Categoria: ÍNTEGRA
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Nessa altura dos acontecimentos, não chega a ser surpresa que o mercado, essa entidade invisível e desdenhada pelo próximo governo, já tenha acendido a luz vermelha com o anúncio das medidas que estão para ser implementadas na área econômica e com as indicações dos nomes para os dois principais postos dessas pastas, a saber, o Ministério da Fazenda e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De nada adianta fazer cara feia para o mercado, pois ele, por seu moto próprio, não se deixa intimidar. Caso haja ainda uma queda de braços entre o mercado e o governo, quem sairá perdendo, como sempre, é a população, que é colocada no meio dessa disputa insana, sendo obrigada a arcar com as consequências e custos econômicos dessas querelas.
Quando se deixa ventilar a notícia de que quem irá dar a palavra final na área econômica será o próprio futuro presidente, aí é que a coisa desanda, pois já passa da hora de ter aprendido que populismo e arroubos autoritários nas decisões, com base em expectativas político ideológicas, não só não se ajustam a modelos matemáticos como também resultam em equações sem soluções e desastres certeiros nas finanças.
Negar que os indicadores, como a alta no dólar e a queda recorde nas bolsas, são apenas sinais passageiros e sem importância, também é apostar na incerteza e na boa vontade do destino. A reação do mercado, à quebra da Lei das Estatais e à PEC Fura Teto, tem sentido e sinaliza para um período de incertezas e de um possível retorno a políticas econômicas que não deram certo no passado e ainda deixaram um passivo que perdura até os nossos dias.
Temos, assim, dois nomes e duas medidas de anulações de leis econômicas sensatas, reunidas num mesmo momento e que, até para um leigo no assunto, apontam para o desastre iminente. Os aumentos nos juros, na inflação, no desemprego e na pobreza virão na sequência da insensatez. Obviamente que, para corrigir esses erros na largada, mais erros açodados virão, num ciclo perverso de medidas e que podem muito bem desaguar em decisões como o congelamento de preços e outras insanidades como as que vêm sendo praticadas agora em países do mesmo naipe ideológico, como a Argentina.
Alimentar expectativas otimistas, quando os mesmos erros são repostos em práticas, não faz sentido. A questão aqui é saber em que momento exato tudo irá desandar e desembocar numa outra recessão econômica. Preocupa, sobretudo, os economistas mais realistas e que não se deixaram encantar com sibilos das sereias, a nova administração indicada pelo futuro mandatário para o BNDES. É, nessa instituição, fundada em 1952, e vinculada ao Ministério da Economia, que agora se voltam as atenções para o ressurgimento de ideias toscas com o financiamento dos “campeões nacionais”, que tantos rombos deixaram nas contas públicas e tantos escândalos de corrupção produziram.
É preciso lembrar aqui que, entre 2008 a 2018, o BNDES acumulou, junto ao Tesouro Nacional, uma dívida de mais de R$ 650 bilhões. Justamente agora, que se anunciava a possibilidade de um cronograma para BNDES restituir essa dívida ainda em 2023. Parece que a medida foi posta de lado.
É sabido que o BNDES foi convertido de banco de fomento nacional para instituição de apoio a projetos fora das fronteiras do país, emprestando a de taxas milhões de dólares, a taxas camaradas, a países, tanto do continente como da África, sendo que a maioria desses empréstimos foram sequer pagos. Entre 1998 e 2017, o BNDES emprestou, para cerca de 15 países, mais de US$ 10,5 bilhões.
Somente Cuba e Venezuela devem, juntas, mais de R$ 3,5 bilhões ao banco e não apenas ignoram esses empréstimos, como já estão na fila, ao lado de Nicarágua e Argentina, em busca de novos empréstimos, tão logo o novo governo assuma. Essas e outras dívidas se transformaram, por seu volume e condições camaradas, em verdadeiras caixas pretas do banco.
O que se sabe, por vias oficiais e com valores subdimensionados, é que o BNDES tem cerca de R$ 12,1 bilhão a receber de 11 países, apenas por obras no setor de engenharia, todas elas realizadas em países ditatoriais. Segundo o economista Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES, esses empréstimos podem ser classificados como desastrosos e poderiam servir de lição para o futuro, mostrando que emprestar dinheiro para ditaduras é um erro e uma aposta em prejuízos.
A falta de um regime fiscal confiável a partir de 2023, bem como o desmonte das Leis das Estatais e do limite de gastos, projetam um período sombrio sobre a economia do país. Nada do que não experimentamos antes e com os resultados que já sentimos na pele. De nada adiantarão falar em herança maldita para esconder um começo de governo pra lá de agourento.
A frase que foi pronunciada:
“A história nos lembra que ditadores e déspotas surgiram em tempos de grave crise econômica.”
Robert Kiyosaki
História de Brasília
Nosso amigo pediu a substituição de um fusível, e o DFL cobrou 130 do fusível, 45 de mão de obra, e 700 cruzeiros de transporte. Nem de taxi, meu Deus! (Publicada em 14.03.1962)
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Seria possível, em alguma parte do universo, emitir-se uma moeda digital comum, como o SUR, proposto pelo futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, válida para toda a região sul-americana, tendo como objetivo central e estratégico, acelerar o processo de integração político e ideológico de todo o continente?
Essa e outras interrogações estarão em pauta nos próximos dias. Conhecendo-se mais detidamente o universo da América do Sul e, principalmente, a que países essa ideia se liga, a resposta mais sensata à essa questão, seria um não. É impossível lastrear toda e qualquer moeda, digital ou não, a princípios ideológicos. Moedas, por suas características, ligam-se a modelos econômicos específicos e devem, para sua sobrevivência, ser atreladas às regras de mercado e às atividades do livre comércio, o que quer dizer, à iniciativa privada e toda à inércia que a demanda e a oferta proporcionam.
O Brasil que, a duras penas, vem tentando restabelecer um mínimo de respeito, seriedade e aceitação de sua moeda, desde a criação do Real, poderá embarcar nessa doidivana aventura, apenas para assistir, num curto espaço de tempo, o esfarelar da moeda nacional. Mas o que é esse desastre em face do que se pretende? Nas palavras do idealizador da proposta, “A criação de uma moeda sul-americana é a estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos. É um passo fundamental rumo ao fortalecimento da soberania e da governança regional, que certamente se mostrará decisivo em um novo mundo”. Esse novo mundo, não passa de restos dos escombros deixados pela Europa Oriental, após o colapso do Muro de Berlim.
Uma herança amaldiçoada que, por falta de espaço no velho continente, veio buscar novas raízes na América do Sul. Alguns economistas, menos enfeitiçados já se perguntam, como pode uma moeda comum, para todo o continente, dar certo, numa região onde sequer tem sido possível a formação de uma zona de livre comércio.
O Mercosul é ainda uma ideia que, pelos desdobramentos políticos sofridos em muitos países, sequer deslanchou de maneira aceitável. O que tem atrapalhado o Mercosul ou o livre comércio é justamente o domínio ideológico em muitos países, avesso à livre iniciativa e a tudo que diz respeito ao livre fluxo de bens serviços.
Economias centralizadas ou estatizadas com o dinamômetro apontando força de ideologias políticas são contrárias ao livre comércio. No máximo, poderíamos restabelecer, entre esses países, o antigo modelo de escambo ou a troca de produtos por produtos in natura. Tudo isso dentro de uma precária união aduaneira burocrática e comandada por sindicatos dos portos, aeroportos e rodovias.
Para se ter uma ideia da paridade ou da disparidade entre as moedas do continente, a moeda venezuelana, depois de seguidas ondas de hiperinflação, foi cortada em nada menos do que 14 zeros para ter algum significado concreto no mundo das moedas. Para que o venezuelano possa comprar o que seria uma cesta básica, seria necessário hoje, um carrinho de mão cheio de dinheiro, pesando aí uns 50 quilos para essa operação. Igualar um Bolívar digital com o Real ou mesmo com o dólar é hoje uma tarefa surreal, tudo por conta do chamado “Socialismo do Século XXI”. É esse o novo caminho proposto. Um atalho pela velha estrada que leva a todos para um vale de escombros.
A frase que foi pronunciada:
“Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo apenas com o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade.”
José Mujica
Reconhecimento
Glen Valente, da EBC, comemora mais um ano de premiação nível 1 na Certificação do Indicador de Governança IG-Sest, em indicador de governança corporativa.
Tecnologia
Continuam os estudos do Banco de Amostras, construído em parceria entre o Ministério da Saúde e a Fiocruz. Com condições de estudarem vírus potenciais que podem causar pandemias, o Biobanco recebeu o investimento de 40 milhões de reais. Mais de um milhão e meio de amostras são mantidas em baixa temperatura para os estudos. Essa era uma necessidade antiga do país.
Missão quase impossível
Deputado distrital José Gomes criou o selo Empresa Boa Pagadora no Distrito Federal, pela lei 6.298/2019. Estar em dia com as obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias e não ter execuções cíveis e fiscais em tramitação. Imagine um selo desses conquistado pelo governo federal ou DF.
História de Brasília
Outro, construiu, dentro do próprio lote, um barraco de madeira, onde há residência e um bar para candangos. Essas irregularidades criam uma situação de descrédito para as repartições que são encarregadas de aprovar as plantas, e para as que dão “habite-se”. (Publicada em 14.03.1962)
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Uma das razões que levavam os políticos e outros próceres da República a almejarem sinecuras e acessos facilitados à fabulosa máquina pública do país é que, nesses nichos de riquezas, construídos com a poupança da sociedade, encontram-se uma miríade de empresas estatais reluzentes e rendosas, todas elas de portas escancaradas à espera de repetidos ciclos já conhecidos. Estatais são vítimas passivas de crimes que não resultam em punição. Trata-se aqui de um verdadeiro arquipélago formado por ilhas da fantasia, onde a pirataria política prepara uma festa à luz do dia, sem remorsos ou repreendas.
Fosse o Estado brasileiro desprovido totalmente desse tipo peculiar de empresa, que nunca entra em regime de falência, a carreira política perderia muito de sua atração, esvaziando as disputas. É, atrás dessas joias do Estado, que se engalfinham os partidos, sobretudo aqueles de maior poder de barganha. Até aqui, não há novidade alguma. O ultimo grande escândalo de corrupção, envolvendo o sumiço de bilhões de reais, ocorreu justamente numa dessas grandes empresas e, por isso mesmo, foi batizada de “Petrolão”. Da Petrobras, desapareceram, segundo estimativas subdimensionadas, apresentadas em estudos econométricos, algo em torno de R$ 19 bilhões, entre os anos 2004 a 2012. Das 187 empresas estatais existentes, mais da metade apresentou balanços negativos no período entre 2003 e 2014. A sangria dessas empresas, transformadas em cabide de empregos e em autênticos “caixas dois” dos partidos, só pode ser contida, em parte, a partir da promulgação da chamada Lei das Estatais (Lei 13.303/2016), no governo Temer.
Por meio dessa lei, aprovada pelo poder Legislativo, foi estabelecido o estatuto jurídico de empresas públicas e sociedades de economia mista que trabalham com comercialização de bens de prestação de serviços. Criou-se, a partir dessa data, uma espécie de governança interna nessas empresas, até para emprestar, a essas instituições, um certo ar de seriedade, exigidos nas transações com outros países.
Surpreendentemente, nesses últimos cinco anos em que a lei vigorou, essas empresas voltaram a apresentar balanços positivos, chegando, como no caso da Petrobras, a apresentar superávits seguidos. Somente esse ano, a empresa anunciou um lucro de R$ 44,5 bilhões, apenas no primeiro trimestre. No segundo trimestre, esses números saltaram para R$ 54,3 bilhões, superando todas as previsões anteriores. Os Correios alcançaram R$ 3,7 bilhões em 2021. São números extraordinários para empresas que conheceram o inferno. Agora, a Lei do Teto de Gastos e mesmo a Lei das Estatais voltam a ser letras mortas. Aprovada na Câmara à toque de caixa, a “flexibilização” da Lei 13.303 irá permitir uma volta ao passado, acabando com a quarentena de 36 meses para que a indicação ao Conselho de Administração e para a diretoria de estatais fosse feita.
Caso venha a ser aprovada também no Senado, como se espera, a Lei das Estatais valerá como no passado, o que leva a crer um desastre anunciado que desvalorizará as estatais, também como no passado.
O caso mais rumoroso nesse regresso a um passado que se acreditava morto é que o desmanche da Lei 3.303 foi pensada, num primeiro momento, apenas para alojar no comando do BNDES. Mas a senadora Gleisi Hofmann tranquiliza a população: “Nós sabemos como essas empresas funcionam. É a iniciativa privada que corrompe”, diz a atual presidente do PT.
A frase que foi pronunciada:
“O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins.”
Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX 1844 – 1900
Expectativa
Na posse do dia 1º de janeiro, todos os convidados terão que mostrar, aos seguranças, com quem eles estão falando. É que a tecnologia aplicada não dispensa a apresentação do convite com QR Code. Outra novidade desenvolvida pelo Prodasen é a sincronização das informações sobre o convidado e o convite emitido. Segurança Prodasen, Relações Públicas e Secretaria de Comunicação estão sintonizados para o conforto de todos os presentes.
Até hoje
Quem nos remete aos anos 60 é Geraldo Vasconcelos. Lendo as últimas histórias de Brasília, registradas por Ari Cunha, o pioneiro aponta para o problema dos boxes e mercadinhos das 700. Uma área nobre completamente abandonada.
Agenda
Quem perdeu algum concerto natalino, Razão do Natal, hoje e amanhã na Qi 13 do Lago Norte, na igreja Batista.
História de Brasília
A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)
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Quando, em 2005, o filósofo e semiólogo Umberto Eco (1932-2016) deixou escapar, em um artigo, a afirmação de que “a internet deu voz a uma legião de imbecis”, o que, à primeira vista, parecia um comentário vindo de um professor e linguista cansado do ofício, transformou-se na mais acurada e crua análise do que viriam a ser as mídias sociais neste século XXI.
Arrastada para o campo amoral da política, as mídias sociais ganhariam ainda mais visualidade e despudor ao influenciar os debates, tanto nas trincheiras dos partidos como junto às defesas dos eleitores e cidadãos. De fato, os imbecis, por sua multiplicação geométrica estão em toda a parte, quer no lado dos ideólogos, quer do lado da sociedade. As mídias sociais abriram palanques para todos. Até mesmo os insuspeitos intelectuais da política, com assento nas altas cortes, usam-na em desfavor da lógica, deixando transparecer sua volúpia e falsa ilustração acadêmica. Ninguém que venha se expor nas redes está livre de vir, algum dia, a ficar nu diante de todos, mesmo sem perceber. Não chega a ser surpreendente que as mídias sociais tenham, por sua disseminação, dado a oportunidade para que se perceba que, nesses debates sem fim, têm feito com que todos tenham razão, embora nenhuma das partes esteja absolutamente certa.
O que se apresenta aqui como rede mundial são as ilusões geradas com o meio digital. A virtualidade dos debates levou-nos a um “não lugar”, onde tudo é possível. Onde mentira e verdade perdem seu valor moral e ético, mesmo que ambos os lados possam gerar realidades desastrosas. Onde toda essa tecnologia de ampliação da voz humana irá nos levar, é tarefa dada hoje aos pensadores e filósofos modernos, debruçados sobre a cabeça desse gigante de voz global. Uma das questões que se apresentam aqui para os estudiosos é conhecer as razões que levaram essa ampliação das mídias sociais a acelerar os sinais de antagonismo entre as pessoas, elevando as radicalizações humanas, como se fôssemos lançados de volta ao tempo das cavernas, onde o instinto de defesa parecia estar acima da razão.
As mídias sociais polarizaram, ainda mais, as ideias, quando passou a ser conduzida pelos trilhos da política, reconduzindo a sociedade a um processo de animalização distante, cada vez mais, dos princípios de civilidade. Nesse caso particular, perdemos a capacidade de cidadania, trocada por valores e ditames políticos. Em um diálogo de mudos, entre vitupérios e palavras de baixo calão, abrimos espaço também para que os políticos e a elite estatal anunciem a regularização das mídias ou, simplesmente, a censura dos meios eletrônicos, como vem sendo anunciado agora, com ameaças e outras pressões.
Na realidade, a liberdade no fluxo de informação sempre foi manipulada. O que as pessoas sabem ou pensam que sabem é, previamente, bem filtrado. Não existe, pois, o fluxo sem controle de informação, mesmo que leis de transparência anunciem essa possibilidade. Com isso, é possível prever que chegará um dia em que as mídias sociais se transformarão na voz mecânica do Leviatã, troando debaixo de sua cama. Dizendo o que fazer em cada dia. Proibindo você até de desplugar os computadores.
A frase que foi pronunciada:
“Nessas condições não há lugar para a Indústria; porque o seu fruto é incerto; e consequentemente nenhuma Cultura da Terra; nenhuma Navegação, nem uso das mercadorias que possam ser importadas por Mar; nenhum edifício cómodo; nenhum instrumento de movimentação e remoção de coisas que exijam muita força; nenhum Conhecimento da face da Terra; sem conta do Tempo; sem Artes; sem Letras; nenhuma Sociedade; e o que é pior de tudo, medo contínuo e perigo de morte violenta; E a vida do homem, solitária, pobre, sórdida, bruta e curta.”
Thomas Hobbes, Leviatã
Aí pode?
Andam pendurados no caminhão no meio da madrugada recolhendo lixo deixado pelos moradores. Esses homens mereciam, no mínimo, o melhor plano de saúde do GDF. Pelos pulmões, pelas horas mal dormidas e, principalmente, pelo perigo que enfrentam quando vão respirando o lixo, sem segurança alguma. Vale lembrar que dirigir com o braço para fora gera multa, já o corpo de um gari, não.
#Puerilsóquenão
Uma correria no parlamento para as mudanças de leis já configuradas e aprovadas. Uma delas é a que altera as regras para a escolha dos integrantes do Conselho Administrativo do CADE. Um dos argumentos é a economia, ao diminuir o número de integrantes do Conselho. A proposta apresentada, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, foi elaborada para modificar a Lei de Defesa da Concorrência. Em breve, deve chegar ao Senado.
História de Brasília
A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)
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Não se deve fechar os olhos aos fatos, porque, mesmo nessa cegueira voluntária, corre-se o risco de tropeçarmos neles, indo de cara contra o chão. A existência no Brasil de uma chamada Classe Média numerosa, que perfaz hoje metade da população do país ou algo em torno de 100 milhões de indivíduos, é um fato concreto, goste você ou não da ideia. A classe média, por sua posição intermediária na pirâmide social, é a prova viva de que é possível viver apartada de governos, sejam eles de direita ou esquerda. Vive, ou na pior das hipóteses, sobrevive longe dos programas populistas e ideologicamente assistencialistas dos governos de plantão. Em outras palavras, caminha com os próprios pés. Talvez, por essa e outras razões, seja tão duramente criticada e atacada de todos os lados, principalmente pelos que enxergam, nessa parcela da população, uma classe desvinculada e pouco afeita aos cânticos de sereia de políticos.
Emparedada de um lado entre as classes D e E e de outro contra as classes A e B, a classe média experimenta o que seria o caminho do meio, pregado pelos budistas. Possui, ao mesmo tempo, as expertises emprestadas das classes D e E, quando o assunto é livrar-se das armadilhas do governo, ao mesmo tempo em que vai aprendendo as artes de aplicar recursos, como fazem os ricos, correndo de um lado para outro para salvar seus rendimentos, de modo que possa levar uma vida com certa dignidade e de olho no futuro.
Há os que odeiam particularmente a classe média justamente porque foi ela que, de certa forma, impediu ou frustrou as previsões contidas no Manifesto Comunista de Karl Marx, de que o capitalismo, por suas contradições, iria abrir caminho para a tomada do poder pela classe operária, implantando assim o comunismo. Não previa Marx que, no meio desse caminho, ergueria-se a enorme muralha formada pela classe média. O ódio à classe média, por essa corrente, não tem impedido sua multiplicação em todo o mundo. Exemplo disso pode ser visto, lido e ouvido por filósofos que pregam, ser a classe média brasileira, a representante do atraso de vida, da estupidez e ainda reacionária, conservadora, petulante, arrogante, terrorista, uma abominação política, uma abominação ética, violenta, e uma abominação cognitiva por ser ignorante, entre outros adjetivos, dignos de uma acalorada discussão de boteco.
Foi justamente, no momento dessa declaração, que, além do papelão e da sabujice, estava a seguir à risca o que previu o semioticista Umberto Eco (1932-2016), em seu tratado “Relativismo” de 2005. Nesse trabalho, o filósofo denunciou que as redes sociais e a mídia iriam pôr um fim na cordialidade e acentuar a polarização entre os indivíduos, minando o compartilhamento de ideias e que toda essa animalidade, que hoje nos envergonha, iria se estender também para a política. É o que presenciamos hoje nos debates, não apenas entre os políticos, mas englobando a todos, inclusive pessoas a quem, por sua formação acadêmica, esperávamos um mínimo de civilidade e educação.
Dizia Eco que essa mudança ou regresso ao primitivo não seria tanto culpa da grosseria da mídia e se daria, muito mais, pelo fato de que as pessoas hoje só falam pensando em como a mídia irá noticiar o que foi dito. “Temos a impressão nos dias de hoje de que certos debates acontecem a golpes de facão, sem fineza, usando termos delicados como fosse pedras”, previu o escritor do best seller “O Nome da Rosa”.
Os vaticínios de Humberto Eco se confirmaram para além do previsto. Atualmente, a cordialidade nos debates, seja de que tema for, foi deletada ou, no dizer moderno, “cancelada” das redes sociais. Dessa forma, o que assistimos agora são embates enfurecidos que nascem onde quer que haja diferença. O ódio fez sua morada nas redes sociais. Há, nesse contexto, uma certa tara das pessoas em criar desavenças e inimigos. Com isso, a sociedade vai deixando de lado o compartilhamento de ideias, substituindo essa virtude por uma animalidade que está cada vez mais na flor da pele.
As redes sociais são hoje um oceano cheio de tubarões, prontos para atacar, censurar e ofender. Na política, toda essa ferocidade ganhou ainda mais adrenalina. Já não se tem oponente ou concorrente, mas inimigo fidagal, que deve ser destruído ou, ao menos, desconstruído em sua totalidade.
Para Eco, seria como se andássemos para trás no tempo, em termos humanos, levando conosco um tablet de última geração. Quem se deu ao enfado de assistir aos últimos debates para a presidência do país, pela televisão, pôde verificar que os projetos de governo sumiram. Quando surgiam ideias aproveitáveis e raras, eram logo substituídas por ofensas e acusações, como num ringue.
Quem ofende mais leva a melhor, segundo as redes. Os perdedores estão entre aqueles que não querem polêmicas e se restringem a apresentar propostas. Debater num ambiente assim é inútil. Ninguém ouve o que é dito. Perdemos a capacidade de escutar. Até os ouvidos falam. A língua comanda o cérebro. As redes sociais viralizam com essas batalhas. A cortesia ficou fora de moda, atingindo, de alto a baixo, todas as classes.
A contribuir para esse mundo de intrigas e de extremismos, as redes sociais agem para estimular, por meio das fakenews e das meias verdades, os embates e a violência. Não seria estranho se algum dia alguém venha a classificar as redes sociais, sobretudo no mundo político, como o renascimento da mítica Torre de Babel. No afã de perfurar o céu, essa torre magnífica, uma espécie moderna das Torres Gêmeas de Nova Iorque, veio abaixo, marcando com sangue a entrada do século XXI, porque os homens parecem já não falar ou compreender a língua humana.
Dizer que a classe média é hoje o último bastião ou muralha contra o avanço da ditadura das esquerdas políticas, não da ditadura do proletariado, como queria Marx, é uma realidade e um fato, contra o qual não adianta fechar os olhos.
A frase que foi pronunciada:
“Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.”
Umberto Eco
História de Brasília
Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)
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Fukuyama, filósofo e economista nipo-americano, autor do polêmico best-seller “O Fim da História e o Último Homem” – em que apontou a queda do muro de Berlim como sendo marco que deu início ao fim dos processos históricos de mudanças, que seriam substituídas pelo liberalismo e pelo triunfo da democracia liberal – em importante entrevista concedida há alguns anos à imprensa, teceu comentários instigantes sobre a crise brasileira, cujos desdobramentos vinha acompanhando de perto com lupa de estudioso dos problemas humanos.
Em sua avaliação, o momento brasileiro era repleto de vantagens únicas e de grandes desafios, principalmente no âmbito político, onde já se anunciam transformações significativas. No entanto, para o cientista, era preciso evitar que o combate necessário à corrupção fosse, como veio a ser, arrastado para o campo de batalha das ideologias políticas.
Entendia Fukuyama que havia, em nosso país, como em outros países da América Latina, um complicado entrelaçamento entre a elite política e empresarial, ambos acostumados historicamente com as benesses advindas da corrupção na máquina pública. O que destacava o Brasil naquele cenário era a existência de uma imprensa livre e independente, aliada a um sistema judicial, atuante, firme e imparcial. Tudo isso somado a uma sociedade civil mobilizada, que, de certa forma, impedia que os mal feitos fossem varridos para debaixo do tapete como era nosso costume cultural e histórico até então.
Neste ponto, Fukuyama se dizia preocupado com a possibilidade de o combate à corrupção, que parecia ser um consenso entre muitos políticos, pressionados por seus eleitores, vir a ser arrastado para o campo de guerra ideológica, perdendo, com isso, seu foco e seu poder de justiça. Por isso, para muitos que acompanham o trabalho de Fukuyama, ele é hoje uma espécie de guru, se é que se pode dizer assim, no âmbito acadêmico. Conforme ele previu em seus estudos e expertise, impasses seriam ruins, tanto para um lado como para o outro, prejudicando principalmente a sociedade como um todo e as chances de transformação do país.
Nos Estados Unidos, lembrava, a sociedade civil teve que se esforçar por décadas, a partir do século XIX, para modernizar os serviços públicos do país, priorizando indicações técnicas e, principalmente, fazendo valer efetivamente o combate à corrupção. O Brasil, dizia, precisa de uma nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas e empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo.” Para tanto, seria necessário impor limites ao capitalismo do tipo selvagem, criando uma rede de segurança social para proteger as pessoas do mercado voraz. “Não é desejável que o capitalismo faça tudo o que quer, aconselhava, mas também não se pode politizar qualquer tomada de decisão econômica”, ensina.
Na avaliação do economista e professor da Universidade de Stanford, o combate à corrupção não é, nem nunca, foi uma questão fundamentalmente cultural, mas de expectativas, ou seja, é preciso que aconteçam sérios revezes com quem pratica a corrupção, para que as pessoas entendam que esse não é o caminho. “As normas sociais só mudam com regras melhores e pressão social”, aconselhava.
Como ainda não havia, em nosso país, uma direita bem formada, com projetos e programas bem estruturados e capaz de fazer valer o outro lado da balança ideológica, a vitória da esquerda se deu até de um modo bem simples, culminando agora com a reeleição de seu maior representante, como já previa, Fukuyama.
A frase que foi pronunciada:
“Sistemas corruptos não se consertam sozinhos.”
Fukuyama
Editora UnB
Marcus Mota e Luis Lóia são os organizadores da obra A Tragédia Grega: origens. Lançada pela editoria UnB, a obra traz os textos traduzidos e comentados por Eudoro de Sousa. Acesse o livro na íntegra no link A tragédia grega : origens.
Congresso em Portugal
Abertas as inscrições para o VII Congresso Lusobrasileiro sobre Alienação Parental, que acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro, na Faculdade de Direito de Lisboa, em formato online – via zoom da FDL.
Em pauta
Sem sucesso, o ex-senador Marco Maciel tentou regulamentar o lobby. O assunto ocupa as gavetas do parlamento há pelo menos 40 anos. Trata-se de uma ferramenta importante no combate à corrupção e ao aprimoramento da democracia. Ouça, no link Regulamentação do lobby vai dar mais transparência aos processos de tomada de decisões no Congresso, a entrevista da Rádio Câmara com Ricardo José Rodrigues, Consultor Legislativo daquela Casa.
História de Brasília
Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)
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Enquanto a bola, que animava os brasileiros, para de rolar nos estádios do Qatar, o Brasil continua a viver as surpresas do dia seguinte. Nem as últimas votações no parlamento, nem o recital de promessas dos postulantes para 2023 têm despertado a confiança da nação. O futebol insosso do escrete, “com chapéus” nos mais ingênuos, parece só ter valor quando brasileiros jogam noutros times no exterior. As caras manjadas em todos os espectros deixaram de empolgar os brasileiros.
A decepção, desde a última Copa do Mundo no Brasil, com os seguidos casos de malversação de recursos, construção superfaturada de estádios e outras falcatruas, tanto na CBF como na própria FIFA, além de jogos similares que já estimularam até a criação de uma CPI do Apito vão retraindo e constrangendo o torcedor e matando, aos poucos, a esperança de um hexa.
Do mesmo modo, os escândalos, em sequência contínua, praticamente reduziram a pó a imagem que a população faz hoje de alguns jogadores e também de alguns políticos. O desencanto geral vem também da encenação e das mentiras, quer dos jogadores que se jogam ao chão procurando vantagens e faltas inexistentes, quer da atuação dos políticos, obrigados a desmentir seus discursos descolados da prática.
A perda de credibilidade e o malabarismo nos pés e na retórica vêm afastando fãs e eleitores. Ainda assim, para o bem do esporte e da democracia, futebol e política devem prosseguir. Quem sabe, ali na frente, as coisas se arrumem e tudo passe a ser novo, limpo, honesto. No caso da política, a coisa é mais complicada. Os representantes do povo não gostam das vozes roucas das ruas. Nem as gigantescas manifestações de rua acendem o sinal de alerta para todos aqueles que ainda apostam no velho modo de fazer política.
Mesmo no futebol, já foi introduzido um segundo árbitro, chamado de VAR (Vídeo Assistant Referee), que auxilia o juiz em campo a tomar decisão em lances que geram dúvidas. Uma equipe de juízes e ex-juízes de futebol se postam numa central de vídeo, acompanhando a partida por diversos monitores desde o início. Um reforço na equipe é dado por técnicos em vídeos que destrincham as dúvidas, escolhendo o ângulo perfeito, em câmera lenta e repetição da jogada. Assim, por comunicação via fone, o veredito é dado ao árbitro, que decide.
Interessante é que, mesmo tendo tecnologia de ponta, revisão das imagens, transmissão das imagens para todo o estádio, os jogadores continuam a fingir, simular faltas e dissimular dores. No futebol, como na política, é preciso regras claras, honestas e precisas. Tanto nos campos, como nos palanques. Jogador que tomou cartão vermelho deve sair de campo. Sem possibilidade de busca de blindagem por foro de prerrogativa. O fato é que o mal desempenho, nos campos e na tribuna, tem desanimado os brasileiros, mesmo aqueles que não gostam de futebol e nem de política. Reverter essa situação extrema é que é a jogada mais importante a ser feita agora.
A frase que foi pronunciada:
“No futebol, a cabeça é o terceiro pé.”
Stanislaw Ponte Preta
Surpresa
Para chegar à Secretaria de Economia, o estacionamento é bem concorrido. Lavadores de carro sempre a postos, gentis, comércio improvisado atende às necessidades dos trabalhadores ao redor. Veja as cenas que assustaram os frequentadores daquele local, com um acontecimento inesperado, a seguir.
Acredite se quiser
Acesse no link German euthanasia clinics refusing unvaccinated customers, a matéria original publicada no Expectator, sobre uma das exigências de uma clínica alemã para realizar a morte assistida. É requisito para a operação que o paciente apresente comprovante de vacinação contra o Coronavírus.
ABC Prodein
Projeto Social Contraturno Escolar, que oferece, gratuitamente para a comunidade de baixa renda, aulas de informática, música, esportes, jogos lúdicos, recreação, reforço escolar e alimentação precisa de doações. O endereço é na Área Especial 22 da Estrutural. Pix 982123736.
ET
Resolveram colocar, no estacionamento do Sams, um balanço para crianças. O lugar inédito, completo pelo gás carbônico, deve ter sido estabelecido por alguém que não conhece crianças.
Vai entender
Um passo gigantesco para a humanidade a Embaixada de Portugal disponibilizar atendimento pela Internet. Acontece que, depois de preencher todos os campos, conferindo números e datas de documentos, a resposta vem como uma espada: Não há vagas!
História de Brasília
Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
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Não seria surpresa se, num futuro muito próximo, o conceito de antropocentrismo, surgido na Europa, entre os séculos XV e XVI, e que conduziu a humanidade a ser o que ela é hoje, venha a ser suplantado por uma nova representação; desta vez colocando como o centro do universo nem Deus, nem o homem, substituídos agora pela ideia do animalismo, que visa igualar o ser humano com todas as espécies de seres vivos que habitam o planeta. Com isso, o que se pretende é posicionar todos os seres viventes numa mesma base de igualdades de direitos, visando obter sua inserção social.
O que pode, à primeira vista, ser considerado uma maluquice, para outros é fruto da própria evolução humana, que, ao abrir espaço para outras criaturas, reconhece toda a natureza como parte integrante da vida e, como tal, digna e merecedora de figurar como o centro da atenção e do universo.
Para alguns, essa nova concepção ruma no sentido de uma involução, deixando Deus e o homem perdidos no cenário de toda a criação, dissolvendo-os numa mesma massa de vida, onde todos são importantes e sem hierarquias.
O animalismo forma hoje uma corrente de opinião que reduz a importância do antropocentrismo, de forma a igualá-la aos demais seres vivos. Para muitos pensadores, o antropocentrismo está ligado diretamente às ideias de desvalorização das outras formas de vida, presentes em nosso planeta, sendo associado a problemas como a degradação do meio ambiente, o aquecimento global e a destruição de todo o ecossistema da Terra.
Para os defensores do animalismo, é falsa a ideia de que as peculiaridades da raça humana, como sensibilidade e consciência, estejam acima de outras formas de vida e, por isso, justifique colocar todas as outras espécies a serviço dos homens. Essa história de que todo o universo deve servir aos humanos tem nos levado em direção à ruína.
Ideias de que há no universo um modelo de desenho inteligente, concebido para servir apenas àqueles que se consideram mais inteligentes, é falsa. Depois de deixarmos para trás os conceitos de Teocentrismo, que vigorou em toda Idade Média para ingressarmos na ideia de que o homem é o centro do Universo, trazidos pelo Humanismo, eis que agora, dentro do perpétuo ciclo da evolução das espécies e das ideias, é chegada a hora de deixamos o homem à beira do caminho e seguirmos adiante nessa nova Arca de Noé, salvando todas as espécies desse dilúvio provocado pela insensatez dos homens.
A antiga exaltação da racionalidade levou-nos a um beco sem saída do aquecimento global e da extinção de muitas espécies, num movimento de verdadeiro suicídio global. Agora, buscamos, dentro do cientificismo, brechas para escapar dessa destruição anunciada. Numa dessas brechas, é possível visualizar aspectos de um humanismo perdido no tempo e que, já no passado, clamava no deserto por mais humildade e compreensão para o esplendor da vida, presente em todo o planeta e sua intrincada delicada inter-relação.
Hoje é possível visualizar em um lugar da cidade, pichado em muros, frases do tipo: “salvem as abelhas, pois existência humana corre risco de extinção”. A obra distópica “A revolução dos Bichos”, de George Orwell, best seller publicado no fim da Segunda Grande Guerra, para muitos, marcou o surgimento do conceito de animalismo. Em um dos trechos lê-se: “O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante. Nosso trabalho amaina o solo, nosso estrume o fertiliza e, no entanto, nenhum de nós possui mais do que a própria pele.
As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de leite terão produzido este ano? E que aconteceu a esse leite, que deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta dos nossos inimigos. E as galinhas, quanto ovos puseram este ano, e quantos se transformaram em pintinhos? O restante foi para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus homens.”
Surgida como uma teoria política dentro da ficção, o animalismo, vem ganhando, ao logo dos anos, status de corrente político-filosófica. Ao longo dos séculos, ficou por demais provado que nossa espécie não só trata os outros animais como escravos, com escraviza o próprio semelhante, submetendo-os às mais terríveis situações. Desse modo, fica acertado que qualquer um que ande sobre duas pernas, beba álcool e mate os outros animais é um inimigo e, portanto, deve perder o trono e a supremacia sobre as outras espécies.
A frase que foi pronunciada:
“Desde esse dia, os ladrões nunca mais se arriscaram a entrar na casa, o que foi ótimo para os quatro músicos de Bremen, que nela se instalaram, vivendo tão regaladamente que nunca mais quiseram sair. E quem por último a contou, ainda a boca não lhe esfriou.”
Os músicos da cidade de Bremen, dos Irmãos Grimm
História de Brasília
Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)
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Em tempos de guerra, o mais importante é marcar posição, escolhendo a trincheira onde estão os valores nos quais você acredita e que necessitam de sua defesa e proteção. Correr é deixar para trás seu mundo, dissolvendo-se na poeira. Acredite naqueles que dizem que a sua vida é o único bem que lhe pertence. No entanto, não se esqueça de que é no mundo que você pode manifestar sua vida. É nele que a vida pulsa e ganha ânimo. Assim como quem envia uma carta a um amigo de longa data, quem escreve no dia a dia em periódicos também conhece seus leitores, e, com eles, mantém uma cumplicidade próxima.
É com esse xadrez de palavras e enquanto o garrote vil não dá suas últimas voltas que, mais uma vez, insistimos em marcar posição, usando esse espaço como trincheira para a defender e nos solidarizarmos com as legítimas manifestações populares que vêm ocorrendo em todo o país, há mais de um mês, em frente aos quartéis.
Um fato, que mesmo por suas proporções inéditas, seus propósitos e coragem cívica, a grande mídia insiste em não informar. Para os leitores deste espaço, talvez a mais antiga e relutante trincheira da capital, esse é o único posicionamento sensato a ser tomado nessa grave hora. O local escolhido por esses brasileiros, nas bordas das instalações militares, foi o único que restou, pois todas as outras instituições do Estado, que poderiam servir de abrigo e amparo aos reclames desses cidadãos, simplesmente viraram as costas a esses movimentos ou mostraram a face terrível das ameaças, da opressão e do desprezo.
Na verdade, esses brasileiros foram encurralados na área militar, que lhes deu proteção. Agora, de nada adianta fazer cara de paisagem a esses movimentos, nem os acusar de ilegítimos ou golpistas. Nem os esconder sob o sofá. O fato é que o Brasil ferve e ameaça entrar em erupção como um mega vulcão. Melhor teria sido se anteciparem aos acontecimentos, evitando que as causas desses movimentos rompessem o solo, derramando suas lavas e cuspindo fogo para todo lado.
O não atendimento das autoridades civis aos justos questionamentos, sobre a lisura e o correto funcionamento do fabuloso maquinário eleitoral, com anteposição de dogmas sobre seu real desempenho, taxados como heresias dignas da condenação pelo martírio da fogueira, levou-nos onde estamos agora. Bastava, naquele início, o simples gesto de boa vontade, colocando à mercê do escrutínio geral todas e quaisquer dúvidas.
Ao invés disso, usou-se dos mecanismos paralegais para ameaçar e perseguir todos aqueles que buscam apenas uma resposta, dentro do direito que reza que o Estado deve prezar pela transparência. Foi justamente essa opacidade de chumbo e o desencadear progressivo de todo esse processo que alheou os eleitores da possibilidade de aferição dos votos, que deu início a essas movimentações que não param de crescer, empurrando o país para o beco sem saída da dissidia e de um possível fratricídio generalizado. Achar, como alguns acham, que esse é um movimento popular sem maiores consequências para todos é apostar no caos.
Para complicar e colocar ainda mais gasolina nessa fogueira, é preciso verificar que, graças à repercussão produzida pelas mídias sociais, todo o planeta assiste, de camarote, tudo o que vem ocorrendo nas principais capitais do Brasil. O mundo não só acompanha de perto, como torce, abertamente, em favor da população que está nas ruas. População em países que se viram na mesma situação confessam o arrependimento por não ter tido o sentimento patriota de enfrentar o que julgava necessário ser enfrentado.
O falso silêncio interno, como se navegássemos num mar azul e calmo de almirante, por certo será lembrado, quanto tudo isso passar. Lembrados também serão aqueles que viraram as costas para essas manifestações espontâneas. O patriotismo, outrora tido erroneamente como o último refúgio dos canalhas e por isso deixado esquecido no fundo das gavetas do passado, parece que veio à luz, com força sua revigorada, mostrando que, talvez, esse seja o único porto seguro em que atracar.
O vermelho rubi intenso com matizes que, em lugar e tempo algum, provou ser promissor à vida, mostra que esses movimentos, em frente aos quartéis, estão no caminho certo, mesmo indo contra um sistema poderoso dentro e fora de nossas fronteiras. A simples observação de quem são aqueles que torcem contra esses manifestantes, já, em si, é uma certeza de que a população nas ruas está onde deve estar. Antes que seja tarde demais e que o garrote vil dê sua última volta atrás do pescoço de todos.
A frase que foi pronunciada:
“Estou com a consciência tranqüila de ter servido bem a meu país. Tenho certeza de que sou o baiano que mais amou a Bahia. Esse meu amor talvez tenha sido a coisa mais importante da minha vida. E ser querido pelos baianos é o que me faz feliz”.
ACM
Pratas da Casa
Na gráfica do Senado uma exposição de fotografia de fazer cair o queixo. Veja a seguir algumas fotos de Raul Grilo e Washington Brito.
História de Brasília
As primeiras informações dão conta de que o aumento do pessoal da NOVACAP será somente para efetivo. Nada mais injusto. Os efetivos conseguiram estabilidade irregular, e agora desfrutarão de aumento também irregular. Os que entraram depois da lei de estabilidade continuarão como estão, enquanto o custo de vida continuará aumentando. (Publicada em 14.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Tem causado muita apreensão, aos produtores e aos próprios proprietários de terras e outros imóveis, tanto nas áreas rurais como urbanas, a decisão, tomada por maioria dos ministros do Supremo, que, à guiza de atualizar as ordens de remoção e despejos, suspensas há quase dois anos por conta da pandemia, que autorizou, além da retomada do regime legal para essas ações, a introdução de regras transitórias para as ocupações coletivas. O que a população está entendendo é que, com isso, a reintegração de posse só será possível se for antecipadamente mediada por comissões de conflitos fundiários, que sequer foram criadas nos Tribunais de Justiça. Em outras palavras, a posse e a propriedade privada de imóveis fundiários e urbanos passam ser relativas. Agora o proprietário não pode chamar a polícia para coibir invasão de seu imóvel, pois corre risco de ser preso, caso o invasor prove que foi vítima de violência. Somente os juízes auxiliados por essas comissões poderão decidir o destino da propriedade.
Não causa espanto que essa decisão tenha provocado alvoroço no mercado, receoso de que os processos de reintegração de posse se arrastem por anos na Justiça. Conhecendo a morosidade de alguns tribunais, para aqueles que não possuem condições financeiras de arcar com os altos custos de uma boa banca de advogados, muitos processos de reintegração simplesmente serão remetidos para “Dia de São Nunca”.
Se você, contribuinte, possui mais de um imóvel e tem a má sorte de ter um deles vazio, a situação é de desespero, caso essa propriedade venha a ser invadida por uma família de baixa renda e que não tenha para onde ir. Nesse caso, somente a Justiça poderá resolver o conflito. A devolução do imóvel para seu legítimo proprietário passa a ser uma incógnita, podendo acontecer ou não. Trata-se aqui de um arremedo de justiça, onde a propriedade privada é considerada um verdadeiro anátema ao sistema.
No ano passado, a Câmara dos Deputados avançou nas discussões com o Projeto de Lei 827/2020, com a agregação de outras emendas, suspendendo a execução de ordens de despejo de imóveis comerciais e residenciais, em razão da pandemia. Houve, naquele período, um certo cuidado, por razões humanitárias que famílias fossem despejadas de imóveis com aluguéis modestos, em plena pandemia. Ocorre que não se cuidou, em tempo algum, de criar mecanismos para a proteção da propriedade privada. Naquele momento de grande comoção, em que a doença se alastrava, alguns parlamentares, aproveitaram essas brechas de caráter humanitário para avançar além dos limites razoáveis, propondo, inclusive, a proibição de decisões de desapossamento e reintegração em todo o território nacional, estendendo esses benefícios tanto para os imóveis privados como públicos, mesmo após o fim oficial da pandemia. Juristas têm considerado esse projeto como um verdadeiro ataque ao direito inalienável à propriedade, na medida em que veda a autotutela de posse, ou a autorização legal para se defender de invasores.
A realização de audiências de negociação e mediação a serem feitas após a pandemia, ainda não aconteceu e o problema segue em suspenso. Enquanto isso, não há segurança jurídica alguma que garanta a posse efetiva da propriedade privada. O texto do projeto ainda não revogado deixa claro que: “Para fins do disposto nesse artigo, aplica-se a suspensão nos casos, dentre outros: execuções de decisões liminares e de sentenças, em ações de natureza possessória e petitória, inclusive quanto a mandatos pendentes de cumprimento; despejos coletivos promovidos pelo Poder Judiciário, desocupações e remoções promovidas pelo Poder Público, medias extrajudiciais, despejos administrativos em locações e arrendamentos em assentamentos e autotutela da posse”.
A frase que foi pronunciada:
“A diferença entre ocupação e invasão é nenhuma para quem paga os impostos em dia e tem uma propriedade tomada pelas mãos de estranhos.”
Adalberto Menezes
Surpresa
Para chegar à Secretaria de Economia, o estacionamento é bem concorrido. Lavadores de carro sempre a postos, gentis, comércio improvisado atende às necessidades dos trabalhadores ao redor. Veja as cenas que assustaram os frequentadores daquele local, com um acontecimento inesperado. A seguir.
Acredite se quiser
Acesse no link German euthanasia clinics refusing unvaccinated customers, a matéria original publicada no Expectator sobre uma das exigências de uma clínica alemã para realizar a morte assistida. É requisito, para a operação, que o paciente apresente comprovante de vacinação contra o Coronavírus.
ABC Prodein
Projeto Social Contraturno Escolar, que oferece gratuitamente, para a comunidade de baixa renda, aulas de Informática, Música, Esportes, Jogos lúdicos, recreação, reforço escolar e alimentação precisa de doações. O endereço é na Área Especial 22 da Estrutural. Pix 982123736.
História de Brasília
Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)