O Petróleo é nosso?

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: marcosalmeidalocutor.wordpress.com
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         Millor Fernandes, talvez um dos poucos e últimos que entendeu tão bem o jeitinho da alma brasileira em todas as suas nuances de luz e sombra, pouco antes de falecer em 2012, resumiu com precisão o desbotado quadro ético da política nacional. Acabar com a corrupção, disse, é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder. Estivesse vivo hoje, embora pudesse contar para suas análises certeiras, com uma fonte abundante e inesgotável de escândalos produzidos diariamente pelo governo e as principais lideranças do país, por certo, já teria jogado a toalha e desistido de tentar decifrar uma nação tão singular quanto polêmica.

         No caso que se apresenta agora, com relação ao contínuo aumento nos preços dos combustíveis, determinado pela novíssima política de liberdade tarifária adotada pela Petrobras, Millôr, já na década passada, havia profetizado numa frase sintética o verdadeiro sentido que se esconde por detrás do ufanismo pespegado a essa estatal e que faz dela uma espécie de ícone do nacionalismo caboclo. “O petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles”, disparou.

          De fato, essa empresa que vem desfilando impávida por governos dos mais diferentes viés ideológicos, servindo desde Getúlio, passando pelos militares até aos governos pós abertura, nunca escondeu, em suas diretrizes, agir em consonância direta com os ditames do governo de plantão, com os humores ciclotímicos do mercado, com as expectativas de grandes lucros dos acionistas e, finalmente, com muitos interesses em bônus e outras prebendas para seus executivos, incluídos aí, o enxame de políticos que sempre se acercou dessa empresa.

         Para a população em geral, que desde a fundação dessa estatal tem apenas pagado para ver o tão propalado maná que esse gigante nacional irá fazer jorrar sobre todos, até hoje, para dizer o mínimo, se mostra decepcionada com os resultados práticos gerados até aqui. Não é para menos.

         Embora as últimas pesquisas do Instituto Datafolha avaliem que há ainda uma maioria na população que se posiciona contra uma eventual privatização da empresa, um fato chama a atenção: quanto mais escolarizado são os entrevistados, mais alto é o índice em favor da privatização, não só dessa estatal, mas de todas as demais.

            O fato é que, aos poucos, os brasileiros, de um modo geral, vão percebendo que o simples ostentar da crença de que possuímos uma poderosa estatal do petróleo e que por isso seguimos incólumes aos solavancos do mundo não é absolutamente um bálsamo para ninguém. Em meio à uma crise econômica que parece não arrefecer desde 2014 e que acabou por levar essa empresa ao fundo do poço da credibilidade, sendo inclusive processada por uma multidão de acionistas estrangeiros em bilhões de reais, a Petrobras continua apresentando um comportamento, digamos, incompatível com a realidade nacional momentânea.

    Para um país que, por diversas razões, preferiu montar sua economia sobre uma infraestrutura predominantemente viária, movida a combustível fóssil, e que, ainda por cima, tem passado décadas atado à um monopólio cheio de contradições, os aumentos diários nos preços do óleo diesel e na gasolina, impostos pela estatal, demonstram, na prática e pela enésima vez, que esse exclusivismo, do tipo verde-amarelo, se resume à uma ilusão, construída ardilosamente apenas para manter um vivo, um mastodôntico que não se abala em pisar de novo na população.

A frase que foi pronunciada:

“A idade da pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por falta de petróleo.”

Ahmed Yamani

Charge: Ivan Cabral

Defesa

Quem tem o hábito de ler o Jornal do Senado e o da Câmara sabe a importância desses veículos de comunicação. Novas leis que mudam a vida do povo são matéria dominante. São fontes e não fakes pagas com o dinheiro público. Devem ser respeitadas.

Mais movimento

Fábio Damasceno, Secretário de Mobilidade, informa que foram entregues mais duas estações de bicicletas compartilhadas na Asa Norte, nas quadras 408/409 e 410/411, região próxima à Universidade de Brasília. São ao todo, pela cidade, 47 estações.

Asa Norte, Plano Piloto, Brasília, DF, Brasil 22/5/2018 Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília. O governo de Brasília entregará, nesta terça-feira (22), mais duas estações de bicicletas compartilhadas na Asa Norte. Elas ficam nas Quadras 408/409 e 410/411, região próximo à Universidade de Brasília (UnB), onde há grande utilização desses veículos. Com o reforço ao programa +Bike, a capital passa a contar, agora, com 47 estações de compartilhamento. De acordo com o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, os novos pontos foram escolhidos em razão da alta demanda.
Asa Norte, Plano Piloto, Brasília, DF, Brasil 22/5/2018 Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília.

Leitor

No DF, Parques e Jardins, ou suas terceirizadas, inclusive tratoristas, fazem o que querem com o verde da cidade. Cortam árvores sem justificativa, arrancam grama, não reutilizam as folhas. Aprendem o bê a bá da “desvegetação”. Dizem naturalmente que limpar é acabar com tudo. Deveriam ser cobrados regiamente. A opinião é de José Rabello.

Gratos

Nossos agradecimentos pela carinhosa missiva de Marcos Linhares.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O coronel Dagoberto entende. Entende mesmo, de comunicações. É sabido que o DCT sofre do emboloramento mental para as idéias mais avançadas, e luta contra o emperramento do serviço, e contra uma malta de ladrões que assalta as malas com valores. (Publicado em 20.10.1961)

Para onde vai a educação?

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ARI CUNHA

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Foto: agenciabrasil.ebc.com.br
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         No domingo, o caderno Cidades do Correio Braziliense estampou em sua manchete, sob o título “Para onde vai a UNB”, a questão da crise que assola a principal Universidade de Brasília. Posta, em números, a questão do déficit nas finanças da instituição por conta do aumento no custeio de R$ 800 milhões, verificado a partir de 2013, para os atuais R$ 1,4521 bilhão, que poderia ter um equacionamento mais racional, já que as receitas no mesmo período variam para cima, indo de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,7 bilhão.

         Seu prestigiado departamento de economia, por onde vagueiam cérebros treinados e aparentemente ociosos nas artes do balanço contábil, poderiam se debruçar sobre o assunto e, nesse caso, não surpreenderia que a UnB viesse a constatar a existência de inúmeras saídas sensatas para o vermelho nas contas, sem a necessidade de empurrar a instituição ladeira abaixo no quesito respeitabilidade pública, item importantíssimo quando se trata de um centro de estudo e pesquisa, vital para o desenvolvimento da sociedade.

         Só que, por detrás desse pano, aparentemente atropelado por números, se esconde um problema muito maior, até que a própria instituição, e que, nesses dias conturbados, vem permeando não só as instituições de ensino público em todo o país, mas a própria estrutura organizacional do Estado, colocando em risco a sustentação do principal pilar que escora toda a República.

         Para além de uma crise financeira, o que a UnB e outras universidades do gênero vêm experimentando na pele decorre da corrosão provocada pela ausência do cimento da ética, o que tem levado a nação ao mergulho no seu mais tenebroso momento. É sob a esteira desse imenso triturador de moral que foi ardilosamente organizado no andar de cima do governo e que tem levado dirigentes importantes a conhecer, por dentro, o sistema carcerário, que a UnB vê seu antigo prestígio sendo levado aos poucos de roldão.

          Mesmo as questões relativas aos debates ideológicos, tão necessários numa casa do saber, perdem importância e substância filosóficas e racionais quando se assiste a cada dia a transformação dessa universidade num ambiente em  que a erudição e o saber perderam espaço para hostilidades primitivas que, ao fim ao cabo, revelam o despreparo intelectual de professores e alunos, com muitas exceções, para os grandes debates nacionais, acabando também por colocar essa instituição na mesma vala comum onde hoje jazem as principais lideranças do país.

         Permitir, nessa altura dos acontecimentos, que a UnB adentre por atalhos rumo a uma anacrônica revolução gramsciana, visando a hegemonia do pensamento, como demonstra a apatia cúmplice de sua reitoria frente à crise, é decretar a morte da instituição e confiná-la embalsamada no mesmo mausoléu de vidro onde repousa hoje a figura sinistra de cera de Lenin.

          Para os pagadores de impostos, já demasiadamente arrochados pelo fisco, interessa uma instituição que possa pensar e apontar caminhos para o país. É justamente em prol dos muitos que jamais terão oportunidade de acesso a esse time de elite que a UnB tem que trabalhar, pondo suas tropas bem fornidas em campo.

A frase que foi pronunciada:

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

Paulo Freire

Tirinha: gazetadocerrado.com.br
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Participação

“Criou-se no Brasil a falsa necessidade de privatização da Eletrobrás e suas subsidiárias para, aparentemente, fazer com que um patrimônio, com valor da ordem de R$ 300 bilhões, gere lucros privados. Nesse processo, o Estado receberia irrisórios R$ 12,2 bilhões e os consumidores brasileiros seriam os reféns geradores dos lucros privados, a partir do aumento da tarifa de energia elétrica.”

Raul Bergmann

Charge: tijolaco.com.br
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Incompreensível

Eucaliptos italianos que davam graça à paisagem da entrada do Pontão e que ficavam na pista oposta foram todos derrubados.

Gana

O parque, que era cercado na entrada do Lago Norte, já não possui limites. É fácil a Câmara Legislativa mudar a destinação de um parque para moradia. Principalmente se a população interessada não ficar de olho ou não reagir.

Preleção

Na pizzaria Dom Bosco, da Asa Sul, uma discussão sobre política terminou com a conclusão de que tinham que acabar com o Congresso. O orador deve ter esquecido que quem faz as leis recebeu voto da população. Com uma urna segura, a escolha pode mudar.

Charge: artesmendes.wordpress.com

Mais uma

Um dos balconistas da Dom Bosco, o William, Marcão ou Rodrigo, indagou: “Já reparou que as leis de arrecadação são certinhas? Água, Luz, IPTU, IPVA, até as multas de trânsito funcionam? Já os investimentos na saúde, educação, transporte e segurança não seguem a mesma rigidez.”

Charge: desafiosensino.blogspot.com.br
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Manutenção

Por falar em Asa Sul, os viadutos entre as 207/107 estão com o teto despencando.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Enquanto isto, os moradores que sofram lama, poeira, barulho de gerador, mosquitos e toda sorte de desconforto. (Publicado em 20.10.1961)

O não lugar

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ARI CUNHA

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Foto: institutofecomerciodf.com.br
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      Não há ainda um levantamento, nem minimamente preciso, sobre o número de imóveis desocupados ou simplesmente abandonados em todo o Distrito Federal, em razão da crise que os brasileiros só começaram a descobrir no início de 2014. Naquela ocasião, com a quantidade de lixo varrido para debaixo do enorme tapete da república, já não podia mais esconder tamanho volume de sujeira acumulada ao longo de mais de uma década.

         Ocorre que ao lado das malfeitorias e da péssima administração do Estado, legada pelos últimos governos eleitos democraticamente, a crise econômica, classificada como a maior e mais duradoura recessão já experimentada pelo país ao longo de toda a sua história, veio a bater de frente com o advento das novas tecnologias digitais, o que provocou rápidas e inesperadas mudanças nas relações comerciais, principalmente quanto à alocação de imóveis para setor de serviços.

          Ao lado dos mais de 18 mil imóveis que a União possui desocupados, por diversos motivos em todo o território nacional, que geram prejuízos anuais da ordem de quase R$ 2 bilhões ao ano, o DF vive sua crise particular com uma queda acentuada na procura por locação de espaços comerciais.

        As perspectivas de que a crise econômica não vai ser sanada nem a curto e médio prazos afastam os interessados e isso ocasiona reflexos diretos na construção e oferta e novos espaços para a venda e aluguel.

           Pesa, além dos encargos e custos necessários a locação de imóveis comerciais, o fato de que a internet, aliada à rede mundial de computadores, abriu possibilidades infinitas para que profissionais, liberais, como arquitetos, advogados, contadores e muitos outros pudessem exercer seus ofícios em qualquer ponto do globo, conectado, em tempo real com seus clientes, com todas as facilidades facultadas pelas novas tecnologias.

           Dessa forma, quem no passado necessitava de uma sala exclusiva para receber seus clientes e fechar negócios hoje vê essas mesmas possibilidades ofertadas por um simples laptop, que pode ser aberto e acessado a partir de uma mesa de um café ou em casa.

       Com isso, o chamado home office vem ganhando espaço, não só nas atividades comerciais privadas, mas também, e sobretudo, no desempenho de muitas funções dentro do serviço público. Os congestionamentos no trânsito, o transporte coletivo sem qualidade e o longo tempo gasto no caminho de casa para o trabalho e vice-versa são fatores que reforçam o novo tempo. Isso, além da economia em luz, papel, cafezinho, elevadores, água e outros, tem, cada vez mais, induzido as autoridades a adotar o modelo do home office para se adequar ao teletrabalho.

     Mesmo que a crise econômica venha a ser totalmente debelada nos próximos anos, a tendência da descentralização dos serviços, com as mesmas funções sendo desempenhadas diretamente da casa do servidor, parece ser uma tendência que veio para ficar e para se expandir ainda mais.

         Se no setor público esse novo modelo pode ser rearranjado a curto prazo, com benefícios para todo mundo, principalmente para o pagador de impostos, o mesmo não pode ser facilmente obtido pelo setor privado, onde as novas tecnologias parecem ter criado uma espécie de não lugar.

           A transformação de um simples laptop num escritório, com mais possibilidades, inclusive, de mobilidade e de agilidade nos serviços, parece ser um modelo que veio para revolucionar esse tipo de mercado. É claro que o setor de locação e mesmo as empreendedoras irão buscar meios de contornar esses imprevistos, dando vida nova ao setor.

         A chegada do chamado “coworking”, em que profissionais passam a alocar ou mesmo comprar espaços próprios para exercer suas atividades em conjunto, dividindo despesas e racionalizando o uso de espaços, vem surgindo no rastro dessas novas tecnologias e parece, até o momento, uma solução para os imóveis desocupados.

           Outra tendência que vai aparecendo nesses novos tempos é a transformação dos espaços comerciais em áreas residenciais do tipo apart hotel, com rotatividade de locação e preços mais em conta do que nos hotéis tradicionais. O desaparecimento de antigos modelos não deve, contudo, ser motivo de preocupação para o setor. Tratam-se de mudanças inevitáveis que irão permitir que outras surjam no lugar.

         O importante é agir e não permitir que setores imensos, como é o caso dos setores comerciais Sul e Norte, venham a se transformar em áreas degradadas, com milhares de imóveis desocupados a convidar os muitos movimentos de invasão que se espalham pelo país e venham transformar essa situação em caso de polícia, com prejuízos para todos, principalmente para os moradores do DF.

A frase que foi pronunciada:

“Nos próximos anos, o automóvel será tão proibitivo quanto o cigarro.”

Jaime Lerner

Charge: blogdaluauto.blogspot.com.br
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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Sabe-se, também, agora, a razão pela qual o IAPFESP criou tantas dificuldades para que a NOVACAP não urbanizasse as duas quadras. É que continuando como está, em estado de bagunça total, seria mais fácil para os desmandos que estão sendo praticados. (Publicado em 20.10.1961)

Master chefe político

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ARI CUNHA

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Charge: padretelmofigueiredo.blogspot.com.br
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         Para um país cuja parcela expressiva da população ainda ronda os limites do mapa da fome soa um tanto quanto surrealista que os diversos grupos que ora se engalfinham em disputas políticas recorram justamente aos nomes de alguns alimentos típicos para dirigir ofensas e impropérios uns aos outros. Na batalha que antepõe pretensos grupos de esquerda e de direita, como se isso contivesse algum sentido claro para esses grupos e para a maioria dos brasileiros, coxinhas e mortadelas se reúnem em seus exércitos distintos e, ao chamado de suas lideranças fantoches, dão início as batalhas campais pelo país afora.

         Nessas refregas sobra bordoada até para a bandeira nacional, tornada, não se sabe exatamente por que, um símbolo que demarca e identifica os pelotões dos coxinhas. Os mortadelas exibem estandartes rubros, bem condizentes com a iguaria feita de embutidos de carne de boi e de porco. Observando na segurança bem armada dos palanques, os generais que comandam esses motins a distância não escondem sua aversão a ambas iguarias, preferindo o canapés fino servido em lautos banquetes e restaurantes requintados.

         Nessa nossa revolução às avessas, os novos sans-culottes, à falta de brioches, vão de sanduíches de mortadela regado a tubaína. Curioso e sintomático também que essa guerra de baixa culinária tenha justamente como chamamento as panelas que retumbavam uníssonas nos centros urbanos sempre que Dilma, a “generala” que rendia saudações à mandioca, aparecia na televisão.

         Aliás, nesse nosso “master chefe” político, as predileções culinárias e etílicas sempre serviram como fronteiras a demarcar territórios e personagens, identificando cada comandante pelo gosto a um acepipe próprio. Mas não se iludam! O consumo de bebidas e guloseimas para esses marechais da política só se realizam diante das luzes das TVs e em meio ao grande público.

         Essa lição foi dada por Jânio Quadros numa época em que o marketing era ficção científica. Naquela ocasião, o candidato histriônico desfilava pelos palanques, carregando, vistosamente, um sanduíche no bolso do paletó, para mostrar sua identificação com o populacho. Engana-se também quem crê que Lula seja um consumidor de cachaça barata. Quem conviveu com o ex-presidente e conhece a variedade de sua polêmica adega sabe que os preços e as marcas de sua coleção etílica é coisa só para grã-fino.

          Enquanto a população perde a cabeça e o estômago numa batalha vã em favor de um e de outro desses glutões políticos, na retaguarda, outros representantes da nação não se acanham nem um pouco em desviar recursos públicos, duramente destinados pelos pagadores de impostos para a compra de merenda escolar. O mais extraordinário nessas pelejas de coxinhas contra mortadelas é que essas batalhas culinárias podem vir a ter um desfecho melancólico com a prisão, que vai se consumando, da maioria desses maestros ou maîtres do atraso.

         Mais curioso ainda é observar que no catre, onde muitos foram e vão parar, as quentinhas servidas aos presos foram também superfaturadas e, portanto, são de baixíssima qualidade. Lição aprendida.

A frase que foi pronunciada:

“Eleições 2018. Cardápio sem suculência.”

Dona Dita

Charge: correiobraziliense.com.br
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SOS

Está instituído o selo MOLA, pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. O Selo MOLA se apresenta como reconhecimento formal concedido às entidades sociais, empresas, entidades governamentais e outras instituições que atuarem em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo-DF no desenvolvimento de ações que agreguem forças à sua revitalização, impulsionando a melhoria da oferta de assistência em Saúde Mental do Distrito Federal.

Memória

Talvez ninguém lembre do PL transformado na Lei 8.985, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em fevereiro de 1995, concedendo anistia aos 16 parlamentares, candidatos às eleições gerais, condenados por terem usado a gráfica do Senado ilicitamente com fins eleitorais. Houve a anistia e o mais importante: o ressarcimento aos cofres públicos.

Vale a leitura

Sivirino Com “I” e o Deus da Pedra do Navio, da Editora Chiado. Novela do paraibano-brasiliense que põe o personagem principal discorrendo, nordestinamente, os ensinamentos de deuses, profetas e mestres. Mangar do nome estranho nunca baixou a auto estima. É a fortaleza comum do Nordeste.

Imagem: saraiva.com.br
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Intocáveis

Talvez seja o encontro do Mercosul, mas o fato é que carros pretos, com placas normais e alguns com luz circular no capô voam pela cidade sem respeitar qualquer pardal. Na quinta-feira, por volta das 18h40, foram vários correndo e cortando os outros carros na L4. Na sexta-feira, por volta das 11h55, outro descia a W3 em direção à Bragueto. A velocidade perto do pardal da parte inferior da ponte não foi respeitada. Veja a foto no blog do Ari Cunha.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Agora se sabe porque os moradores do IAPFESP (104 e 304) nunca terão suas superquadras urbanizadas. O Delegado dr. Aracaty foi quem autorizou a construção de casas de alvenaria no canteiro de obras. (Publicado em 20.10.1961)

Fome de política pública que dê autonomia

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ARI CUNHA

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Charge: blogdozebrao.com.br
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         Entre as contradições e singularidades próprias de um país desigual como o nosso, nenhuma característica parece ser mais impactante e escandalosa do que o fato de nos colocarmos hoje na posição de celeiro do mundo, fornecendo quantidades recordes de alimentos para a população do planeta. Ao mesmo tempo assistimos, de mãos atadas, ao regresso de parcela significativa dos brasileiros ao mapa da fome. Segundo o IBGE, em 2017, 25,4% da população do país vivia na linha de pobreza, com menos de US$ 5,5 por dia, que é o valor que o Banco Mundial adota para definir o grau de pobreza de um indivíduo. Nem mesmo a surpreendente produção de 241 milhões de toneladas, atingida agora pelo país, foi capaz de minorar o problema histórico da fome e que deixa mais de 7 milhões de brasileiros sem ter absolutamente nada o que comer e outros 30 milhões em estado de subnutrição crônica.

             Alguns especialistas consideram que a questão central nesse dilema não está na capacidade de produção e sim no acesso, restringido pela baixa renda da população, pelos preços altos de alguns itens da cesta, listados como commodities e cotados em dólar.

        Outros analistas do problema enxergam nessa contradição a comprovação mais sólida de que o chamado agronegócio, responsável direto pela produção surpreendente de grãos e proteínas, é, por excelência, um setor concentrador de renda, enriquecendo apenas aqueles indivíduos que dominam esse negócio. Ressalta-se que foi apenas em 2014 que o país conseguiu sair oficialmente do mapa da fome, quando já ostentava, perante o mundo, sua condição de celeiro da humanidade. Indiferentes da realidade de pobreza e fome que assola parte do país, políticos de todas as matizes ideológicas vêm por anos explorando essa situação, não em busca de soluções para o problema, mas tão somente visando tirar proveito próprio de uma e outra situação.

Charge: flogao.com.br
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           Nesse ponto, tanto a bancada ruralista como aqueles que se opõem ao agronegócio falam de um Brasil muito distante de seus gabinetes e que só entram em contato às vésperas das eleições.

          Guaribas, no Piauí, foi o primeiro município do país a receber o Bolsa Família e onde o proselitismo petista armou seu mais vistoso palanque intitulado Fome Zero. Uma década depois, a cidade vive unicamente dos recursos do Bolsa Família e da pouca movimentação do seu comércio local, movido também às custas do crédito que a população local recebe do programa.

         Incrivelmente, a riqueza que sai dos campos em forma de alimentos não foi capaz de alterar o quadro de pobreza que assola as populações vizinhas. 80% da pobreza no país está, segundo o IBGE, concentrada justamente nas áreas rurais, principalmente próximas aos estados do Maranhão, Alagoas, Piauí e Amazonas.

             Mesmo cidades do Sudeste, como Japeri, na Baixada Fluminense, por onde correm os oleodutos da Petrobras, com seu ouro negro, a situação é calamitosa. 90% da população local não possui emprego fixo e vive de pequenos bicos.

A frase que foi pronunciada:

“Essas crianças estão nas ruas porque, no Brasil, ser pobre é estar condenado à marginalidade. Estão nas ruas porque suas famílias foram destruídas. Estão nas ruas porque nos omitimos. Estão nas ruas e estão sendo assassinadas.”

Betinho

Charge: humorpolitico.com.br
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Insegurança

Está tudo tão mudado e violento que uma leitora conta ter recebido um telefonema de uma ordem missionária oferecendo a visita de Nossa Senhora na residência. Ela paga um carnê e foi através dessa ajuda mensal que a freira fez o contato. A resposta foi firme: “Não precisa trazer a imagem. Muito obrigada. Nossa Senhora já está aqui.”

Guará em festa

Tudo certo para a alegria no Parque Ezechias Heringer, no Guará. Liberados os R$75 mil para a festa entre promoção da educação ambiental e ações sustentáveis além do concerto do projeto Parque Cultural, com a Orquestra Sinfônica Itinerante do Teatro Nacional Claudio Santoro, sob a regência do maestro Claudio Cohen. Nesse sábado, a partir das 8h.

Link para mais informações: Projeto Parque Cultural no Parque Ecológico Ezechias Heringer – Guará

Perícia

O Batalhão de Aviação Operacional da PMDF irá receber um boroscópio. O aparelho é importantíssimo e a inspeção de motores de aeronaves exige uma perícia cirúrgica do operador. Trata-se de um aparelho parecido com o usado em endoscopia ou laparoscopia.

Foto: pilotopolicial.com.br
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Hermenêutica

Uma injustiça: estagiários não poderem ter dias de folga concedidos pelo TSE por trabalharem nas eleições. O argumento de que o estágio não gera vínculo empregatício é falho. A folga deve ser dada a quem ajudou o Brasil. Isso sim!

Competência

Volta hoje, da Cidade do México, o coronel George Cajaty Braga, do Corpo de Bombeiros. Ele proferiu palestra no Fórum Undertanding Risk. O militar, que representou o Distrito Federal e o Brasil, tem como bagagem um pós-doutoramento em Tecnologia de Combate a Incêndio, feito no Building and Fire Research Laboratory do National Institute of Standards and Technology, NIST/EUA, e Doutoramento em Física de Estado Sólido, pela Universidade de Brasília.

Foto: bombeiros.go.gov.br
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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os moradores do Setor de Residências Econômicas continuam apelando, agora não se sabe mais para quem. Mas é isto: não há um ponto de táxi, não há comércio, não há assistência médica, não há nada. As cobras estão soltas, e ninguém acode a população daquele bairro. (Publicado em 20.10.1961)

Datacracia, os olhos do grande irmão

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ARI CUNHA

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Charge: ambientelegal.com.br
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         Especialistas e pesquisadores de todo o planeta e do Brasil, que ultimamente vêm analisando as possibilidades geradas pelo advento do mundo digital na organização das sociedades, vislumbram, por detrás do enorme sinal de interrogação que vai escondendo a realidade atual, a possibilidade de o mundo atual estar caminhando, a passos largos, ao encontro do Grande Irmão onisciente, conforme delineou George Orwell no romance 1984.

         Para países dominados ainda por um fortíssimo e antigo sistema burocrático, como é o nosso caso, comandado pelo Estado, com o auxílio de cartórios e outras instâncias que sobrevivem justamente da complicação nos trâmites de documentos e processos, a possibilidade de estarmos rumando em direção à uma nova e inusitada forma de governo do tipo Datacracia parece cada vez mais real e inexorável.

         A transformação paulatina da gestão pública em algo tecnocrático, impessoal e dominado por nova burocracia digital, ao dificultar o acesso direto dos cidadãos aos responsáveis pelo governo, poderá retirar dos gestores públicos a responsabilidade por suas ações. Nesse caso, as responsabilidades por qualquer ato lesivo ao cidadão, decorrente da labiríntica burocracia, poderão caber unicamente ao “sistema”, ou seja, a um “ser” virtual, impossível de ser levado fisicamente aos tribunais.

         Para um país como o Brasil, atalhado por uma burocracia endêmica, herdada ainda da fase colonial, as ameaças desse processo de digitalização são ainda maiores e mais preocupantes do que em outras partes do mundo. O antropólogo francês Lévi-Strauss costumava dizer que o Brasil era um caso único de país que passou diretamente da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização.

          No nosso caso, apanhados de surpresa por um mundo em processo rápido de informatização digital, corremos o risco de adentrarmos, totalmente despreparados, numa nova era, comandada por programas de computadores, sem antes termos resolvidos o problema histórico da burocracia onerosa. E para não renunciarmos nem uma coisa, nem outra, ao invés de eliminarmos, pura e simplesmente todo e qualquer traço de burocracia, vamos em busca de digitalizar a burocracia existente, dano nova vida e nova dinâmica aos diversos cartórios. Com isso, estamos turbinando uma atividade predadora que já deveríamos ter eliminado há muito tempo, dando nova vida a um sistema parasitário que se beneficia há séculos do descaso do Estado, de quem é sócio na criação de dificuldades e na venda de facilidades.

      A datacracia, que seria um governo comandado das profundezas do oceano digital, aliada aos traços, já conhecidos de casos sequenciais de corrupção avassaladora, poderia produzir entre nós uma espécie de Frankenstein tão sui generis com extremo perigo para os cidadãos.

         Aliás, o próprio status de cidadão com todos os seus direitos e deveres, conforme conhecemos hoje, deixaria de existir, substituído por um código sequencial de algoritmos, só inteligível por máquinas sofisticadas, instaladas nas nuvens distantes. Nesse caso, nada, nem as leis, de nada serviria.

A frase que foi pronunciada:

“Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato revolucionário.”

George Orwell

Charge: anf.org.br
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Chão batido

Em 1969, a campanha em Brasília era para que cada morador contribuísse com o jardim da quadra. Hoje não aparece um deputado distrital com a ideia de transformar em lei a obrigatoriedade de cada quadra, cada condomínio ter uma horta e um pomar. Pelo contrário. Quando os moradores se reúnem para uma iniciativa como essa, aparece um síndico como o da 216 norte e cimenta tudo.

Foto: xapuri.info
Foto: xapuri.info

Absurdo

Cidade administrativa, Brasília é movimentada por concursos públicos. As bibliotecas da cidade são uma vergonha. Estacionamentos sem segurança, furtos dentro das próprias salas de estudo são comuns. A biblioteca da UnB, a mais procurada, continua fechada.

Foto: crb1.org.br (Felipe Menezes)
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Xô

Por falar nisso, os alunos do “Baixo IRA” (Índice de Rendimento Acadêmico) da UnB, que gostam de paralisações, levaram um susto no Departamento de Agronomia. Foram escorraçados de lá pelos estudantes do “Alto IRA” que estão ali para estudar.

Foto: facebook.com/studentsforlibertybrasil
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Que bom

No Mangai do Shopping ID, turistas saíam com altos elogios ao atendimento da Érica e do Rafael.

Foto: ryqueza.com.br
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SMLN

Região com o valor do IPTU altíssimo não tem retorno pelo alto preço dos serviços. A água chega com a cor de lama, e a energia desaparece no meio da tarde sem qualquer explicação. Verificar se há descontos nas contas pelo ocorrido é perda de tempo.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Caixa Econômica o que, Pedro. O dr. Felinto foi da Casa da Moeda! Corrija, Arnaldo, por favor. Saiu toda errada, a notícia de ontem. Não precisa repetir. (Publicado em 20.10.1961)

Pular de alegria quando o governo investe bem. Isso deveria ser o Carnaval.

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Charge: http://midianews.com.br/charges
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          É mais do que sabido que o dinheiro público, de fato, não existe. Ele é apenas tomado do contribuinte, que não tem como escapar do leão da receita, para os cofres do Estado. Desse ponto escoa para onde os políticos, que estão ocupando cargos no governo, determinam. A partir desse ponto a escolha de onde aplicar esses recursos, que crescem a cada ano, passa a depender do grau de comprometimento do governo com a bancada que vai lhe dar apoio, dentro da lógica perversa de governo de coalizão e com a proximidade das eleições.

        É preciso notar ainda que a meio do caminho, boa parte dessa bolada irá ser consumida com o funcionamento da gigantesca e burocrática máquina administrativa. Somente para manter essa engrenagem fabulosa o GDF chega a consumir mais de 81% de suas receitas com a folha de pagamento do funcionalismo. Sobra pouco para investir e menos ainda para manter em bom funcionamento as áreas mais prioritárias e sensíveis da capital.

       Com a queda na arrecadação, provocada pela crise econômica, os recursos para atender a população ficaram ainda minguados. Com isso é preciso maior rigor ainda na hora de escolher para onde vai o dinheiro do brasiliense. Com a chegada do carnaval tem aumentado o número de cidadãos que reclamam da intenção anunciada pelo do GDF de aplicar R$ 5 milhões nas festas de Momo este ano, o dobro do que foi gasto no ano passado.

         A polêmica faz sentido e, apesar da tradição, de ser uma festa popular, que já faz pare da nossa cultura e outras justificativas, o contribuinte que reclama desse tipo de “repasse” para blocos carnavalescos e outras atividades dessa festa, tem razão quando observa postos de saúde fechados por falta de medicamentos ou de profissionais.

         Pela lógica, enquanto faltar um esparadrapo que seja nos estabelecimentos públicos de saúde, não há razão para aplicar dinheiro do cidadão em folguedos, sejam eles tradicionais ou não. O renascimento do verdadeiro carnaval vem acontecendo em várias cidades país afora, com a volta dos blocos de rua, espontâneos e mais democráticos e isso tem atraído cada vez mais foliões. O que compete ao Estado é dar segurança e bom atendimento nos hospitais durante as festividades.

         Em 2016 e, em boa hora, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que eventos com potencial lucrativo ou que possam atrair investimento privado passassem a ser impedidos de receber recursos da Lei Rouanet. Acontece com o carnaval o que acontece com o cinema nacional. Jorge Furtado, cineasta e um dos fundadores da Casa do Cinema de Porto Alegre ao reconhecer que o cinema brasileiro é feito basicamente com o dinheiro público, afirmou: “Com o dinheiro de um curta se faz quatro casas populares, com o dinheiro de um longa dá para fazer um hospital. Cinema, no Brasil, é feito para ricos com dinheiro dos pobres”.

         A autêntica festa popular, renascida com os blocos de rua, comprova que a maior alegria do folião é saber que o seu dinheiro está sendo empregado onde é realmente necessário e urgente. Só assim ele e toda a sua família podem brincar em paz e quem sabe retornarem para a casa sãos e salvos.

A frase que foi pronunciada:

“Mas nós dançamos no silêncio/ Choramos no carnaval,/ Não vemos graça nas gracinhas da TV/ Morremos de rir no horário eleitoral…”

Engenheiros do Hawaii

Charge: ivancabral.com
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Prata da Casa

Alexandre Dias, fundador do Instituto Piano Brasileiro e pesquisador concedeu uma entrevista para a Revista Concerto. Trata-se de valioso material para quem gosta de música e história. Dias resgata preciosidades da música brasileira e disponibiliza em seu canal no youtube. Vale conhecer.

Agenda

Por falar em música, no dia 6 de fevereiro a orquestra sinfônica do Teatro Nacional vai estrear uma sinfonia indiana no Brasil em homenagem aos 70 anos de independência daquele país. Dr. L Subramaniam, compositor da “The Indian Symphony” deve estar presente. O concerto será no cine Brasília. Quem está preparando o coro é o maestro Eldom Soares.

Saúde

Trabalho sério desenvolvido com os funcionários da Maternidade no Sudoeste do Hospital Brasília. Desde a enfermagem, nutricionistas, pessoal da limpeza. Todos entram no quarto, se identificam, dizem porque estão ali. Atendem com respeito e dedicação. É realmente um ganho para os pacientes.

Moradia comunitária

Com o envelhecimento da população brasileira há a adaptação de iniciativas estrangeiras como cohousing. Trata-se de uma vila construída entre amigos que decidem envelhecer juntos. Uma pesquisa com 200 moradores em cohousing mostrou economia de custo por mês de no mínimo US $ 200 por família, chegando em alguns até uma economia de mais de US $ 2.000.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Dos contribuintes de Institutos em Brasília, os que mais sofrem são os do IAPI. Têm que ser atendidos no Hospital da Cidade Livre, e só são aceitos no Distrital quando se trata de caso urgente, e com autorização do hospital do Instituto. (Publicado em 12.10.1961)

Pano de fundo

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ARI CUNHA

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Charge: desigualdadeacmt.tumblr.com/
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              Forem amarradas as pontas algumas das principais variáveis que caracterizam o Brasil hoje, fica mais fácil entender não só o desenrolar do processo político mas até o que virá a seguir. Dessa forma não seria lugar comum afirmar que o pano de fundo atual irá ditar o que teremos em termos de eleição para este ano.

              Antes de tudo é preciso ressaltar que o principal problema do país, caracterizado pela desigualdade social e de renda, definitivamente continua sem resolução, apesar da propaganda massiva feita nos últimos anos por governos pretensamente ligados as massas. O Brasil segue, segundo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), levantado pelas Nações Unidas, como o décimo país mais desigual do planeta. Não é pouca coisa. Temos em nossa companhia países como o Haiti, Zâmbia, Paraguai e outros.

         É com características negativas e históricas como essas que podemos entender, o perfil da maioria das candidaturas postas à apreciação do eleitor. Se formos ligar essa realidade ao fato de que é justamente em países desiguais que as teses e os candidatos populistas mais prosperam, temos que o Brasil do século XXI ainda é um prato cheio para o lançamento e para crescimento de populistas de qualquer vertente política, seja de esquerda ou de direita.

        Em comum, candidatos com esse perfil, sabem explorar muito bem aspectos da desigualdade social e econômica, quer usando-a para demonizar tudo em volta, como faz o candidato do tipo vingador, quer se apresentando como única alternativa ao caos, como gosta de se apresentar o candidato do tipo salvador. Obviamente que nenhum, nem outro tem a menor ideia do que fazer, logo após as eleições.

        Esse pano de fundo explica porque candidatos, aparentemente tão diferentes, como Lula e Bolsonaro prosseguem ainda surfando na preferência nacional, segundo números mostrados pelos principais órgãos de pesquisa de opinião do país.

         Desde os anos trinta do século passado, a fórmula que resulta no populismo encontra guarida entre os brasileiros. Este fato se explica também porque a boa parte da nação já percebeu que as instituições do Estado, todas elas, parecem funcionar apenas para atender aos reclames dos estamentos de cima da pirâmide social, deixando a base larga, desamparada e à mercê de destino incerto.

            Escolas, hospitais, segurança, moradia, transportes, seguridade, justiça ou seja lá quais serviços prestados pelo Estado, não atendem as necessidades da população de baixa renda. A janela que se abre para o cidadão alterar essa realidade de abandono é dada pelas eleições cíclicas. É nesse momento que entram em cena os candidatos que sabem explorar essas carências do Estado.

         Colocando-se acima dos partidos e da instituições, populistas de todas as matizes se apresentam como alternativa e contra “a tudo que está aí” e é assim que todos logram êxito, décadas após décadas, enquanto as péssimas condições sociais e de renda persistirem, pois é em cima da miséria que candidatos como Lula e Bolsonaro armam seus palanques ou palcos.

A frase que foi pronunciada:

“Esse ignóbil Baile de Máscaras se chama sociedade.”

Stendhal, escritor francês.

E agora?

    Na conta da Caesb há a indicação Água/esgoto para descrever o custo da prestação de serviço de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

   Há também uma taxa paga pelos consumidores criada pela Lei Complementar nº 711 de 13 de setembro de 2005, ou seja, há 13 anos os consumidores pagam para que a Caesb fiscalize o uso dos recursos hídricos. Além disso o texto explicativo esclarece que há a cobrança da TFS, uma taxa de fiscalização sobre serviços públicos de abastecimento de água e esgoto. Resumindo, o nosso leitor que mora no SHDB QL 32 contradiz com provas o que respondeu a Caesb sobre a cobrança de taxa de esgoto para quem tem fossa. A conta do consumidor foi postada no blog do Ari Cunha.

Vai entender

Biblioteca do Paranoá fechada em plenas férias. Não seria um ótimo momento para estimular a meninada à leitura?

Lucro & Prejuízo

Acontece sempre de uma hora para outra. No IMP Concursos da Asa Sul, na SGAS 603, há um contraste. Enquanto lá dentro ótimos professores dão aulas consistentes, do lado de fora uma quadrilha age há vários anos roubando os pneus dos carros dos estudantes. Nos dois estacionamentos. Ao chegar no carro, quatro rodas roubadas. Seria uma consideração inestimável a quem paga o curso ter, no mínimo, o patrimônio resguardado.

Só para lembrar

Roberto Jefferson. Foi corajoso em dar o primeiro rasgo na cortina que escondia escândalos de corrupção na política. Agora, Lupcínio Rodrigues deixou seu olho roxo. Novamente.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As chuvas chegaram no dia seguinte à escolha do Prefeito. Brasília teve duas satisfações ao mesmo tempo. (Publicado em 12.10.1961)

Políticas públicas não acompanham o envelhecimento da população brasileira

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ARI CUNHA

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Charge: pt.linkedin.com/pulse/envelhecimento-populacional-cuidado-e-cidadania-velhos-marques
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         Com o envelhecimento em ritmo acelerado da população brasileira, problemas relativos ao atendimento especial que essa parcela da sociedade requer e que em  países da Europa levaram mais de um século para serem equacionados terão por aqui que receber um tratamento mais ligeiro e imediato, o que pode implicar em erros e soluções imediatistas e insatisfatórias. É senso comum que o Estado, diante de um desafio de enormes proporções, não esta absolutamente preparado para atender. As carências nesta área começam pelo desenho urbano de nossas ruas e avenidas, flagrantemente inadequadas para a circulação, com segurança desse novo contingente. Com relação aos transportes públicos a situação é ainda mais complicada. Nossos veículos de transporte de massa não são adaptados  a acolher satisfatoriamente nossos idosos, levando e trazendo uma população que necessita cuidados especiais. Segundo pesquisa do IBGE a população brasileira com 60 anos ou mais alcançará 66.5 milhões até a metade desse século. Trata-se de um número fantástico.

         Com isso as políticas públicas terão que sofrer profundas mudanças na saúde, na assistência social e na previdência. A legislação, como um todo, também deverá sofrer alterações de monta para se adaptar aos novos tempos. Sem políticas claras nem eficazes para enfrentar a nova realidade demográfica, o Estado brasileiro necessita adotar, urgentemente, um conjunto de medidas que visem, ao menos, tornar a vida dessas pessoas um pouco menos sofrida. Pesquisadores alertam para o fato de que a faixa da população que mais cresce hoje no país é composta por indivíduos com média de 80 anos ou mais. Definitivamente, e todos disso sabem, não temos cidades adaptadas para atender as necessidades especiais dessa faixa etária.

              Mais do que qualquer outro desafio que temos pela frente, e o Brasil tem muitos, a questão do idoso não pode ser adiada e empurrada para gestões futuras. Para um Estado que tem sido, desde a sua origem, um ingrato com seus cidadãos contribuintes, arrancando deles muito mais do que dá em troca, a tarefa que se apresenta agora é gigantesca.

          Como preparar, em tão pouco tempo, um país inteiro para receber os idosos, numa etapa da vida em que naturalmente as pessoas se tornam mais dependentes e frágeis, em que aumentam os cuidados com a saúde, com a locomoção, o pronto atendimento, a moradia, a segurança, a previdência. Brasília por seu desenho urbano moderno pode com mais facilidades que outros estados da federação ser adaptada para acolher os idosos que chegam com mais dignidade, proporcionando uma vida de segurança para todos. A questão mais urgente é que até o momento não se observam alterações significativas sendo realizadas para esses novos tempos que se avizinham.

               A impressão é de que as autoridades ainda não acordaram para um tempo que definitivamente já chegou.

A frase que foi pronunciada:

“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.”

Oscar Wilde, sem saber que no Brasil a piada é a chave da inércia.

Resposta

A Caesb esclarece que são equivocadas as informações divulgadas na coluna Ari Cunha, sábado (06/01), sobre o sistema de esgotamento sanitário no Lago Sul e sobre cobrança indevida de tarifa de esgotos sem que o cliente tenha esse benefício. A Caesb só cobra tarifa de esgotos nos locais onde o serviço já foi liberado para utilização dos moradores. Mesmo assim, a Companhia concede um prazo de trinta dias, depois da comunicação para que o cliente faça a interligação da sua rede interna à rede de coleta de esgotos da Caesb.

E continua

Quanto à situação do serviço de esgotamento sanitário no Lago Sul, informamos que o bairro é atendido por esse benefício, com exceção apenas para as QI e QL de 26 a 29, que estão em obra e serão interligadas ao sistema ainda neste semestre. A Caesb precisa ser informada sobre qualquer irregularidade ou erro na distribuição e cobrança dos seus serviços pelo telefone 115, pelo site da Companhia (www.caesb.df.gov.br) ou por meios de seus escritórios de atendimento.

Crime

Nullum crimen nulla poena sine praevia lege penale. Outro tipo de furto que passa sem o conhecimento dos contribuintes brasileiros é o furto aos dutos de movimentação de combustíveis. Um novo Projeto de Lei tramita na Câmara dos Deputados tipificando esse tipo de crime. Na verdade, há uma lei que define os crimes contra a ordem econômica, mas a intenção é tipificar e punir o crime.

Maldade

Na Internet corre uma pergunta intrigante. A transmissão de cargo para os novos eleitos será com faixas ou com tornozeleiras eletrônicas?

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Com efeito, o Departamento de Parques e Jardins está com a razão, porque não adianta preparar jardim para seis meses do ano, somente, enquanto nos demais, o sol acabará com tudo. (Publicado em 12.10.1961)

Monocultura, latifúndio e trabalho escravo. O tripé do atraso

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ARI CUNHA

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Imagem: sites.google.com/site/profmarciodemedeiros
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      Em qualquer direção que se trafegue pelas cercanias do Distrito Federal é possível avistar imensas monoculturas de milho, soja, algodão ou eucaliptos, plantados em latifúndios, que por sua amplidão, chegam a equivaler, em tamanho territorial, a alguns países da Europa. São lavouras gigantescas, que integram a chamada agricultura de commodities, na qual o Brasil desponta como potência mundial.

      Para alguns desavisados trata-se de uma verdadeira riqueza em forma de biomassa, que gera muitos dividendos para o país e ajuda na balança de exportações. O que muita gente nem suspeita é que as monoculturas, mesmo trazendo divisas para o país, geram imensas riquezas para os proprietários dessas lavouras e para a indústria de fertilizantes e defensivos envolvida diretamente nesses ciclos. De resto, o que essas monoculturas deixam de passivo, principalmente com relação ao meio ambiente e às populações do campo, que não participam desse ciclo de riqueza e por ela são expulsos de suas terras, são de tal monta, que chega a ser surpreendente que ainda haja um enorme e conivente silêncio sobre essas atividades.

      De fato, o que representa riqueza para uns poucos vem sendo denunciado por ambientalistas e cientistas como um desastre de proporções ciclópicas e que já mostram seus efeitos perversos e, em alguns casos irreversíveis. Antes de tudo é preciso compreender que o destino dado às áreas do cerrado que cercam a capital a do país, será o mesmo. Brasília e seu entorno tem destinos comuns. O que for feito à um, trará efeitos sobre o outro. Não há futuros distintos no caso específico da monocultura do eucalipto, uma espécie alienígena, importada da Austrália nos anos setenta, dentro de um programa errático de reflorestamento. Estudos recentes comprovam a ligação direta dessa cultura com a escassez hídrica no cerrado, principalmente nas regiões mais ao Norte.

      Depois de cinco décadas de sua introdução, a monocultura de eucalipto já demonstrou seu potencial sobre o fenômeno da desertificação do cerrado. Estudos científicos realizados por ambientalistas mineiros vem comprovando que as imensas plantações dessa espécie, utilizada nas indústrias siderúrgicas da região, vem afetando diretamente a recarga dos aquíferos dessas áreas. Da média histórica de precipitação pluviométrica, em torno de 1 mil milímetros/ano, o eucalipto consome sozinho 800 milímetros. Como o Cerrado precisa de 500 milímetros, há um deficit anual de 300 milímetros. Em consequência rios e córregos da região vem apresentando a cada ano uma diminuição em seus volumes.

      Pelo estudo fica evidenciado que de 2013 para cá a situação nas bacias dos rios São Francisco e Jequitinhonha vem se agravando, afetando mais de 270 municípios da região que passaram a enfrentar situações frequentes de emergência.

      Estudiosos do problema tem alertado para conter o avanço dessa cultura, pedindo a proibição total de abertura de novas áreas de cultivo e o monitoramento constante dos níveis dos lençóis freáticos da região. Passados quinhentos anos continuamos a insistir no plantio de monoculturas, cultivadas em grandes latifúndios, com a diferença de que hoje a mão-de-obra escrava foi substituída pelo boia fria, uma espécie de escravo moderno.

      Para quem conhece um pouco de história do Brasil, sabe que esse tripé, formado pela monocultura, latifúndio e trabalho escravo se constituiu na base de nossa economia e do nosso atraso, pelo visto, eterno.

A frase que foi pronunciada:

“A inveja é um atestado de inferioridade.”

Napoleão Bonaparte

Carta do leitor

Recentemente entrou em vigor uma lei que condena o motorista alcoolizado a prisão. Esqueceram que não existem vagas para bandidos nas penitenciárias brasileiras. As prisões estão super lotadas com ladrões, assassinos, estupradores etc. Agora então é que a coisa vai complicar para o cidadão pagador de impostos… Quem você acha que o governo vai querer prender? Alguém que tem que pagar uma multa de aproximadamente R$ 3 mil reais para o faturol governamental ou um assassino que custará um absurdo às contas públicas? Breve nas cadeias apenas motoristas! Bandidos, assassinos e ladrões à solta por falta de espaço e pelo faturol! Ray Netto

Sem reguladora

Nosso leitor José Rabello concluiu que não temos energia solar em número suficiente no Brasil, para que tenhamos as tarifas vermelhas. O consumidor em desvantagem, o que faz valorizar as ações das elétricas nas bolsas. Rabello ilustrou a frase: O pior é que, no Brasil, quando se trata de consumidor, um dia é da caça, e o outro da pesca. Quem consome é sempre o alvo de ataque.

Sugestão de pauta

A situação do lote atrás da SHIN QL 2 do conjunto 7 merece uma matéria com imagem. O abandono do local, com restos de obra, mato alto e água acumulada são ameaças constantes aos moradores da área.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As chuvas já começaram e os jardins de Brasília ainda não estão preparados. É que o Departamento de Parques e Jardins diz que só fará jardins onde houver água, e o Departamento de Água e Esgotos não tomou conhecimento disto. (Publicado em 12.10.1961)