afortunados, que vêm nessas elites um mal exemplo a ser copiado. Não por outra, é visível também, em bairros chiques, como os lagos Sul e Norte, invasões de áreas públicas, perpetradas por pessoas de alto poder aquisitivo, que acreditam no poder do dinheiro e da função para domar os fiscais. Não é por acaso que, nesses bairros, onde casas e lotes valem milhões de reais, a existência de passeios públicos, com calçadas e espaços para pedestres, praticamente inexiste, espremidos pelo avançar dos lotes e das mansões. Cadeirantes, idosos, atletas e outros caminhantes não têm vez nesses espaços, tomados pelo egoísmo daqueles que se reconhecem como intocáveis. É tudo uma tragédia urbana, sem solução à vista.

Frase que foi pronunciada:

Aquilo que escuto eu esqueço, aquilo que vejo eu lembro, aquilo que faço eu aprendo.”

Confúcio

Foto: reprodução da internet

Ir e vir

A seguir, as fotos de uma região cercada ilegalmente como Residencial Vale dos Ipês, só para ricos. Moradores antigos e pobres da região são impedidos por um funcionário do condomínio criado, que se diz trabalhar para o governo. Fecha o portão e obriga a população de baixa renda a andar quilômetros para dar a volta e entrar por outro local. É preciso esclarecer essa situação que, diga-se de passagem, é inconstitucional.

Insustentável

E a cadela da casa resolveu parir debaixo de largas toras de madeira, onde os donos não conseguem chegar. Nem Bombeiros, nem Polícia Ambiental, nem Zoonose fazem esse tipo de resgate. Resultado: morreu um dos filhotes e a cadela amamenta os sobreviventes em meio ao cadáver do animal em decomposição. Os proprietários do bicho até pensaram em se apresentar como autores de maus tratos. Não o fizeram porque, nesse caso, ao recolher o animal, a zoonose leva para o canil. E mais: para maus tratos, a lei não prevê amamentação entre cadáver.

Eficiência

Difícil ter uma atendente com tanto conhecimento, agilidade e carisma no trato com o cliente. Daiana, da Claro Net, teve uma performance que merece esse registro.

Foto: divulgação

História de Brasília

Quando surgem notícias desencontradas, e em casos destes sempre ocorre, a culpa cabe às autoridades que não comunicam pela imprensa. (Publicada em 01.02.1962)