Categoria: ÍNTEGRA
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Em tempos de guerra, o mais importante é marcar posição, escolhendo a trincheira onde estão os valores nos quais você acredita e que necessitam de sua defesa e proteção. Correr é deixar para trás seu mundo, dissolvendo-se na poeira. Acredite naqueles que dizem que a sua vida é o único bem que lhe pertence. No entanto, não se esqueça de que é no mundo que você pode manifestar sua vida. É nele que a vida pulsa e ganha ânimo. Assim como quem envia uma carta a um amigo de longa data, quem escreve no dia a dia em periódicos também conhece seus leitores, e, com eles, mantém uma cumplicidade próxima.
É com esse xadrez de palavras e enquanto o garrote vil não dá suas últimas voltas que, mais uma vez, insistimos em marcar posição, usando esse espaço como trincheira para a defender e nos solidarizarmos com as legítimas manifestações populares que vêm ocorrendo em todo o país, há mais de um mês, em frente aos quartéis.
Um fato, que mesmo por suas proporções inéditas, seus propósitos e coragem cívica, a grande mídia insiste em não informar. Para os leitores deste espaço, talvez a mais antiga e relutante trincheira da capital, esse é o único posicionamento sensato a ser tomado nessa grave hora. O local escolhido por esses brasileiros, nas bordas das instalações militares, foi o único que restou, pois todas as outras instituições do Estado, que poderiam servir de abrigo e amparo aos reclames desses cidadãos, simplesmente viraram as costas a esses movimentos ou mostraram a face terrível das ameaças, da opressão e do desprezo.
Na verdade, esses brasileiros foram encurralados na área militar, que lhes deu proteção. Agora, de nada adianta fazer cara de paisagem a esses movimentos, nem os acusar de ilegítimos ou golpistas. Nem os esconder sob o sofá. O fato é que o Brasil ferve e ameaça entrar em erupção como um mega vulcão. Melhor teria sido se anteciparem aos acontecimentos, evitando que as causas desses movimentos rompessem o solo, derramando suas lavas e cuspindo fogo para todo lado.
O não atendimento das autoridades civis aos justos questionamentos, sobre a lisura e o correto funcionamento do fabuloso maquinário eleitoral, com anteposição de dogmas sobre seu real desempenho, taxados como heresias dignas da condenação pelo martírio da fogueira, levou-nos onde estamos agora. Bastava, naquele início, o simples gesto de boa vontade, colocando à mercê do escrutínio geral todas e quaisquer dúvidas.
Ao invés disso, usou-se dos mecanismos paralegais para ameaçar e perseguir todos aqueles que buscam apenas uma resposta, dentro do direito que reza que o Estado deve prezar pela transparência. Foi justamente essa opacidade de chumbo e o desencadear progressivo de todo esse processo que alheou os eleitores da possibilidade de aferição dos votos, que deu início a essas movimentações que não param de crescer, empurrando o país para o beco sem saída da dissidia e de um possível fratricídio generalizado. Achar, como alguns acham, que esse é um movimento popular sem maiores consequências para todos é apostar no caos.
Para complicar e colocar ainda mais gasolina nessa fogueira, é preciso verificar que, graças à repercussão produzida pelas mídias sociais, todo o planeta assiste, de camarote, tudo o que vem ocorrendo nas principais capitais do Brasil. O mundo não só acompanha de perto, como torce, abertamente, em favor da população que está nas ruas. População em países que se viram na mesma situação confessam o arrependimento por não ter tido o sentimento patriota de enfrentar o que julgava necessário ser enfrentado.
O falso silêncio interno, como se navegássemos num mar azul e calmo de almirante, por certo será lembrado, quanto tudo isso passar. Lembrados também serão aqueles que viraram as costas para essas manifestações espontâneas. O patriotismo, outrora tido erroneamente como o último refúgio dos canalhas e por isso deixado esquecido no fundo das gavetas do passado, parece que veio à luz, com força sua revigorada, mostrando que, talvez, esse seja o único porto seguro em que atracar.
O vermelho rubi intenso com matizes que, em lugar e tempo algum, provou ser promissor à vida, mostra que esses movimentos, em frente aos quartéis, estão no caminho certo, mesmo indo contra um sistema poderoso dentro e fora de nossas fronteiras. A simples observação de quem são aqueles que torcem contra esses manifestantes, já, em si, é uma certeza de que a população nas ruas está onde deve estar. Antes que seja tarde demais e que o garrote vil dê sua última volta atrás do pescoço de todos.
A frase que foi pronunciada:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.”
Preâmbulo da Carta Magna
História de Brasília
As primeiras informações dão conta de que o aumento do pessoal da NOVACAP será somente para efetivo. Nada mais injusto. Os efetivos conseguiram estabilidade irregular, e agora desfrutarão de aumento também irregular. Os que entraram depois da lei de estabilidade continuarão como estão, enquanto o custo de vida continuará aumentando. (Publicada em 14.03.1962)
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De certa forma, pode-se afirmar que uma das principais causas, capaz de explicar a atual e profunda crise entre os Poderes do Estado, reside num pequeno e simples fato: a maioria dos ocupantes dessas três instituições desconhece ou finge não compreender o real sentido do que vem a ser uma República. Ignoram ou desprezam seu sentido, pois assim podem agir acima ou aquém das leis que definem uma República. Numa República, tomada ao pé da letra, a partir dos estatutos legais que a define, absolutamente tudo, incluindo aí o Estado, o governo, os Poderes pertencem e devem ser, como tais, considerados coisa pública, desse modo, abertos ao livre escrutínio dos cidadãos. Com isso, tem-se que a transparência é tomada como a alma cristalina do Estado.
Sem esse poder translúcido, capaz de permitir a passagem da luz em todos os seus meandros, nada e ninguém está imantado pela natureza do que vem a ser uma República. Para aqueles que estão à frente do Estado a situação é a mesma: devem possuir uma moralidade transparente, aberta a inquisições de toda a espécie. Vendo, por ângulo, a crise que nesse instante parece tomar conta do país, tem sua fonte na falta de transparência dos atos e decisões tomadas pelas elites instaladas nos altos postos da República.
O cidadão que vive absolutamente à margem das decisões de Estado, negociadas ao pé do ouvido, em conchavos e entendimentos feitos atrás de portas fechadas, ou nos inúmeros balcões de negócios que se estabelecem nas áreas de sombra de cada um dos Poderes, não só desvirtuam o sentido de República, como contribuem para sua falência. Primeiro, despertando o descrédito entre a população; depois, antepondo cada um desses Poderes uns contra os outros, em busca de vantagens que distam léguas do que seria moralmente aceito.
Até as leis privilegiam, aberta e exclusivamente, algumas classes de agentes públicos, concedendo-lhes vantagens financeiras, frontalmente contrárias à realidade das contas públicas e da população, o que obtém como consequência direta é a total desigualdade de tratamento, numa afronta aos princípios básicos da República.
Numa República, comme il faut, não há espaços para vantagens, privilégios, foros de prerrogativa ou outros instrumentos de diferenciação. Talvez, em nosso caso particular, tenha sido o fator político, ideológico e partidário, aquele que mais contribuiu para o desvirtuamento do sentido de República, dando-lhe um caráter disforme e mais próximo das miudezas e picuinhas da pequena polícia.
Ao ser transportada para dentro do Estado, a radiação prejudicial da política, a todos, contaminou com seu ar pestilento, transformando toda a máquina pública numa gosma nociva. Obviamente que, para bancar os custos dessa deformação dos conceitos de República, seria preciso recorrer aos cofres públicos, retirando, dessa poupança popular, os bilhões de reais necessários para fazer avançar essa locomotiva desgovernada.
O que seria a administração pública correta, passa a absorver os aleijões da política, fazendo ruir todo e qualquer sentido de gestão do Estado. Quando ocorre, como é hoje nosso caso, da República perder seu sentido original de coisa pública, posto à disposição do bem comum, sem privilégios, sem opacidade do Estado, o resultado dessa distrofia é uma República aleijada, incapaz de cumprir seus objetivos e, como tal, prejudicial ao cidadão, tornado escravo de uma verdadeira máquina de moer carne humana.
A frase que foi pronunciada:
“Os impostos transformam o cidadão em súdito, a pessoa livre em escrava e o Estado (nosso suposto servidor) em dono de nossas vidas e propriedades. Quanto maiores são os impostos e mais insidiosa a arrecadação de impostos, mais súditos e mais escravos somos do Estado.”
Arthur O. Fraser (1846-1910)
Confraternização
Alguns dos novos moradores que chagam à Brasília não suportam a frieza do tratamento da vizinhança. Segue o segredo para melhorar essa situação. Diga você o “Bom Dia!”, dê você o sorriso ou comece a amizade por você. Os que já estão na cidade há mais tempo sabem como é fácil fazer novos amigos. Nenhuma cidade do país teve tanta solidariedade como Brasília, nas suas primeiras décadas. Hoje permanece assim, com quem descobriu a fórmula.
Passeio
Uma beleza ver a criançada interagindo com a ciência e a arte. Veja, no Blog do Ari Cunha, as fotos da exposição no Sesi Lab, antigo Touring.
História de Brasília
Há uma divergência fundamental entre o pessoal da GEB e do TCB. Os militares teimam em não pagar a passagem, e os funcionários não podem fazer exceção. Das duas uma: ou a TCB estabelece passe livre para os soldados ou a GEB determina que fardado não poderá andar de ônibus a não ser pagando… (Publicada em 14.03.1962)
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Quem pode, pode! Já dizia o filósofo de Mondubim. Em tempos de distrações alienantes como a Copa do Mundo de Futebol e de protestos que arrastam milhões de brasileiros por mais de um mês para a frente dos quartéis de todo o país, todo o cuidado não chega a ser demasiado. Ainda mais quando o que está em jogo é o que realmente importa: a população. Mais uma vez, assiste-se o alargamento do bueiro por onde vão escoando os recursos da nação. Como sempre, rumam em sentido contrário às necessidades básicas dos cidadãos. Nesse caso aqui, depois da PEC fura teto, que promete fazer desaparecer, num átimo, R$ 200 bilhões sob a falsa rubrica dos auxílios bolsas, o Senado se prepara agora para a votação da PEC dos Penduricalhos.
Trata-se aqui de ressuscitar um pacote de privilégios remuneratórios para juízes, membros do Ministério Público e outros altos funcionários do serviço público, perdido já há algum tempo, em alguma gaveta qualquer do arquivo morto do Senado. Quem pode fazer lobby, pode obter o que deseja, mesmo que o cenário negativo da economia do país recomende e aponte o contrário. Às favas, as necessidades urgentes da população, quando o que está em jogo, mais uma vez, são vantagens salariais, livres do teto constitucional. Quem pode voa alto, acima de tetos e telhados. Nesse balão da alegria, terá espaço também para outros sortudos, como procuradores dos estados e municípios, membros da advocacia pública, da defensoria pública, delegados das policias civil e federal, e por aí vai.
Para isso mesmo foram criados os impostos escorchantes, elevando o Brasil à condição de país com a maior carga tributária do planeta. Mesmo que tenha sua votação adiada, para “debates mais aprofundados da matéria”, a intenção é que essa proposta (PEC 63/2013) deve ter sua votação concluída até o final deste ano de 2022. Por certo, que essa não é uma matéria de interesse da população, que se fosse consultada sobre sua importância, a colocaria definitivamente fora de pauta e de contexto. Com essa medida extemporânea, os salários dos magistrados ultrapassarão facilmente os R$ 55 mil, num efeito cascata que pode arruinar ainda mais a combalida conta pública.
Num período em que se anuncia uma possível transição de governo, propostas como essa têm maiores possibilidades de virem a ser aprovadas, já que, em tempos assim, o toma lá dá cá passa a ser a moeda corrente nas negociações políticas, com abertura de diversos balcões de negócios dentro do parlamento. Não surpreende que a população desiludida com o descaso do Poder Legislativo, em relação ao que ocorre no país, venha correndo em massa para a frente dos quartéis pedindo e clamando por socorro.
A frase que foi pronunciada:
“Farinha é pouca, meu pirão primeiro!”
Dito popular
Início
Impossibilidade de controle emocional é a principal característica para as crianças com excesso de exposição a telas. A Dra. Evelyn Eisenstein, que coordena o Grupo de Trabalho em Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria, confessa que o aumento de relatos dos pais com falta de controle sobre os filhos tem assustado.
Processo
Ainda sobre a quantidade de horas na frente de uma tela, a conclusão de estudos é que o problema é muito parecido com as drogas. A fissura pelo eletrônico, o prazer durante os jogos e depois problemas de atenção e hiperatividade, problemas de sono, desempenho acadêmico insatisfatório, irritabilidade e infelicidade.
Consequência
O que mais tem preocupado a sociedade médica em relação aos jogos eletrônicos e a exposição demasiada às telas é sobre o efeito no cérebro das crianças. “A exposição constante a telas de computador e celular leva a atrofia do córtex cerebral, com redução da receptividade de informações dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar). Há uma aceleração do processo de envelhecimento cerebral.”
Logística
Todo atendimento do Corpo de Bombeiros que termina nos hospitais tem um detalhe que precisa ser corrigido. As macas ficam retidas sem liberar o atendimento dos Bombeiros a outras ocorrências. Os hospitais precisam providenciar as próprias macas para transferência imediata do paciente.
Educação
Em contrapartida aos lucros, o Itaú criou o Polo, que é uma alternativa à população para estudar e se instruir gratuitamente. O marketing informa que mais de 150 mil docentes, gestores de educação e representantes de organizações da sociedade civil se cadastraram no Polo, ambiente de formação do Itaú Social. A plataforma, que completou três anos, oferece 59 cursos gratuitos e já emitiu mais de 106 mil certificados. As formações mais procuradas são sobre mediação de leitura para crianças e jovens, letramento matemático e BNCC.
História de Brasília
Quanto aos salários em atraso, há uma informação boa: sairá a dinheiro no dia 14, porque a Prefeitura fêz um adiantamento à Fundação, enquanto o Tribunal de Contas registra a verba do novo ano financeiro. (Publicada em 13.03.1962)
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De acordo com dados recentes divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nessas últimas eleições de 2022, nada menos do que 90,7% de todos os recursos provenientes do Fundo Eleitoral ficaram concentrados em mãos de apenas 3,4% dos candidatos. Isso equivale a dizer que, dos milhares de candidatos que disputaram cargos eletivos em todo o país, apenas 950 deles tiveram acesso pleno aos R$ 2,5 bilhões liberados.
Trata-se de uma concentração de recursos que, de certa forma, parece copiar o modelo que desde sempre tem existido dentro da sociedade brasileira, considerada hoje a que apresenta uma das mais desiguais do planeta. Segundo o IBGE, entre 2020 e 2021, 1% dos mais ricos do país chegava a ganhar mensalmente 38,4% mais renda do que os 50% mais pobres, ou metade da população.
Essa desigualdade se alastra também pelo mundo. A cada 30 horas surge um novo bilionário no planeta, sendo que, no mesmo intervalo de tempo, mais de um milhão de pessoas cai para o patamar de extrema pobreza.
O mundo político, tal qual é organizado em nosso país, copia as mazelas da desigualdade social existente aqui e além mar. Na verdade, o que temos em matéria de organização política é a predominância do chamado caciquismo, no qual os donos das legendas organizam a distribuição do dinheiro do pagador de impostos, via Fundos Eleitorais e Partidários, de acordo com critérios distantes anos luz de quaisquer princípios republicanos ou éticos.
Por aqui, o grosso dos recursos desses Fundos vai parar em mãos de candidatos de etnia branca, ligados aos caciques, que escolhem, a dedo, quem tem chance de se eleger e quem não tem. Nesse butim legal, apenas o Partido Novo não utiliza os recursos do Fundo Eleitoral em suas campanhas. No geral, os candidatos negros chegam a receber 11 vezes menos que candidatos brancos e ligados às cúpulas partidárias. Esse tipo de desigualdade não fica restrito apenas a cor da pele.
Pesquisas mostram que o Fundo Eleitoral, além de não incentivar a participação das mulheres na vida política nacional, destina menos de 30% para elas, mesmo havendo cota de gênero. Para piorar uma situação que em si já é desigual e injusta, o atraso no repasse dos recursos do Fundo Eleitoral para as campanhas para os candidatos chega a inviabilizar algumas campanhas.
É preciso deixar claro aqui que os processos de desigualdades observados e existentes dentro do atual modelo político e partidário do país provocam consequências diretas também para a vida social, espelhando essa injustiça. A resolução dos grandes problemas nacionais passa também pelas instituições partidárias. Se essas são injustas e mal organizadas, também o será a sociedade.
As políticas públicas são também reflexos dos modelos partidários, pois são exercitadas por entes políticos, ligados a partidos. Se os partidos não tomarem para si a responsabilidade de se organizarem como entidades totalmente montadas a partir de bases éticas e humanas, com especial atenção à boa administração dos recursos públicos, de forma equânime e justa, todo o resto e com ele o Estado, o governo e a própria sociedade estão fadados ao fracasso.
A frase que foi pronunciada:
“Penso, logo existo.”
René Descartes
Homenagem
Um verdadeiro astro que passou por Brasília e deixou muitas histórias e ciência. Como membro fundador do Centro de Pesquisas Físicas, aponta a biografia dos arquivos da UnB, o físico Roberto Aureliano Salmerón deixou enorme legado. Faleceu em junho do primeiro ano de pandemia, aos 98 anos. Para quem cresceu em Brasília, esse nome se mistura à vizinhança e às revistas científicas de Física Nuclear de Altas Energias.
Salão Nobre
Em 15 de dezembro, 18 h, toma posse, no Tre-DF, o desembargador Demétrius Gomes Cavalcanti. Um coquetel no local, após a solenidade, será a oportunidade para cumprimentar o novo membro titular da Corte.
Guinada
Lucas Gabriel Lourenço de Paula, com vários diplomas em Tecnologia da Informação, pensa no sistema Azure na SUS. Atendimento agendado, sem fila, casos mais simples por consulta remota. No histórico, o registro dos médicos em serviço, histórico de atendimento. Ideias e meios existem. Com um pouco de vontade política, o SUS seria um diferencial no planeta.
INSS
Dados dos aposentados precisam ter segurança redobrada. O último trote recebido pelo José Felipe Ramos foi que seu dinheiro do mês ficaria preso porque, segundo o sistema, ele havia feito um empréstimo, o que não era verdade. Nesse caso, pegue o nome e matrícula do funcionário e um telefone fixo para conferir a veracidade no próprio INSS.
História de Brasília
Quanto aos salários em atraso, há uma informação boa: sairá a dinheiro no dia 14, porque a Prefeitura fêz um adiantamento à Fundação, enquanto o Tribunal de Contas registra a verba do novo ano financeiro. (Publicada em 13.03.1962)
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Ao contrário do que se via em edições passadas, a Copa do Mundo de Futebol, patrocinada por uma entidade (Federação Internacional de Associações de Futebol/FIFA) pra lá de enrolada com escândalos de corrupção, não tem merecido, ao menos por parte dos brasileiros despertos para as agruras atuais do país, a atenção e o apoio que possuía em tempos idos.
Hoje, a impressão que fica, em muitos, é que essa Copa no Catar se transformou num evento “prá lá de Marrakech “, distante e perdido no tempo. Hoje, a maioria dos torcedores que ainda dedicam seu tempo a assistir as disputas do ludopédio internacional, observam esses jogos com um misto de desconfiança e de saudosismo. Desconfiança porque sabem, através das redes sociais, como foi construído todo esse palco fake para hospedar os jogos. Segundo consta, mais de cinco mil trabalhadores, vindos de países pobres da Ásia e de outras partes da África, mão de obra que muito bem poderia ser classificada como escravos modernos, perderam a vida durante a construção das obras para sediar essa Copa. Trata-se aqui de trabalhadores anônimos e sem importância maior para o evento mundial.
Também chegam notícias de que os Árabes encheram as malas dos cartolas com milhões de dólares e muitos quilos de ouro para assegurar certas facilidades para esse espetáculo. Investigar as movimentações suspeitas em mais essa Copa, no país anfitrião, que é reconhecidamente uma ditadura fechada e retrógrada, não irá avançar um milímetro sequer. No Brasil, até hoje, os processos envolvendo a Copa de 2014, que abarrotam os tribunais de todo o país, também não resultaram em nada. Onde quer se ande pelas cidades do Brasil, ainda é possível ver os gigantescos e abandonados estádios de futebol, construídos com sobrepreço e desvios de toda a ordem, verdadeiros elefantes brancos ou monumentos à corrupção e à impunidade.
São, por fatos como esse, que o torcedor, que antigamente vestia a camisa do clube, hoje, vendo o que ocorre nos bastidores desse esporte, ficou desiludido com o futebol. Felizmente hoje, parte da antiga torcida acordou para as manobras e mutretas que escondem esse esporte. Usado como estratégia ufanista de muitos ditadores, que recorriam ao futebol como meio de iludir e distrair o povão das agruras e da violência dia a dia, o futebol perdeu seu colorido.
Agora, em dias de jogos da seleção brasileira, mais do que observar a partida, é preciso ficar de olho no que ocorre, ao mesmo tempo, nos bastidores da política. Alguns entendidos nessas manobras alertam para a possibilidade de a final dessa Copa coincidir com votações de projetos importantes para o país, como aquele que coloca um ponto final na possibilidade de abrir-se processos de impeachment contra autoridades togadas e outros próceres da República. Olho vivo é preciso! Nesta Copa, a melhor posição diante da TV é ficar de costas para os jogos e com a atenção voltada para dentro do campo político, onde ocorrem os jogos de Estado que nos interessam e que trazem consequências na vida cotidiana de todos.
A frase que foi pronunciada:
“Os caras roubam os clubes, acabam com o dinheiro, e vêm botar a culpa na Lei Pelé.”
Pelé
Invasão
De repente, o telefone toca. O Bina aponta para o (61) 2102-9522. Uma gravação avisa que um novo cartão está disponível e começa a arrancar alguns dados de quem tem paciência e ingenuidade para ouvir.
Manutenção
Na 706 Norte, uma pessoa caiu de uma escada em um buraco de dois metros. Com as chuvas, o GDF deve criar um canal com a comunidade para saber o estado de conservação das obras que empreende. Todos sairiam ganhando, menos quem não prestou o serviço a contento.
Arte
Autêntico Flamenco pela Ópera Real de Madri&Fever. Programação interessante para quem aprecia música e dança espanhola. Veja os detalhes no link https://feverup.com/m/121927, antes que os ingressos acabem.
Rapidez e resultado
Petróleo que vale é o Petróleo fora das reservas. A riqueza de Dubai vem da rapidez com que é extraído. Se o preço internacional sobe, a Arábia Saudita produz mais e baixa o preço. O Petróleo é nosso e não vai valer mais nada em algumas décadas. Agora é a hora de extrair para investir em saúde e educação. A sugestão é do ministro Paulo Guedes.
História de Brasília
É lamentável que o plano educacional de Brasília, em tôda a sua plenitude, não seja seguido, mas já que está assim, ninguém pode deixar ir tudo por água abaixo. É preciso haver uma solução, e esta, pelo menos, foi a apresentada. (Publicada em 13.03.1962)
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Em 2023, a população mundial atingirá a surpreendente marca de 8 bilhões de pessoas. Segundo os cientistas que analisam os impactos que uma massa humana dessa magnitude provoca sobre o ambiente, esse número é demasiado para o planeta, que vai experimentando o fim progressivo de seus recursos naturais. Ao mesmo tempo em que a taxa demográfica mundial explode, a população vai migrando para os grandes centros urbanos.
Até 2030, a maioria da população mundial estará se concentrando nos centros urbanos, aumentando, assim, assustadoramente, as emissões na atmosfera de gases de efeito estufa como o carbono. Com isso, haverá a necessidade, cada vez maior e até vital, em tornar as cidades mais sustentáveis e mais adequadas aos novos desafios ecológicos exigidos por num mundo densamente povoado e complexo. Até 2030, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população deve chegar em 8,5 bilhões. Nessa mesma época, o Brasil deve atingir, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), seu pico de crescimento demográfico, ficando com, aproximadamente, 207 milhões de habitantes.
Parte do mundo, inclusive o Brasil, já se prepara para essa nova realidade. Para isso, foi criado, no ano de 2015, a Cúpula das Nações Unidas, reunindo 193 países que decidiram, em comum acordo, estabelecer uma mega agenda de compromissos com 17 objetivos ambiciosos a serem conquistados até 2030, subdivididos em outras 169 metas, a fim de superar os desafios de um novo desenvolvimento, todo ele voltado para o crescimento sustentável global.
Na linha de frente, ficaram os desafios sociais e ambientais, guiando o restante, todos eles interdependentes e caminhando juntos. Desse modo, foi decidido que os países que celebraram esse acordo teriam, em outros desafios, que erradicar a pobreza; implementar uma agricultura sustentável e que acabe com o flagelo da fome, propiciando a chamada segurança alimentar para todos; assegurar saúde e bem-estar para todos e para todas as idades; promover uma educação de qualidade inclusiva e universal. Dentre esses objetivos, inclui-se ainda medidas que, para muitos, ainda são polêmicas como a garantia de igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas; garantir também a disponibilidade de água potável e saneamento básico para todos; assegurar o acesso à energia limpa, renovável e barata para todos; promover o crescimento econômico com trabalho decente e inclusivo para todos; construir infraestrutura resiliente e promover a industrialização sustentável, com fomento para a inovação; redução, das desigualdades dentro dos países; tornar as cidades comunidades sustentáveis e seguras; assegurar padrões responsáveis de consumo; tornar urgente o combate às mudanças climáticas; conservação dos oceanos e dos recursos hídricos; proteção e recuperação da vida terrestre com a preservação de florestas e combate a desertificação; promoção de sociedades pacíficas, com acesso à justiça; e, por fim, o fortalecimento das parcerias para a revitalização global.
Para os cientistas e pesquisadores que estão envolvidos nesses projetos, os desafios a serem enfrentados são imensos e não terão um término para sua execução total, ainda mais quando se sabe que, até pelo menos o ano de 2100, a população continuará aumentando. Com isso, fica claro que, até 2100, o crescimento populacional será o maior de todos os desafios enfrentados pela humanidade.
A frase que foi pronunciada:
“Nos próximos dez anos, prevejo, o convencional movimento ambiental que reverterá sua opinião e ativismo em quatro áreas principais: crescimento populacional, urbanização, organismos geneticamente projetados e energia nuclear.”
Stewart Brand
Realidade
Nessa semana, duas mangueiras foram derrubadas na 305 sul, em nome da segurança e estética. Aquela superquadra traz um silêncio assustador. Nos primeiros anos da capital da República, o barulho da meninada brincando era música constante. Bicicleta, patins, futebol, não faltava diversão. Hoje, a violência, o medo, os perigos iminentes não permitem mais o direito de ir e vir das crianças. As experiências da infância estão diretamente ligadas a computadores e tablets. Não foram só as mangueiras que morreram.
Fica esperto!
Um anúncio chama a atenção mundial. A iniciativa do ministro Oliver Dowden, do Parlamento Inglês, faz o globo terrestre ficar atento. O governo britânico deu ordem para a retirada de todas as câmeras de vigilâncias chinesas que estejam em edifícios que estejam relacionados com a segurança do país.
História de Brasília
É lamentável que o plano educacional de Brasília, em tôda a sua plenitude, não seja seguido, mas já que está assim, ninguém pode deixar ir tudo de águas abaixo. É preciso haver uma solução, e esta, pelo menos, foi a apresentada. (Publicada em 13.03.1962)
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Sempre se ouvia do filósofo de Mondubim: “Ladrão de tostão é também ladrão de milhão”, ou “Ladrão endinheirado não morre enforcado”. Em homilia famosa, intitulada “Sermão do Bom Ladrão”, Padre Antônio Vieira já alertava, no século XVII, para esse problema que, de alguma forma, encontraria, no Brasil Colônia, um paraíso para seu pleno desenvolvimento: “os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com mancha, já com forças roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.”
Foi a partir do estabelecimento do marco civilizatório por essas bandas, em pleno período colonial, que a miscigenação das raças e etnias, necessárias para o processo de colonização dessas vastas porções de terras no novo mundo, associadas a um tipo específico de exploração intensa das riquezas, feitas por mãos escravas, num tempo em que leis e direitos só beneficiavam as classes dominantes, que a corrupção encontrou terreno fértil para prosperar.
Da formação original do Brasil até o nosso tempo, não há período algum onde essa praga não tenha fincado suas unhas. Acreditem: há mais de cinco séculos, essa terra tem sido saqueada sem descanso. Espantoso é notar que o país tenha sobrevivido a essa rapinagem sistemática por tanto tempo, e mesmo no século XXI, quando veio à tona o maior e mais volumoso caso de corrupção de todos os tempos, ainda se avistam, pelas classes políticas, mais e mais recursos públicos que podem ser saqueados sem cerimônia, sob o olhar complacente dos tribunais.
A solução para esse mal histórico poderia encontrar alguma saída mais segura e duradoura através de um processo intenso de educação de qualidade para todos. Haveria alguma relação visível entre o modelo de educação pública seguido pelo Brasil nos últimos tempos e o alto grau de comprometimento das grandes empresas nacionais em práticas de corrupção, mostrado pelas investigações correntes do tipo Lava Jato?
Se, à primeira vista, estas questões parecem dissociadas umas das outras, observadas mais de perto, o que se verifica, contudo, é que, na origem dos modelos do comportamento reprováveis seguidos pelas empresas e por suas lideranças, acham-se enraizados, também, posturas e arquétipos herdados lá trás, ainda nos primeiros anos de escola. Não que o modelo de educação tenha contribuído, de forma ativa para formar cidadãos insensíveis às boas práticas. Mas o modelo de educação, seguido em nossas escolas, de alguma forma tem sido, para usar uma expressão corrente, leniente nos assuntos relativos à formação ética, deixados de lado e suplantados por outros aspectos de natureza mais informativos.
Em outras palavras, nossas escolas têm dado relevo e ênfase apenas aos conteúdos, relacionados na grade curricular, relegando, a segundíssimo plano, a parte formativa relacionada diretamente ao comportamento humano e baseado nos princípios da ética e das boas práticas. Ensinam matemática, mas fecham os olhos para os deslizes de comportamento dos alunos no dia a dia, e ainda acabam por estimular estas más condutas, ao não exercerem, de fato, a autoridade e a disciplina, assuntos que, nos dias correntes, transforam-se em verdadeiros tabus. A falsa crença de que liberdade sem limites serve aos propósitos de uma escola moderna, tem mostrado seus resultados. O crepúsculo paulatino da autoridade do professor, como indutor principal do processo educativo, acabou por ceder lugar a um modelo de escola onde os alunos passaram a ser considerados soberanos e únicos atores de seus destinos. A partir desse ponto, já se prenunciavam tempos difíceis à frente. As revelações trazidas à tona pela sequência de investigações da polícia e do Ministério Público e, posteriormente, a implementação com a Lei Anticorrupção de 2014, estão forçando agora as empresas brasileiras a se ajustarem a um novo tempo, onde a transparência e as boas práticas, não só nas relações humanas, mas inclusive com o próprio meio ambiente, são elementos fundamentais para se manterem vivas no mercado.
Essa adoção tardia do modelo de Compliance nas empresas, obrigando-as a agir em conformidade com as normas da ética e da transparência, reflete o descaso com que nosso sistema de educação e ensino tem tratado do assunto. É possível que o corrupto de hoje, flagrado e algemado pelas autoridades, exposto a humilhação pública, tenha sido outrora um bom aluno em matemática ou biologia. Mas é quase impossível que tenha sido educado para respeitar o próximo e o que pertence a cada um. O que operações como a Lava Jato demonstraram na prática é que nossas elites dirigentes, e todos aqueles que se vêm hoje implicados em rumorosos casos de corrupção, podem ter frequentado escolas de ponta, mas não aprenderam nada, não esqueceram nada.
Mesmo que se acredite que a formação histórica e atípica do Brasil tenha favorecido a germinação das sementes da corrupção, o fato é que, ao longo de sua evolução, jamais houve um esforço sincero, vindo de cima da pirâmide social, capaz de colaborar para o fim dessa prática.
A frase que foi pronunciada:
“Nenhuma das principais questões que a humanidade enfrenta será resolvida sem acesso à informação.”
Christophe Deloire
História de Brasília
Como novas escolas não foram construidas, e como a necessidade de maior número de maior número de classes é evidente, as autoridades cegaram à conclusão de que o melhor aproveitamento de salas e de professôres seria solução. (Publicada em 13.03.1962)
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hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Vinte anos terão se passado, desde que o primeiro ex-operário subiu a rampa do Palácio do Planalto. Com Lula, chegaria, também ao poder, o primeiro governo de orientação esquerdista. Dessa experiência histórica, desejada por muitos que ainda creditavam esperanças de igualdade plenas nessa vertente política, ficou, ao lado de uma grande decepção, a constatação de que o país havia retornado ao fundo do poço, depois de ser brevemente resgatado pela engenharia econômica do Plano Real.
De lá para cá, o Brasil foi do céu ao inferno num átimo. O que restou, talvez, de mais proveitoso dessa experiência frustrada, foi o aprendizado de que honestidade e eficiência na gestão do Estado não são atributos exclusivos dessa ou daquele matiz ideológico, mas advém unicamente da escolha livre e sensata de brasileiros conscientes da importância do voto.
Num balanço rápido, o que temos, além do encarceramento da cúpula que governou o Brasil, e da mais profunda depressão econômica já vivida pelos brasileiros, são dúvidas e incertezas sobre os destinos do país. Das inúmeras consequências negativas dessa experiência que se quis “revolucionária” nos moldes dos anos sessenta, ficaram os 14 milhões de brasileiros de todas as idades, que vagam pelas cidades em busca de empregos, o desmantelamento das instituições, a descrença geral nas elites dirigentes e, talvez, a mais nefasta de todas as heranças, que é a desesperança dos jovens no futuro do país. Experiências vindas de outras partes do globo em outras épocas ensinam que qualquer país que assiste a debandada de sua força jovem sofre muito mais para recuperar sua pujança e encontrar os trilhos da história. Pesquisas da época apontavam que, se pudessem, 62% ou quase 20 milhões dos jovens brasileiros iriam embora do país em busca de novas oportunidades e qualidade de vida, o que havia, em números expressivos, era o retrato sem retoques de um processo de profunda desilusão que tomou conta das nossas novas gerações.
Essa situação se agravou ainda mais, quando a mesma pesquisa, feita pelo Datafolha, demonstrava que, mesmo a população adulta, que já fincou raízes econômicas no país, nada menos do que 43%, expressaram desejo de também deixar o Brasil. Para muitos nacionais, esse desejo não ficou apenas na intenção. O número de pedidos nos consulados e embaixadas de países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e outros não paravam de crescer e já somavam milhares de pessoas que voluntariamente almejavam ir embora, em busca de uma nova vida em um lugar mais tranquilo e promissor.
Essa vontade, manifestada por milhões de brasileiros, de deixar tudo para trás, virando estrangeiro, num país longínquo, é, sem dúvida, a mais patente e perniciosa consequência advinda da experiência vivida pelos nossos conterrâneos, a partir de 2003, e que ainda hoje rende seus frutos amargos e dissolutos.
A frase que foi pronunciada:
“O óbvio dos óbvios. Uma democracia não pode ser instaurada por meios democráticos: para isso ela teria de existir antes de existir. Nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos: para isso teria de continuar saudável enquanto vai morrendo. O assassino da democracia leva sempre vantagem sobre os defensores dela. Ele vai suprimindo os meios de ação democráticos e, quando alguém tenta salvar a democracia por outros meios — os únicos possíveis –, ele o acusa de antidemocrático. É assim que os mais pérfidos inimigos da democracia posam de supremos heróis da vida democrática.”
Olavo de Carvalho
Repita!
Passeando pelo Instagram, percebe-se que o monitor ativa com algumas palavras-chaves o título: “O vencedor da eleição presidencial foi declarado. Veja os resultados oficiais no site do TSE.” (Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
Impressionante
Águas Claras não é cidade para estranhos. Sinalização inexistente. Placas de endereço em hieróglifos. Condução do trânsito instintiva. Carros na contramão da via principal colocam vidas em risco. Faltam semáforos, mesmo que intermitentes, para dar passagem alternada lado a lado. Pistas de saída para kamikazes.
Só notícia boa
Ouvindo a avó cantar nos eventos familiares, o neto resolveu mostrar o talento da idosa na rede social. Plantou e colheu um Grammy Latino para a nova cantora cubana de 95 anos de idade, dona Ângela Alvarez.
Ciência & Emoção
Foi uma imagem impressionante. Neymar surpreendeu um garotinho internado no hospital, com câncer. Alguns anos depois, viu pelo vídeo o mesmo menino alegre, cabeludo, brincando e agradecendo a surpresa que o alegrou naqueles tempos difíceis. O jogador caiu no pranto.
História de Brasília
Ocorre isto: das quarenta horas semanais trabalhadas pelas professôras, vinte eram destinadas à aulas, e 20 para a preparação, correção de exercícios, estudos dirigidos e atividades complementares. (Publicada em 13.03.1962)
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Quer se queira ou não, chegará um tempo em que a interligação instantânea dos meios de comunicação, propiciada pelos avanços na tecnologia de computação e da própria Internet, ao unir o planeta numa só e pequena aldeia global, irá impulsionar os dirigentes políticos e as grandes instituições em busca de um governo único, tal como anunciado hoje pelos chamados globalistas.
Trata-se de um futuro distópico que assusta muita gente e que trará, como consequências diretas, a perda da identidade das nações. O que se anuncia é o advento do grande reset, tal como foi proposto pelo fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, em 2020. Nesse ponto, os entendidos desse tema concordam que o desenvolvimento da computação quântica, que agora começa a mostrar seus resultados, terá um papel fundamental nessa empreitada global.
Especialistas e pesquisadores de todo o planeta e do Brasil, que ultimamente vêm analisando as possibilidades geradas pelo advento do mundo digital na organização das sociedades, vislumbram, por detrás do enorme sinal de interrogação que vai escondendo a realidade, a possibilidade de o mundo atual estar caminhando, a passos largos, ao encontro do Grande Irmão onisciente conforme delineou George Orwell, no romance 1984.
Para países dominados ainda por um fortíssimo e antigo sistema burocrático, como é o nosso caso, comandado pelo Estado, com o auxílio de cartórios e outras instâncias que sobrevivem justamente da complicação e guarda dos trâmites de documentos e processos, a possibilidade de estarmos rumando em direção a uma nova e inusitada forma de governo do tipo Datacracia parece cada vez mais real e inexorável.
A transformação paulatina da gestão pública em algo tecnocrático, impessoal e dominado por nova burocracia digital, ao dificultar o acesso direto dos cidadãos aos responsáveis pelo governo, poderá retirar, dos gestores públicos, a responsabilidade e até a imputabilidade por suas ações. Nesse caso, as responsabilidades por qualquer ato lesivo ao cidadão, decorrente da labiríntica burocracia, poderá caber unicamente ao “sistema”, ou seja, a um “ser” virtual, impossível de ser levado fisicamente aos tribunais.
Para um país como o Brasil, atalhado por uma burocracia endêmica, herdada ainda da fase colonial, as ameaças desse processo de digitalização são ainda maiores e mais preocupantes do que em outras partes do mundo. O antropólogo francês Levi-Strauss costumava dizer que o Brasil era um caso único de país que passou diretamente da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização. No nosso caso, apanhados de surpresa por um mundo em processo rápido de informatização digital, corremos o risco de adentrarmos totalmente despreparados numa nova era, comandada por programas de computadores, sem antes termos resolvido o problema histórico da burocracia onerosa.
E para não renunciarmos nem uma coisa, nem outra, ao invés de eliminarmos, pura e simplesmente, todo e qualquer traço de burocracia, vamos em busca de digitalizar a burocracia existente, dando nova vida e nova dinâmica aos diversos cartórios. Uma atividade predadora que já deveríamos ter eliminado a muito tempo está sendo turbinada, dando nova vida a um sistema parasitário que se beneficia, há séculos, do descaso do Estado, de quem é sócio na criação de dificuldades e na venda de facilidades.
A Datacracia que seria um governo comandado das profundezas do oceano digital, aliado aos traços já conhecidos de casos sequenciais de corrupção avassaladora, poderia produzir, entre nós, uma espécie de Frankenstein tão sui generis como extremamente perigoso para os cidadãos. Aliás, o próprio status de cidadão, com todos os seus direitos e deveres, conforme conhecemos hoje, deixaria de existir, substituído por um código sequencial de algorítimos, só inteligível por máquinas sofisticadas, instaladas nas nuvens distantes. As teorias e até a prática na consecução do grande reset falam de um tempo muito próximo, em que o globalismo financeiro, com a instituição de um Banco Central Mundial, trará um controle severo a toda e qualquer movimentação de dinheiro eletrônico, eliminando, do sistema, toda e qualquer movimentação não de acordo com as novas normas globais.
Será esse um tempo em que a palavra “Sistema” passará a ganhar um status de grande irmão onipresente, sendo que todo aquele que for apontado como suspeito, ou estranho a essa nova ordem, sofrerá as penalidades draconianas previstas, sendo literalmente deletado do “sistema”, ou, como se dizia nos velhos tempos: virará adubo de planta. Quem viver verá.
A frase que foi pronunciada:
“A fim de se adaptarem nestas organizações, os indivíduos viram-se, eles mesmos, forçados a se desindividualizarem-se, renegaram a sua diversidade nativa, e se conformaram com um modelo padronizado, fizeram o máximo, em suma, para se tornar autômatos.”
Aldous Huxley
História de Brasília
A situação das professôras, com relação ao horário de trabalho não tem nada de anormal. O horário antigo era de 40 horas, e passa, agora, para 36. (Publicada em 13.03.1962)
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Somos apenas fracas projeções, ofuscadas por um tolo racionalismo. A verdadeira imagem e semelhança é abstrata, como abstrato e lúcido é o sentir. O capim ressequido, agitado pelos ventos de novembro, parece dizer adeus a todos que passam por esta estrada.
Uma ave se lança num voo incerto contra a luz do fim de dia e pousa na arquitetura sem ciência de um galho, cansada do seu voar sem rota. Vou até a janela. Um universo agita-se em frente com uma porção de esperança na Justiça, nas Leis, nas regras.
Elevo as mãos na altura dos olhos e traço uma linha que se estende paralela ao meio fio.
Os telhados nas superquadras, com antenas captando ilusões do ar, com trapos nos varais e com o céu talhado por centenas de fios elétricos, parecem decretar a morte da poesia.
Nada há nestes dias a não ser, ao longe, o se perder das vozes roucas.
Esses ventos úmidos secam a alma.
Corro para a rua num olhar mecânico reconhecendo o ócio dos dias de luta. Volto para o centro destas paredes e deixo o pensamento equidistante de tudo. Farta de saber que o mundo nada mais é que um velho e ilusório parque de diversões, com gente que, vendendo bilhetes, garantem breves prazeres aos ingênuos e aos maliciosos.
Tentam eclipsar o sol tornando as vistas e o desejo para um telhado suave, tangido pelo quedar da tarde. Vem o retorno da noite visto pelo cimo da rua, trazendo os matizes do céu habitado.
Por onde andaria a velha amiga Mariinha ou o primo Cláudio. A eles cabem os riscos celestes nas fotos que agarram a imagem pintada pelos anjos. Ou leem Zaratrusta, tocam flauta ou maldizem os indolentes e egoístas.
Riscando a terra naqueles dias, então muitos optaram por fazer sua trincheira, marcando sua posição nesse mundo de ninguém.
Ah! Como lembro de ti! Como um porto. Um cemitério de navios onde os mastros feito silhuetas tristes pelo sol nascente pareciam árvores a atravessarem o mar. Eram as correntes que, na bruma do cais, prendiam os sonhos idos. Repouse em ti o perfume das madressilvas. E seja esse céu candango, sem gaivotas, a calmaria no mar alto do Ceará.
Por que se mostram os astros aos líderes se a América dorme? Passamos absortos de um tempo. Com falas poucas. Com orelhas moucas.
Deitando os olhos até as linhas imaginárias do horizonte, ficamos a olhar para as pedras à espera de algum movimento. E assim não vemos os pássaros que se abalam no espaço.
Não conheces mais os arabescos antigos. E o rastro deixado pela lua nos telhados da cidade. Deixas de lado os sonhos que podiam ser teu acalento para correr atrás da justiça ou daqueles que não têm tempo para ti. São como as rochas que encerram os sonhos sem asas.
Outra noite se cai e o pensamento segue a estrada imensa.
A ursa maior se estende no céu e a lua crescente lança sua tênue luz no planalto. Cruza o amor ao país como uma sombra em abalar os sonhos dos que nada sabem e dormem.
Abro essas páginas ao vento. Com minha morte, virá o mar a salgar os versos antigos a tragar a espada cega da luta.
Sigo definhando como as solas, cujo único nexo é seguir. Antecipo assim a noite a cada pedaço de chão. Paro. Olho para o espaço e as formações de luz se tornam como guias, partindo das cores de um diamante.
Ouço ao longe que é fácil se confundir com o tempo. Sol ou farol jogam a luz no arco íris como se a chuva fosse a esperança da terra. Como encarnação da música, cantam as águas em mini ondas no lago Paranoá. Vivendo apenas alguns compassos, não ficam para ver o resultado de tanta cantoria.
E a noção tão cheia de ciência das coisas é redimida, quando as nuvens, atendendo ao canto, desinteressadamente lançam chuva a terra.
No livre arbítrio do verso, Deus deu a vida e o homem, na busca da harmonia com ela, concebeu a forma que lhe convinha.
Grossas nuvens vagueiam sobre a cidade cinzenta. O olhar acompanha o movimento leve dos pássaros. Chove e estas águas trazem um frescor antigo. Como os suaves arcos de um beco cheio de estórias. O céu é recortado pelo oscilar sinuoso dos telhados, leves pássaros. Suaves arcos de um frescor antigo, na prosaica arrumação das vielas.
Que tudo fique no seu lugar, sem protesto.
Teço os dias indiferente, bordando sóis e luas sempre diversos, indiferente à malha que traça para mim a noite enorme e sem estrelas.
Esqueço o labor dos astros.
A frase que foi pronunciada:
“O único ditador que eu aceito é a voz silenciosa da minha consciência.”
Mahatma Gandhi
História de Brasília
Providências, também, estão faltando para que sejam ligados esgotos, luz e água para a escola nova, que está entregue desde novembro. (Publicada em 13.03.1962)