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Monocultura, latifúndio e trabalho escravo. O tripé do atraso
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Em qualquer direção que se trafegue pelas cercanias do Distrito Federal é possível avistar imensas monoculturas de milho, soja, algodão ou eucaliptos, plantados em latifúndios, que por sua amplidão, chegam a equivaler, em tamanho territorial, a alguns países da Europa. São lavouras gigantescas, que integram a chamada agricultura de commodities, na qual o Brasil desponta como potência mundial.
Para alguns desavisados trata-se de uma verdadeira riqueza em forma de biomassa, que gera muitos dividendos para o país e ajuda na balança de exportações. O que muita gente nem suspeita é que as monoculturas, mesmo trazendo divisas para o país, geram imensas riquezas para os proprietários dessas lavouras e para a indústria de fertilizantes e defensivos envolvida diretamente nesses ciclos. De resto, o que essas monoculturas deixam de passivo, principalmente com relação ao meio ambiente e às populações do campo, que não participam desse ciclo de riqueza e por ela são expulsos de suas terras, são de tal monta, que chega a ser surpreendente que ainda haja um enorme e conivente silêncio sobre essas atividades.
De fato, o que representa riqueza para uns poucos vem sendo denunciado por ambientalistas e cientistas como um desastre de proporções ciclópicas e que já mostram seus efeitos perversos e, em alguns casos irreversíveis. Antes de tudo é preciso compreender que o destino dado às áreas do cerrado que cercam a capital a do país, será o mesmo. Brasília e seu entorno tem destinos comuns. O que for feito à um, trará efeitos sobre o outro. Não há futuros distintos no caso específico da monocultura do eucalipto, uma espécie alienígena, importada da Austrália nos anos setenta, dentro de um programa errático de reflorestamento. Estudos recentes comprovam a ligação direta dessa cultura com a escassez hídrica no cerrado, principalmente nas regiões mais ao Norte.
Depois de cinco décadas de sua introdução, a monocultura de eucalipto já demonstrou seu potencial sobre o fenômeno da desertificação do cerrado. Estudos científicos realizados por ambientalistas mineiros vem comprovando que as imensas plantações dessa espécie, utilizada nas indústrias siderúrgicas da região, vem afetando diretamente a recarga dos aquíferos dessas áreas. Da média histórica de precipitação pluviométrica, em torno de 1 mil milímetros/ano, o eucalipto consome sozinho 800 milímetros. Como o Cerrado precisa de 500 milímetros, há um deficit anual de 300 milímetros. Em consequência rios e córregos da região vem apresentando a cada ano uma diminuição em seus volumes.
Pelo estudo fica evidenciado que de 2013 para cá a situação nas bacias dos rios São Francisco e Jequitinhonha vem se agravando, afetando mais de 270 municípios da região que passaram a enfrentar situações frequentes de emergência.
Estudiosos do problema tem alertado para conter o avanço dessa cultura, pedindo a proibição total de abertura de novas áreas de cultivo e o monitoramento constante dos níveis dos lençóis freáticos da região. Passados quinhentos anos continuamos a insistir no plantio de monoculturas, cultivadas em grandes latifúndios, com a diferença de que hoje a mão-de-obra escrava foi substituída pelo boia fria, uma espécie de escravo moderno.
Para quem conhece um pouco de história do Brasil, sabe que esse tripé, formado pela monocultura, latifúndio e trabalho escravo se constituiu na base de nossa economia e do nosso atraso, pelo visto, eterno.
A frase que foi pronunciada:
“A inveja é um atestado de inferioridade.”
Napoleão Bonaparte
Carta do leitor
Recentemente entrou em vigor uma lei que condena o motorista alcoolizado a prisão. Esqueceram que não existem vagas para bandidos nas penitenciárias brasileiras. As prisões estão super lotadas com ladrões, assassinos, estupradores etc. Agora então é que a coisa vai complicar para o cidadão pagador de impostos… Quem você acha que o governo vai querer prender? Alguém que tem que pagar uma multa de aproximadamente R$ 3 mil reais para o faturol governamental ou um assassino que custará um absurdo às contas públicas? Breve nas cadeias apenas motoristas! Bandidos, assassinos e ladrões à solta por falta de espaço e pelo faturol! Ray Netto
Sem reguladora
Nosso leitor José Rabello concluiu que não temos energia solar em número suficiente no Brasil, para que tenhamos as tarifas vermelhas. O consumidor em desvantagem, o que faz valorizar as ações das elétricas nas bolsas. Rabello ilustrou a frase: O pior é que, no Brasil, quando se trata de consumidor, um dia é da caça, e o outro da pesca. Quem consome é sempre o alvo de ataque.
Sugestão de pauta
A situação do lote atrás da SHIN QL 2 do conjunto 7 merece uma matéria com imagem. O abandono do local, com restos de obra, mato alto e água acumulada são ameaças constantes aos moradores da área.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As chuvas já começaram e os jardins de Brasília ainda não estão preparados. É que o Departamento de Parques e Jardins diz que só fará jardins onde houver água, e o Departamento de Água e Esgotos não tomou conhecimento disto. (Publicado em 12.10.1961)
ARI CUNHA
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Durante todo o tempo em que os militares exerceram o controle do país e, principalmente, após a publicação do Decreto-Lei 314, de março de 1967, que definia os crimes contra o regime, era comum escutar, aqui e ali, a expressão doutrina de segurança nacional. Naquela ocasião, os militares brasileiros, em face do controle do Estado, possibilitada pela revolução de 1964, passaram a identificar como inimigos internos do país todos os indivíduos, ou grupos, que buscavam, sob a influência da então poderosa União Soviética e da China, desestabilizar o regime, com base na difusão de ideologias de orientação comunista.
Eram outros os tempos e os objetivos do governo. Vivia-se o auge do período da Guerra Fria que, praticamente, dividia o mundo em dois polos antagônicos. De um lado, o capitalismo do Ocidente e, de outro, o socialismo, ou capitalismo de Estado. Cada um, carregado de contradições e críticas de toda ordem.
No meio de ambos os lados, vivia uma imensa população, na maioria, alheia aos matizes ideológicos, muito mais centrada em entender e participar de um mundo que estava ardendo e virando de cabeça para baixo.
A revolução que essas pessoas perseguiam e ansiavam era a de costumes, da pílula, da minissaia, da rebeldia contra os modelos de educação e outras verdadeiras revoluções, muito distantes e distintas daquelas propostas por governos. Quaisquer governos.
Quem vivia do lado da cortina de ferro dos países do Pacto de Varsóvia queria mesmo era passar para o lado dos países da Otan. O pessoal de esquerda, que vivia dentro do mundo capitalista, desejava transformar o Ocidente em algo parecido com o Oriente, desde que pudesse manter o estilo de vida.
Alheios aos governos de linha-dura, o que a juventude pretendia, dos dois lados da fronteira política, naqueles distantes dias, era um mundo de paz e amor. Quem viveu naqueles loucos anos 1960, mesmo sob forte doutrinação imposta pelos governos da ocasião, almejava um Estado que nenhum dos lados poderia oferecer, principalmente nos regimes de orientação comunista.
O Brasil, naquele período, era um país ainda mais periférico do que é hoje, visto pelo restante do planeta como um mundo longínquo e exótico. A impressão internacional do país era dada apenas pelo então cartão-postal representado pelo belo Rio de Janeiro. O resto era visto ainda como um imenso continente selvagem, desabitado e sem importância.
Brasília despertava apenas interesse entre alguns intelectuais e arquitetos curiosos com nossa versão de modernismo urbano. Enquanto o regime de plantão lutava para que o país não descambasse para um modelo tipo Cuba, o que a juventude queria e copiava era o modelo americano, suas modas e seus trejeitos.
Revoluções por essas bandas, conforme desenhado pelos estrategistas de farda, não tinham chances de vingar. O mundo pretendido pela juventude daquele tempo, em ambos os regimes, passava longe das pretensões dos políticos e dos militares. Embora fosse chique falar em socialismo com um copo de uísque na mão, o que a base da pirâmide social queria era subir na vida e desfrutar também do luxo capitalista. Entrar em filas gigantescas com tíquetes fornecidos pelo Estado para comprar pão e leite racionados era uma realidade que os brasileiros não conheciam, mas era a mesma miséria de sempre, vista através de lentes comunistas. O mundo que esses regimes acenavam e podiam oferecer estava bem distante daquilo que sonhava o grosso da população.
Olhando hoje o que resultou nossa curta experiência de um país governado, segundo os dogmas da esquerda, dá para imaginar o que se passou pela cabeça daquelas pessoas que assistiram à queda do muro de Berlim. Regimes são bons apenas para aqueles poucos que estão dentro do sistema, para a chamada nomenklatura. Para o restante, fica apenas o desejo de que tudo termine o quanto antes.
Olhando por cima dos ombros, para esse mundo distante, quando os diversos governos criavam inimigos imaginários apenas para se manter no poder, é que começamos a nos dar conta de que os verdadeiros inimigos do Estado, representados hoje pela corrupção e pelo crime organizado, se tornaram uma realidade presente e uma ameaça concreta a todos nós brasileiros. Essa é, de fato, a real ameaça à segurança nacional.
A frase que foi pronunciada
“— Eu sou da área. Vou avisar ao Meio Quilo que você me assaltou. — Que isso, irmão? Foi mal, toma tudo aí. Vê se não tá faltando nada!”
Malemolência de um carioca que passeava na beira da praia e evitou um assalto só por conhecer o nome do bandido que controlava a região.
Lembrança de Brasília
BSB Memo traz estampas em camisetas que só os candangos entendem. “Pega o Eixão, depois o Eixinho, faz a tesourinha e sobe no balão”. A marca foi criada por Thatiana Dunice e Raffael Innecco e é sucesso.
Incrível
No C.A. 2 do Lago Norte, na saída, em uma placa Premium Corporate, há o maior absurdo de engenharia de trânsito da cidade. É preciso sair pela contramão para não colidir com o carro.
História de Brasília
O Senado ainda não tomou conhecimento da indicação do sr. Sette Câmara para a Prefeitura do Distrito Federal. Tanto assim que, ontem à tarde, os senadores ainda estavam votando a indicação do sr. Sette Câmara para a embaixada brasileira em Genebra. (Publicado em 12/10/1961)
ARI CUNHA
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Ganância, já dizia o filósofo de Mondubim, leva ao egoísmo e o egoísmo à solidão. Está sendo muito festejada pelos proprietários dos shoppings e principalmente pelos arrendatários de estacionamentos nesses centros de comércio, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em acolher Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) impetrada por uma tal Associação Nacional de Estacionamentos Urbanos (Abrapark), declarando ilegal a Lei 4.067/2007 que estabelecia gratuidade no pagamento de estacionamentos dos shoppings no Distrito Federal aos veículos de pessoas idosas e com deficiência. O que, à primeira vista poderia ser compreendido como uma conquista da livre iniciativa contra o poder regulador do Estado, é, na verdade, uma vitória vazia de humanidade e de grandeza que expõe, como, nenhum outro exemplo, a ganância desmedida desses falsos empresários que veem na vantagem dessa pequena batalha, um modo de aumentar seus já altos lucros.
Cegos com o brilho falso dessas poucas moedas, nossos empresários insistem em caminhar na contramão de seus pares dos países do primeiro mundo que já perceberam que por detrás de uma marca, de um produto ou de uma empresa estão as contrapartidas éticas, humanas e sociais disponibilizadas por elas.
Questões como fidelização dos clientes e respeito dos consumidores, fundamentais hoje para a sobrevivência de uma empresa a longo prazo, estão intimamente ligadas ao comportamento ético dessas companhias e compõem o perfil do moderno empreendedor. Portanto, soa anacrônico e primitivo, principalmente numa sociedade em que o número de idosos aumenta a cada dia, que se comemore uma decisão, instigada unicamente pelo desejo à riqueza e ao acumulo de riqueza.
Os altíssimos preços cobrados nos estacionamentos desses centros de comércio, a muito tempo vem sendo alvo constantes de reclamações dos consumidores. Isso porque diante de um sinistro muitos se eximem da responsabilidade, mesmo cobrando uma exorbitância.
Se de um lado trazem gordos lucros à esses empresários, de outro espanta uma multidão de clientes que resistem em ser espoliados de forma abusiva. Para os poucos idosos que dispõem de ânimo para frequentar estes estabelecimentos, a gratuidade era vista como uma forma generosa de atraí-los com segurança para esses locais, onde, não raro acabavam gastando alguns bons trocados.
Soa ainda mais dissimulada a decisão dos controladores dos shoppings em esperar os movimentos frenéticos de compra de fim de ano para por em prática uma medida que já havia sido anunciada em novembro último, numa demonstração de oportunismo e que ofende não só a turma de cabelos brancos, como os milhares de deficientes que vivem nessa cidade. O que pode acontecer, daqui para frente, é que algum shopping vá contra essa corrente de ganância e estabeleça gratuidade para esses clientes, chamando para si boa parte desses consumidores desprestigiados por outros comerciantes. É um mínimo de esperança.
A frase que foi pronunciada:
“O pior é que aqui no Brasil, quando se trata de consumidor um dia é da caça outro da pesca. Quem consome é sempre o alvo de ataque.”
Dona Dita, sobre a cobrança para idosos nos shoppings
Saneamento
Mais uma notícia bem lembrada pelo nosso leitor Álvaro Costa. Acreditem ou não, IDH mais alto do Brasil, Lago Sul em Brasília, bairro nobre, não recebe o item mais básico de um saneamento público. Não há rede de esgotos. Apesar disso, a cobrança está lá. Bem descrita na conta.
O resultado é o uso obrigatório de fossas contribuindo sobremaneira para a contaminação do lençol freático, e disseminação de doenças infectocontagiosas prevalentes em áreas contaminadas. Pior que a negligência, imprudência e imperícia do governo é a absoluta falta de mobilização da comunidade prejudicada no sentido de pressionar as autoridades públicas para a solução definitiva deste absurdo social.
No Rio é um orgulho ver o bloco passar em frente à própria casa. Aqui em Brasília de tantas reclamações os blocos de carnaval vão se reunir no estádio Mané Garrincha, Setor Bancário Norte, Sul, ginásio Nilson Nelson e por aí vão. Bem longe das janelas.
Cilada
Votado como o mais criativo vírus enviado por e-mail é um perigo. A mensagem diz: “Confira seu contracheque”. Em tempos de vacas magras os desavisados abrem sem titubear. Daí o estrago é grande.
Consume dor
Na padaria Pão de Ouro a funcionária do caixa vociferava com um cliente porque ele não tinha trocado. Essa obrigação é dos comerciantes, não dos consumidores.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os contribuintes do Iapetc estão reclamando que sempre que procuram o dentista do Instituto, encontram à porta do gabinete, uma plaquinha com a informação de que não há anestesia. (Publicado em 12.10.1961)
ARI CUNHA
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Leis e salsichas continuam, séculos depois, sendo feitas com os mesmos ingredientes estranhos e indigestos. No Distrito Federal, a profusão e as trapalhadas na confecção de instrumentos legais, por suas bizarrices, fazem parte do anedotário local. Com a emancipação política da capital, uma fantástica fábrica de salsichas foi instalada no Palácio do Buriti e na Câmara Legislativa, passando a produzir, em ritmo febril, leis, códigos, preceitos, regulamentações e outras regras diversas, boa parte visando ou a engordar os cofres do governo ou a trazer benefícios diretos e indiretos aos políticos locais.
Da população, tornada alvo da profusão de novas leis, vieram os muitos recursos para atender à avalanche de novos diplomas legais. Dentro dos pacotes de medidas, editadas a torto e a direito, o que chama a atenção é a intenção do GDF em estabelecer, por decreto, o estacionamento rotativo pago nas áreas centrais da capital.
Praticamente, em todas as vagas públicas situadas dentro do perímetro urbano da cidade serão cobradas por hora de estacionamento. Para uma metrópole, com uma média de 55 carros para cada 100 habitantes, onde 1,7 milhão de veículos circulam para cima e para baixo todos os dias, deverá render uma verdadeira fortuna aos cofres públicos.
Isso sem falar dos impostos, taxas e multas cobradas a cada minuto pelos órgãos fiscalizadores de trânsito espalhados pelos quatro cantos da cidade. Assim, a cada dia, fica impraticável circular de automóvel por Brasília. Note-se que a capital foi concebida exatamente em cima da noção, corrente à época, de que o corpo do brasiliense, ao contrário do senso comum, se dividia em cabeça, troncos e rodas.
Interessante e sintomático é notar que medidas como essa chegam muito antes de se pensar em transporte público de qualidade, tipo metrô de superfície ou VLT. O pior é que a iniciativa ainda virá revestida de justificativa despropositada e seletiva. Pela intenção, contida no projeto do GDF, 50% do dinheiro arrecadado pela exploração das vagas serão destinados ao Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev).
É preciso lembrar que esses espaços públicos foram construídos com os recursos de todos os brasilienses indistintamente, servidores ou não, não sendo justo que apenas uma categoria venha a se beneficiar agora da exploração das áreas.
Urbanistas e outros entendidos em projetos e ordenamentos das cidades, há muito tempo, alertam aos governos para a necessidade da instalação de transportes públicos eficientes. Somente um sistema de qualidade poderá reverter o caos no trânsito. Isso é ponto pacífico. Querer inventar a roda quadrada para tapar rombos em institutos com medidas dessa natureza é andar sem sair do lugar. Ao dobrar a esquina, intenções desse tipo, inexoravelmente, vão trombar de frente com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), agregando mais um instrumento legal à coleção do anedotário local.
A frase que foi pronunciada
“As únicas coisas que evoluem por vontade própria em uma organização são a desordem, o atrito e o mau desempenho.”
Peter Drucker
Ao leitor
Agora ficou mais fácil para os nossos leitores participarem do Blog do Ari Cunha. Basta preencher, por meio do Blog do Ari Cunha e participar sem que seja necessário fornecer mais dados. Essa coluna é a voz de Brasília. Faça valer!
Novidade
Será criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa Idosa. Trata-se de um banco de dados com as informações dos dados obtidos em censos relacionados a essa faixa da população. Dados georreferenciados, além de permitirem a identificação e a caracterização socioeconômica das pessoas idosas, registrarão as políticas públicas adotadas nas regiões para esse segmento da população.
Solução
Perde toda a credibilidade a Caesb quando nega que a qualidade da água esteja ruim. Com as redes sociais, centenas de vídeos foram gravados mostrando a água barrenta ou branca de tanto cloro. Só há uma forma de a comunidade brasiliense acreditar que a qualidade é boa. Colocar os altos funcionários da Caesb para beber a água em pelo menos 10 residências de consumidores do DF que estejam reclamando da qualidade do líquido.
Silêncio
A Mega da Virada novamente é alvo de desconfiança. Quem tem a caixa-preta sobre o assunto é o senador Álvaro Dias. Já falou em plenário várias vezes sobre essa trama. Mas, como é fonte de dinheiro, o escândalo não sai da caixa.
História de Brasília
Não está agradando aos credores da Novacap, o critério adotado pela companhia para o pagamento das dívidas. O sacrifício dos grandes credores em benefício dos pequenos, tem deixado muitas firmas em dificuldades. (Publicado em 12/10/1961)
ARI CUNHA
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Não se tem ainda, no Brasil, um estudo mais preciso sobre as diversas doenças contraídas pelo homem da cidade e do campo pelo uso de agrotóxicos, principalmente pela aplicação do glifosato. Os levantamentos esparsos que se conhecem sobre o uso indiscriminado do herbicida, produzido pela Monsanto sob o nome de RoundUp, mostram que são elevados os números de doenças, como câncer, distúrbios da tireoide, má-formação de fetos e intoxicações diversas.
O glifosato é o agrotóxico mais utilizado no mundo e, no Brasil, representa 50% das vendas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Diferentemente do que ocorre no nosso país, o uso desse veneno, na Europa, tem validade definida. Em países como a França, será banido, definitivamente, em 2022. Em outras partes do continente europeu, o uso também está prestes a expirar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o produto como potencialmente cancerígeno.
Outras pesquisas contrárias não têm a credibilidade pelo fato de serem financiadas pelas indústrias do produto. O Brasil é considerado o campeão mundial de uso do glifosato. Metade da importação do veneno é destinada para as lavouras de soja, depois, às plantações de cana e de milho — três commodities, que tornam o Brasil o maior exportador agrícola mundial —, cultivadas em latifúndios com área superior à de muitos países da Europa. Nesse sentido, o Brasil exporta não só esse tipo de alimento transgênico em enormes quantidades, mas, sobretudo, produtos altamente contaminados — 96% da nossa soja é transgênica. No caso do milho, a porcentagem é de 86%. Ou seja, o agronegócio produz basicamente alimentos geneticamente modificados e com alta dosagem de veneno.
Essa é uma realidade que tem, como subproduto, grande incidência de doenças adquiridas pela população e, principalmente, pelo trabalhador do campo, além causar danos irreversíveis ao meio ambiente, com o envenenamento do solo, da água, dos animais silvestres, desde insetos polinizadores, como as abelhas, até animais maiores, mortos também por intoxicação severa. Além disso, os resíduos do veneno, presentes na água potável que consumimos, são cinco mil vezes maiores do que os presentes na água para consumo humano na Europa, o que é um escândalo sem precedentes.
No Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países, há uma bancada numerosa, conhecida como “bancada ruralista”, no parlamento, que, curiosamente, se move abertamente contra os interesses da população, sobretudo contra a saúde dos brasileiros, deixada de lado e a reboque de interesses puramente econômicos.
Para se ter uma ideia, entre 2007 e 2014, houve registros de mais 25 mil intoxicações no Brasil — sem contar com as subnotificações — decorrentes exclusivamente do uso de venenos na agricultura. Ocorre que, na avaliação da bem-conceituada Fiocruz, para cada caso notificado ao Ministério da Saúde, estimam-se outros 50 casos que não foram registrados. Ou seja, 50 vezes 25 mil, um número absurdo mantido sob silêncio.
A frase que não foi pronunciada
“A alma da fome é política!”
Betinho
Continua
Pelos corredores dos aeroportos de grande parte do país, persiste a venda de revistas, subtraindo contas indevidas de cartões de crédito. As reclamações aumentam. Para se ter um quiosque em aeroporto é necessário pagar alto preço. Certo seria verificar a idoneidade desses comerciantes.
Absurdo
Outro assunto de muitas reclamações sobre os aeroportos brasileiros se refere aos preços cobrados por produtos simples: um pão de queijo, R$ 7, ou uma Coca-Cola, R$ 13.
Estacionamento
Outro valor superestimado, absolutamente, fora de todos os parâmetros. O que era espaço público foi privatizado e a população é submetida a preços exorbitantes.
História de Brasília
A sua posição, embora passageira, à frente do Gabinete do Presidente da Novacap, embora seja a valorização do cargo, não é conveniente a Brasília, que perde um técnico no seu plano de obras. Um cargo executivo na Diretoria da Companhia seria o justo lugar do sr. Vasco Viana de Andrade em Brasília. (Publicado em 11/10/1961)
ARI CUNHA
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Um texto, sem assinatura, de 16 anos, publicado na revista Cronicas de Los Tiempos, traz a realidade esperada pela negligência humana em relação às nascentes e ao mau uso da água. Uma inspiração para os cientistas, especialistas e líderes espirituais que se reúnem em Brasília, em janeiro, para discutir o desmatamento, níveis de chuva, aumento do consumo hídrico.
Águas pela Paz espera que o Brasil lance uma aliança global pela conservação e uso consciente da água no planeta. A simplicidade do texto da Carta dos anos 2070 assusta pela forma cristalina como retrata a realidade e ao mesmo tempo mostra que, se nada for feito agora, depois será tarde demais. Segue o texto:
“Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro… Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.
Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam “Cuida da água”, só que ninguém lhes ligava — pensávamos que a água jamais poderia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo, e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado, já que as redes de esgoto não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.
Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos e como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.
O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137m³ por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das “zonas ventiladas”. Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam à energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos.
Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo Exército. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado — mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há árvores, porque quase nunca chove, e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano têm sido severamente alteradas pelos testes atômicos.
Advertiam-nos que deveríamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo como bonito eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, e ela pergunta-me: “Papá! Por que se acabou a água?” Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos.
Agora os nossos filhos pagam um preço alto e, sinceramente, creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isso, quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!”
A frase que foi pronunciada
“Como podeis vós comprar ou vender o céu, o calor, a terra? A Ideia nos parece estranha. Se nós possuímos a frescura do ar e os espelhamentos da água, de que maneira poderá V. Excia. comprá-los?”
Chefe Seatle
História de Brasília
Muito justa, neste momento, é a indicação do sr. Vasco Viana de Andrade para a diretoria da Novacap. É merecimento, é pagamento ao valor de um excelente técnico da equipe arrebanhada pelo sr. Juscelino Kubitschek para a construção de Brasília (Publicado em 11/10/1961)
ARI CUNHA
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O ano de 2017, pelo imenso volume de questões que ficaram pendentes, deve prosseguir em 2018, prolongando um ciclo que insiste em não acabar. Por conseguinte, o ano que se inicia é novo apenas no calendário e no desejo sincero dos otimistas e brasileiros de boa-fé. Há muito tempo andamos em círculos, o que nos obriga a repetir e acumular erros sobre erros. É nessa perspectiva, vista pelo espelho retrovisor, que saudamos o ano que começará, de fato, só depois do carnaval.
Deixando um pouco de lado os aspectos políticos e econômicos ainda por serem resolvidos neste ano de eleições, é preciso centrar todas as atenções para um megaproblema que, por suas consequências graves e que já se fazem sentidas, fará do Brasil exemplo e modelo a não ser seguido por nenhum outro país do globo, sob pena de vir a comprometer a própria existência humana sobre o planeta.
Trata-se da agricultura, ou mais precisamente da monocultura de exportações (commodities), na qual o país vem se destacando no cenário mundial como uma grande potência. Importante estudo, lançado, no finalzinho de 2017, pela professora e pesquisadora do Departamento de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo Larissa Mies Bombardi, intitulado Geografia do Uso de Agrotóxico no Brasil e Conexões com a União Europeia, traça um quadro assustador do agronegócio no Brasil e as sérias consequências da atividade para o futuro do país.
Na avaliação da pesquisadora, a questão do agronegócio tomou tamanha importância, a partir do início do século 21, que levou o governo a privilegiar os aspectos econômicos sobre quaisquer outros, inclusive sobre a questão da saúde humana e ambiental. Analisando a pauta de exportações do país dos últimos anos, dá para sentir bem esse fenômeno. Segundo ela, até o início do ano 2000, havia uma preponderância nas exportações de produtos manufaturados sobre os produtos primários.
A partir de 2009, essa situação se inverteu, com os produtos primários ganhando cada vez mais destaque em nossas exportações. Para se ter uma ideia, hoje o Brasil tem, apenas com relação ao plantio de soja, uma commodity, uma área de plantio quatro vezes maior do que o território de Portugal.
Temos, nesse caso, pautado toda a nossa exportação apenas no agronegócio, que tem como pilares principais substâncias químicas na forma de fertilizantes, defensivos agrícolas ou agrotóxicos, importados em enormes quantidades e usados de forma absolutamente irresponsável. Isso ocorre porque nossa legislação tem sido permissiva, graças, em grande parte, ao poderoso e eficaz lobby da bancada do agronegócio com assento no parlamento, avesso a qualquer discussão sobre meio ambiente, agricultura familiar e outros assuntos contrários à economia assentada apenas no lucro a qualquer preço.
O que decorre dessa prioridade que visa apenas a renda dos grandes produtores é que temos reduzido significativamente a produção e diversificação de alimentos para a população. Não é por outro motivo que, quando uma dona de casa brasileira vai ao supermercado ou à feira, acaba se deparando com produtos, de origem animal ou vegetal, com preços muito acima dos praticados em outras partes do mundo, isso num país em que o governo alardeia como sendo o celeiro do mundo.
Essa balela de que o Brasil produz alimentos para todo o mundo esconde uma realidade que está, de fato, envenenando a população, a terra, os rios, matando animais, expulsando comunidades inteiras de suas terras e, a longo prazo, tornando inférteis e áridas enormes extensões do território nacional. Soja, milho, cana-de-açúcar, eucalipto e outras commodities voltadas exclusivamente para o mercado externo, dentro da visão atual da divisão internacional do trabalho, favorecida pela globalização da economia, e que obriga o país a se manter como produtor de gêneros básicos a um custo altíssimo.
Nesse contexto perverso, as indústrias transnacionais que produzem os componentes químicos e, principalmente, sementes geneticamente modificadas, aproveitam-se enormemente de países, normalmente agroexportadores e do terceiro mundo, onde a legislação é sempre permissiva e leniente com esses venenos modernos.
A frase que foi pronunciada
“Como seriam venturosos os agricultores se conhecessem os seus bens!”
Virgílio
Interessante
Se o desemprego está ruim no Brasil, há cinco páginas na internet de empregos disponíveis em uma pequena cidade da Califórnia, onde a língua portuguesa é exigida. A maioria é para esteticistas.
Só eles
Era o Pelé, depois Ronaldo e agora Neymar. Assim o Brasil é conhecido no exterior.
Maconha
Ontem a maconha foi liberada na Califórnia. A população aprovou a liberação em uma consulta governamental em 2016. A regra é parecida com a venda de álcool, ou seja, permitida apenas para maiores de 21 anos. Outra curiosidade é que cada pessoa pode cultivar até 6 pés de canabis em casa e portar no máximo 28,3 gramas.
História de Brasília
Nenhuma administração da Prefeitura ou da Novacap pôde prescindir, até o presente momento, do trabalho do sr. Vasco Viana de Andrade. Técnico competente, organizado e trabalhador, é responsável pelo maior volume de obras do Distrito Federal, sendo o seu departamento estruturado com uma das melhores equipes já formadas no Brasil. (Publicado em 11/10/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Num país que, desde a abertura política, avança aos tropeços, pior do que a espetaculização dos acontecimentos, revelados pelas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, é ter que engolir, como medida ditada pelos cânones dos direitos humanos, ao festival de indultos, saidões de presos, reduções significativas de penas e outras ações que parecem nos remeter à certeza de que o Estado brasileiro não tolera ter que punir quem comete delitos e crimes de toda a ordem.
Quando o cidadão de bem reclama dessas benesses exageradas, concedidas principalmente às elites, chegam os defensores do garantismo falando em sede de punição e vingança da sociedade, ansiosa por ver na cadeia poderosos de toda a ordem.
Há muita confusão mali-ntencionada e jatos de fumaça nesses argumentos dos dois lados da questão. Na verdade, ninguém ouviu falar em prisão domiciliar para pobre, mesmo para mulheres grávidas. Bandido pé de chinelo jamais andou de tornozeleira eletrônica tampouco impetrou agravos ou embargos infringentes perante o Supremo.
Nesses casos, com todas as imagens que vão sendo mostrados pela mídia, fica patente para todo mundo que existem duas justiças, que trafegam em ruas paralelas. Prender ou fazer justiça, conforme manda o Código Penal, parece ter virado questão tabu ainda mais em se tratando de altos figurões. Ainda assim, seja no patamar de cima ou na base da pirâmide social, é preciso uma certa encenação para mostrar a igualdade de todos perante as leis.
Nesse sentido, o indulto concedido pelo presidente Temer e, oportunamente, suspenso pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, em muito se assemelha ao saidão de presos para comemorar as festas de fim de ano. Nesse quesito, chegou-se ao absurdo de conceder o saidão para comemorar do Dia das Mães a uma detenta que havia assassinado o pai e a mãe.
O indulto é uma indulgência aos crimes da elite que muito se assemelha aos saidões de presos do regime semiaberto. Mesmo a comutação de penas em serviços comunitários, ou o abrandamento de severas sanções em regime fechado àqueles que fecharam acordos de delação premiada, soa, para a população, como um escárnio que faz do Brasil um país onde o crime parece compensar.
A curto prazo, “indulto não é prêmio ao criminoso nem tolerância ao crime. Nem pode ser ato de benemerência ou complacência com o delito”, afirmou Carmem Lúcia, para quem o indulto de Temer pode tornar as penas tão ínfimas que deixariam a sociedade totalmente desprotegidas.
Do mesmo modo,falta proteção à população quando é obrigado a assistir à abertura das portas das prisões a milhares de detentos que, do lado de fora, comemoram, isso sim, a leniência do Estado. Se os cidadãos pudessem ser consultados a dar seu veredito sobre indultos, saidões, redução de penas e outros benefícios àqueles que têm contas a ajustar com a Justiça, pensariam duas vezes antes de cometer qualquer crime por saberem o resultado.
No frigir dos ovos, o que está certo é que a punição deveria ser proporcional à quantidade de verba pública desviada. Para os detidos pelas operações da Polícia Federal e pelo Ministério Público, tudo vale a pena quando a punição é tão pequena.
A frase que não foi pronunciada
“Quanto mais organizado o suspeito, mais fácil de chegar lá.”
Perito da Operação Lava-Jato, pensando enquanto abre s arquivos no computador
Registros
Um novo ranking, mais completo e detalhado, desenvolvido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-BR), com base nas informações de Cartórios do Distrito Federal prestadas à Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), mapeou um estudo completo sobre os nomes mais registrados no Distrito em 2017.
Garotos
No ranking separado por sexo, os 10 nomes masculinos mais escolhidos foram Miguel (904 registros), Arthur (762), Heitor (689), Davi (520), Bernardo (495), Gabriel (429), João Miguel (417), Enzo Gabriel (364), Samuel (351) e Theo (282).
Garotas
Entre as mulheres, o ranking dos 10 nomes mais registrados foram Alice (603 registros), Valentina (486), Helena (425), Laura (404), Sophia (373), Heloisa (335), Julia (309), Maria Eduarda (296), Cecilia (276) e Isabella (261). Esse assunto é interessante porque, no Brasil, os nomes obedecem a tendência do tempo. Em Portugal, o Estado interfere. Nada de nomes bizarros ou fora das regras.
Fica o registro.
História de Brasília
Ridículo, fora de hora e criminoso, o movimento na Câmara para retorno ao Rio. Aproveitar a mudança de regime para satisfazer aos antimudancistas é, além de perigoso, motivo para incertezas futuras. (Publicado em 12/10/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Imagens que circulam agora nas redes sociais mostram um frentista e seu parceiro, desviando, tranquilamente, o combustível do estabelecimento, enquanto abastecem o carro de um displicente motorista. Bastou um descuido do freguês e o larápio encheu o regador de plástico, que normalmente fica junto a bomba, colocando parte da gasolina, que o cliente pagou no vasilhame, roubando, apenas nesse caso flagrado ao vivo, uns dez litros do produto.
A operação criminosa se repetiu, cada vez que um motorista solicitava o enchimento do tanque. Não se sabe em quantos postos espalhados pela cidade esses desvios aconteceram e com que frequência. Pela naturalidade e rapidez com que agiam, é fácil supor que esse crime vem acontecendo a muito tempo. Neste ramo, além da prática costumeira do cartel, da adulteração de combustível e da alteração eletrônica do contador de litros das bombas, o flagrante de mais esse crime coloca os postos no topo dos estabelecimentos de comércio nos quais os consumidores precisam ficar de olhos bem abertos. Enquanto as montadoras não providenciarem contadores de combustível e outros equipamentos como itens de fábrica que verifiquem, no ato do abastecimento, a qualidade e quantidade do produto, os motoristas continuarão a ser ludibriados das formas mais criativas possíveis. Infelizmente esse é apenas um pequeno exemplo da selva que os brasileiros construíram para si próprios.
Rouba-se tudo e em todos os lugares. Em estabelecimentos com bares e restaurantes, a prática de cobrança com sobre preços é usual. Na hora de fechar a conta, aqueles consumidores que não costumam conferir a nota, invariavelmente são lesados no valor final com o acréscimo de produtos e serviços que não foram prestados. É preciso ficar atento principalmente naqueles estabelecimentos que funcionam a meia luz. É no escurinho dos bares e boates, depois de rodadas de bebidas que as fraudes acontecem repetidas vezes. Rouba-se na quantidade, na qualidade e em qualquer oportunidade que surja .
Mesmo em casos de acidentes, nas estradas, com vítimas fatais, tornou-se normal assistir a população local saqueando os carros envolvidos nos sinistros, passando inclusive por cima dos mortos. Na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, por diversas vezes, as câmeras flagram comunidades inteiras saqueando caminhões. Em poucos minutos cargas inteiras desaparecem, levadas por moradores locais, numa operação por atacado. Obviamente que essas práticas desonestas que ocorrem na base da pirâmide, nem de longe alcançam o montante de dinheiro que tem sido desviado pelas maiores lideranças do país e que constantemente tem sido reveladas pelas operações do Ministério Público e Polícia Federal.
Padre Antonio Vieira no sermão do Bom Ladrão, escrito em 1655 já alertava sobre esse comportamento corriqueiro observado na colônia portuguesa: O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (…) os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. – Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.” A impunidade das elites para casos de desvios de conduta também foi denunciado por Luis de Camões, maior poeta da língua portuguesa, que ainda no século XVI chamava a atenção para o fato de que “leis em favor dos reis, se estabelecem. As em favor do povo só perecem”.
De lá para cá pouca coisa parece ter mudado. Persistimos afundados num pesadelo que nos acorrenta ao passado. Imagem mostrada também nas redes sociais parece resumir essa nossa triste sina. Nela aparece um indivíduo com um rodo em punho tentando enxugar a praia a cada recuo das ondas, num esforço inútil e eterno.
A frase que foi pronunciada:
“Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.”
Jules Michelet, filósofo e historiador francês.
Pela paz
Aprovado na Câmara o Projeto de Lei da deputada Keiko Ota que impõe às escolas política da paz principalmente para evitar o bullying. A matéria seguiu para o Senado. Resta saber se as escolas terão interesse em cumprir as regras porque a lei anti bullying já existe a muito tempo.
Sexismo
Conhecemos uma aeromoça da United Airlines que precisou fazer a opção pelo trabalho, por isso aceitou a imposição da empresa em permanecer solteira. Caso contrário seria demitida. Hoje, com mais de 80 anos, é absolutamente solitária.
Ainda
Hoje em dia o sexismo continua. Patrícia Smith procurava uma casa para comprar. Quando marcou o encontro para assinar a papelada ouviu do vendedor a seguinte pergunta: “Nenhum homem, marido, irmão ou pai está com a senhora? A senhora vai fazer essa negociação sozinha?”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Esses movimentos devem respeitar a figura do Presidente da Republica e a pessoa do Prefeito de Brasília, porque cabe a este, a nomeação. E a procura do cargo através do Presidente da República, deixa transparecer desconfiança ou apadrinhamento, o que não é o caso de Brasília. (Publicado em 12.10.1961)