De um povo heroico, um brado retumbante

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge: folhadapraia.com.br

 

Boa parte da sociedade está com a memória viva em relação à longa crise social, econômica e política dos últimos anos. As redes sociais tiveram o condão de mudar a percepção de grande parte das pessoas não somente para os problemas do país, mas, sobretudo, para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores próprios, fazendo brotar, nos brasileiros, um sentimento mais individualista e voltado, exclusivamente, para as necessidades imediatas e a longo prazo. Parece resultar da noção de que o Estado pouco ou nada faz pelos brasileiros. Muitos consideram hoje que a melhor estratégia é partir para a luta individual, ao invés de esperar por qualquer amparo.

É preciso salientar que esse individualismo, cada vez mais presente na mentalidade do brasileiro, pode inverter a própria lógica do Estado, fazendo com que o governo passe a depender, cada vez mais, da vontade de uma população indiferente e distante, propiciando, inclusive, a considerar a hipótese da desobediência civil.

Com o passar do tempo, parece que, ao aumentar a descrença na política, a consolidação plena da democracia se assemelha com a gelatina na geladeira. Revelações verdadeiras para o distinto público apontam para uma elite disposta a tudo para enriquecer rapidamente e sem esforço.

Para um país que conta com quase um milhão de presos, em condições sub-humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais como que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu a essa parcela da população a certeza de que a cadeia ainda é lugar para pretos e pobres.

Entender a deterioração social como algo moldado pela herança histórica ibérica mostra apenas as raízes ancestrais do problema que fazia parte inerente do sistema mercantilista e colonialista da época. Se antes a exploração e os desvios tinham origem em vontades vindas do exterior, com o desenvolvimento do capitalismo de compadrio, é muito mais rentável a uma empresa cooptar políticos e agentes públicos buscando negócios fabulosos com o Estado em troca de propinas e outros meios ilícitos.

Transformadas em moedas de troca, dentro do toma lá dá cá generalizado, as nomeações políticas têm um peso crucial. Torna-se compreensível o discurso de muitos dirigentes políticos.

Obviamente que não se trata de nacionalismos ou protecionismo da economia nacional, mas, tão somente, de reservar esse nicho de mercado à sanha desmedida de partidos. Por aí se vê a razão da redução do tamanho do Estado, que incomoda tanta gente. Se por um lado, os muitos casos revelados serviram para mostrar como é fácil desviar dinheiro público, por outro, mostrou que impondo um fim a institutos como o foro privilegiado, a possibilidade de nomeações políticas para cargos técnicos e maior agilidade e presteza nas decisões da justiça trazem a fórmula mágica para reduzir, da noite para o dia, tão imenso volume de caos de malversação dos recursos públicos.

É, contudo, muito dinheiro, para os padrões de um país como o Brasil, onde, historicamente, a impunidade é tratada de forma parcimoniosa pelas autoridades, sempre constrangidas em punir pessoas e grupos do mesmo estamento social, político e econômico.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nunca esqueçamos esta verdade fundamental: o Estado não tem outra fonte de dinheiro além do dinheiro que as pessoas ganham. Se o Estado deseja gastar mais, só pode fazê-lo tomando emprestado suas economias ou tributando-o mais. Não adianta pensar que outra pessoa vai pagar – que “outra pessoa” é você. Não existe dinheiro público; só existe dinheiro dos contribuintes.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Alegria, alegria

Era a iniciativa que a cidade precisava. Abrir o zoológico aos domingos e feriados sem a cobrança de ingressos é a alegria da criançada e das famílias que têm contado o dinheiro para chegar ao fim do mês, agora com diversão. O final do Candangão também valeu com as passagens de metrô e ônibus e ingresso ao Mané Garrincha liberados hoje, Gama e Capital se enfrentam às 16h.

Publicação no perfil oficil do Governo do Distrito Federal no Instagram

 

História de Brasília

Entrando ou saindo de uma superquadra, ponha seu carro em segunda. A todo o instante pode surgir uma criança, e o senhor estará a salvo de qualquer acidente. Se o senhor tem motorista chapa branca avise a êle. (Publicada em 27.04.1962)

O fantástico mundo de plástico

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Foto: thespaces.com

 

Como dizia o filósofo de Mondubim: o progresso é o avanço da poeira. No caso atual, onde o plástico já é dado como o maior problema mundial do meio ambiente, poderíamos parafrasear essa afirmativa, dizendo: o progresso é o avanço do plástico. Não restam dúvidas de que esse material, criado por volta de 1930 de um subproduto do petróleo, tornou-se um perigo ao colocar em risco todo o ecossistema do planeta, poluindo e destruindo a atmosfera, os rios, os mares, o solo, os animais e o próprio homem. Vivemos literalmente imersos na era do plástico, a tal ponto que encontrar hoje um substituto para esse material nos parece quase impossível.

O fato é que, a cada ano, mais de 13 milhões de toneladas de plásticos acabam indo para os oceanos. A situação é de calamidade e pode ser conferida a olho nu por qualquer pessoa. Existe uma enorme ilha, três vezes maior do que o território da França, que flutua entre a Califórnia e o Havaí, formada com mais de 1,8 trilhão de pedaços de plástico e que pode ser vista do espaço. É o símbolo de um modelo de progresso a apontar para a destruição do planeta. O mais preocupante é que essa ilha, com mais de 1,6 milhões de Km² e 80 mil toneladas de plástico, não para de crescer. Os ambientalistas já advertiram que, em breve, cada cm² de todas as praias do mundo serão invadidas por plásticos.

Charles Moore foi o primeiro que fez soar o alarme. O capitão e oceanógrafo norte-americano ficou horrorizado quando, em 1997, voltando com seu veleiro de uma famosa regata náutica se deparou com um verdadeiro mar de plástico, tão extenso que precisou de sete dias inteiros para atravessá-lo por completo, diz o relato do próprio Moore. Aos poucos, a situação de poluição causada pelo uso do plástico vai escalando para um patamar de extremo alarme.

Hoje, a maioria dos animais marinhos já apresentam, em seus organismos, quantidades preocupantes de plásticos e de micro plásticos, dissolvidos por todo o corpo. Também, nos seres humanos, já é possível encontrar quantidades preocupantes de micro plásticos dissolvidos por todo o corpo. Cientistas têm alertado que essa situação já chegou inclusive na atmosfera. Além da chamada chuva ácida, os pesquisadores já identificam que em gotas de chuva é comum encontrar também a contaminação por micro plástico. Esse material se infiltra no solo, contaminando a terra e atingindo os lençóis freáticos.

Ao contrário da chuva ácida que pode ser mitigada com a redução nas emissões de SO2 e Nox, os micro plásticos são extremamente difíceis de ser eliminados. O perigo é que eles podem ser não apenas ingeridos, como inalados também, acumulando-se em regiões sensíveis do corpo humano como o pulmão e o cérebro, afetando inclusive a placenta de bebês em desenvolvimento. Os impactos na saúde humana e dos animais e plantas são inúmeros e ainda difícil de serem avaliados em sua extensão, provocando desde inflamações recorrentes, estresse celular e interferência no sistema endócrino. O pior é que as correntes marítimas e atmosféricas ajudam a espalhar o micro plástico por todo o planeta, inclusive para os Polos Norte e Sul do planeta.

Até 1970 a produção de plástico se manteve relativamente dentro dos parâmetros. A partir daquela data a produção explodiu e continua a crescer de forma exponencial por vários motivos. Alguns pesquisadores alertam que se a produção mundial de plásticos continuar a crescer no mesmo ritmo, em 2-50 teremos acumulado em todo o planeta na forma de micro plástico mais de 1,1 bilhão de toneladas desse produto. Anualmente estima-se que mais de 430 milhões de toneladas são produzidas em todo o mundo. É uma produção que daria para envolver parte do planeta numa película plástica. E pensar que a maioria dos resíduos plásticos levam mais de 400 anos para se decompor na natureza. Nosso país produz cerca de 11 milhões de toneladas de plásticos por ano, sendo o 4º maior produtor mundial. Isso nos colocaria, pelo menos, em quarto lugar com relação a responsabilidade desse problema, que é de todos. Não se conhece por parte das autoridades do governo e da iniciativa privada, medidas eficazes para resolver esse que é também um dos maiores problemas de nosso tempo a exigir medidas sérias e urgentes.

 

Frase que foi pronunciada:

“Durante a maior parte da história, o homem teve que lutar contra a natureza para sobreviver; neste século, ele está começando a perceber que, para sobreviver, ele deve protegê-la.”
Jacques Cousteau

 

Zen

Teste sua paciência entrando no portal que dá acesso aos ingressos para fazer parte da audiência dos concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. A mídia não é amigável. Mas depois da vitória, ao chegar no momento de adquirir o ingresso, no lugar da emoção, a surpresa. Esgotado.

Teatro Nacional, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

Fome de cultura

Brasília tem um público enorme ávido pelos concertos regidos por Cláudio Cohen e convidados. A sugestão dos apreciadores da boa música é que a orquestra se apresente mais vezes no teatro.

Visita à Sala Martins Pena para reforma

 

Baldes no chão

Veja, no link Canal VistoLidoEOuvido, a situação da sala Martins Penna quando chove. Inacreditável que nossos impostos não tenham sido suficientes para um bom trabalho.

 

 

História de Brasília

Em Itabira, Minas Gerais, há um barbeiro que cobra cem cruzeiros pelo corte de cabelo para o público comum, mas cobra 150 para os funcionários da Vale do Rio Doce. (Publicada em 27.04.1962)

Compromisso com o futuro

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Ilustração: Capitalismo para principiantes. Carlos Eduardo Novaes. página:181

 

Historiadores costumam considerar que a coletividade, comumente denominada povo, é, no mais das vezes, uma porção de ninguém, por sua pouca ou nenhuma influência no correr dos acontecimentos políticos dentro do Estado. Em países apontados como subdesenvolvidos, essa situação de passividade é mais visível e presente. É como dizem: a massa é mole. Não se movimenta por ação de ideologias. A única coisa capaz de levar o povo às ruas, com disposição para mudar o cenário cotidiano, são a fome e a carestia no preço dos alimentos. Só quando o incômodo chega ao estômago é que a coisa anda ou desanda de vez.

Isso explica por que a aprovação ou a desaprovação de um governo por parte do público só se dá quando a queda ou o aumento nos preços dos alimentos acontece. Fora dessa causa, o que se tem é o marasmo. Talvez por esse motivo, os preços dos alimentos expostos nos supermercados sejam o maior indicador para ruas vazias ou tomadas por manifestantes. Nesse sentido, qualquer déspota que deseje manter-se no poder indefinidamente deve, antes de tudo, fazer o possível ou o impossível para manter também o acesso fácil da população aos alimentos.

Para muitos pensadores liberais, isso explica porque a coletividade acaba sempre sendo também uma abstração. Qualquer indivíduo que tenha que escolher entre ser o protagonista da própria vida ou ser um salvador do planeta escolherá a primeira opção. Mesmo nos regimes socialistas mais extremados, o sonho de cada um nunca é, primordialmente, pelo crescimento do coletivo. Optamos sempre por escolher a nós mesmos em primeiro lugar. No mais das vezes, é a própria dignidade que empurra o indivíduo para essa escolha. O indivíduo dissolvido no meio da sociedade e que se vê impossibilitado de escolher o próprio caminho é sempre um alvo fácil para doenças como a depressão.

Por essa razão, os países de economia e política centralizadas jamais divulgam a quantidade de indivíduos acometidos de depressão ou tristeza profunda. Isso ocorre porque o mérito pessoal, que anteriormente era sempre celebrado como o motor do progresso pessoal e coletivo, foi sendo substituído gradativamente pelo esforço pessoal em prol da coletividade. A desmotivação do esforço e mérito pessoal é uma das causas do fracasso da quase totalidade dos regimes centralizados. Essa visão explica porque, em nosso país e em outros de igual orientação, os empresários bem sucedidos são transformados em alvo de todo o tipo de empecilhos burocráticos e de cobrança de altos impostos e taxas diversas.

Ao contrário, todos os projetos e empreendimentos sem sucesso são logo socorridos com incentivos, isenções e todo o tipo de ajuda do Estado. Punem os bons e gratificam os incapazes. Essa situação, nos regimes fechados, só persiste porque, no fim das contas, os mais capazes acabam carregando nas costas os menos esforçados, o que acaba resultando sempre em equação de soma zero.

Nos sistemas socializantes a meritocracia acaba sempre sendo socializada ou dissolvida no grupo, o que é sempre ruim e faz com que o progresso cesse de existir. Uma coisa puxa a outra, e acaba que o planejamento centralizado e o intervencionismo estatal se transformam em veneno fatal para a liberdade individual e para o mérito pessoal, vistos nesses regimes como algo burguês.

Desde sempre, a liberdade econômica deve seguir a liberdade política, e isso inclui o indivíduo como peça central. No centro de tudo, está a liberdade individual. Isso explica também porque, em sistemas socialistas, o indivíduo é sempre menos de zero e manietado em suas expectativas. A questão é simples: quanto mais centralizado o Estado, menos liberdade é dada aos indivíduos.

Experiências em várias partes do mundo ao longo da história da humanidade mostram que a liberdade econômica e política é essencial ao progresso, não sendo possível a existência de uma sem a outra. É nisso que se funda a chamada ilusão do coletivo. A busca pelo crescimento se difere da busca por privilégios e posições. Isso explica também porque, em governos centralizados, os medíocres estão sempre no entorno do governo, colhendo benesses sem esforço algum. O que surge quando o indivíduo e suas potencialidades são apagadas é sempre um coletivo formado por nulidades descompromissadas com o futuro.

 

A frase que foi pronunciada:

“A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor próprio: julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.”
Marquês de Maricá

Marquês de Maricá. Foto: wikipedia.org

 

História de Brasília

Ocorre que Taguatinga, com 70 mil habitantes, recebe 47 litros por segundo, e o Gama, com 22 mil habitantes, recebe 72 litros por segundo. Há injustiça para com Taguatinga. (Publicada em 27/4/1962)

Extensão do espírito

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Imagem: Reprodução

 

Pela atual Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 19, fica proibido, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles, ou com seus representantes, relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”. Quis a Magna Carta estabelecer, de forma legal e legítima a separação entre a Igreja e o Estado, conforme vinha sendo, inclusive, estabelecida desde o Decreto nº 119-A, depois inserido na Constituição de 1891.

O Estado, dessa forma, é caracterizado como laico. Embora seja facultada a liberdade religiosa, o poder público deve manter equidistância e independência com relação a todos os cultos religiosos e, igualmente, às igrejas de qualquer credo, sendo seu dever apenas proteger e garantir o livre exercício de todas as crenças. Essa separação, que de forma alguma significa uma cisão violenta, é garantida por uma espécie de muro legal e abstrato que é o interesse público. Em outras palavras, isso significa que, ao Estado, é vedado qualquer tipo de subvenção ou auxílio com dinheiro público a toda e qualquer Igreja, seja ela da preferência do presidente da República, dos governadores, prefeitos, deputados, senadores ou outro político no cargo ou função de Estado.

Na opinião de eminentes juristas, essa é uma medida essencial e básica para a manutenção da própria democracia e pluralidade de ideias e opiniões. Infelizmente e diversas vezes, esse importante quesito legal e constitucional vem sendo desrespeitado desde o primeiro dia da promulgação da Carta de 1988, não apenas pelos presidentes, mas por governadores, prefeitos e pela grande maioria de parlamentares. A leitura enviesada e marota do preâmbulo da Constituição que invoca a proteção de Deus não se refere a esse ou aquele Deus específico, seja de católico, seja protestantes, mas ao Deus de todos os crentes.

A experiência, ao longo da história da humanidade, tem mostrado que as teocracias — nas quais os governos são operados sob o argumento de que essa é a vontade divina, e, portanto, indiscutível no plano terrestre, e que os chefes de Estado foram, ou são, representantes diretos da divindade — são estados ditatoriais e opressores. Nesses países, Estado e religião formam um único corpo institucional. A cúpula do governo nesses estados é formada por clérigos, que conduzem, com mão de ferro, a sociedade, impondo todo o tipo de opressão e sacrifícios, exceto para a alta cúpula, blindada por uma espécie de manto sagrado.

No dizer de Marx Weber, esse tipo de governo utilizam a chamada “ética da convicção” da verdade. Contrariamente, as sociedades democráticas são orientadas pela “ética da responsabilidade”, em que toda e qualquer consequência dos atos, das pessoas e das autoridades deve ser considerada e julgada.

Dizer que o apoio a essa igreja não passa de estratégia política para garantir governabilidade, em nada diminui essa transgressão. O poderio que algumas igrejas de orientação neopentecostais vêm ganhando no Brasil, principalmente dentro da máquina do Estado, na atualidade, por si só, deveria ter acendido a luz vermelha dentro do Supremo, ou dentro do Congresso, não fosse ele hoje dominado por essas correntes religiosas.

Mais do que fé, no seu sentido estrito, é preciso atenção e reflexão ao que vem acontecendo no mundo em nossa volta. Na Europa, a entrada de grandes massas de refugiados muçulmanos vem acarretando sérios problemas de ordem religiosa, com os forasteiros impondo sua fé pela violência, numa espécie de cruzada às avessas. Muitas mesquitas têm sido apontadas pelos órgãos de inteligência daquele continente como sendo centros de treinamento e doutrinação anti-Ocidente.

Repetia o filósofo Mondubim, “um olho no padre e outro na missa” — ou seja, ver e entender as coisas de Deus, mas com um olho no mundo dos homens, suas fraquezas e vícios. O próprio Jesus ensinava, de forma didática e até profética, percebendo a grande tribulação que era confundir o céu com a Terra: a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Poucos homens pensam; mas todos têm opiniões.”
George Berkeley

Imagem: John Smibert – Bishop George Berkeley – Google Art Project.jpg

 

História de Brasília

O relatório da Novacap diz que os serviços de abastecimento d’água tiveram andamento normal, “dando-se preferência às áreas de maior densidade de população do Plano Piloto e nas Cidades Satélites.” (Publicada em 27/4/1962)

Visões do mundo

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Ilustração: Felipe Lima (gazetadopovo.com)

 

É certo que as universidades, sobretudo as públicas, mantidas graças aos impostos cobrados de todos os cidadãos do país, inclusive os analfabetos, deveriam, como o próprio nome indica, oferecer uma gama de oportunidades do mundo do saber. As universidades, portanto, devem estar abertas ao conhecimento e ao que ele primordialmente necessita para existir, que é o debate de ideias. Não há conhecimento verdadeiro pela metade ou sem debates e o exercício da razão. O fenômeno da dominação intelectual da esquerda dentro dos espaços universitários, seguindo o que propunha o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937) e, posteriormente, os professores da Escola de Frankfurt, fundada em 1924, não apenas serviu para sequestrar a autonomia do pensamento, como acabou por contribuir para o estreitamento do saber humano ao conduzir os alunos pelos caminhos de mão única da hegemonia ideológica.

A situação alcançou um ponto tal de surrealismo, que hoje praticamente não existe uma universidade pública sequer, dentro e fora do Brasil que não esteja abduzida por apenas teorias de esquerda. É um universo dividido ao meio, onde apenas uma parte da maçã, dessa árvore do conhecimento, é apresentada aos estudantes. Não há debates fora do campo da esquerda. Os que insistem são perseguidos ou evitados como se leprosos fossem. Nesse espaço, onde se busca o conhecimento, deveria haver, além da pluralidade intelectual de ideias, um total modelo de convivência harmônica, pois só assim será possível estimular o crescimento e a evolução do pensamento.

Estacionadas na esquina do lado esquerdo da existência, as universidades, hoje, caíram na mesma armadilha que busca enfraquecer parte das igrejas cristãs com a Teologia da libertação. De fato, o pensamento conservador é dado pela postura de intransigência das universidades, ao não admitir que outros discursos venham a se somar ao universo do saber. Lembre-se sempre de que a meia verdade nunca é uma verdade, portanto não satisfaz ao conhecimento.

Quando uma situação dessa natureza, que busca esconder o outro lado do saber, passa a ocorrer, o que se tem ou se pode alcançar, fica sempre aquém das necessidades dos indivíduos e distante da realidade que o cerca. Por isso, não chega a ser surpresa que os enfoques nas áreas de humanidades, sobre temas como a família, religião, pátria, propriedade privada, livre concorrência, liberdade de pensamento e outros não são apenas barrados e taxados de conservador, mas também incluídos numa espécie de index prohibitorum.

O que se assiste nas universidades hoje é uma verdadeira caça às bruxas e aos bruxos do pensamento de direita. Com isso, o que vemos e assistimos hoje é a decadência, até moral, de muitas universidades, onde circular pelado pelos corredores é uma mostra de liberdade do corpo, mas ler a Bíblia durante o intervalo das aulas, é um crime. São em ambientes assim onde fumar maconha é permitido. O que não se tolera é aluno enrolado numa bandeira do Brasil, ou com uma camiseta com motivos religiosos. É em ambientes assim que o capitalismo é massacrado e o socialismo elevado à condição de modelo a ser alcançado a todo custo. Não há revisionismo histórico de qualquer natureza sobre o fracasso do comunismo pelo mundo ao longo das últimas décadas. A romantização de um movimento, que alguns dizem ter riscado do mapa, algo como 100 milhões de indivíduos, considerados como inimigos do partido, contrapõe-se à demonização do conservadorismo responsável. Pelo o que se sabe, pelo progresso humano e material do mundo ocidental, é feito, em sua maioria, por professores que, anteriormente, receberam o mesmo tipo de formação. Deve-se, sobretudo, às teorias críticas contra o capitalismo, desenvolvidas pelos filósofos da Escola de Frankfurt, bem como a releituras sobre as potencialidades do marxismo, ao estágio atual de decadência moral e acadêmica de muitas universidades pelo mundo.

Na política, as universidades escolheram de que lado estão. Estão a favor de grupos terroristas como o Hamas e Hezbollah, que lutam contra o Estado capitalista e “opressor”, representado por Israel. Na América Latina, as universidades se colocam ao lado de governos como o da Nicarágua, Venezuela ou Cuba, considerados modelos de socialismo. Se existe hoje uma utopia com relação às universidades, é a de que elas irão dar um espaço democrático, de voz, fala e pensamento, àqueles que não querem aceitar esse tipo de visão obtusa do mundo. Como vem ocorrendo desde 1961, quando os padres da Cáritas, no Brasil, idealizaram a Campanha da Fraternidade com o objetivo de levantar recursos para financiar a assistência aos mais pobres, este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu como tema da Campanha “Fraternidade e Ecologia Integral”, seguido do lema bíblico “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

De acordo com os organizadores, o objetivo da Campanha para este ano de 2025 busca conscientizar e promover sobre a importância da fraternidade e da ecologia integral na construção de um mundo mais justo e sustentável. Além disso, a CNBB espera mobilizar a sociedade na reflexão sobre a crise ambiental e a necessidade de um compromisso coletivo com a sustentabilidade e a justiça social. Para os bispos reunidos nessa entidade, é preciso cuidar da nossa Casa Comum, promovendo a justiça socioambiental em busca de uma verdadeira conversão ecológica. Na avaliação desses clérigos, é preciso ouvir o “grito dos povos e da Terra”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Poucos homens pensam; mas todos têm opiniões.”

George Berkeley

Imagem: John Smibert – Bishop George Berkeley –                      Google Art Project.jpg

 

 

História de Brasília

O relatório da Novacap diz que os serviços de abastecimento d’água tiveram andamento normal, “dando-se preferência às áreas de maior densidade de população do Plano Piloto e nas Cidades Satélites.” (Publicada em 27.04.1962)

Orgulho nacional

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Foto: Divulgação

 

         Com o tempo, a Embrapa ganhou respeito no país e no exterior, sendo seu modelo copiado em diversos outros lugares pelo mundo. Alguns exemplos de inovações desenvolvidas pela Embrapa podem ser conferidas, como a soja tropical resistente a pragas. Ao longo de todo esse tempo, foram sendo introduzidas também, entre os produtores, a noção e a importância da sustentabilidade ambiental e social como modelos para tornar a produção de alimentos compatível com o meio ambiente.

         A Embrapa desenvolveu variedades de soja adaptadas ao clima tropical brasileiro e resistentes a pragas como a lagarta-da-soja, o que aumentou, significativamente, a produtividade e a sustentabilidade das lavouras de soja no país. Milho resistente a insetos: A Embrapa desenvolveu variedades de milho transgênico resistentes a insetos, como a lagarta-do-cartucho, o que reduziu a necessidade de aplicação de pesticidas e melhorou a produtividade das lavouras de milho. Feijão de alta produtividade: A Embrapa desenvolveu variedades de feijão mais produtivas e resistentes a doenças, o que possibilitou o aumento da produção e a melhoria da segurança alimentar em regiões de cultivo desse importante alimento na dieta brasileira. Cultivares de frutas: A Embrapa desenvolveu diversas cultivares de frutas, como a uva BRS Vitória e a maçã BRS Gala, que apresentam características melhoradas de sabor, aparência e resistência a doenças, contribuindo para a expansão e diversificação da fruticultura brasileira. Manejo integrado de pragas e doenças: A Embrapa desenvolveu técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, que visam reduzir o uso de agrotóxicos e promover o controle biológico de pragas, tornando a produção agrícola mais sustentável e ambientalmente amigável. Sistemas agroflorestais: A Embrapa tem trabalhado na promoção de sistemas agroflorestais, que integram a produção agrícola com o cultivo de árvores, proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais, como a conservação do solo, a proteção de recursos hídricos e a diversificação da produção. Biotecnologia aplicada à pecuária: A Embrapa desenvolveu técnicas de melhoramento genético para a pecuária, como a seleção de animais resistentes a doenças, aprimorando a produtividade e a qualidade dos rebanhos brasileiros.

          A despeito de todo esse sucesso e da importância estratégica que tem para o nosso país, a Embrapa vem, nesses últimos, anos atravessando um período de crise sem precedente, que vai desde o clientelismo político aos obstáculos para desenvolver suas atividades, e tem levado essa empresa e seus técnicos e pesquisadores a um estado de total frustração e desânimo.

         De fato, após esses mais de 50 anos de êxitos, a empresa vem perdendo sua capacidade de resposta diante dos novos cenários da agricultura nacional e mundial. A pressão política obrigou a Embrapa a criar dezenas de centros de pesquisas que passaram a atuar de forma não integrada, gerando sobreposição de pesquisas, criando infraestruturas ociosas e, consequentemente, um elevadíssimo custo de manutenção. A cada governo que chega, criam-se mais e mais programas, centros de pesquisas e outros aparatos que vão se acumulando e gerando despesas.

         É necessário, na visão daqueles que entendem o trabalho desse centro de pesquisa, implementar uma forte descentralização na estrutura de governança, desburocratização nos processos decisórios e atenção aos recursos humanos da empresa. Existe ainda uma crise financeira, com as polêmicas contratações que colocam a Embrapa numa posição de risco como líder em pesquisa agrícola tropical.

         Em 2024, a empresa encerrou o ano com um déficit superior a R$ 200 milhões, o que colocou em risco a capacidade da Embrapa conduzir pesquisas futuras. Também a falta de fundos para despesas gerais tem colocado, em xeque, o futuro da pesquisa agropecuária em nosso país. É preciso entender que as mudanças climáticas irão exigir ainda mais das pesquisas na área de produção de alimentos. Não se pode aceitar que uma empresa dessa importância vital passe agora por constrangimentos de não possuir em caixa dinheiro sequer para pagar contas de luz, água, telefone, internet, segurança e restaurante. Tudo isso sem falar em pesquisas, que levam anos de estudo e custam muito dinheiro.

 

A frase que foi pronunciada:

“Decidi ser cientista, estudar microbiologia, algo incomum para uma criança do sexo feminino nascida no final da década de 1950, na pequena cidade onde eu morava”.

Mariângela Hungria

 

História de Brasília

Hoje, os senhores  passarão a ser procurados  por uma comissao de pais dos alunos da escola classe da superquadra 108. Receba bem a comissão. Ela está incumbida de angariar fundos para a merenda escolar. (Publicada em 27.04.1962)

Campanha da Fraternidade

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Como vem ocorrendo desde 1961, quando os padres da Cáritas no Brasil idealizaram a Campanha da Fraternidade, com o objetivo de levantar recursos para financiar a assistência aos mais pobres, este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu como tema da campanha “Fraternidade e Ecologia Integral”, seguido do lema bíblico “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

De acordo com os organizadores, a campanha de 2025 busca conscientizar e promover a importância da fraternidade e da ecologia integral na construção de um mundo mais justo e sustentável. Além disso, a CNBB espera mobilizar a sociedade na reflexão sobre a crise ambiental e a necessidade de um compromisso coletivo com a sustentabilidade e a justiça social. Para os bispos reunidos nessa entidade, é preciso cuidar da nossa casa comum, promovendo a justiça socioambiental em busca de uma verdadeira conversão ecológica. Na avaliação desses clérigos, é preciso ouvir o “grito dos povos e da Terra”.

No cartaz que anuncia a Campanha da Fraternidade de 2025, aparece um São Francisco, o santo tornado pela Igreja Católica, o padroeiro da ecologia. Na imagem, vê-se o santo de braços abertos, tendo ao fundo recortes de uma favela contrapondo-se a enormes edifícios de moradias, mostrando a profunda desigualdade social e econômica ainda reinante em nosso país. “Novamente, Deus nos chama a vivenciar a Quaresma. Desta vez, porém, com o apelo especial a louvá-lo pela beleza da criação, a fazer um caminho decidido de conversão ecológica e a vivenciar a ecologia integral”, reafirmam os bispos, lembrando que este ano é especial porque são celebrados, além dos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas, composto por São Francisco, os 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si, pela Exortação Apostólica Laudate Deum, pelos 10 anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (Repam) e pela realização da COP30 em Belém (PA).

Os bispos lembram que, desde 1961, a questão da ecologia vem sendo tratada como tema central. É certo que a Campanha da Fraternidade pode ser citada como sendo um dos rebentos advindos da Teologia da Libertação (TL), que, no início dos anos 1960, se irradiou por toda a América Latina e por alguns países pelo mundo. A própria linguagem dessa campanha, ao longo de todos esses anos, muito se assemelha na sua abordagem com a filosofia pregada pela TL.

Isso ocorre porque, talvez, a Igreja Católica ou parte dela nunca tenha se separado totalmente da TL. Apenas por ocasião do papado de João Paulo II (1978-2005), graças à atuação do então cardeal Joseph Ratzinger à frente da Congregação para a Doutrina da fé, a TL se viu encurralada na estreita passagem que separa o que é da Igreja do que é do marxismo. A partir desse julgamento, houve um certo declínio da TL nos anos posteriores, sendo esse rompimento suavizado agora com o papa Francisco, que tem sido mais reconciliador com os temas abordados por essa pregação.

Essa reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, que busca trazer a práxis política marxista para dentro da Igreja, tem sido mais duramente criticada hoje por dar ênfase exclusiva ao pecado institucionalizado, coletivo, desvalorizando o magistério (catecismo), além de incentivar a luta de classe. É por essa e outras razões que tem sido comum ouvir de padres, em suas homilias, críticas tanto à atuação da CNBB quanto em relação à temática anunciada nas campanhas da Fraternidade.

Existe, sim, uma diferença entre o que a Igreja prega e a Teologia da Libertação defende — ou seja, a ideia de que a Igreja, assim como o próprio Estado, deve superar seus atuais modelos estruturais, acabando, por exemplo, com o clericalismo e outros comportamentos distantes da realidade das populações mais pobres. A TL quer, em outras palavras, trazer o céu para a Terra. Para muitos conservadores, esse comportamento favoreceu a debandada dos fiéis para outros credos.

De fato, a Igreja não tem o dom e o poder de mudar as estruturas injustas do mundo secular. Mas pode mudar o coração dos homens, mostrando-lhes o caminho do espírito e da luz. Jesus, ao contrário do que muitos pregam, não era um ideólogo ou líder político. O Evangelho mostra um outro caminho, que não é deste mundo ou de outros mundos desenhados pelo materialismo humano.

 

A frase que foi pronunciada:

“Com caridade, o pobre é rico; sem caridade, o rico é pobre.”
Santo Agostinho

Foto Ilustrativa: Philippe de Champaigne

 

Toque
Incrível como tanto os setores hospitalar norte e sul, quanto o setor hoteleiro, não têm calçadas suficientes para que o pedestre possa fazer seu trajeto com segurança. Em setores estratégicos como esses, faltou sensibilidade.

 

Semear
Regina Lopes, que mora na 707 Sul, observa que os pequenos tratores que cortam as gramas da área carregam, na pá, parte de cupinzeiros atingidos pela lâmina. O resultado é que o gramado ao longo das quadras está semeado desses insetos indesejados.

 

História de Brasília

O meio-fio da Epia está sendo feito com montes de terra na pista sem nenhum aviso. À noite constitui um perigo para o trânsito. (Publicada em 27/4/1962)

A cama ou a cova

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Ilustração: brasilparalelo.com

 

Segundo relatórios elaborados pelas Nações Unidas, a população mundial deverá atingir, ainda este ano, 8,2 bilhões, sendo que, nas próximas duas décadas, esse número atingirá a marca de 10,3 bilhões de pessoas. O que é certo nesses números é que é praticamente impossível calcular, com uma exatidão científica, o número de pessoas vivendo hoje no planeta. De toda a forma, o crescimento populacional no mundo já adentrou para um patamar de extrema preocupação.

As previsões, do lado dos cientistas, são as mais pessimistas possíveis. A estatística, um ramo respeitado da matemática e que é levado a sério por muitos países na hora de programar e organizar as economias, adianta que o futuro imediato reserva enormes desafios aos governos e aos próprios habitantes da Terra. O dilema é deixar livre, por questões éticas, o nascimento de crianças pelo mundo e enfrentar adiante o problema na escassez de recursos naturais, ou partir para um programa de redução populacional de forma preventiva, evitando, assim, modelos reativos, em que as providências poderão ser coercitivas.

A China e a Índia conhecem esse problema de perto e sabem como é difícil administrar seus países com um número tão alto de habitantes. O Brasil, cujo índice de crescimento populacional gira em torno de 0,41% ao ano, e onde a economia patina ano após anos, não pode, de maneira alguma, fazer cara de paisagem sobre essa realidade que avança de modo exponencial pelo planeta. Caso não enfrente o problema de forma séria com competência, correrá o risco de ter que aceitar levas e mais levas de imigrantes de outras partes do planeta, somando, a seus diversos problemas internos, outros elementos ainda mais perigosos.

Ocorre que nosso país só poderá se debruçar sobre questões como essa quando, internamente, os elementos responsáveis pelos embates políticos tiverem sido sanados. Somente países que resolveram questões básicas de desentendimentos políticos estão aptos a encarar o maior desafio hoje, que é colocado diante da humanidade. Entre nós, questões dessa natureza passam ao largo, pois ainda nos vemos atolados no be a bá dos grandes problemas mundiais. O que parece necessário para encarar essa e outras questões globais urgentes é que se estabeleça, no comando do país, indivíduos dotados daquela que é a maior qualidade de um governante: o dom da conciliação e do estabelecimento natural de pontes de entendimento entre todos os brasileiros.

Enquanto nos engalfinhamos em rusgas interesseiras de natureza ideológica, o mundo vai explodindo a nossa volta. Talvez, quando resolvermos nossas pendengas internas, o mundo que conhecemos já não exista mais e nada mais fará sentido. Há, de fato, uma estreita ligação entre política e questões prementes como o da superpopulação. Observem que, na relação dos 10 países mais populosos do planeta, o Brasil aparece na 7ª posição. Nesse campo, os desafios globais são imensos e, por isso mesmo, necessitam de soluções em conjunto, que abordem também questões de sustentabilidade.

O físico Heinz von Foerster, nascido em 1911, previu, em seus cálculos complexos, que o ano de 2026 seria de grande aflição para a humanidade. Também o matemático Thomas Malthus (1766-1834), lembrado hoje como o pai da demografia, previu, estatisticamente, que o aumento populacional geométrico não acompanharia o crescimento da produção de alimentos, o que resultaria, num dado momento, em crises de fome. Hoje em dia, os chamados neomalthusianos defendem o uso de métodos contraceptivos em massa, sobretudo nos países subdesenvolvidos como maneira de controlar o crescimento da população e de combate à pobreza. Existe ainda um estudo elaborado por Antoni van Leeuwenhoek, inventor do microscópio, em 1679, que previa o limite de população que o Planeta Terra poderia sustentar: seria de 13,4 bilhões de habitantes.

Para os que ainda não compreendem questões dessa natureza e torcem o nariz para estimativas, sobretudo as mais pessimistas, é preciso lembrar que o futuro é feito de pequenos pedaços do cotidiano atual. Se juntarmos as más perspectivas para o futuro com as ações de depredação do meio ambiente, com fenômenos como o aquecimento global, que já chegaram até nós, é melhor começar logo a preparar a cama… Ou a cova.

 

A frase que foi pronunciada:

“O maior desenvolvimento na biologia reprodutiva é a pílula anticoncepcional. Ninguém nunca fala sobre isso, mas olhe para as consequências: demografia; envelhecimento da população; a população em declínio da Europa, Japão; imigração. É incrível.”

Gregório Stock

Gráfico: portaldoenvelhecimento.com

 

História de Brasília

O empreiteiro que está plantando grama na 105 está sendo sabotado. Agora, recebeu ordens para parar o serviço por falta de irrigação. Isto representará um prejuízo, porque haverá dispensa de pessoal, e, depois, um novo fichamento irá provocar mais demora. (Publicada em 27.04.1962)

Uma rosa ainda com muitos espinhos

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Arte: Débora Islas/CLAUDIA

 

Dados fornecidos pelo Núcleo da Violência da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicam que, a cada duas horas, aproximadamente, uma mulher é morta de forma violenta em nosso país. No mapa mundial, esse número passa para uma mulher morta a cada 10 minutos, segundo a UNWoman. O grau de violência que tem, nas mulheres, de todas as idades e das mais variadas camadas sociais, seu principal alvo, demonstra, de forma cabal, que existe em nossa população uma patologia e uma anomalia de tal proporção que não seria exagerado considerar que a sociedade brasileira parece rumar para sua própria desintegração.

Observem que esse é um dado verídico que apresenta apenas aqueles casos que culminaram com a morte, de forma absolutamente criminosa, de mulheres. Se formos levar em conta também as denúncias feitas formalmente por mulheres que foram vítimas de violência doméstica, de ameaças e de assédios sexuais, de estupros e mesmo assédios morais praticados nos locais de trabalho, os registros não deixariam dúvidas de que ser mulher nesse país é uma missão que envolve altíssimos riscos.

O que mais chama a atenção nesses dados é que esse tipo de crime vem aumentando a uma taxa de quase 10% ao ano, isso, de acordo apenas com as estatísticas oficiais. Ocorre que esse tipo de violência, quando praticada por pessoa da família, não chega, sequer, a ser denunciada às autoridades. Daí que muitos acreditam que os dados reais, relativos às práticas de violência contra as brasileiras, são estarrecedores. De tão recorrentes e bárbaros, foi preciso o estabelecimento de um novo tipo de crime, no caso, o feminicídio, como forma de conter essa escalada de violência.

Infelizmente, a criação de delegacias especiais para o atendimento de mulheres e mesmo o advento de Leis como a Maria da Penha e a inclusão do feminicídio como crime hediondo, com endurecimento severo nas penas, não tiveram o condão de abrandar os registros de violência praticada contra as mulheres no Brasil.

Além da violência física e moral, as mulheres são vítimas também de uma outra forma de crime, aceita por muitos como fatos de menor importância, mas que demonstra um certo comportamento misógino enraizado em nossa cultura a séculos. As discriminações no ambiente de trabalho, com as diferenças salarias entre homens e mulheres e as oportunidades diferentes de crescimento dentro da profissão, evidenciam essas injustiças, mesmo em pleno século XXI.

Um outro caso de flagrante discriminação contra as mulheres ocorre durante todas as eleições. Para burlar a lei eleitoral que obriga uma cota mínima de 30% de mulheres na lista de candidatos ao Legislativo, muitos partidos passaram a adotar a estratégia de candidaturas do tipo laranja, na qual mulheres são inscritas, não realizam campanhas e devolvem o dinheiro do fundo eleitoral e partidário diretamente para os caciques desses partidos, que dão a destinação que bem querem a esses recursos públicos. Com isso, a representação feminina no Congresso e nas Assembleias Legislativas permanecem desiguais, em torno de 30%, isso para um país onde, em cada dez habitantes, 5 são do sexo feminino.

Esse fato não é apenas um desrespeito e um crime praticado contra as mulheres, mas um grave delito contra a própria democracia representativa e o futuro do país.

 

A frase que foi pronunciada:

“Leolinda, Bertha e Almerinda pavimentaram o caminho pra que Celina Guimarães, a primeira eleitora; Eunice Michiles, a primeira senadora; Alzira Soriano, a primeira prefeita; e tantas outras que vieram depois participassem efetivamente da política brasileira. Cada movimento delas foi essencial pra que o direito ao voto se tornasse uma realidade na política do país.”

Do Instagran TSEJUS

Ilustração: reprodução da internet

 

Decepção

Satisfeita com a visita de familiares que moram por toda parte do mundo, Gisele Alvarenga resolveu ciceronear os genros e noras para conhecer Brasília. Começou pelo Palácio da Alvorada, onde todos podiam chegar perto do vasto gramado, ver as aves criadas por ali. Não é mais assim. Tudo impossível de se aproximar. Até a Catedral estava fechada. Itamaraty nem pensar. Torre digital? Viagem perdida. Apesar do aumento de turistas, a capital da República não tem sido uma boa anfitriã.

Torre de TV. Foto: Roberto Castro/Mtur

História de Brasília

As chuvas desta madrugada danificaram , em parte, o jardim do trevo da Igrejinha. A tela colocada sôbre a grama, entretanto, evitou maior desastre. (Publicada em 27.04.1962)

Só as imagens em 3D podem convencer

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Em documento enviado pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) ao governo distrital, as procuradoras Camila Costa Britto, Polyanna Silvares de Moraes, Liz Elaine de Silvério, Adalgiza Maria Aguiar e Hiza Maria Silva recomendaram que os serviços públicos de saúde, oferecidos pela rede local, assegurem, de forma imediata, a interrupção da gravidez para gestantes com mais de cinco meses de gravidez ou além da 22ª semana de gestação. Com isso, a prática de aborto passa a ganhar um suporte legal, mesmo que a gestante já esteja no fim da gravidez. Observem que, a partir do 5º mês, o bebê já está formado, podendo sobreviver com cuidados médicos fora da barriga.

A ação do MPDFT contraria frontalmente o que recomenda o próprio Conselho Federal de Medicina (CFM) a partir da 22ª semana. Além disso, o CFM alerta para o uso cruel do método usado nesses procedimentos de aborto. Trata-se, nesse caso, da chamada assistolia fetal, que consiste na aplicação de uma injeção de cloreto de potássio diretamente no coração do bebê. Por esse método, extremamente doloroso, o coração entra em colapso e para imediatamente. Esse protocolo, por suas consequências desumanas, não é recomendado, nem mesmo para procedimentos de eutanásia em animais. Por essa recomendação, o aborto legal deve ficar garantido a todas as mulheres que engravidaram em decorrência de um estupro. As promotoras pedem ainda que o GDF apure as razões que levaram a descontinuidade do serviço de aborto e que adote todas as medidas para a apuração criminal dos agentes que tenham criado entraves à execução do programa, dificultando ou impedindo os procedimentos de aborto.

Pode parecer uma contradição, mas as referidas procuradoras integram o Núcleo de Direitos Humanos do MP. Nesse documento, que é um recomendação explícita para a execução de nascituros até o nono mês de gestação, as promotoras citam o direito à dignidade humana e dizem seguir orientação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde. Ao que parece, o documento do MPDFT está desconsiderando o que estabelece o Ministério da Saúde, contrário ao aborto de bebês já formados. Também o CFM ressalta que a assistolia fetal é desnecessária, já que, a partir de cinco meses, o bebê já pode sobreviver fora do útero, e a mulher terá que se submeter também ao parto.

Essa ação do MPDFT vem em decorrência de uma decisão do onipresente ministro Alexandre de Moraes, assegurando a realização de abortos em gestações com mais de cinco meses por meio de assistolia. Na ocasião, o ministro não só suspendeu a resolução do CFM, que vetava tal procedimento, como proibiu também que a direção dos hospitais fornecesse, ao Conselho, dados de prontuários médicos desses casos. Um outro problema aqui é que o aborto é considerado crime pelo Código Penal Brasileiro e a Carta Magna dita o Direito à Vida.

É preciso lembrar ainda que essas medidas vêm em decorrência de ações impetradas junto ao Supremo pelo PSOL, que não esconde que ignora os riscos para as mulheres submetidas à prática do aborto em qualquer tempo e à qualquer custo. Esse partido não se limitou a pressionar as autoridades para a execução do aborto, como chegou ao cúmulo de recomendar o uso de um medicamento, no caso do misoprostrol, para a realização de abortos. Esse medicamento, segundo os pesquisadores, pode expor o feto a reações adversas e gerar malformações congênitas. Finalmente, observem que todo esse movimento em prol do aborto a qualquer custo parte dos partidos de esquerda. Os mesmos que asseguram que o amor está de volta. Com o script pronto, quem é a favor desse absurdo resume: “Abortar não é obrigatório, é opcional.” Basta assistir as imagens em 3D gravadas durante um aborto para nunca mais querer acabar com a vida de indefesos inocentes.

 

A frase que foi pronunciada:

“O aborto legal promove a cultura onde a vida passa a ser descartável.”

Papa Francisco

Foto: santuariodefatima.org.br

 

Turismo

Uma decepção completa passear por Brasília com turistas. Torre digital fechada, restaurante da Torre de TV fechado e por aí vai. Brasília comemora o aumento dos turistas na cidade. Resta saber o que eles pensam.

Foto: Guilherme Lobão

 

História de Brasília

As chuvas desta madrugada danificaram , em parte, o jardim do trevo da Igrejinha. A tela colocada sôbre a grama, entretanto, evitou maior desastre. (Publicada em 27.04.1962)