Categoria: ÍNTEGRA
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha@gmail.com
colaborador mamfil@outlook.com
Guerras, guerrilhas, atentados terroristas e conflitos armados de toda espécie e em todo o planeta, ao longo da maior parte da história humana, têm, a grosso modo, raízes comuns e facilmente identificáveis. Deixando de lado os aspectos puramente econômicos, os principais fatores que aparecem sempre como catalisadores ou como pano de fundo dessas carnificinas sistemáticas são de ordem política, religiosa ou militar — isso desde o surgimento das primeiras civilizações no vale dos Rios Eufrates e Tigre. Ao longo de milhares de anos os homens vêm sendo caçados e mortos com animais em nome da política, da religião e do militarismo.
Numa análise mais ligeira, poderia se pensar, então, em acabar com essa mortandade, cortando o mal pela raiz, por meio da eliminação pura e simples da política, da religião e do militarismo. Nada mais falso e mais impossível. Alguns analistas acreditam que a entrada da humanidade no terceiro milênio ou o fim da adolescência da espécie só ocorrerá, de fato, quando ela se libertar das amarras da política, tal como ainda desenhada hoje, qualificar e aperfeiçoar os modelos de representação atual, por meio de efetiva participação de todos, em tempo real, via meios virtuais. Na outra ponta, a evolução da espécie a levaria também ao descarte da atividade militar, representada principalmente pelo fim da indústria bélica, da corrida armamentista e dos exércitos.
Essa maturidade humana, acreditam eles, se completaria e teria seu coroamento simbólico com a eliminação ou abandono das religiões que aí estão. Para alguns pensadores, o homem do futuro prescindirá dessas antigas ancoras, doravante baseando as relações pessoais e com o próprio planeta por meio de modelos calcadas exclusivamente numa ética humana e universal.
Para alguns radicais, a redenção da espécie humana virá somente quando o último político for enforcado nas tripas do último pastor e ambos enterrados na cova onde jaz o derradeiro militar. Mesmo que isso venha a ocorrer algum dia, ainda assim não cessariam as hostilidades entre os homens. Bastaria apenas que uma flor resplandecesse mais que outra, em outro jardim, para todo o processo retornar ao ponto de partida.
Aquela flor mais rutilante foi obra de Deus dada somente àquele homem, dirão os novos profetas. Aquela flor mais notável é decorrente da interação mais intensa daquele jardineiro com outros, dirão os políticos. Aquela flor notável surgiu naquele jardim, por que é ali o local mais seguro para ela, dirão os militares. Enquanto não se chega à conclusão satisfatória, mata-se o jardineiro, destrói-se o jardim, arranca-se a flor.
A frase que foi pronunciada
“O Brasil é um velho Oeste sem nenhum candidato a xerife.
Bruna Ribeiro, estudante
Matagal e escuridão
Há décadas, os caminhos da UnB que levam às quadras da Asa Norte são perigosíssimos pela falta de iluminação. Estupros, furtos e roubos são comuns. Agora, com as facilidades eletrônicas os alunos da universidade fizeram o que a prefeitura deveria ter feito: um mapa dos locais onde é necessária iluminação. A promessa foi feita. O prefeito professor Marco Aurélio Gonçalves de Oliveira garantiu que novos postes serão instalados.
Atenção
Com lobby pesado os defensores do canabidiol para tratamento de algumas doenças precisaram aguentar a presença de alguns parasitas mal-intencionados. Em um hang out ficou o registro de que tudo estava combinado para aprovar em um pulo. Foi o que aconteceu. Os pacientes que precisam do canabidiol estarão a salvo. Como jabuti, o THC entrou no texto. Liberado também.
Consciência
O movimento Brasil sem Drogas está com força suficiente para reverter a conquista dos mal intencionados. O próprio senador Cristovam Buarque ficou horrorizado com o depoimento de mães de viciados. O que parece droga para recreação, em alguns adolescentes pode se transformar em inferno para a família.
Conad
Pior. O lobby para trazer as drogas para o Brasil está querendo mais. Mês que vem, na ONU a intenção do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas é de que o país deixe de ser signatário, automaticamente se desvinculando dos compromissos em proteger a população contra drogas, que passarão a ser lícitas.
História de Brasília
Estão fazendo guerra fria, com relação à Legalidade no rio Grande do Sul. A Marinha divulga que a obstrução do canal da Lagoa dos Patos poderá trazer colapso para o abastecimento de gêneros e de gasolina ao Estado; o Exército licencia todos os cabos e sargentos do III Exército, e a Aeronáutica informa que não há nenhum avião militar em Porto Alegre. Todos voaram para o Rio. Guerra fria, e fria mesmo. (Publicado em 2/9/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha /colaboração Mamfil mamfil@outlook.com
Somente o desprezo pelo Estado, incluídas todas as suas instituições, e, sobretudo, desdém pelos mais elementares direitos da nação, é que podem explicar a situação atual de derrocada total, tanto do Partido dos Trabalhadores, quanto de suas principais lideranças.
As últimas manifestações de rua a favor do impeachment da presidente Dilma enterraram de vez, em cova rasa da indigência, 13 anos de um governo que, a princípio, poderia ter dado certo, devido ao grau de adesão de primeira hora do grosso da população às suas teses originais, dada à esperança de todo um povo em mudanças.
O tempo, com seu ralador implacável, cuidou de transformar em farinha contaminada o índice de popularidade inédito, superior a 80%. A população deu e agora tomou. Perdeu o partido, com o carimbo duradouro do descrédito. Perdeu a sociedade, que terá de arcar com os prejuízos de terra arrasada deixada para trás e o tempo para reconstruir tudo novamente.
Para a democracia em formação, a experiência renderá lições preciosas, principalmente um manual sobre o que não fazer. Piores, nessa experiência mal lograda e infeliz, serão as consequências para o conjunto da população sob a forma de uma cizânia belicosa.
Sem dúvida, a maior herança maldita legada aos brasileiros foi cuidadosamente semeada, dia após dia, e tinha como objetivo claro, numa primeira fase, dividir para dominar. Posteriormente, essa tática divisionista viria a ser sistematicamente empregada como meio de desviar a atenção das pessoas para os reais problemas que surgiam à medida que as investigações policiais avançavam. Coxinhas, golpistas, nós contra eles, elite conservadora, brancos de olhos azuis e outros rótulos forjados a ferro e fogo como tatuagens.
O mesmo separatismo foi utilizado, no passado, pelos nazistas, para dividir os arianos dos judeus, obrigados a trazer marcado na pele a estrela de Davi. Essa é, entre todos os legados, a verdadeira semente do mal. Essa é a mesma semente germinada recentemente nos Bálcãs e que custou centenas de milhares de vidas.
Ao colocar o partido e seus ditames acima da vida e da dignidade humana, essa gente que agora se despede deixou à mostra seu desprezo pelo outro, tratado como inimigo a ser eliminado. De todas as acusações que poderão levar ao processo de impeachment desse governo, nenhuma é mais grave e mais nefasta, por seus efeitos deletérios do que induzir e lançar os brasileiros numa rinha fratricida e insana. Trata-se aqui de instigar e catalisar o genocídio, na sua forma mais cristalina, vista em diversos outros casos na história da humanidade.
A frase que foi pronunciada
“Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.”
Mario Quintana
Conde
Fernando Conde dá uma dica à redação para fazer matéria sobre a carne de bode. Segundo nosso leitor, e com o meu aval, trata-se de carne saudável e de bom paladar. Ele afirma que sem colesterol. Em Brasília, valeria a pena maiores esclarecimentos sobre a procedência dessa carne. A missiva termina com uma convocação dos patrícios nordestinos para se organizarem e formarem um pool de negócios por tão saudável iguaria.
Novidade
Tem gente que já comprou terreno no céu. Mas agora ficou mais fácil para quem quiser trazer o céu para o chão. O Senado votou, em segundo turno, a isenção de IPTU para igrejas. O projeto é do senador Crivella.
Reunião
Rogério Rosso, deputado federal, é um homem sério, apto para a missão que lhe foi conferida. Com o relator, Jovair Arantes, conduzirá as discussões na comissão especial do impeachment da presidente Dilma. O documento assinado pelos juristas Helio Bicudo e Miguel Reale Jr. e pela advogada Janaina Paschoal provocou a instalação da comissão especial.
Emater-MG
Estudos feitos pela Emater mineira nos municípios de Mariana, Barra Longa, Ponte Nova e Rio Doce apontaram prejuízo em torno de R$ 23,2 milhões aos produtores rurais diretamente atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco. Os técnicos da empresa visitaram cada uma das propriedades.
História de Brasília
E por falar em DCT, o que ele devia fazer era espalhar agências para receber correspondência, pagar condignamente aos seus funcionários, melhorar as condições de higiene de todas as suas repartições em todo o Brasil, e moralizar, enfim, o serviço, que é o pior do mundo. (Publicado em 2/9/1961)
De todos os diálogos de Lula, captados pela Polícia Federal e que vieram agora ao conhecimento da população, nenhum é tão significativo e sintomático quanto a confissão feita por ele à presidente Dilma de que estaria “sinceramente assustado com a república de Curitiba”.
A alusão à República do Galeão de 1954, que antecedeu e, de certa forma, catalisou os acontecimentos que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas, é clara, mas objetiva e historicamente imprecisa e falsa. Trata-se aqui, mais uma vez, do tradicional método leninista de falsificar os fatos, moldando acontecimentos do passado a imagens do presente, distorcendo a verdade e dando-lhe roupagem nova, feita sob medida para induzir o público a erro de avaliação.
A insistência de Lula em fundir sua imagem à do ex-presidente Getúlio Vargas é recorrente e tem como pano de fundo apenas uma estratégia marqueteira de reforçar a imagem populista e real de pai dos pobres, conferida a Vargas, mas que, em absoluto, se encaixa no perfil do petista. Comparar Vargas com Lula beira a sandice. Quem se interessa por história reconhece nessa comparação apenas mais um estelionato.
Já para quem se interessa por psicanálise e, de algum modo, quer entender um pouco sobre o senhor Lula, um bom começo é assistir ao filme Zelig, de Woody. Nessa história, Leonard Zelig, sofre de estranho distúrbio de personalidade que o leva a se comportar como camaleão. Recorrendo à mentira sistemática, o personagem se faz passar por outras pessoas.
Esse comportamento decorre de vontade inconsciente de se sentir pertencente e ser aceito pela sociedade e, de certo modo, se ajustar à vida em seu redor. Dentro da teoria do coitadismo, o que o ex-presidente pretende e tenta passar adiante, de fato, na nomeada “república de Curitiba” é a sua própria versão de que existe uma perseguição movida pelas elites odiosas contra sua pessoa, seu governo e seu pretenso legado em prol dos menos favorecidos.
Na verdade, o que assusta Lula na república de Curitiba é justamente a desconstrução de sua imagem moldada com esmero pela máquina de propaganda personalista, azeitada com muitos milhões de reais e cujos artífices estão no catre, aguardando companhia. O problema com ídolos de pés de barro é que, na intimidade, à luz iconoclasta da verdade, eles são apenas fantasmas.
A frase que foi pronunciada
“A Justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal, a balança sem a espada é a impotência do direito.”
Rudolf Von Jhering
Desequilíbrio
Está na Comissão de Educação do Senado projeto que altera a Lei Rouanet. A ideia é que propostas de instituições públicas de ensino superior sejam também beneficiadas com recursos para cultura e arte. O que não está claro é a contrapartida. As universidades públicas que recebem verbas do governo concorrerão com iniciativas privadas ou particulares.
Registro
Muito se fala e pouco se faz. Aquele que não ficou satisfeito com o atendimento em hospitais públicos deve encaminhar reclamação ao Ministério Público e aos conselhos Regional e Federal de Medicina. Uma pessoa apenas pode não mudar, mas uma população que registra a insatisfação tem maior chance de fazer o sistema acompanhar a demanda.
Seu direito
Seguro obrigatório é um mistério. Existe desde 1974, mas investe pouco em publicidade. O DPVAT é pago com o IPVA e a verba vai para uma empresa particular, o que gera dúvidas. Para dar entrada na Seguradora Líder ao DPVAT, em caso de acidente, o procedimento é simples e não há necessidade de despachante ou advogado.
Dúvidas
Por falar nisso, há um parecer da Silveiro Advogados sobre uma empresa particular receber o DPVAT, que diz: “Restarão, sim, maculadas a livre concorrência e a livre iniciativa, princípios constitucionais básicos e gerais de toda a ordem econômica e financeira, bem como restará caracterizado exercício abusivo do poder de controle, por parte dos acionistas controladores”.
Dificuldades
Alunos que acreditaram no Fies estão penando. Uma estudante, que pede para não ser identificada com medo de represália, conta que, a cada semestre, o Banco do Brasil vai tornando mais difícil recepcionar os documentos para o financiamento. Burocracia exagerada, cobranças descabidas e, principalmente, o desencontro de informações abusam do tempo que não tem para dispor. Na Caixa, as reclamações são menos frequentes.
História de Brasília
O DCT está divulgando a mentira que está recebendo telegramas em código, dos países da “Cortina de Ferro” para conhecidos comunistas brasileiros. Se for verdade, muito pior, porque cabia à repartição reter os telegramas, com apoio da Justiça, e não divulgar para provocar apreensão. (Publicado em 2/9/1961)
Detalhes, desses perdidos entre os fragmentos e miúças da vida, por algum capricho dos deuses, possuem o poder de conferir significado colossal aos acontecimentos e coisas do dia a dia. Não à toa dizem que “Deus mora nos detalhes”. Também é neles que estão as pistas fundamentais que levam aos esclarecimentos e à origem dos fatos.
Na cerimônia oficial, preparada com pompa e circunstância pelo Palácio do Planalto para marcar a entronização do ex-presidente Lula, agora na armadura blindada da Casa Civil, quis o destino que um detalhe, desses nascidos no fundo da plateia escolhida a dedo, ganhasse repercussão maior do que a própria solenidade empolada em si.
Logo que começou o discurso, a presidente Dilma e a audiência seleta presente no local, assim como milhões de brasileiros que acompanhavam a transmissão ao vivo pela tevê, foram surpreendidas pelos gritos do deputado Major Olímpio (SD-SP), até então desconhecido para a maioria dos brasileiros. Lá do fundo da plateia, ele gritou, mais uma vez e alto e bom som, a palavra vergonha.
Por longos instantes, balde de realidade fria e viscosa — enviado talvez pelas ruas agitadas — foi repentinamente despejado sobre as cabeças coroadas. No curto lapso de tempo que se estendeu entre o ato físico de escutar e entender o significado da introdução daquela expressão estranha ao ato sagrado e a identificação do autor da blasfêmia, a cerimônia ficou suspensa no vácuo…
Graças à difusão da tecnologia das imagens e sons, introduzidas no nosso cotidiano e que podem ser acessadas repetidas vezes num simples clique, ao que se assiste, naqueles instantes eternos — comuns às vítimas de atentados à bomba, surpreendidas pelo estampido e pelos destroços —, é a expressão de incredulidade das autoridades presentes.
Num futuro distante, quando historiadores se detiverem no garimpo e no levantamento desses registros documentados, provavelmente darão ao episódio o título de “A posse da vergonha”. Nesse dia, dirão que a expressão corrente na língua portuguesa foi introduzida, pela primeira vez, naquele Palácio casto. Dirão também os arqueólogos do futuro, com suas minúcias, que a nova expressão, ali introduzida, significava, naquele tempo, algo como desonra, ultraje ou opróbrio. Difícil para os pesquisadores será a identificação do rubor na face, comuns nas pessoas que sentem verdadeiramente vergonha na cara, naquela solenidade, já que a maioria dos ali presentes estavam, estranhamente, uniformizados de vermelho, sem sinal de embaraço.
A frase que foi pronunciada
“Sou ex-opositora de um regime de força que provocou em mim dor e me deixou cicatrizes, mas não tenho nenhum revanchismo.”
Interrompida por lágrimas, quando falava em seu discurso de posse, a presidente Dilma mal poderia prever que hoje, sua permanência no poder, também depende do respaldo do Exército.
Observação enviada pelo leitor Edvaldo de Oliveira
Leitor
E os moradores de Mariana continuam abandonados. Ou nós saímos da inércia e da politização virtual para a ação, ou uma hora essa boiada vai estourar desordenadamente. Pode demorar, mas vai estourar. Missiva de Pedro Cardoso da Costa.
Registro
Toda a família de Miguel Alves Lopes nos pede para registrar elogio especial ao pediatra dr. Sasaki, a enfermeiros, técnicos, equipe da pediatria, auxiliares da limpeza e merendeiras. Internada por quatro dias, a criança foi rodeada de cuidados e carinho e graças à competência dos funcionários do HUB. Miguel voltou para casa curado.
Doação
Por falar nisso, a brinquedoteca do HUB está precisando de doações. Definitivamente, é um local importante para a cura da meninada. Ali, a estada no hospital se torna mais agradável sob os cuidados da pedagoga Bianca, que trabalha com entusiasmo, contagiando as crianças com sua alegria.
Interrogação
Não faz muito tempo, o senador Aloysio Nunes Ferreira disse que o “governo não é do PT, está sem pai nem mãe”. Durante a festa dos 36 anos do PT, foi apresentado o documento O futuro está na retomada das mudanças. O senador criticou o anúncio porque o texto é diferente das propostas defendidas pelo governo. Hoje, a única certeza sobre o futuro e o governo é a dúvida.
Pois é
“A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil serviria para impedir as investigações contra ele? Absolutamente não. Os juízes da Corte Suprema obviamente são tão apegados à lei e à ordem jurídica como quaisquer outros juízes. Dizer que Lula está escolhendo foro privilegiado seria duvidar da idoneidade dos ministros do STF”, explica Paulo Abrão, secretário executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul.
História de Brasília
A Shindler até hoje não chegou a um acordo com o Ipase, no que diz respeito ao funcionamento dos elevadores do Bloco 11 da Superquadra 208. O serviço é péssimo, e o elevador está parado toda a vez que dele se precisa. (Publicado em 2/9/1961)
Na tênue teia que vai se enredando o principal personagem político desses últimos 14 anos, estão presos, além do partido e da sucessora no cargo, todo o governo e, por tabela, o Estado, inclusive o Poder Legislativo. Paralisados, à espera da aranha da lei que avança sobre os ímprobos.
Ao país, só resta aguardar o ato final e o desfecho de uma saga que mistura política e polícia na mesma proporção. De positivo, vislumbra-se o aflorar de um Estado mais depurado e, por conseguinte, uma democracia mais aprimorada, expurgada da ação nefasta de falsos e numerosos partidos, sempre alheios aos reais interesses da nação.
Para um Estado que se vê obrigado a sustentar tantas e tão diversas legendas, o mínimo que se poderia esperar é que tivesse iniciativa de deliberar para cessar a crise. Na verdade, a crise demonstra claramente a total inutilidade e até mesmo o prejuízo para o cidadão em manter superestrutura partidária, formada por miríade de legendas de aluguel, que funcionam mais como clube fechado, voltado ao atendimento dos interesses dos associados da cúpula.
O processo insidioso que permite que o partido no poder possa se imiscuir na máquina pública, parasitando a administração é, entre as muitas variáveis da crise, o fator que mais chama a atenção e, por isso mesmo, clama por reparos urgentes.
O governo de coalizão, baseado, isso sim, na cooptação de partidos, por meio de prebendas, deve ser banido de imediato. Qualquer reforma que minimize a ingerência de partidos na gestão pública será um avanço na política brasileira. É preciso, e isto é consenso entre muitos brasileiros, vedar o acesso desses clubes políticos à máquina administrativa, fechando a porteira do Estado à ação infecciosa dessas instituições.
Se a democracia não pode prescindir de partidos para funcionar, do mesmo modo não pode existir sabotada por multidão de agremiações de fantasia. Nesse dilema, de aparente complexidade, a solução passa primeiro pela redução dos excessos, filtrando esses clubes de acordo com um rígido esquema de cláusula de barreiras.
A quantidade, em nosso caso, nos conduziu à superdosagem, levando nossa recém-democracia a envenenamento grave. Também o Tribunal Superior Eleitoral, criação exótica de nossa Carta, mostrou que, em momentos de crise, é inócuo. Mais do que políticos articulados e incensados, o país necessita agora de autênticos brasileiros. Quem sabe eles estejam em meio à grande multidão que as ruas anunciam.
O texto que não foi escrito:
“Nação brasileira, nos perdoe. Mentimos. Defendíamos uma Nação e criticamos as elites. Hoje fazemos parte da elite que sempre criticamos. Da banda podre da elite. Da parte desonesta, que rouba. E, para dizer a verdade, valeu a pena. Estamos riquíssimos. Temos dinheiro para qualquer parada. Preso ou não, o dinheiro é só meu e ninguém tasca. Isso tudo vai passar e vocês vão esquecer e me adorar novamente. Esperem para ver. Pensamos na política como bem comum. Antes, queríamos estar no poder; hoje, defendemos nos manter no poder. Para mim, é bem comum viajar, voar, ficar nos melhores hotéis, comer do bom e do melhor. Tentem vir para o poder para vocês verem como é bom. Duvido que queiram deixar isso aqui! Estou cantando e andando para o que vocês pensam. Por isso, nem percebi em que jatinho estava viajando para escapar da prisão. Eu aprendi que ser do governo é buscar o bem social dessa galera daqui. Quero mesmo que vocês briguem bastante, negros contra brancos, ricos contra pobres, homossexuais contra héteros. Assim, vocês me esquecem um pouco. Nossa meta é deixar mais ricos os ricos, ensinar os filhos a tomarem parte desse queijo. Façam tudo para o povo continuar manso e ignorante. Assim a gente consegue mais tempo nesse paraíso. Perdão, Brasil. Quando eu dizia bem de todos vocês deveriam entender bem de todos os meus amigos, interesseiros ou não. Perdão, mas não estou arrependido. Nem teria do que me arrepender. Essa é a verdade. “
Carta jogada na Esplanada assinada por um ex-presidente
Tranquilidade
Se uma comissão especial levar 45 dias para analisar o impeachment da presidente Dilma, ela pode descansar tranquila. Esse número de dias equivale a 10 anos na memória do brasileiro. Basta ver que uma multinacional acabou com um rio do Brasil e ninguém fala mais nisso.
Alerta
Policiais avisam para motoristas desviarem de frutas jogadas nas pistas. Ladrões estão usando essa tática para furar pneus. As frutas são carregadas de pregos.
Elogio
Por falar nisso, o comandante-geral da PMDF, coronel Nunes, deu uma excelente reformulada na rotina da segurança da cidade. A toda hora, carros da polícia são vistos pela cidade, em rondas e abordagens. Até o fechamento da coluna, a Polícia Militar foi eficiente nas manifestações no DF.
Hábito
Em Brasília, não se buzina porque o trânsito é educado. Mas há uma mudança de hábito.
Agora, é praxe. São raros os carros que passam em frente ao Palácio do Planalto sem buzinar.
Reclamação constante
Ônibus que transitam na W3 Sul não respeitam a faixa própria. Ocupam todas as pistas, muitas vezes apostando corrida para pegar os passageiros à frente. Perigo para todos.
Competência
Se foi de propósito, perdeu. Quando a presidente Dilma trocou o nome de uma deputada pela deputada Ângela Amim, acabou lembrando ao país e, especialmente, a Santa Catarina, que a brilhante carreira e o passado ilibado da sra. Amim são a garantias necessárias para que ela ocupe a prefeitura de Florianópolis.
História de Brasília
Depois que o Heron Domingues foi suspenso, o Repórter Esso deixou de ser o grande informativo, de prestígio em todo o país. Ontem, por exemplo, no Rio comeu barriga quando informou extraordinariamente que o sr. João Goulart havia renunciado. (Publicado em 2/9/1961)
Povoada de indivíduos medíocres instalados nos mais diversos postos do Estado, nossa pobre República se tornou tão frágil e instável que não resiste à bisbilhotice das provas eletrônicas. E não resiste, por um simples detalhe: nas conversas e nos diálogos que são travados nos principais gabinetes das autoridades em Brasília, o conteúdo é pra lá de antirrepublicano, não raras vezes na contramão do que reza o próprio Código Penal. Pelo que a sociedade tem visto, lido e ouvido até aqui, as tratativas firmadas por nossas autoridades entre quatro paredes, no mínimo, afrontam a Constituição.
É justamente nessa contradição, em que a coisa pública é tratada bem longe do interesse e da curiosidade pública, que afundamos todos. Ao pé do ouvido, o Estado é retalhado e dividido quase que democraticamente entre os muitos apoiadores das manobras. A política, deformada nos alicerces, tornou-se ramo de negócio. Os acordos políticos não vão além de tratativas comerciais, em que o importante é o quanto vão render, para cada um dos negociantes, os acordos fechados. Com gente assim, nossa República se transformou em grande feira, onde tudo é negociável, inclusive a ética pública.
Fosse permitida à nação escutar os diálogos travados nos gabinetes do terceiro andar do Planalto ou durante almoços e jantares no Alvorada, o alerta de que “a casa caiu” poderia ser substituído pela frase “o Palácio caiu”. O governo, em primeiro plano, e a República como um todo perderam o último e principal pilar, que os sustentava perante a sociedade e pode ser resumido na palavra credibilidade. Mesmo nas mais insignificantes negociações comerciais do dia a dia, exige-se a figura da credibilidade, quiçá quando o que está em jogo é toda uma nação.
Quão comprometedores, perigosos e ilegais são os diálogos de nossas autoridades jamais saberemos na integralidade, mas, pelo pouco que se tem vazado para a sociedade, já é possível ter noção suficiente de que estamos sendo levados por mãos erradas. Não falem de ilegalidade da prisão coercitiva. Por favor, não citem Constituição ou Estado democrático de direito. Chega de embaçar a realidade com sopa de letrinhas. Quem é autoridade e rouba devolve o dinheiro e é preso. Com líderes desse calibre, marchamos incontinentes para a ruína certa.
A frase que foi pronunciada
“A verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade o que o conserva no rebanho e chama de mentira o que o ameaça ou exclui do rebanho. […] Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho.”
Friedrich Wilhelm Nietzsche
Boa ideia
Farmácia, motel, mercado. As mulheres cadeirantes de SP criaram um aplicativo, o Biomob, onde há dicas dos melhores lugares com acessibilidade para as tarefas do dia a dia.
Elas
Serasa Consumidor realizou pesquisa interessante. Depois que 2 milhões de pessoas abriram o Cadastro Positivo da Serasa, foi possível atestar o que todos já sabiam. A renda média das mulheres é menor que a dos homens. O que foi novidade: elas, menos inadimplentes, comprometem menos a renda com dívidas.
Dé-jà-vu
“Nós, da Rede, temos vários desafios, entre eles a construção de um partido formado apenas por pessoas íntegras, que se preocupem com as pessoas e não apenas com projetos de poder. Além disso, vamos trabalhar aliados à sociedade para que todos possam ser protagonistas da transformação”, ressaltou Chico Leite quando eleito para a Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade.
Luta de sempre
Visite o portal http://corrupcaonao.mpf.mp.br/como-participar para participar do combate à corrupção. No cafezinho da Câmara, a ideia era depositar o Imposto de Renda devido na conta da Polícia Federal, não mais da Receita. Logo apareceu alguém para esclarecer que o pensamento é subversivo.
Valor
O advento da internet valorizou mais ainda a paixão dos filatelistas. Aos poucos, os selos vão ganhando valor com a modernidade. É ótima maneira de ensinar história e geografia, no mínimo, para a criançada.
História de Brasília
Tenho que agradecer aos Costas, da Rádio e TV Nacional, a minha inclusão no programa Maiorais da Semana. Não compareci porque a correspondência ficou retida no Correio Braziliense e só hoje a recebi. (Publicado em 2/9/1961)
Qual seria o último ato ou cena que marcaria o grand finale e fechamento das cortinas nesta que é a maior e mais longa novela política de todos os tempos? Aprovado o impeachment pela Câmara dos Deputados, Dilma vive seus derradeiros momentos em um Palácio da Alvorada virado de cabeça para baixo. Tudo está fora de lugar. Os servidores deslizam de um lado para outro com os olhos arregalados. Nem eles nem Dilma sabem o que é dormir nas últimas semanas. Neste ponto, a abstinência do sono misturou realidade e fantasia, e o cenário lembra mais um antigo hospital psiquiátrico, com suas portas e janelas altas e pessoas silenciosas e vagarosas, perdidas numa bruma fria nos amplos salões.
Por volta das duas horas da manhã, Dilma está sentada no alpendre do palácio, que, um dia, acreditou que seria seu para sempre, com sua camisola longa e branca. O cabelo está em desalinho. No rosto pálido e vincado, uma aureola escura em volta dos olhos, lembrando um cansaço sem fim, chama a atenção. Inconsolada e abandonada por todos, inclusive pelo criador, Dilma agora é alma penada em seu castelo mal-assombrado, prestes a ser expulsa do paraíso pela espada de fogo dos anjos da lei.
Buscando entender onde e como tudo começou, a presidente sai às escondidas do Alvorada e segue para a Praça dos Três Poderes, onde parte de sua vida foi agitada como redemoinho. De camisola branca e uma garrafa de vinho nas mãos, Dilma troca os passos pela praça deserta. Bebendo na boca da garrafa, se dirige para a frente do Supremo, onde passa a pronunciar palavras incompreensíveis contra o prédio vazio. Gesticula muito e, entre um trago e outro, avista a estátua da Justiça ali defronte. Numa manobra só permitida aos amigos do álcool, consegue escalar o monumento e deixa-se adormecer por uns instantes no colo de uma Themis de granito impassível.
Acordada com descortesia por um vigia local que não reconhece a inquilina do Planalto, Dilma é expulsa do local. Com o dia raiando, o vulto de uma mulher esguia vestida com sua camisola branca com uma garrafa de vinho na mão segue descalço e meio sem rumo tentando voltar ao palácio para se recompor. No meio do caminho, se deixa convencer que um raio de sol está seguindo seus passos. Acreditando tratar-se de uma epifania, começa a delirar e atravessa de vez a tênue fronteira que separa a razão da loucura, desaparecendo entre os museus dali, para nunca mais ser vista.
A frase que foi pronunciada
“O Brasil está derretendo.”
João Marcelo, 8 anos, ao ouvir notícias de violência, corrupção e doenças
Jovem cidadão
Visita especial na Câmara Legislativa do DF. Alunos da rede pública de ensino conheceram a casa das leis do DF. Na notícia enviada pela comunicação da Casa, Daniel Araújo da Silva, 12 anos, declarou que “foi muito bom a minha escola poder participar dessa visita à Câmara. Eu tinha vontade de saber como era aqui dentro e eu só ouvia falar na televisão. Agora, eu sei mais”.
Jovem senador
No Projeto Jovem Senador, a criançada de todo o país envia uma redação com o tema definido. Os autores dos textos escolhidos vivenciam no plenário a experiência de um parlamentar.
Quase lei
Uma das sugestões apresentadas pela meninada é que escola do ensino médio e fundamental de todo o país ofereça pelo menos um ponto de acesso à internet. A ideia vai avançar como projeto de lei e será discutida na Comissão de Direitos Humanos e Legislaçao Participativa.
Release
A Associação Médica de Brasília comemora um avanço na psiquiatria do Distrito Federal. Em setembro, será realizada a 1ª Semana Distrital de Valorização da Vida. “Essa é uma grande vitória para a psiquiatria. O suicídio é um caso gravíssimo de saúde pública”, afirma o diretor de Comunicação da AMBr, Antônio Geraldo da Silva. De acordo com a Lei nº 5.611/12, a ação deve ocorrer na semana que compreender o 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
História de Brasília
Sobre a renúncia do sr. Jânio Quadros, quando serenarem os ânimos, e começarem os depoimentos para a história, nós publicaremos, aqui, declarações interessantes do último encontro do sr. Jânio Quadros com os Ministros Militares. (Publicado em 2/9/1961)
Lula chega ao fim de sua trajetória meteórica três décadas depois de alçar voo, percorrendo uma parábola perfeita, do chão ao céu e do céu de volta ao chão, onde corre agora o risco de voltar a ser pó. O número de filiados desapontados aumentou. Enfim, perceberam que foram usados para que Lula e toda a turma da cúpula pudesse lamber os dedos nos aposentos das elites. Era só isso o que procuravam.
Apesar dos discursos veementes, de ter sido pontual contra as falcatruas, as prioridades da sociedade estão em desequilíbrio constante com as prioridades de Lula. Enquanto a reforma política não reorganizar a situação atual, a administração continuará ao relento, deteriorando-se a cada golpe do clientelismo, do corporativismo e da corrupção.
Acontece uma revolução no Brasil. Uma revolução de mentalidade, cultura, participação. Sem isso nunca serão possíveis mudanças efetivas que extirpem de vez o câncer da corrupção. Obrigar a devolver o que foi roubado e punir exemplarmente os envolvidos, para que passem a pensar duas vezes antes que se rendam às propostas ilícitas.
O tempo dirá como tudo ocorrerá. Como chefe do Executivo, Lula flanava pelos ares ajudado pelo bafo quente da turba de bajuladores que inflava seu balão. Ao público, dizia odiar as elites. À meia-luz, ceava com elas em saraus magníficos e se sentia no paraíso. Pelas elites foi usado como mais um despachante de luxo, alojado no 3º andar do Palácio do Planalto. Não ouviu o conselho de Barack Obama: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que te avisam quando você erra”.
Se a oposição entendesse um pouco sobre as artimanhas do destino, saberia que foi bafejada pela sorte quando perdeu a última eleição para Dilma e seu partido em 2014. Ao se ver derrotada em 2014 para a chefia do Executivo, a oposição, sem querer, se livrou da maior e mais nefasta herança que um sucessor pode adquirir.
Caso Aécio ou Marina assumisse a Presidência e se deparasse com a casa arrasada que havia por trás das portas do Palácio do Planalto, de nada adiantaria vir a público e reclamar do caos. Na eventual sagração da oposição, o Partido dos Trabalhadores espalharia, aos quatro ventos, que a ruína do país, agora escancarada, fora criação proposital dos oposicionistas para culpar os antecessores. A vitória da oposição a tornaria dona e fiadora do caos.
Da mesma forma, mas em sentido oposto, se as hostes petistas pudessem prever o que viria a seguir à posse do segundo mandato de Dilma, cuidaria ou de apontar outra figura para concorrer ao pleito, ou forçaria a barra para perder as eleições e se livrar, em grande parte, da avalanche de escândalos e descalabros que deixaram para trás. Assim, por razões inversas, quis o destino ou algo sobrenatural que quem ganhou perdeu e quem perdeu ganhou sem saber.
Ainda assim, na conta de chegar, somando e dividindo tudo, coube à população ficar com um baú abarrotado de infortúnios. Diferentemente do governo e de seus aliados, que, uma vez apeados do poder, se desmancharão no ar e não deixarão rastros. Restará apenas o prejuízo para a sociedade trabalhadora pagar. Será preciso retornar pelo mesmo caminho, recolher os cacos e, sobre os escombros deixados, reconstruir novamente o país.
A frase que não foi pronunciada
“Criar o futuro é um desafio até para os otimistas.”
Ulisses Guimarães, de onde estiver, pensando no Brasil
Insigne
No Rio de Janeiro, a marca BIC, com criação da agência Y&R e produção da Conspiração, deu um susto nos pais da criançada do Colégio Santa Marta. Aplicou neles a mesma prova que as crianças haviam feito na semana anterior. O resultado foi surpreendente. Apenas os pais que tinham o hábito de estudar com os filhos alcançaram nota satisfatória. Essa experiência gerou o minidocumentário Segredo que desperta a emoção do dono do mais duro coração.
Representatividade
José Carlos Moreira De Luca, do Sicoob Empresarial, reúne gente experiente para a próxima gestão. Vale dizer que os associados eram 4,2 milhões no fim de 2010. Em 2016, passam de 8 milhões.
Procon
Hoje, das 10h às 18h, em frente ao Brasília Shopping, o Dia do Consumidor será comemorado com instruções, esclarecimentos, orientação, consulta e registro de reclamações. Os fiscais também estarão no shopping para orientar consumidores e fornecedores sobre as normas e o devido cumprimento da legislação de consumo. Mais informações pelos telefones 2104-4338 e 8164-1941.
HUB
A capacitação dos funcionários e a implementação de uma ouvidoria têm dado resultados positivos na qualidade de atendimento do Hospital Universitário de Brasília. Em entrevista ao longo de 2015, 74% dos pacientes mostraram-se satisfeitos com o HUB. Do total dos entrevistados, 97 indicariam o hospital para atendimento de outro familiar. Parabéns a todos os responsáveis pela conquista.
Prisão
No cafezinho da Câmara, alguns jornalistas comentavam sobre a decisão da juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga de Oliveira. Ela encaminhou para o juiz Sérgio Moro a denúncia contra Lula, que pede a prisão preventiva. A conclusão foi que Lula, há muito tempo, é prisioneiro. Da falta de conhecimento das leis, do deslumbramento e dos falsos amigos, que se aproximam levados a interesses claramente obscuros.
História de Brasília
Poucas pessoas estiveram mais chegadas ao sr. Jânio Quadros do que o diretor dessa revista, embaixador do governo em missão junto aos países da Cortina de Ferro. (Publicado em 2/9/1961)
Na tênue teia que vai se enredando o principal personagem político destes últimos 14 anos, estão presos, além seu partido e sua sucessora no cargo, todo o governo e, por tabela o próprio Estado, incluído aí o Poder Legislativo. Paralisados, à espera da aranha da lei que avança sobre os ímprobos.
Ao país só resta aguardar o ato final e o desfecho de uma saga que mistura política e polícia na mesma proporção. De positivo, vislumbra-se o aflorar de um Estado mais depurado e, por conseguinte, uma democracia mais aprimorada, expurgada da ação nefasta de falsos e numerosos partidos, sempre alheios aos reais interesses da nação.
Para um Estado que se vê obrigado a sustentar tantas e tão diversas legendas, o mínimo que se poderia esperar é que tivessem iniciativa de deliberar para cessar a crise. Na verdade, a crise demonstra claramente a total inutilidade e até mesmo o prejuízo para o cidadão em manter uma superestrutura partidária, formada por uma miríade de legendas de aluguel, que funcionam mais como um clube fechado, voltado ao atendimento dos interesses dos associados da cúpula.
O processo insidioso que permite que o partido no poder possa imiscuir-se na máquina pública, parasitando a administração é, dentre as muitas variáveis da crise, o fator que mais chama a atenção e por isso mesmo clama por reparos urgentes.
O governo de coalizão, baseado, isto sim na cooptação de partidos, por meio de prebendas, deve ser banido de imediato. Qualquer reforma que minimize a ingerência de partidos na gestão pública, será um avanço na política brasileira. É preciso, e isto é consenso entre muitos brasileiros, vedar o acesso desses clubes políticos à máquina administrativa , fechando a porteira do Estado a ação infecciosa dessas instituições.
Se a democracia não pode prescindir de partidos para funcionar, do mesmo modo não pode existir sabotada por uma multidão de agremiações de fantasia. Nesse dilema, de aparente complexidade, a solução passa primeiro pela redução dos excessos, filtrando esses clubes de acordo com um rígido esquema de cláusula de barreiras.
A quantidade, em nosso caso, nos conduziu à superdosagem, levando nossa recém democracia à um envenenamento grave. Também o Tribunal Superior Eleitoral, uma criação exótica de nossa Carta, mostrou que em momentos de crise é inócuo. Mais do que políticos articulados e incensados, o país necessita agora de autênticos brasileiros. Quem sabe eles estejam em meio a grande multidão que as ruas anunciam.
Tranquilidade
Se uma comissão especial levar 45 dias para analisar o impeachment da presidente Dilma, ela pode descansar tranquila. Esse número de dias equivale a dez anos na memória do brasileiro. Basta ver que uma multinacional acabou com um rio do Brasil e ninguém fala mais nisso.
Alerta
Policiais avisam para motoristas desviarem de frutas jogadas nas pistas. Ladrões estão usando essa tática para furar pneus. As frutas são carregadas de pregos.
Elogio
Por falar nisso, o comandante-geral da PMDF, coronel Nunes, deu uma excelente reformulada na rotina da segurança da cidade. A toda hora carros da polícia são vistos pela cidade, em rondas e abordagens.
Pro atividade
É preciso um estudo eficiente da drenagem urbana. Não é possível que 20 minutos de chuva causem tanto transtorno à cidade.
Reclamação constante
Ônibus que transitam na W3 Sul não respeitam a faixa própria. Ocupam todas as pistas, muitas vezes apostando corrida para pegar os passageiros na frente. Perigo para todos.
Homenagem
Patrícia Freire, chefe da Comunicação da Candangolândia, Núcleo Bandeirante e Park Way nos enviou o release com extensa programação pela passagem dos 55 anos da região. Festas, shows, almoços organizados com carinho pela e para a comunidade. Mais informações na administração do Park Way.
906 sul
Tânia Fontenele convida a comunidade brasiliense para participar das últimas projeções do filme Poeira e Batom – 50 mulheres na construção de Brasília , com legenda em francês. A Aliança Francesa estará de portas abertas no sábado a partir das 11h e nos dias 14 e 15 duas sessões: às 16h e 18h30. Haverá um bate papo com as senhoras e diretora do filme. Aos admiradores de Neusa França, a apresentação terá um toque especial, com os depoimentos e performance da pianista no filme. Homenagem a pianista Neusa França autora do Hino de Brasília que faleceu dia 8/3 e que participou do filme contando sua chegada e experiências na nova capital.
Quando Millôr Fernandes disse que “o advogado é o sócio do crime”, muitos profissionais da lei se sentiram atingidos. Protestaram e ameaçaram o filósofo do Leblon com ações por calúnia, difamação e outras medidas judiciais. Vale voltar ao tempo, em maio de 2012 mais precisamente, quando o procurador Manoel Pastana encaminhou ao MP de Goiás pedido de investigação sobre os honorários pagos pelo empresário Carlinhos Cachoeira ao seu advogado Marcio Thomaz Bastos.
Enquanto as ilações foram veementemente combatidas, o art.180 do Código Penal continuava a tipificar como crime quando “adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. Ressalte-se o §3º, que diz que também é crime “adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso”, que é compreendida como receptação culposa.
Ao ver, de lá para cá, o desfile infindável de escritórios de advocacia de alto coturno, contratados para a defesa da maioria dos réus da Operação Lava-Jato e de outras investigações envolvendo este governo e quejandos, volta a sensação de importância do assunto suspensa no ar.
Alguns desses advogados estrelados representam mais de um cliente envolvido na rapinagem da Petrobras. Os honorários, claro, custam alguns milhões de reais e, em muitos casos, há indícios de que sejam pagos com o mesmo dinheiro que foi surrupiado da petrolífera.
Ao fim, ao cabo, quando a Justiça de Curitiba bater o martelo com as derradeiras sentenças desse escândalo espetacular, boa parte da dinheirama desviada, irá para conta dos defensores. A parte restante será tomada nas defesas em segunda Instância e quiçá em recursos ao Supremo. No fim da história, serão os caros escritórios de advocacias que provavelmente embolsarão quase a totalidade da riqueza desviada da estatal.
Saber se é lícito usar o mesmo dinheiro da propinagem para custear a defesa de seus clientes não abala a fé dos causídicos. A bem da verdade, o correto e o sensato seria obrigar quem desviou dinheiro público a recorrer apenas a defensores públicos, nomeados pelo Ministério Público. Com a decisão do STF de fechar as comportas, obrigando o cumprimento das penas, após condenação em segunda instância, a indústria das liminares e dos recursos, tão preciosa aos escritórios, foi estancada.
Surpresas vindas desse nicho não cessam. Agora o Sindicato dos Advogados de São Paulo, uma franja da CUT, entrou com representação contra o juiz Sérgio Moro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a pedido do advogado e amigo do ex-presidente Lula, Roberto Teixeira. Quando essa longa novela policial chegar ao último capítulo, os renomados advogados terão enxugados as lágrimas dos muitos clientes, com os talões de cheques deles mesmos.
A frase que foi pronunciada
Que pretendes, mulher? Independência, igualdade de condições… Empregos fora do lar? És superior àqueles que procuras imitar. Tens o dom divino de ser mãe. Em ti está presente a humanidade!
Cora Coralina
Mistério
Ainda não obtivemos informação precisa sobre uma armação de ferro deixada na área verde da QL2 do Lago Norte. A ouvidoria da Administração ficou de esclarecer na semana passada. Os moradores terão que aguardar a resposta um pouco mais de tempo.
Novidade
Está dando o que falar a ideia de dona Elza Bezerra, gerente de um motel de luxo de Brasília. Os objetos esquecidos ao longo de alguns anos vão dar bom retorno aos funcionários. Relógios, colares, anéis e até bengalas serão parte de um bazar, já que os objetos não podem ser devolvidos.
Oportunidade
Mais uma vez informamos os moradores do Lago Sul que, na Paróquia do Perpétuo Socorro, em frente ao Gilberto Salomão, voluntárias estão recebendo adultos que desejem aprender a ler. As turmas estão sendo formadas e ainda há muitas vagas. Contato: Bete: 9906-0236 ou Regina: 8407-3396
História de Brasília
Tiraram a Loba Romana da coluna onde ela se encontrava na Praça Municipal. Furtada ou recolhida a alguma repartição, ninguém sabe, mas a cidade ficou sem o presente da Prefeitura de Roma. (Publicado em 2/9/1961)