O futebol como arma

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: iStock/Getty Images

 

          Não é de hoje que o futebol, de arte do povo e para o povo, foi transformado, por suas potencialidades, em armas de propaganda. Nas mãos dos marqueteiros, em que tudo é costurado com o tecido das ilusões da propaganda, o futebol virou garoto propaganda de governos, principalmente daqueles cujo horizonte intelectual não vai além da esquina mais próxima.

          Surpreende que, depois de mais de vinte séculos a nos separar do grande Império Romano, o pani et circenses, a fórmula populista ainda faça grande efeito sobre as massas. Não causa espanto que, para esse objetivo, nove entre dez demagogos tenham se empenhado em destruir quaisquer projetos de educação popular, por meio de escolas públicas de qualidade. A ignorância, assim como a cegueira mental, são irmãs siamesas.

          É preciso, pois, fazer dos programas de governo, um projeto nacional de destruição paulatina da educação pública. Nada contra o futebol. Tudo a favor do ensino. Conhecerás um pretendente a ditador do momento ao seguinte sinal: todos eles utilizam de eventos populares, não para o regozijo de sua gente, como quer parecer, mas tão somente para alavancar sua imagem junto ao povo, visando angariar apoio às suas pretensões políticas de cunho populista. Tal é a característica comum a todos eles, sem exceção. O que muda é apenas o tipo de evento popular a ser explorado como marketing político. Nesse caso, pouco importa o tipo de espetáculo. O importante é que reúna o maior número de adeptos. Pode ser ligado ao folclore, às tradições ou ao esporte.

         No país do futebol, a utilização desse esporte, como muleta oportunista desses políticos, é um fato histórico antigo e manjado e pode ser conferido, praticamente, desde que surgiram os clubes devotados ao ludopédio. Só existe um porém nessa estratégia marota: para que a fórmula funcione, é necessário, antes de tudo, que o time escolhido tenha uma grande e apaixonada torcida, capaz de empolgar e incendiar multidões, tornando-as presas fáceis.

          Já quando o marketing político mira a Seleção do país, onde estão representantes de todos os times e jogadores mais destacados, transformando-os em garotos propagandas do governo, essa mistura entre oportunismo populista de cunho nacionalista com a paixão dos torcedores, rende resultados à medida em que esse escrete devolve essa aposta em forma de gols e de vitórias incontestes.

         Em situações assim, o chefe de governo comparece aos estádios e, da tribuna de honra, faz questão de ser visto e aplaudido. Mas para esse ato é preciso ter segurança de que será aplaudido porque, nesse mesmo país do futebol, não é raro os espectadores no local vaiarem até o minuto de silêncio. Numa situação em que o Estado Democrático de Direito usa o seu tempo para cuidar, com denodo, de  questões da mais alta relevância para a nação, não resta espaço e vontade para que o governo interfira em problemas menores relativos ao futebol, já que essa é uma atividade mantida por organizações e empresas privadas e com interesses próprios e diversos.

         Também no Brasil, e por diversas vezes, essa intromissão indevida do governo no mundo do futebol, quase sempre, tem rendido, ao  lado de alguns minutos de popularidade ao chefe do Executivo, elevados custos para os pagadores de impostos, que acabam arcando com a armação desse circo. Caso exemplar pode ser conferido durante o governo petista de Dilma Rousseff, com a construção de enormes e caríssimas arenas de futebol, destinadas à realização da Copa do Mundo, e que hoje, em sua grande maioria, foram transformadas em verdadeiros elefantes brancos sem utilidade alguma, depois de terem sido erguido à base de muita corrupção e sobrepreço.

         Com Dilma e seu governo, ficaram, além desses fantasmas de concreto, as seguidas humilhações impostas pelos diretores da Fifa ao governo, os escândalos nessas construções e os posteriores que redundaram no banimento perpétuo desses dirigentes do futebol, as prisões dos chefões da CBF, as vaias retumbantes no estádio, durante a abertura dos jogos, e a derrota, fragorosa, da seleção para Alemanha por nada menos que 7×1.

          Não foi pouco! Toda essa amarga experiência deveria ser utilizada como um aprendizado para que o governo jamais voltasse a misturar os assuntos de Estado, com os problemas de estádios. Mas não foi o que aconteceu. Os países onde seriam realizados o torneio cuidaram logo de empurrar esse abacaxi para o Brasil. O que se viu, pelo menos até agora, foi o ensaio de revolta dos próprios jogadores e técnicos, possivelmente calados pelo reforço em dinheiro dos prêmios, bem como os escândalos de assédio sexual do presidente da CBF e seu posterior afastamento da instituição. Também tem aumentado o repúdio dos brasileiros, médicos e enfermeiros e de todos os que perderam amigos e familiares nessa pandemia. Falta agora, para completar esse quadro patético, a vaia nos estádios e a derrota da seleção nessa copa do Catar, para, mais uma vez, cair a ficha. Mesmo em caso de vitória, essa é uma situação que em nada vai beneficiar os brasileiros, preocupados em sobreviver o pós-pandemia e a crise econômica e social que se seguiu.

         Passadas as eleições, as atenções dos brasileiros, isso é, se o pós-eleição for digerido com tranquilidade, muitos olhares e ouvidos estarão ligados nos jogos da Copa. Mais uma vez, a mídia irá fazer de tudo para dar grande visibilidade ao evento. Nesse ponto, tudo indica que as eleições já estarão na estação de embarque, rumo à cidade distante do esquecimento.

         Para qualquer governo que chegar, a vitória do Brasil nos jogos do Catar representarão um grande capital para o próximo governo, que tudo fará para atrair essa vitória e seus efeitos deletérios e efêmera para sua gestão, comparando o sucesso dos jogadores ao governo, tudo numa grande encenação como era há mais de dois mil anos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado.”

Eduardo Galeano

Eduardo Galeano. Foto: Samuel Sánchez.

 

Susto

Aumenta a audácia dos hackers em prejuízo, dessa vez, de correntistas bancários. Imagine consultar sua conta no celular e ver que tudo se foi. Isso passou a acontecer depois que o token eletrônico surgiu. Se continuasse sendo uma chave nas mãos dos clientes, dificultaria a ação dos meliantes. Aliás, a lei branda para esse crime está contribuindo sobremaneira para o aumento das ocorrências.

Foto: Pixabay

 

Cuidado

Ainda sobre o assunto acima, para se defender dos bandidos eletrônicos, os correntistas que já sofreram esse tipo de ação passaram a usar dois celulares. Um apenas para movimentação bancária e outro para as redes sociais. A cada dia que passa está mais perigoso abrir links.

Charge do Thyagão

 

Sociedade

Dia 02 de agosto, às 15h, a Câmara dos Deputados vai debater em audiência pública “A importância da Policia Judicial na proteção de membros e serventuários do Poder Judiciário”. No link A importância da Polícia Judicial, você vai saber como participar.

 

Revolta

Corre pelas redes sociais a reprodução da página do Diário Oficial com a informação do pagamento de dois milhões e meio patrocinando Nando Reis em 2012.

 

Na mira

Prefeitos de diversas cidades foram flagrados cobrando propina de várias formas. Com um celular é possível comprovar o ilícito. Agora, o que é feito com esse material vai depender do delegado, juiz e da população.

Charge publicada em vvale.com

 

História de Brasília

Está na hora de a TCB pedir à Assessoria de Planejamento o desenho para um poste que determine os pontos de ônibus. Escrever no asfalto não é prático nem funcional. (Publicada em 08.03.1962)

Meu caro Brasil

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Charge do Cícero

 

          Numa República, que faça jus ao nome e que objetive a universalização do bem público, não caberia, por razões óbvias e éticas, a existência de cargos e outras sinecuras no serviço público, do tipo vitalício. O próprio sentido da vitaliciedade já desconfigura a República, naquilo que ela possui de mais característico, que é a impessoalidade e o interesse comum.

         Ao assenhorear-se de um cargo vitalício, todo e qualquer indivíduo adentra para um mundo onde as leis naturais, que regem outros homens, já não possuem mais sentido. Nesse ambiente, distante anos-luz de qualquer sentido republicano, o tempo cuida de amalgamar o cargo, a função e o próprio indivíduo, transmutando tudo num só elemento, onde já não é possível separar e distinguir sujeito e objeto. O cargo e a função vitalícia representam não só o antípoda da República, como cuida de desmaterializá-la, desmoralizando-a frente à sociedade.

         Ao transplantar esse modelo próprio da antiga monarquia para a República, o que o instituto da vitaliciedade conseguiu foi a contaminação da correta e isenta prestação dos serviços públicos com elementos personalistas, distantes, pois, dos interesses dos cidadãos. Ao mesmo tempo em que se afasta das necessidades dos cidadãos e da própria ética pública, a vitaliciedade faz, da máquina pública, um mecanismo a serviço das elites.

          Para além de servir como instrumento de impunidade para aqueles que, eternamente, ocupam esses cargos, a vitaliciedade cria, aos olhos de todos, cidadãos de primeira e de segunda classe, tornando esses privilegiados e outros, aos quais protegem, blindados pelo manto de intocabilidade, livres de quaisquer punições, mesmo que cometam crimes não condizentes com o cargo.

         Quando apanhados em crimes e delitos de grande repercussão, dos quais os cidadãos comuns jamais se livrariam, esses eternos senhores são punidos com aposentadoria compulsória, recebendo salário integral e outras prebendas como reparação à expulsão do paraíso. Muitos são os casos de escândalos ocorridos nesses postos, poucas as punições e nenhuma iniciativa para pôr fim a esses privilégios, já que eles contribuem, direta ou indiretamente, para dar cobertura também aos mal feitos das elites, para que aquela unidade da federação volte a ser terra arrasada ou terra de ninguém.

         A vitaliciedade de uns acoberta e protege a vitaliciedade de outros e todos vivem felizes para sempre, nessa terra do nunca em que se transformou os cargos vitalícios. As razões de tantas felicidades são sabidas: todos esses cargos levam o contemplado a uma espécie de paraíso na terra, onde as mordomias são infinitas, as obrigações são poucas e os castigos não acontecem. De vitalício, para uma República, bastaria a ética.

A frase que foi pronunciada:

“Em tudo há esperança: a luz no fim do túnel e água fresca no fundo do poço.”

Filósofo de Mondubim

30/09/2013 Crédito: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.

INSS

Mais um sinal de que a burocracia é a maior prova da falta de contrapartida dos impostos pagos durante toda uma vida. Aposentados que viveram a transição entre o analógico e o digital, o papel e a internet sofrem com as exigências do INSS. Sem relevar o tempo para atendimento que é astronômico, enviar os documentos por um portal amigável seria o mínimo de consideração, e o atendimento com finalização feito presencialmente seria o maior sinal de respeito. Outra opção é o número 135.

Foto/Exame

 

Sem atendimento

Jovem que é, o presidente Guilherme Gastaldello Pinheiro Serrano, do INSS, poderia se passar por um cidadão comum que disca para o 135, com o objetivo de saber (mesmo que ele já saiba) como se adquire a Declaração para fins de Obtenção de Benefício, que é um item da lista de exigências.

Guilherme Gastaldello Pinheiro Serrano. Foto: gp1.com

 

Trumbicados

Um avanço possível, em pleno século 21, seria o cruzamento de informações entre Receita Federal, GDF, empregadores, INSS, FGTS. Parece que ninguém se conversa.

Foto: imagens.ebc.com

 

Enigma

Tem gente até agora tentando compreender o primeiro semáforo da L2 no sentido norte/sul. A seta que está sempre seguida do sinal vermelho geral. Melhor seria liberar a faixa da direita e os pedestres e ciclistas ficarem atentos, como é no Lago Sul, depois do Gilberto Salomão.

 

 

Lei seca

Andar por várias regiões administrativas de madrugada e acompanhar as ocorrências leva a crer que a instituição da Lei Seca aliviaria sobremaneira os gastos do governo para atendimento de chamados pelos bombeiros e policiais. Todas as vezes que a PM trabalha à noite, em regiões administrativas mais violentas, o índice de ocorrências diminui.

Foto: Divulgação/CBMDF

História de Brasília

Está na hora de a TCB pedir à Assessoria de Planejamento o desenho para um poste que determine os pontos de ônibus. Escrever no asfalto não é prático nem funcional. (Publicada em 08.03.1962)

Traças e roedores

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Ilustração: amambainoticias.com.br

 

         Tempos difíceis esses que estamos vivendo, ainda mais para um tipo específico de jornalismo, que, em meio a essa polarização extremada, com tiros vindos de todo o lado, busca seguir o caminho do meio e do bom senso.

         Definitivamente, não estamos, aqui no Brasil, em tempos de racionalidade ou sob a égide de elites políticas movidas pela sanidade mental. Mesmo para o leitor e eleitor, o cenário atual do país é confuso e distante da realidade. Até aqui nenhuma novidade. O que surpreende o cidadão de bem, e olhe que eles existem em grande número, é ver, dia sim e outro também, os mais perigosos e escorregadios personagens da política local e nacional ocupando páginas inteiras dos principais jornais e de mídias importantes.

         Para os brasileiros que ainda acreditam na ética e na justiça, ver esses personagens de triste passado, envoltos nos mais estrondosos casos de corrupção e de desvio do dinheiro público, falando abertamente de seus projetos futuros e do quanto foram prejudicados politicamente pelo açodamento das leis e da Justiça, dói no fundo da alma.

         Nessas entrevistas, que inclusive ocupam manchetes de primeira página, esses antigos meliantes do colarinho branco desfilam um rosário de lamúrias, mostrando o quanto foram injustiçados e o quando custou, para cada um, vagar solitário pelo deserto do banimento. Não se enganem! São raposas a lamentar o fato de terem sido apanhadas com os dentes prontos a devorar os incautos cidadãos, retirando-lhes o pão de cada dia e as chances de um futuro mais digno.

         De fato, o caminho de meio e do bom senso aponta, com propriedade, que lugar de corruptos, de toda a espécie, é nas malhas da lei interpretada com decência e longe dos cofres públicos.

         Já foi bem lembrado que a corrupção é tão ou mais letal que as ações violentas do crime organizado. A diferença entre o corrupto e um chefe de quadrilha que assalta e mata está nas armas que utilizam. Os empolados criminosos do colarinho branco, apesar de não usarem armas de fogo em suas ações, causam males infinitamente maiores ao cidadão, sendo que seus crimes repercutem por décadas e podem ser conferidos nas filas dos hospitais, na falta de remédios, na precariedade dos serviços públicos e por aí vai.

          Cara do bom moço, com aquele ar de senhor arrependido, só engana os desavisados. Há também os que mentem tão bem para si que não encontram espaço no ego para arrependimentos.

         Todo o cuidado com esse tipo de gente é pouco. A revoada desses personagens da política policial do país, de volta aos ninhos ou à cena do crime, só tem sido possível graças ao desmanche providencial e maquiavélico da Lei de Improbidade Administrativa, elaborado à luz do dia, justamente por indivíduos que foram ou seriam atingidos por esse antigo e justo dispositivo.

         Pensar que todos esses personagens estão se preparando para voltar mostra bem porque não saímos do lugar, e andamos correndo atrás do rabo feito cachorro doido. Para alguns mais radicais, a sentença é ainda mais terminativa: lugar de bandido não é na política, é na cadeia; onde, aliás, muitos se quer chegaram conhecer, dadas as possibilidades infinitas de recursos e a leniência de nossas leis, sempre em benefício dessa gente e contra o cidadão.

        Jornais e todo o tipo de mídia deveriam abrir seus canais apenas para aqueles cidadãos dignos e que possuem mensagens com base na verdade, vida pregressa e no bem comum, para mostrar às novas gerações que ainda há remédio para esse país. Nem tudo está definitivamente perdido e entregue às traças e aos roedores.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando uma pessoa sensata compreende mal o que eu quis dizer, reconheci que me zango, mas apenas comigo mesmo: por haver expressado o meu pensamento tão mal que dei ensejo ao erro.”

David Hume (1754)

David Hume. Foto: Reprodução/Internet

 

Tecnologia

No Blog do Ari Cunha, o artigo completo de Flávio Ribeiro sobre “Tecnologia em gestão de contratos: uma forma de reduzir custos em Centros de Serviços Compartilhados”. Flávio Ribeiro é CEO e co-founder do NetLex e Associado Mantenedor da ABSC.

Flávio Ribeiro. Foto: tiinside.com

Tecnologia em gestão de contratos: uma forma de reduzir custos em Centros de Serviços Compartilhados

A premissa de um Centro de Serviços Compartilhados (CSC) é reduzir custos e aumentar a assertividade das operações. Para alcançar esses objetivos, departamentos Jurídicos, de Suprimentos e de Recursos Humanos (para citar apenas alguns) são agrupados nessas estruturas centralizadas, atendendo a diversas companhias — geralmente de um mesmo grupo empresarial. 

Mas não basta apenas juntar áreas variadas em um único espaço. Entregar os melhores resultados possíveis passa por garantir que todas as atividades sejam escaláveis e sigam os parâmetros de qualidade das instituições contratantes. Inclusive na gestão de documentos. 

As vantagens de uma visão integral do ciclo de vida dos documentos em um CSC 

É muito comum que os gestores tenham uma visão limitada das operações, composta somente pelo ponto de vista de seus próprios departamentos. Por exemplo: uma solicitação de compra movimenta o setor de Suprimentos, que só tem visibilidade sobre as atividades que são suas, como a análise de fornecedores e a negociação do contrato. Quando o documento é enviado para o Jurídico, ou a fatura é remetida ao Financeiro, é como se ele adentrasse uma verdadeira caixa preta: não se tem transparência quanto aos prazos de análise ou ao status do pagamento até que o contrato ou fatura emerja e retorne ao setor de origem. 

O contrário dessa gestão retratada acima é a chamada visão end-to-end, quando há clareza sobre as ações realizadas do início ao fim de um fluxo, mesmo que ele envolva diferentes áreas de apoio. Contar com um CSC é uma oportunidade única de colocar essa abordagem na prática, verificando a complementaridade das áreas de apoio das empresas. 

Diante do volume de arquivos gerenciados diariamente por um CSC, alcançar a almejada escalabilidade e padronização só se torna viável a partir da utilização de soluções tecnológicas como as plataformas de Contract Lifecycle Management – CLM. Essa abordagem incorpora um conjunto de práticas voltadas à gestão do ciclo de vida dos contratos, desde a solicitação até a administração do seu cumprimento, passando ainda pela coleta de dados e geração de inteligência. Sem essa perspectiva, os fluxos de trabalho certamente ficarão caóticos. 

Os CSCs estão especialmente bem posicionados para gerar valor empregando a gestão do ciclo de vida dos contratos, na medida em que a reunião e compartilhamento dos departamentos de apoio gera sinergia no fluxo de trabalho. Outra vantagem dessa proposta é a possibilidade de examinar cuidadosamente os documentos e dinâmicas a eles relacionados. 

Após uma análise com esse nível de aprofundamento e abrangência, é possível identificar os pontos de improdutividade e endereçá-los com ajustes precisos e planejados. 

Gestão de documentos e fluxos de trabalho dentro das áreas de apoio 

Internamente, cada setor lida com variados tipos de demandas que originam documentos e contratos específicos. A técnica do Contract Lifecycle Management simplifica o dia a dia de cada departamento, reconhecendo suas particularidades. Assim, é possível definir documentos padrão, com estrito controle sobre a alteração do seu conteúdo; estruturar fluxos de trabalho engajando os profissionais corretos a nível de elaboração, revisão e assinatura, definindo prazos para todas essas etapas; e registrar integralmente todos os trâmites e documentos produzidos. 

Dessa forma, contribui-se para a economia em escala prometida pelos Centros de Serviços Compartilhados, permitindo que as operações internas de cada setor sejam conduzidas em alto grau de eficiência. 

Mais eficácia na articulação entre áreas de apoio 

É na articulação entre departamentos que se concentra o maior risco de ineficiência em um Centro de Serviços Compartilhados, justamente porque as etapas subsequentes do processo não estão visíveis para os demais integrantes da cadeia. 

A lógica da gestão do ciclo de vida dos documentos passa pelo engajamento das áreas corretas no momento em que sua atuação será necessária e eficiente. É possível mapear os pontos ideias para estabelecer a interação entre áreas, evitando retrabalho e garantindo que o documento siga seu fluxo contínuo até a conclusão. Também é viável conferir transparência ao status das atividades, para que as áreas solicitantes tenham visibilidade quanto aos prazos e agentes responsáveis pelo passo atual. 

Tecnologia para aprimorar os Centros de Serviços Compartilhados 

Se a criação de Centros de Serviços Compartilhados já agrega eficiência ao trabalho das áreas de apoio, recorrer à tecnologia para implementar uma estratégia de gestão de contratos soma escalabilidade e padronização às operações, potencializando os resultados almejados. 

Passa a ser possível centralizar todas as demandas em plataforma única, automatizar a criação de documentos, estruturar de forma personalizada os fluxos de trabalho com prazos automáticos, além de armazenar todas as versões de arquivos e informações a eles relacionadas. O formato digital possibilita ainda que dados sejam extraídos para gestão dos contratos e dos procedimentos. 

Fica claro, portanto, que um software CLM bem implementado é o meio de levar os Centros de Serviços Compartilhados a outros patamares de sucesso. 

 

Flávio Ribeiro, CEO e co-founder do netLex e Associado Mantenedor da ABSC.

 

Revolta

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Na mira

Prefeitos de diversas cidades foram flagrados cobrando propina de diversas formas. Com um celular, é possível comprovar o ilícito. Agora, o que é feito com esse material vai depender do delegado, juiz e da população.

Charge publicada em vvale.com

 

História de Brasília

No Carnaval de Brasília não se viram nos clubes homens carregando mulheres nas costas, semi-nuas. Houve, sim, muita alegria, muita animação, como ninguém esperava. (Publicada em 08.03.1962)

Tudo será como antes

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Charge do Amarildo

 

         Convencidos de que nenhuma reforma política consistente que vá de encontro às necessidades e aos desejos dos eleitores virá, os eleitores brasileiros já não escondem sua predileção por candidatos, ao mesmo tempo, independentes e libertos do controle das atuais lideranças políticas. Não há predileção por legendas. Sem concorrência, por enquanto, os partidos seguem insensíveis às mudanças ambicionadas pela sociedade, alegando que candidatos que não obtiverem apoio das bancadas na Câmara e no Senado dificilmente conseguirão governar ou apresentar propostas.

         Para alguns cientistas políticos, as candidaturas avulsas obrigariam os partidos a se abrirem mais, tornando-se mais transparentes e democráticos para enfrentarem o aumento significativo da concorrência que viria, até de forma avassaladora. Um caso que exemplifica bem a ossificação de certas legendas é dado pelo Partido dos Trabalhadores. Envolto em sua maior crise, depois de inúmeros escândalos envolvendo nomes estelares da agremiação, ainda assim o PT insiste na candidatura única de Lula, um político processado, condenado pela Justiça e rechaçado por grande parte da população, embora o partido se vanglorie de possuir o maior número de filiados de todo o país.

         Em todo o mundo, apenas 20 países exigem que candidatos às eleições sejam filiados a algum partido. Internamente, importantes lideranças políticas têm se debatido pelo fim do monopólio dos partidos. Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a permissão para candidaturas independentes, vedada pela atual Constituição, permitirá que algumas legendas respirem. “No Brasil, liberalismo é uma má palavra, nós aqui queremos tudo regulado pelo Estado. A formação de tantos partidos se explica apenas pelo acesso fácil ao Fundo Partidário. A verdadeira regra de um partido é ter apoio do povo”, avaliou.

          Marina Silva (Rede) também apoiou a ideia de candidatos avulsos. “Defendemos as candidaturas independentes, para que as pessoas possam dispor do processo político, criar uma concorrência idônea com os partidos e a gente ter novos quadros na política. Quadros que virão com base em um programa, quadros que virão com uma plataforma registrada na Justiça Eleitoral, com base em uma história de vida na sociedade voltada para a saúde, educação, inovação, enfim, para os temas de interesse do cidadão”, considera.

          Quem também já deixou registrada a opinião sobre o assunto foi o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, que ressaltou anos atrás,  ser “filosoficamente a favor das candidaturas avulsas”, que considera mais democráticas. “Por que não permitir que o povo escolha diretamente em quem votar? Por que uma intermediação por partidos políticos desgastados, totalmente sem credibilidade? Existem algumas democracias que permitem o voto avulso, com sucesso”, afirmou Barbosa.

         Em 2015, o senador Reguffe apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC) permitindo candidaturas avulsas. A PEC do senador estabelece, entre outras medidas, que “a filiação a partido político é direito de todo o cidadão brasileiro, vedada a exigência de filiação partidária como condição de elegibilidade ou requisito de qualquer espécie para o pleno exercício dos direitos políticos”. Na sua opinão, “é sempre difícil que quem foi eleito por um sistema queira mudá-lo”.

         Também um registro importante sobre o assunto. Dessa vez o ex-senador Cristóvam Buarque, para quem a candidatura avulsa iria acabar não só com o domínio dos partidos sobre a vida política do país, mas, sobretudo, iria “homenagear o princípio da soberania popular, que prevê o exercício do poder político diretamente pelo povo ou por intermediários de seus representantes.”

         Diante da certeza de que a maioria dos parlamentares não estão dispostos a alterar a regra atual que os beneficia, o protagonismo político dessa reforma espetacular viria, mais uma vez, do próprio Supremo Tribunal Federal que teve a matéria em mãos, pronta para ser deliberada em plenário, mas rejeitou. O relator do processo foi o ministro Barroso, que tem sido um duro crítico do atual sistema político nacional; já concluiu, inclusive, seu parecer sobre a questão. Se serve como indicação de seu voto, é preciso lembrar que, em certa ocasião, o ministro Barroso teria declarado que a “Constituição não instituiu uma democracia de partidos”. Pesa sobre essa questão o fato de o Brasil ser signatário do Pacto de São José, firmado na Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 e ratificada pelos Brasil em 1992. Por este documento ficou estabelecido que “todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: (…) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país”.

         Foi Raquel Dodge, procuradora-geral antes das eleições de 2018, que movimentou, pela última vez, o assunto no sentido de estabelecer ou não a candidatura independente. Em parecer favorável às candidaturas avulsas, a procuradora-geral enviou a matéria para a apreciação do Supremo, que tinha a bola da vez. A nota técnica do TSE dizia o seguinte: “Qualquer alteração demandaria o desenvolvimento de um novo software para as máquinas, o que também comprometeria a segurança do processo de votação e da totalização dos votos, sem falar no retrabalho e no imenso aumento de custos”. “Ressalte-se que mais de 80% dos softwares que serão utilizados nas eleições já estão prontos e sendo testados, visando apenas corrigir eventuais falhas”, alertava a nota técnica do TSE.

         É certo que a aprovação das candidaturas avulsas não acabaria com os partidos, mas, sem dúvidas, forçariam que a maioria deles fossem reformados, visando o interesse do eleitor e não apenas dos oligarcas dessas legendas precocemente envelhecidas.

A frase que foi pronunciada:

“Se existisse um verbo que significasse ‘acreditar falsamente’, ele não teria uma primeira pessoa do presente do indicativo dotada de significado.”

Wittgenstein

Foto: Wikipedia

História de Brasília

Terminou o Carnaval dando Brasília, mais uma lição ao Brasil. Com a maioria de cariocas em sua população teve, entretanto, um carnaval sem excessos, dentro de uma ordem extraordinária. (Publicada em 08.03.1962)

A Lava Jato e as eleições

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Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo/Aqruivo

 

         Muita gente pode até não ligar uma coisa com outra ou simplesmente fazer de conta que não existe relação estreita entre o desmanche, proposital e metódico, de toda a Operação Lava Jato e as próximas eleições, mas o fato é que o Estado, ou o que é comumente chamado hoje de “deep estado”, ao promover e engendrar o esfacelamento de toda essa mega investigação, a fim de livrar muitos de seus protagonistas nesses episódios, empurrou as eleições para a beira do abismo onde se encontra.

         De nada adiantam as pantomimas e os discursos voltados para o estabelecimento de uma espécie de paz nas eleições e os diversos movimentos em torno da segurança ou não do modelo de votação eletrônica, se atentarmos para o fato de que a base ou os alicerces de todo esse processo eletivo e de alternância de poder, importante para a sobrevivência do Estado Democrático de Direito, foram simplesmente solapadas, tornando todo o processo sem o importante lastro da ética.

         O desmanche planejado da Lava Jato, ao tornar possível o impossível, que foi permitir o retorno à vida pública de praticamente todos aqueles que foram investigados, processados e condenados pela Justiça no curso dessa Operação, abalou e comprometeu todo o edifício institucional e eleitoral do pais, transformando e mergulhando o pleito de outubro num mar turvo e de incertezas profundas, capaz de reverter a ordem em caos, transmutando o que seria uma festa da política e da democracia num banzé e num arrasta-pé de bandoleiros.

          Não se deixe enganar: tudo o que vier a acontecer, daqui para outubro e depois dessa data, possui ligação direta com o que foi feito com a Operação Lava Jato. Ao retirar, do meio do salão, onde se dá essa dança desengonçada em torno das cadeiras, todos os mais básicos princípios e regras da ética pública, o que restou é o que temos visto até aqui.

          Houvesse essa peneira ou coador capaz de filtrar as impurezas que maculam as eleições, o pleito seria outro, civilizado e dentro do que esperam os eleitores. Criações de grupos contra a violência, ameaças de prisão, censura às mídias sociais e todo o aparato do Estado não terão o condão de pacificar o que foi conspurcado na sua origem.

         Aos personagens que outrora foram processados pela Operação Lava Jato, somam-se hoje muitos outros, responsáveis diretos e indiretos pelo desmanche dessas investigações, numa conjunção de elementos e esforços que vieram desembocar nessa foz de instabilidade eleitoral.

         Há, portanto, que olhar para trás, rever direções e quiçá retomar essas investigações no ponto em que foram represadas, permitindo a continuidade do fluxo normal da água cristalina da ética pública. Fechar os olhos a essa realidade é deixar o barco despencar na cachoeira. O problema aqui é que a providência necessária, capaz de uma concertação de todo esse processo, parece escapar das mãos dos cidadãos, contribuintes e principalmente dos eleitores, que, em todo esse acontecimento, é instado apenas a apertar uma tecla, alheio ao que irá lhe acontecer amanhã.

A frase que foi pronunciada:

“A história da Lava Jato é reveladora- expõe o tamanho do desafio que a sociedade brasileira tem em suas mãos. E mostra, sobretudo, que há um caminho viável para o combate à corrupção. O da lei”.

Vladimir Netto, em plena esperança de fazer um Brasil melhor para as filhas Manuela e Isabel.

Charge do Hector

 

Prata da Casa

Presente no Google, Mateus De Sordi, da Smartlybr, pesquisa inovações voltadas para a energia fotovoltaica para implantar no Brasil. Mais um ex-aluno do Indi Bibia fazendo a diferença.

Imagem: portalsolar.com.br

 

Reconhecimento

À espera de Lêda Watson, o Troféu Iaras, que será entregue por relevantes serviços prestados à cultura do DF, ao lado de Marianne Peretti. As diretoras Ivelise Longhi e Marlene Cabrera visitaram a artista Leda Watson, em seu ateliê de gravura, para, em nome da Presidente da AMABRASÌLIA, Cosete Ramos, convidar para o evento cultural, em homenagem às Mulheres de 22.

Lêda Watson. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

 

Convite

Quem quiser conhecer ou rever os trabalhos de Lêda Watson, a Finissage será no dia 13 de agosto, às 17h, na Galeria de Arte do Pátio Brasil, 3° piso.

Lêda Watson. Foto: facebook.com/patiogaleriadeart

 

Preparação

Já se preparando para dezembro, a versão 2022 da Serenata de Natal abre inscrições para quem adora cantar. Todas as informações no portal serenatadenatal.org.

 

História de Brasília

Enquanto isto, perdurará a má impressão de degredo, de abandono, de inferioridade perante os que moram na Asa Sul e pagam alugueis menores. (Publicada em 02.03.1962)

Noivos desconhecidos

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Charge do Bessinha

 

          Fossem medidas em unidades astronômicas (AU), a distância a separar hoje os cidadãos comuns dos diversos candidatos que seguem entabulando negociações políticas com vistas ao preenchimento de vagas na disputa eleitoral pelo Distrito Federal, diríamos que esse número é gigantesco. De fato, não há nada a ligar o cidadão eleitor da capital e os atuais candidatos aos cargos políticos. O que se vê são notícias de encontros esporádicos, confabulações e outros movimentos que parecem acontecer em uma outra galáxia distante. O que há, e isso é visível, é uma corrida na surdina dessa turma, que hoje está no poder, tanto no Legislativo, como no Executivo local, para manter suas posições e privilégios pelos próximos quatro anos.

          Para aqueles que estão de fora e almejam também essas sinecuras, a luta vai se dando nos bastidores, longe da realidade do cidadão comum. São muitos os cargos em disputa e mais ainda de postulantes. Desde que foram estabelecidas as possibilidades legais de reeleição, é comum verificar que as disputas eleitorais começam justamente logo no primeiro dia da posse e do mandato. Com isso, é fácil verificar que esses movimentos e conchavos já foram iniciados quatro anos atrás, com o auxílio providencial e financeiro embutido no próprio mandato.

         Não há uma liga ou cola a unir os eleitores e os candidatos. Tudo vai acontecer apenas quando forem iniciadas oficialmente as campanhas, por ordem do Tribunal Superior Eleitoral. O que pode, à primeira vista, parecer uma movimentação natural e corriqueira, é, na verdade, um arranjo que se repete, sempre divorciado da realidade do cidadão. Ninguém, na população, sabe quem está disputando o quê, quem está coligado a quem e o que cada um pretende fazer nesse posto.

         Para o brasiliense e, principalmente, com base no que sempre foi afirmado nesse espaço, o Distrito Federal estaria em situação muito melhor se prescindisse de representantes políticos em todos os níveis. Mas como a capital se viu emaranhada nesse sistema perverso, construído justamente por uma minoria interessada nessas benesses e longe do que pretendia sua própria população original, o jeito foi entrar nessas disputas, obrigando o cidadão a bancar, financeiramente, toda essa estrutura caríssima e de resultados pífios, se não negativos.

         Houvesse o voto distrital puro, em que os candidatos saem das próprias comunidades e a elas estão ligados, desde sempre, por fortes laços de vida, toda essa disputa faria algum sentido. Mas o que se tem e bastam ver as fotos de cada, são candidatos sem laços com a população, verdadeiros forasteiros que por essas bandas surgiram em busca de mordomias dessas sinecuras políticas. Os milhões de quilômetros que separam a população desses alienígenas que agora disputam cargos políticos apresentam apenas uma certeza para o futuro: estaremos ou na mesma situação do presente, ou pior do que estamos agora.

          Nesse casamento arranjado entre os candidatos e a população local, seguimos como aqueles noivos que vão se conhecer apenas no dia do matrimônio. E depois não terá recall.

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Maus políticos são enviados a Brasília por gente decente que preferiu não votar.”  

Regina Lopes, pensando enquanto lê os jornais.

Charge do Ivan Cabral

 

Escorpião

Ciatox é o Centro de Informações e Assistência Toxicológica da Secretaria de Saúde do DF. Dados apontam que, já em 2022, os casos de picadas de animais peçonhentos somam 175 ocorrências na parte Norte da cidade e 164 na parte Oeste. Em 2021, do total de 2.640 chamados envolvendo animais peçonhentos, 2.065 foram de picadas de escorpião.

Foto/Imagem: Matheus Oliveira/ Saúde-DF

 

Nota 10

Merece registro elogioso a organização e atendimento da UPA do Paranoá Park. Sempre limpinha, com pessoal atencioso, nome visível dos médicos de plantão, informações acessíveis aos pacientes.

 

Muito bom

Por falar em Paranoá, a ideia de consertar as calçadas do comércio da avenida principal é a saída para tornar o lugar mais transitável. Por enquanto, um passeio de cadeira de rodas é impossível. Isso sem falar na poluição visual e sonora do local.

Foto: facebook.com/ParanoaNews

 

Barragem do Paranoá

Parece que não está dando certo a ideia de sentido único no horário de maior fluxo. As reclamações são constantes!

Foto: der.df.gov.br

 

História de Brasília

A situação na Asa Norte poderá melhorar quando outros Institutos construírem suas superquadras, e quando a Assessoria de Planejamento entregar a planta do Setor Comercial Local para a venda pela Novacap. (Publicada em 02.03.1962)

Que coisinha mal ajambrada

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Mafalda. Tirinha do Quino

 

          Democracia, como dizia um dos pouquíssimos homens sérios deste país, o filósofo Millôr Fernandes, é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim. No nosso caso particular, esse sistema hoje é um pouco mais complexo e até difícil de ser decifrado. Se formos classificar nossa democracia a partir dos candidatos que agora se apresentam para o pleito de outubro próximo, nosso sistema de democracia, para dizer o mínimo, necessitaria ser revisto antes aos olhos da psicanálise ou mesmo da sociologia, tal o grau de desvio da realidade e da decência.

         De um modo simples, poderíamos entender nosso atual estágio democrático com base apenas na hipertrofia dos partidos políticos, donos das candidaturas, ou mais precisamente com base na direção partidária e na vontade dos caciques. Não seria exagero supor que vivemos um momento em que a nossa democracia pode ser definida como resultado da vontade e dos caprichos dos caciques.

         Não se sabe ao certo se, por herança da cultura indígena, mas o fato é que estamos imersos numa espécie de caciquismo urbano, todo ele moldado com base nas mais de trinta legendas ou tribos que parasitam nosso sistema representativo. Nesse ponto, é lícito afirmar que as federações partidárias nada mais são do que federações de tribos, todas elas de olho gordo nas benesses do poder.

         O que acontece agora com as campanhas, que sequer tiveram início, mostram o tipo e a qualidade de democracia que temos nessa imensa aldeia chamada Brasil. Com todo respeito que devemos aos índios, que foram desde sempre os verdadeiros donos desta terra e, cuja cultura genuína, por suas características sofisticadas, dista anos luz da nossa, o que presenciamos hoje, na dança ritualística das campanhas de 2022, são arremedos de cultura, a mostrar o quão primitivo e selvagem podem ser os homens urbanos neste país.

         Nada do que se ouve e fazem em público pode nos remeter ao que seja civilização. Não é à toa que foi dito, a respeito desses selvagens engravatados, que temos o melhor conjunto de políticos que o dinheiro pode comprar. Melhor conjunto em tudo o que há de ruim e mal conformado.

         Se a qualidade da democracia pouco importa, isso é outra coisa. O importante aqui é a questão que compara a democracia diretamente aos seus representantes eleitos. Fosse um personagem de carne e osso que, se visse diante de um espelho, a democracia brasileira não acreditaria no que estaria vendo. Difícil é saber o que fazer com esses zumbis que dia sim, dia também, surgem nas manchetes dos jornais, dizendo o que não são e o que não farão. O que ocorre agora com a candidata Simone Tebet, do MDB, é apenas um fragmento colhido entre milhares de outros exemplos que, todo o dia, mostra-nos a selvageria de uma disputa capaz de impor uma humilhação pública não apenas a uma indicada oficialmente pela legenda, mas, indiretamente, a todas as mulheres deste país.

         A verdade é que esta e outras campanhas passadas mostram bem o que somos em essência e como o mundo nos vê de longe. Fosse nossa democracia uma mulher, teríamos que confessar para nós mesmos e em silêncio: que coisinha mal ajambrada.

A frase que foi pronunciada:

“A democracia não pode ter sucesso a menos que aqueles que expressam sua escolha estejam preparados para escolher sabiamente. A verdadeira salvaguarda da democracia, portanto, é a educação.”

Franklin D. Roosevelt

Franklin D. Roosevelt. Foto: super.abril

 

Memória

Hoje seria o 95° aniversário de Ari Cunha, criador desta coluna em 1960.

 

Notícia positiva

Depois do sucesso da organização da Feira do Livro, Marcos Linhares divulga agora a “Biblioteca de Gentes”, ideia do Instituto Fazer o Bem, inspirada no projeto dinamarquês Human Libraries, que propõe uma forma diferente de leitura: a leitura de pessoas.

Marcos Linhares. Foto: sindescritores.com

 

Dada a largada

Ontem, Darley, Luiz Eduardo e Núbia inauguraram a primeira edição do projeto. Segundo Linhares, no projeto Biblioteca de Gentes, cada pessoa escolhe um número e é dirigido a uma mesa. Depois de formadas as mesas, cada um dos convidados, com seus respectivos números, assume o seu lugar e conta a sua história. Não serão divulgados os nomes completos das pessoas, para que sejam encontros-surpresa.

Na biblioteca

“São páginas lindas de vidas inspiradoras, que não aceitaram as dificuldades que a vida lhes impôs. São obras abertas e que, ao terminar, respondem perguntas. A duração total varia de 45 a 60 minutos”, revela o presidente do Instituto, Marcos Linhares, que também coordena a programação cultural da BDB, na 506/507 Sul.

 

Fora da lei

Não é o período seco que causa incêndio na mata. São os grileiros. No Setor de Mansões do Lago Norte, pelo trecho 9, começou a corrida por terra alheia. Nada de fiscalização. Pelo contrário, o que parece área verde é terreno vendido.

Foto: chicosantanna.wordpress.com

 

História de Brasília

Já que o povo não se educa num dia, e a manutenção de um guarda para os jardins ´parece dispendiosa, o melhor seria atender a êsse problema em parte, para que não se perca, de uma vez, a beleza dos jardins. (Publicada em 02.03.1962)

Lei de Talião

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Charge do Alpino

 

          Depois da imensa alegria que os brasileiros irão sentir com o retorno da alma mais honesta deste país, nada melhor do que assistir também o retorno dos mais eficientes e probos políticos que essa nação já teve. Com a reformulação ou a anulação, pura e simples, da antiga e draconiana Lei de Improbidade Administrativa, os brasileiros e, mais particularmente, os brasilienses podem comemorar agora o retorno de personagens, que algumas leis mais radicais recomendavam serem afastados da vida pública.

          Com os Poderes Executivo e Legislativo, tanto no âmbito federal como estaduais, voltando a receber esses verdadeiros homens públicos, que foram cassados, sem dó nem piedade, por leis e julgamentos rigorosos, e, diga-se de passagem, levados a cabo pelo injusto clamor popular, o país poderá, enfim, dar prosseguimento às reformas tão necessárias para esse novo tempo que se anuncia.

          A começar pela reforma do foro privilegiado, dando ampliação, sem limites para essas prerrogativas, livrando esses homens públicos das bisbilhotices e interferências da lei. Para tanto, essas prerrogativas devem ser estendidas também para todos os familiares e pessoas do entorno imediato desses políticos, acabando com essa novela de perseguição aos nossos homens públicos.

          Com isso, essa leva de políticos, que agora retorna, poderá trabalhar sem os atropelos e longe dos humores ciclotímicos das leis brasileiras. Mesmo a questão de prisão em segunda instância deve ser revista, quiçá tornando impossível que os nossos valorosos políticos, que agora reassumem, sejam molestados legalmente por seus afazeres em favor da nação.

         O teto dos gastos públicos, uma medida que colocava freios e limites à ação desses gestores políticos, é outra providência que deve ser imediatamente abolida, deixando que esses valorosos homens públicos, que sabem muito bem que destino dar ao dinheiro do pagador de impostos, invistam em projetos que considerem melhor para todos.

         Uma outra ação de grande relevância, e que traria tranquilidade a esses gestores em seu regresso ao poder, seria tornar a ação desses políticos, durante todo seus mandatos, inimputáveis e fora do alcance das leis ordinárias, para dar maior liberdade de ação a esses personagens tão significativos para a vida dos brasileiros. Receber esses e outros políticos que foram perseguidos e afastados por uma verdadeira versão brasileira da Lei de Talião é mais do que um dever cívico, é uma obrigação humana!

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O maior obstáculo à descoberta não é a ignorância – é a ilusão do conhecimento.

Daniel J. Boorstin

Daniel J. Boorstin. Foto: loc.gov

 

Liberdade de expressão

Publicado, no portal Migalhas, a posição do Brasil em termos de liberdade de imprensa. O país aparece no 110° lugar no Ranking Mundial. O estudo foi elaborado pela ONG Repórteres sem Fronteiras.

Charge: revistaforum.com

 

Tolhida

Quem imaginaria que uma juíza eleitoral gaúcha caracterizasse a Bandeira Nacional como “um lado da política”. Empresário Luciano Hang aproveitou a deixa para turbinar a venda das bandeiras por baixo custo. Só falta agora proibir o uso da bandeira do Brasil em tempos de eleição.

 

Âmbito jornalístico

Thalita do Valle foi uma das brasileiras que perdeu a vida durante a guerra. Tropas russas invadiram a Ucrânia e a modelo, militar e estudante de Direito, não conseguiu sobreviver. Dentro desse quadro de sofrimento, a professora e jornalista Heloisa Preis traz uma abertura para discussão sobre  a perda da força midiática na guerra e a importância do trabalho voluntário.

 

Redação

Estão abertas as inscrições para os estudantes concorrerem na 12ª edição do Concurso de Desenho e Redação 2022 da Controladoria-Geral da União – CGU. Com o tema “Conversando a gente se entende!”, as inscrições e envio dos trabalhos podem ser realizadas até 28 de agosto.

Cartaz: Divulgação

 

Hoje

Estampada em comerciais e avenidas de várias cidades da Bahia, a foto de Janiel Sacramento mostrava que todo sonho é possível de ser realizado. Bahia. Com 18 anos de idade, crescido em uma comunidade quilombola da cidade de Camamu, Janiel passou no vestibular de Medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz. Hoje, tenta se manter no curso, que custa caro demais.

Foto: Arquivo pessoal/Janiel Sacramento

 

Incoerências democráticas

Renan Ramalho pontuou 3 incoerências no discurso do candidato Lula em restabelecer a democracia: Os escândalos de corrupção, a simpatia com líderes autoritários mundo afora e as tentativas de “regulamentar” os meios de comunicação, incluindo, agora, a internet e as redes sociais. Alguém explica?

Charge do Jindelt

 

História de Brasília

Uma boa solução para o caso dos jardins que estão sendo pisados pelo público, principalmente em frente às estações de TV, seria a colocação de pedras fazendo uma passagem. (Publicada em 02.03.1962)

Quanta felicidade

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Charge publicada no jornal argentino La Nación

 

          Nem dá para imaginar a alegria com que os cidadãos aguardam o retorno do ex-presidente Lula à Presidência do país, trazendo consigo toda a sua já conhecida e eficiente equipe. O Brasil, por certo, será outro. Ficamos a imaginar a Praça dos Três Poderes toda ocupada por bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores, do Movimento Sem-Terra e dos Movimento Estudantis, Sindicatos, todos festejando a volta do ex-presidente. Nessa cerimônia grandiosa, estarão presentes também todos os personagens ilustres, que, nos últimos anos, foram maldosamente desprestigiados como os presidentes dos mais democráticos países da América Latina, como a Venezuela, a Nicarágua, Cuba, Argentina, e outros como o presidente do México e de tantos países governados pela esquerda.

          Por certo, o cidadão de bem, aquele que acorda cedo e vai sacolejando nos transportes públicos e que hoje paga alta taxas de impostos, também estará comemorando o retorno desse que é o pai dos pobres e dos desassistidos, e que foi injustamente perseguido pelo tirânico ex-juiz, Sérgio Moro, num julgamento todo ele incorreto e parcial.

          Do exterior, tem surgido as mais contundentes mensagens de apoio, como do ex-deputado Jean Wyllys, que teve que renunciar ao mandato para não ser morto e que agora anuncia que retornará para ajudar o futuro da nação. Diria o filósofo de Mondubim, “Quantas notícias formidáveis!”.

          Pensar que todo aquele injusto e penoso processo da Lava Jato, do Mensalão e de outros do mesmo gênero, que tantos males causaram a todos os envolvidos, serão revistos e anulados, com a devolução dos bens e do dinheiro confiscado, com juros e correção. Também serão ressarcidos todos aqueles que foram caluniados, principalmente o ex-presidente Lula, acusado por gente sem coração como o ex-procurador Deltan Dellagnol.

           Mal dá para esperar que a Gleisi Hoffmann volte a ocupar a Casa Civil, onde irá cuidar das importantes ações no campo da política. Também é com grande entusiasmo que a população irá receber de volta personagens ilustres como o ex-ministro Guido Mantega ou o ex-ministro Paulo Bernardo, que, juntamente com a Gleisi, foram maldosamente acusados de desviar dinheiro dos aposentados.

         Também estarão em êxtase os funcionários da Caixa, dos Correios, Petrobras e do Banco do Brasil e todos os trabalhadores que terão, finalmente, seus fundos de pensão valorizados e bem distribuídos. Em festa, estarão também os milhares de presos em todo o país, que foram postos nessa condição pela perversidade de uma sociedade indiferente aos problemas sociais. Por certo, no novo governo Lula, estes e outros trabalhadores perseguidos pelas elites serão postos em liberdade e compensados pelas injustiças sofridas.

          Com todo esse entusiasmo, virão também novos componentes para a Suprema Corte, todos eles muito afinados com esse novo Brasil que se anuncia. As universidades finalmente terão a paz que sempre almejaram e vão poder dar prosseguimento ao excelente padrão de educação que sempre fizeram jus. Também as escolas públicas poderão retomar as magníficas diretrizes educacionais, com a volta da escola com partido, do retorno das políticas de gênero e todo um manancial extraordinário de medidas pedagógicas com vistas ao engrandecimento do partido.

         É preciso lembrar que esse retorno só estará completo após a punição exemplar de todos aqueles que ousaram acusar ou apontar o dedo para o grande líder. O brasileiro já nem consegue esconder toda a sua expectativa para esse grande dia, quando parte da imprensa será finalmente regulada, para que aprenda, de uma vez por todas, a não falar mal de seus líderes. Que venha logo esse glorioso dia para que o Brasil, como diz, nosso grande guia, volte a sorrir.

A frase que foi pronunciada:  

“Por mais iludido que você seja, sempre haverá um iludido maior para achar que você não o é.” 

Emprestado de Millôr Fernandes

Millôr Fernandes. Foto: Daniela Dacorso/Bravo (exame.abril.com)

Conhecimento

Vale conferir o webinar mediado por Alexandre Garcia, do Instituto Villas Bôas. Os assuntos sugeridos são: “Mineração na Amazônia e os inimigos invisíveis”, com Antonio Feijão, geólogo, advogado e presidente da Fundação Amazônica de Migrações e Meio Ambiente (Finama) e “A Amazônia que os satélites não conseguem ver: o extrativismo mineral sustentável, um sonho possível”, com Marcelo Norkey, garimpeiro e conselheiro de unidades de conservação no Pará. Disponível no link 4º webinar do Instituto General Villas Boas.

Opinião

Fiquem atentos. Pesquisas que indicam tendências dificilmente apontam, por antecipação, vitoriosos. Ajudam a nortear campanhas. Elas se aproximam de alguns resultados, mas não conseguem captar, no cenário real, os acasos e as incertezas no comportamento humano. Esse é um extrato da análise do professor e jornalista Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, sobre as eleições. Leia o artigo completo a seguir.

Foto: camara.leg

“Não haverá nem segundo turno”: Cuidado com a aritmética!

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*
 
– Êta!…Então a eleição está ganha!. Lula tem 42 por cento da preferência  do eleitorado nacional e Bolsonaro 36 por cento, apontam as pesquisas.  Não é bem assim. Pesquisas divulgadas com antecedência tem o mesmo propósito de uma  propaganda explícita.   Pretende   fazer o eleitor acreditar que  aquele  candidato já está eleito. Uma falsa indução. A premissa condutora é a de  “não se vota em candidato previamente derrotado” . O Tribunal Superior Eleitoral  (TSE), por alguma conveniência,  faz de conta que não vê.
Nada mais enganoso que essa aritmética absolutizada, mesmo que   esteja assinada por um grande instituto de pesquisa. Existem mais de 100 no Brasil. Alguns copiando os resultados dos outros, e alguns vendendo opiniões. Assim, foi em eleições anteriores e, nesta próxima, não parece  diferente.
As indicações de resultados prévios entre   Aécio e Dilma,  Bolsonaro e Haddad e em alguns estados marcaram  grandes enganos das pesquisas. O candidato que lidera as pesquisas, na maioria dessas disputas é quase sempre atropelado no final,  embora até o última momento as pesquisas   o indiquem como potencial  vencedor. Em geral, os institutos de pesquisa concentram-se em dois dos candidatos com  melhores resultados, com vistas a um segundo turno ou não. Há pesquisas tendenciosas cujas conclusões  vem acompanhadas da afirmação – verdadeira pregação – de que  “Não haverá nem segundo turno!”. 
 Esquecem-se dos votos dos candidatos pouco citados, dos votos nulos e brancos – já chegaram a 20 %  dos votantes – , dos indecisos que podem mudar o voto na última hora (está ainda em 4 %) e dos ausentes. Somados chegam a milhões de eleitores. Existem  estudos no campo da política eleitoral,  mostrando que, o número de votos perdidos pelo eleitorado  é maior que os       conquistados pelos eleitos: em geral, mais de 50 %. Dir-se-ia que se trata de uma performance democrática.
Fiquem atentos. Pesquisas indicam tendências, dificilmente apontam, por antecipação,  vitoriosos. Ajudam a nortear campanhas.  Elas se aproximam  de alguns resultados, mas não conseguem captar no cenário real os acasos e as incertezas no comportamento humano. Nunca se sabe  tudo da pesquisa, embora, por exigência do TSE, ao serem registradas , as pesquisas  são obrigadas a revelar os métodos  usados , o período e os objetivos a serem alcançados.  
Os maiores interessados  em conhecer resultados prévios das pesquisas eleitorais são os  empresários, atentos ao futuro da economia e, por extensão,  dos seus negócios.  Mal concluída uma eleição, os políticos distribuem os cargos para os cabos eleitorais, e já estão preocupados com a próxima. Os empresários não são assim. Para eles, cada eleição é um drama ou uma solução para os investimentos.  Por isso, financiam pesquisas eleitorais, como álibi, para conhecer as tendências  e fazer projeções sobre  a nova política econômica. Daí aqueles financiamentos de campanha  tentando fortalecer os candidatos que mais compactuam com seus propósitos empresariais ou os que mais tem chance de sair vitoriosos das eleições.
Os empresários não estão nem aí para os partidos. O fulano, sendo eleito, vai abrir a economia à busca do desenvolvimento, conceder estímulos e isenções fiscais;  o outro vai exercer um controle fiscal rigoroso para equilibrar as contas públicas e os empresários e empreendimentos em andamento serão suas vítimas.  A equação é simples. O resto é pantomina. Por isso as mudanças  no Brasil  são lentas: Primeiro o meu, depois o do Abreu.
Após a eleição de Obama nos Estados Unidos, amparada nas redes sociais digitais, houve grandes mudanças na estrutura das campanhas, mas por aqui centenas de candidatos ainda dependem da propaganda analógica e dos Correios para comunicar-se com os eleitores.  Se este for o caso, não confie que terá êxito. As pesquisas tem seus problemas e nos Correios existe  uma militância não expressa que interrompe qualquer processo eleitoral. Ninguém sabe, ninguém viu : o certo e que a correspondência eleitoral – pesquisas, cartas, folders, santinhos e até cartazes costumam não chegar, ou se chegam, os prazos já venceram. Existem regras, manuais operacionais, mas os servidores são distópicos, agem organicamente, quase sempre em sentido contrário, acho que nem  sempre por opção ideológica, mas disposição mesmo para o trabalho. Tem regras e ritmos próprios. 
Na verdade, pesquisas eleitorais são mesmo é um bom negócio, quando não trabalham para candidatos caloteiros. Quase  todos o são . Se perdem a eleição, não pagam as contas. A Rede Globo conseguiu, certa vez, financiamento para  acompanhamento prévio do resultado das eleições presidenciais no Brasil, fazendo  boca de urna (proibida)   nas maiores cidades do País. Usou duas estratégias: selecionou aqueles colégios eleitorais mais representativos  e ouviu o eleitor no momento em que  ele acabava de dar seu voto. Resultado: acertou em cheio, e divulgou  o resultado no mesmo dia, usando inclusive seus comentaristas políticos para dar legitimidade pública. Onde chegamos: o sistema Globo esteve próximo de dirigir o País. Seus proprietários, diretores, repórteres, atores e atrizes ainda são cortejados por aí
Foi o maior vexame para o TSE, que demorava quase uma semana para anunciar os resultados das eleições . Digamos que esses eventos não mais seriam possíveis, e  que as pesquisas que estão sendo divulgadas até agora  são todas duvidosas: Lula tem 42 % dos votos; Bolsonaro, 36%,  Ciro tem 9%, a Tebet ( de um dos maiores partidos do País) 4%  . O Data Folha divulgou recentemente uma nova provocação :  12 %, pelo menos, do eleitorado decide mesmo em quem votar quando está, de fato, em frente  ao desafio de uma  urna. Fiquem espertos . Até aqui a aritmética não bateu.
*Jornalista e professor

História de Brasília

Todos os dias de manhã, um ônibus da Fundação Brasil Central faz uma contra-mão à altura do edíficio da Câmara dos Deputados, virando à direita, no Eixo Monumental, em direção ao Bloco 11. No dia em que houver um desastre, surgirão, então, as explicações, mas aí já será tarde demais. (Publicada em 02.03.1962)

Criando corvos

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Charge: domacedo.blogspot

 

             Alertas feitos este mês pela cúpula dirigente dos serviços secretos da Inglaterra, MI5, e dos Estados Unidos, FBI, vêm chamando a atenção de muitos governos, mundo afora, para os sérios riscos que correm os países ocidentais, por conta da avassaladora expansão chinesa, cujos objetivos escondem propósitos que vão muito além das relações comerciais.

            De acordo com os diretores do FBI, Cristopher Wray, e do MI5, Ken Mcllum, em comunicado durante um evento em Londres, existe, com essa expansão acelerada e que segue, à risca, as diretrizes traçadas pelos altos dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC), além de uma preocupante ameaça econômica, uma ameaça à segurança de muitos países, pelo modo perigoso como essa expansão vem sendo praticada, onde o roubo de propriedades intelectuais e a espionagem são práticas comuns já constatadas.

            Além disso os chineses, ou aqueles que participam diretamente desse verdadeiro programa de dominação e submissão do Ocidente, têm feito movimentos e ações que buscam, sobretudo, influenciar a política interna em muitos desses países. Quem conhece de perto a capacidade dos chineses em copiar, sem cerimônias, os produtos e a tecnologia do Ocidente, não tem dúvidas sobre os objetivos que essa expansão mercantil esconde de todos.

            O roubo de tecnologia pelos chineses se dá em vários segmentos da indústria. Ao mesmo tempo em que usam de práticas condenáveis, o governo daquele país do Oriente vem adotando uma série de providências para proteger e blindar sua economia interna de futuras sanções, que, por certo, virão um dia. Recentemente, e só à guisa de ilustração, os chineses apresentaram, no concorrido mercado automobilístico internacional, uma cópia perfeita do Volkswagen, Fusca, um ícone da indústria alemã e um dos carros mais vendidos de toda a história.

            Batizado de ORA PUNK CAT, o Fusca, versão chinesa, embora com um novo motor elétrico, é uma cópia do modelo da VW, o que mostra a cara de pau dessa potência que almeja substituir os EUA e conquistar o planeta pelas beiradas. Segundo o diretor do MI5, o PCC não está interessado em liberdades democráticas apresentadas pelo Ocidente. Interessa aos chineses pesquisar nossos modelos e sistema democráticos, midiáticos e legais para usá-los ao seu modo e para ganho direto da elite política do PCC, que controla, com mão de ferro, aquele país.

            Uma vez roubado os segredos tecnológicos, o próximo passo que os chineses dão vão no sentido de minar os negócios dessas empresas, oferecendo produtos copiados a preços irrisórios e, com isso, dominando esse nicho de negócio. Para isso, não se intimidam em usar de todos os meios possíveis para obter informações, sejam espionando, copiando, subornando e interferindo, direta ou indiretamente, nos governos locais para atingir seus objetivos.

            Segundo os estudos ingleses, o próprio governo chinês recruta Hackers em grande escala, junto com uma rede global de agentes de inteligência, em busca de obter acesso a segredos das tecnologias que consideram mais importantes no momento. Aqui no Brasil, esse avanço se faz não apenas no setor agrícola e pecuário, mas sobre as indústrias também.

            Desde que o governo petista, sempre ele, em 2004, anunciou, com grande estardalhaço, que reconhecia a China como economia de mercado, ou seja, um país que respeitava os princípios éticos e as regras básicas de comércio, nossa economia vem sendo minada e destruída, tijolo por tijolo. Fábricas têxteis, de celulose, de maquinário, calçados e muitas outras simplesmente fecharam as portas e demitiram, por não suportar a concorrência desleal com os produtos chineses, sempre vistos como mais baratos e também de menor qualidade.

            Naquela ocasião, o então presidente Lula, inebriado com o que parecia ser uma grande conquista de seu governo e uma diretriz básica de seu partido para reunificar as esquerdas de todo o mundo, declarou que, com aquele gesto, o Brasil dava uma demonstração de que essa relação estratégica era para valer. Demonstrava a prioridade que seu governo, leia-se seu partido, devotava às relações entre China e Brasil.

            No mesmo tom, o então chefe máximo do Partido Comunista Chinês, Hu Jintao, que viera para o Brasil especialmente para se certificar, de perto, de que esse reconhecimento seria de fato selado, depois de forte pressão, respondeu, ao discurso de seu colega de ideologia, que essa postura do Brasil iria criar as condições para uma relação estratégica e muito mais rica e que iria também favorecer a cooperação econômica e comercial entre esses dois países. Note-se que, em ambos discursos, tanto o governo Lula quanto o de seu colega chinês usam a expressão “estratégica” para definir a avaliação que cada um dos mandatários fazia desse acordo.

Pelo lado brasileiro, a expressão “estratégica”, contida no discurso de euforia de Lula, possuía um significado que unia elementos de uma ideologia utópica e orientada a reerguer o Muro de Berlim, derrubado alguns anos antes, juntamente com uma vitória do próprio partido, que, com esse gesto, fortalecia sua presença no mundo das esquerdas, abrindo, simultaneamente, espaço para a entrada massiva de um regime dessa orientação nos negócios brasileiros.

            Não se sabe ainda com exatidão que benefícios diretos, do tipo utilitarista e argentário, o Partido dos Trabalhadores colheu desse acordo exótico, já que, em todos os “negócios” envolvendo o Estado Brasileiro, essa sigla encontrou meios de obter altos lucros indevidos e enviesados. Pelo lado chinês, a expressão “estratégia”, contida no discurso do chefe do PCC, tinha o significado próprio dado por aquele governo a todos os outros acordos e negócios feitos com o resto do planeta, sobretudo com os países do terceiro mundo, onde o lucro máximo com riscos mínimos é sempre a fórmula acordada.

            O Brasil, que hoje é um dos principais fornecedores de alimento para a China, corre o risco paradoxal de, nessa posição e nessa parceria inusual, vir a ser literalmente engolido pelo governo chinês, sem sequer dar contas dessa situação ameaçadora. O caso aqui se parece com aquele empregado de um zoológico, que mesmo cumprindo com sua obrigação diária de alimentar o tigre enjaulado, corre risco de morte diariamente, caso o animal escape das grades. O filósofo de Mondubim já alertava: “crie corvos e eles arrancarão seus olhos.”

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se a China quer ser um ator construtivo e ativo na economia mundial, tem que respeitar os direitos de propriedade intelectual ou torna praticamente impossível fazer negócios com eles.”

Dan Glickman

Dan Glickman. Foto: Getty Images / Ray Mickshaw

 

História de Brasília

Todos os dias de manhã, um ônibus da Fundação Brasil Central faz uma contra-mão à altura do edíficio da Câmara dos Deputados, virando à direita, no Eixo Monumental, em direção ao Bloco 11. (Publicada em 02.03.1962)