Categoria: ÍNTEGRA
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Segundo levantamento recente feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), uma mulher é estuprada no país a cada 11 minutos. Esse número pode ser ainda bem maior, já que dados confirmam que dos 527 mil casos de brasileiros que sofreram violência sexual em 2013, apenas 10% foram registrados na polícia. O pior é que os casos de abusos e de assédio registrados em todo o país só têm aumentado. Qualquer índice que se analise mostra que a situação das mulheres brasileiras é de extremo perigo e requer combate urgente, não só por parte das autoridades competentes, mas por toda a sociedade diuturnamente.
Infelizmente, os maus-tratos acontecem aonde menos se espera. Segundo os dados, 38,72% das mulheres em situação de vulnerabilidade sofrem agressões diariamente; para 33,86%, a agressão é semanal. Diversos relatos de violência registrados nas Centrais de Atendimento indicam que, apenas nos 10 primeiros meses de 2015, 85,85% corresponderam a situações de violência doméstica e familiar contra as mulheres. Em 67,36% dos casos, as violências foram cometidas por homens com quem as vítimas tinham ou tiveram algum vínculo afetivo: companheiros, cônjuges, namorados ou amantes, ex-companheiros, ex-cônjuges, ex-namorados ou ex-amantes das vítimas.
Em cerca de 27% dos casos, o agressor era familiar, amigo, vizinho ou conhecido. Para se ter uma ideia desse quadro dramático e que envergonha os brasileiros de bem, nos 10 primeiros meses de 2015, do total de 63.090 denúncias de violência contra a mulher, 31.432 corresponderam a denúncias de violência física (49,82%), 19.182 de violência psicológica (30,40%), 4.627 de violência moral (7,33%), 1.382 de violência patrimonial (2,19%), 3.064 de violência sexual (4,86%), 3.071 de cárcere privado (1,76%) e 332 envolvendo tráfico (0,53%). Os atendimentos registrados pelo Ligue 180 revelaram que 77,83% das vítimas têm filhos e que 80,42% dos filhos presenciaram ou sofreram a violência.
Segundo a última pesquisa DataSenado sobre violência doméstica e familiar (2015), uma em cada cinco mulheres já foi espancada pelo marido, companheiro, namorado ou ex. E 100% das brasileiras conhecem a Lei Maria da Penha. A violência contra mulheres no Brasil causou aos cofres públicos, em 2011, um gasto de R$ 5,3 milhões somente com internações. O dado foi calculado pelo Ministério da Saúde e mostra que 5.496 mulheres foram internadas no Sistema Único de Saúde (SUS), apenas no ano passado, em decorrência de agressões sofridas por pessoas de suas relações. Qualquer nação civilizada que preze pelo futuro de seus membros tem na proteção de suas crianças, mulheres e idosos o mais precioso e inafastável dos objetivos.
DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.brDesde 1960
Com o passar dos meses, aumenta a impressão, entre os brasilienses, de que os problemas na área de saúde pública do Distrito Federal caminham para estado de colapso generalizado. A situação parece vir num processo lento de degradação, por mais que o GDF empreenda esforços no sentido contrário. O que parece é que os remédios empregados para deter a piora nos serviços do setor não têm sido devidamente prescritos. No aprendizado de medicina, uma parte fundamental do curso é despendida no ensino da semiologia ou propedêutica, que analisa os sinais e sintomas das doenças. Esse estudo é essencial para formar um quadro real do paciente e, com isso, levar a um diagnóstico preciso.
Mesmo nesses cursos, os avanços na tecnologia, vêm substituindo o saber ancestral médico pelos diagnósticos originados de máquinas. Os médicos, hoje, confiam muito mais nos exames de laboratórios e de imagens do que nos métodos de contato e conversa com seus pacientes. Não é por outra razão que uma simples consulta, dura o necessário apenas para o médico prescrever os exames complementares que as máquinas farão na sequência. Não se deve menosprezar o poderio de máquinas com o Petscan e o Raios X, na área médica. Da mesma forma, deve-se aprimorar o estudo da semiologia, como fazem as escolas de medicina da China e de outras partes do mundo.
É esse diagnóstico do diálogo, nascido da perscrutação profunda das causas e não das consequências, que parece faltar também nas áreas de administração da saúde pública. Falta ao gestor de saúde um diagnóstico do setor. O que a população assiste, com apreensão a cada dia, é à corrida desesperada do governador à Câmara Legislativa ou aos órgãos federais em busca de mais e mais recursos para a área de saúde pública do DF. Parece que o governador, à semelhança de uma criança que brinca na praia, cavou um buraco na areia e, com um baldinho, tenta transferir toda a água do mar para essa cavidade.
Na Câmara Legislativa, Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde colocou à disposição dos cidadãos um Disque-Denúncia (3348-8751) para coletar reclamações e dados sobre o setor. É um primeiríssimo passo de uma longa jornada. De saída, sabe-se que do número de vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), 1.071, apenas 281 estão no Sistema Único de Saúde (SUS). A demanda por leitos hospitalares é aquém da demanda há muitos anos, como mostra um estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM). Nos últimos seis anos, 820 leitos foram desativados.
Brasília ocupa o terceiro lugar no Brasil em encerramento de leitos. Pessoas que deveriam estar nas UTIs, são obrigadas a aguardar vagas, por dias, em corredores insalubres e muitas não resistem. Faltam profissionais médicos e enfermeiros em todas as unidades. O problema é nacional. De acordo com o CFM, em 70% dos estados não há número de leitos de UTI recomendado pelo Ministério da Saúde.
Em Brasília, ocorre uma distorção flagrante: tem uma das piores disponibilidade de leitos do SUS por 10 mil habitantes, (0,96) ao lado do Rio de Janeiro. Mas a cidade está entre as melhores capitais na média de leitos privados de todo o país. O grande número de ações judiciais mostra o caos no setor. Em contrapartida, o GDF já gastou este ano quase R$ 100 milhões a mais somente com vigilância, limpeza a alimentação nos hospitais. Desde janeiro, foram empenhados quase R$ 250 milhões com serviços de manutenção de hospitais e unidades de saúde. Herdado da gestão passada, o dilema do GDF ainda não foi solucionado: gasta mais em manter a estrutura física dos hospitais do que em medicamentos. Ou o governo começa a pensar num meio de criar estruturas de pessoal próprio para manter e fornecer alimentos para a rede de saúde, ou ficará eternamente refém dessas empresas. E olhem que essa é apenas uma ponta do iceberg.
A frase que foi pronunciada
“Parece inegável que a haverá diminuição na independência funcional dos atos de controlar e fiscalizar internamente o Poder Executivo. E, em um momento tão conturbado como o que o Brasil vivencia atualmente, principalmente do ponto de vista político e judicial, atos da Presidência devem sempre fortalecer e dar mais independência aos órgãos de combate à corrupção, e não os subordinar, provocando o efeito oposto.”
Senador Randolfe Rodrigues
Vale a pena
Atenção, quem evita alimentos com agrotóxicos. Hoje começa a 12ª Semana dos Alimentos Orgânicos do DF. O evento é organizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e tem vários órgãos como parceiros — entre eles, a Emater-DF. Até domingo, consumidores, produtores e técnicos terão a oportunidade de conhecer o progresso da produção orgânica. Dia de Campo — Sistemas de Produção Agrícola Sustentáveis, das 9h às 12h, na maravilhosa Fazenda Água Limpa da UnB, no Núcleo Rural Vargem Bonita.
Sociedade
Duli Mittelstedt, ao piano, acompanha o tenor Georgiano Giorgi Gelashvilli. Um concerto promovido pela Embaixada da Georgia, que acontecerá no Clube Naval.
História de Brasília
Em toda esta crise, Brasília mostrou que é, realmente, a capital do país. Em nenhum instante a solução veio do Rio, o remédio veio de fora. Isolada, como dizem seus inimigos, no Planalto Central, nunca esteve tão próxima de todo o mundo como nesses últimos dias, graças ao excelente equipamento de comunicações. (Publicado em 6/9/1961)
DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.brDesde 1960
Desde que a frota de Cabral aqui aportou em 1500, o Brasil nunca experimentou uma verdadeira revolução, no sentido de transformação profunda e radical dos costumes. Do ponto de vista dos índios que habitavam essas paragens, a chegada do branco europeu inaugurou a temporada de invasores que viriam na sequência em grande número, pondo fim definitivo ao paraíso de Pindorama. Para eles, talvez, tenha havido uma revolução, no sentido negativo do termo.
Seguimos assim, meio adormecidos e desanimados durante todo o período colonial. Da mesma forma, continuamos lerdos ao longo da fase de império. Novidades, quando havia, chegavam com meses de atraso e não animavam o grosso da população. Prosseguimos, igualmente, deitado eternamente em berço esplêndido ao longo dos período republicano.
Seguimos assim, meio aparvalhados durante a primeira década do século 21, incorporando pequenas mudanças, mas sem o ímpeto para sacudir a poeira de 500 anos de história. O tamanho territorial do país e a miscigenação inédita de povos de três continentes conferiram à nossa personalidade traços de comportamento que oscilam entre a abulia profunda e os píncaros da ansiedade. Seguimos assim, meio Pedro Malasartes, meio Macunaíma.
O homem cordial e inzoneiro, propenso a substituir as regras do manual pelo jeitinho fácil. Não fossem os avanços da tecnologia da comunicação, prosseguiríamos esquecidos e felizes nesta parte do planeta, alheios ao restante da humanidade. Talvez tenha sido justamente essa interação com o restante da espécie humana que tenha reacendido nos jovens o desejo de sacudir a poeira. Lampejos dessa inquietação repentina foram propiciados pelas gigantescas manifestações de rua que varreram um governo que se propunha a permanecer para sempre no poder.
No futuro, quando os pesquisadores se debruçarem sobre a história dos brasileiros, o curto período que marca as recentes manifestações de rua merecerá detida análise, justamente por marcar um acontecimento sui generis na nossa trajetória como nação. Nossa revolução popular contra a indiferença secular das autoridades foi propiciada pelas facilidades cibernéticas e arregimentação das pessoas, trazidas pela tecnologia dos celulares e pelas redes sociais interligadas à internet, mesmo que a limitem propositadamente.
Sem esses recursos da ciência moderna, dificilmente haveria as grandes manifestações de ruas. Indiretamente, também, o governo Dilma foi apeado do poder pela tecnologia. Deve-se também aos avanços da tecnologia o nível de informação factual da atual geração, que toma conhecimento dos fatos, em tempo real, diminuindo assim o período de resposta.
A despeito desses avanços, nossas escolas permanecem relegadas ao passado de atraso, alheias ao progresso e presas a métodos de ensino que já não empolgam e atraem os mais jovens. Os mesmos movimentos de rua que expulsaram Dilma e sua turma do Palácio do Planalto ameaçam agora sacudir as escolas de todo o país com a tática de ocupar esses espaços até que autoridades adotem medidas moralizadoras e de transparência na gestão dos recursos públicos. Os escândalos refentes aos desvios de recursos da merenda escolar, como ocorridos em São Paulo, poderão se alastrar por todo o país a um clique do celular ou do computador.
O que começou como um caso de corrupção ganhou pauta mais atualizada e mira agora na precariedade física de nossas escolas e na forma atrasada como ainda lidamos com a educação de jovens. Passados esses instantes de interinidade do governo Temer, essa poderá ser a nossa segunda revolução e a que, sem dúvidas, trará maiores benefícios futuros para a nação.
História de Brasília
Ausência marcante: ministros militares. Quando se formava no pátio de manobras a guarda de segurança do sr. João Goulart, os ministros militares, da Marinha, Exército e Aeronáutica, tomaram um avião da FAB e rumaram para o Rio. (Publicado em 6/9/1961)
DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Na avaliação de quem entende e conhece bem os bastidores do Supremo Tribunal Federal, como o ex-ministro Carlos Ayres Britto, as tentativas e insinuações da classe política, flagradas nos diálogos interceptados pela Polícia Federal, revelando que haveria um grande acordo entre os Poderes para atenuar os efeitos da Operação Lava-Jato, não terão êxito. A razão, segundo crê, é singela: qualquer acordão esbarraria na vontade popular, que é soberana e que, por questões óbvias, defende a operação.
Em entrevista recente, o ministro afirmou: “Jamais o Supremo entraria neste tipo de orquestração, de conluio. O Supremo é um fidedigno intérprete e aplicador do sistema jurídico a partir da Constituição. A Lava-Jato está vacinada contra qualquer tentativa de embaraço, de desfazimento, de bloqueio, ela se autonomizou”.
Para a parcela majoritária dos juristas que defendem a Operação Lava-Jato, as inúmeras escutas telefônicas captadas e que chegaram ao conhecimento do público, revelam uma característica comum aos políticos brasileiros de um modo geral, que é a facilidade com que vendem aquilo que, efetivamente, não podem entregar.
Somente o sentimento de onipotência de alguns políticos pode explicar os recentes diálogos. Mesmo as tentativas já ensaiadas, como é o caso do deputado petista Wadih Damous, que apresentou projeto proibindo delações de acusados que estejam presos, parecem não ter futuro algum no parlamento. A pressão popular e a lupa da opinião pública sobre tentativas de melar a Operação Lava-Jato estão mais presentes e atuantes do que nunca.
Para o ex-ministro do STF, a Lava-Jato “se autonomizou”. O que equivale a dizer que ela adquiriu vida própria, acima dos partidos políticos e dos Poderes. Para Ayres Britto, que já ocupou a presidência daquela Corte em 2012, numa fase também de grande turbulência da República, a Lava-Jato, nestes dias, “passou a ser uma questão de honra nacional.”
A operação, hoje, considera o ministro, “é um patrimônio objetivo do país. Não há governo, não há bloco político, não há conluio que impeça a Lava-Jato de prosseguir”.
Por todo o país, têm se multiplicado os manifestos em defesa da Operação Lava-Jato: nas universidades, nas associações de classe, entre juristas e alunos de direito. Na realidade a investigação ganhou status suprapartidário, se distanciando, inclusive, do traumático processo de impeachment.
Sabedores desse fato, muitos políticos ou tomam distância dessa polêmica, ou a apoiam publicamente para ficar de bem com eleitorado. Nessa altura dos acontecimentos e com o nível de informação atual da sociedade sobre o andamento dos processos na Lava-Jato, colocar-se contra a operação, mais do que nadar contra a corrente de milhões de brasileiros, é, para os políticos, suicídio eleitoral.
Nessa fase, para os eleitores, pouco interessa o fato de o candidato ser de esquerda ou de direita. Importa saber como ele se posicionou com relação a Operação Lava-Jato. Até mesmo o Supremo, segue na mesma direção da população e tem considerado, reiteradamente, que as tentativas de acordos para obstruir a operação, quando flagradas, representam tentativa contra os trabalhos da Justiça e da ordem. Nesses casos, é mandar para a cadeia, como aconteceu, pela primeira vez na história republicana, com a prisão do senador Delcídio do Amaral. O que está ocorrendo com esta Operação é, na opinião de Ayres Britto, a “união virtuosa e democrática entre o direito penal e os princípios republicanos”.
A frase que não foi pronunciada:
“Gente, alguém dá de presente um gravador Tascam DR40 para o sr. Sérgio Machado? Pelo amor de Deus! A qualidade do áudio parece gravada em cera.”
Alguém no meio dos repórteres na entrada da Chapelaria no Senado.
Artigo
Na prática, a Petrobras detém o monopólio dos terminais, dutos e refinarias, o que inviabiliza a competição no mercado. Dessa forma, a liberação dos preços, ocorrida em 2002, faz pouco sentido. Em cada litro de gasolina vendida por R$ 3,635, uma parcela de cerca de R$ 1,427 deve-se ao recolhimento de tributos. A gasolina é o combustível mais tributado no Brasil. Conclusão do artigo de Paulo César Ribeiro Lima, consultor Legislativo da Câmara dos Deputados.
História de Brasília
Um sargento da Aeronáutica recomendou para seus comandados: qualquer ordem arbitrária, qualquer ordem de violência, seja dada por quem for, não poderá ser obedecida. Prestem atenção. (Publicado em 6/9/1961)
DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Entra e sai governo, e o problema da revitalização da avenida W3 persiste sem solução à vista. Ao longo dos anos, alguns concursos públicos para a escolha de um projeto de urbanização dessa importante via de comércio da cidade foram realizados, os resultados e os vencedores foram divulgados e conhecidos de todos, mas, até agora, nada de prático. Ocorre que esses projetos vencedores, com o passar do tempo e do esquecimento, ficaram, de certa forma, datados, e as soluções apontadas não se encaixam nas exigências atuais. Burocracias à parte, o problema com a decadência das avenidas W3 Sul e Norte, à primeira vista, não necessita de cérebros sofisticados para se chegar a bom termo.
De saída, o que essas vias requerem, com urgência, é limpeza e uniformização das calçadas. Ao longo de todo o trecho, ambas as avenidas não dispõem de piso largo, uniforme, limpo e convidativo para as pessoas perambularem despreocupadas. Calçadas bem desenhadas, com as exigências que um bom desenho técnico recomenda, representam a pré-condição para a revitalização da área, atraindo pessoas de todas idades e condições físicas.
No caso da W3 Sul, importante, ainda, é a reconstrução das marquises em frente às lojas, dentro dos padrões atuais, dando mais segurança e abrigo aos passantes. Fundamental também nas duas avenidas são a limpeza e a padronização dos letreiros e propagandas das lojas, acabando com a poluição visual que enfeia e prejudica os locais.
As paradas de ônibus necessitam ser revitalizadas, seguindo o padrão Brasília, com conforto e segurança aos usuários do transporte público, dentro do que propõe o desenho modernista. A ideia de revesti-los com azulejos Athos Bulcão pode ser pensada.
O problema com a infiltração de comércio nas quadras 700 Sul, que são residenciais, pode ser tranquilamente resolvido, usando-se, para isso, a lei e a autoridade do governo para levar esses empreendedores para a área destinada a esse fim que fica logo ali, atravessando a avenida, nas quadras 500.
Deixar essas importantes ruas de comércio entregues à criatividade e à inventividade de cada um desses comerciantes, resultou no que se tem agora: uma avenida que é o retrato do terceiro mundo. Pior, bem no coração da capital. O prolongado descaso das autoridades com essa região, traz prejuízos para a população e para os próprios comerciantes que vêm os clientes serem tangidos para os shoppings e outros pontos de comércio mais seguros e limpos.
Desfiguradas com a proliferação de puxadinhos verticais e horizontais, a situação é calamitosa nessas avenidas. Sujeira, poluição visual, barreiras físicas e outras anomalias urbanas impõem providências urgentes, principalmente agora em momento de profunda crise econômica, quando milhares de estabelecimentos comerciais fecham as portas.
Revitalizar a avenidas W3 Sul e Norte pode ser a redenção da atividade econômica não apenas nessas áreas específicas, mas para toda a cidade, trazendo mais movimento na economia, comércio, mais lazer, mais empregos, e devolvendo aos brasilienses duas importantes vias, conforme idealizadas por seus projetistas.
A frase que foi pronunciada
“A máquina política triunfa porque é uma minoria unida atuando contra uma maioria dividida.”
Will Durant
Uma por todos
Poucas pessoas em Brasília estimulam os artistas como Flávia Obino Boeckel. Concretiza exposições, apresenta um talento ao outro, dá conselhos, organiza jantares. É uma raridade altruísta no campo das artes. Estudou em várias instituições importantes do Brasil e do exterior. Nenhum dos diplomas dos vários cursos que fez registrou essa qualidade. Aqui está o agradecimento de todos os artistas que você apoiou, Flavita.
Convenhamos
São 180 dias para tentar encontrar qualquer coisa que jogue fumaça no desfalque do Partido dos Trabalhadores aos cofres públicos. O mestre da arte da política, José Sarney, está longe desse burburinho petista. A conversa muito mal gravada sobre a solidariedade do ex-presidente a Sérgio Machado não traz nenhum indício de ilícito.
Dados
Resultados estarrecedores apresentados em audiência pública na Câmara dos Deputados. Lançado o primeiro Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens. Daniel Cerqueira, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, disse que o Brasil perde R$ 150 bilhões com a morte dos jovens a cada ano no Brasil. Uma juventude que poderia ser parte do desenvolvimento do país.
História de Brasília
Muito benfeito, o policiamento. A não ser o caso criado com o deputado Osmar Cunha, nada houve de anormal. O comportamento dos soldados foi exemplar. (Publicado em 6/9/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
José Aparecido, ex-governador de Brasília no período 1985-988, talvez tenha sido, dos administradores da capital, aquele que mais percebeu as sutilezas e a complexidade simples e clara apresentadas no projeto de Lucio Costa. Tanto entendeu que levou a cabo na sua gestão a inserção da cidade como patrimônio cultural da humanidade. Foi dele também a iniciativa de convidar o famoso urbanista para visitar a cidade, um quarto de século depois de construída, para colher, diretamente do criador, alguns subsídios para possível adequação aos novos desafios urbanos que se impunham à época.
É dessa fase o documento intitulado Brasília revisitada, no qual Lucio Costa detalha, no seu estilo límpido, não só as razões que levaram a tomada de partido (escolha ou opção por um determinado desenho), bem como as variáveis e possibilidades para o crescimento e expansão da cidade sem ferir os princípios que a nortearam.
O problema com acréscimo de elementos extemporâneos a um objeto clássico, no caso modernista, é que a inserção de uma única unidade pode macular todo o conjunto, pondo a perder uma obra por completo. Seria o mesmo que agregar uma roupa mais moderna ou um corte de cabelo mais atual à Monalisa, de Leonardo da Vinci.
Em Brasília revisitada, Lucio Costa traçou de próprio punho as possibilidades que visualizava para a expansão da capital, não sem antes fazer uma crítica educada e oportuna àqueles que se consideram muito moderninhos e avant garde.
Naquela ocasião, escreveu: “Refiro-me aos empreendedores imobiliários interessados em adensar a cidade com o recurso habitual do aumento de gabaritos; e aos arquitetos e urbanistas que, reputando ‘ultrapassados’ os princípios que informaram a concepção da nova capital e a sua intrínseca disciplina arquitetônica, gostariam também de romper o princípio dos gabaritos preestabelecidos, gostariam de jogar com alturas diferentes nas superquadras, aspirando fazer de Brasília uma cidade de feição mais caprichosa, concentrada e dinâmica, ao gosto das experiências agora em voga pelo mundo; gostariam, em suma, que a cidade não fosse o que é, e sim outra coisa”.
De fato, ao que se assiste desde que a capital foi emancipada politicamente foi que o inchaço demográfico, decorrente que uma política de atrair pessoas em troca de votos, provocou uma supervalorização nos preços das terras urbanas — o que, por sua vez, atiçou a cobiça de especuladores imobiliários ambiciosos. É dessa junção nefasta entre políticos espertos e empreendedores gananciosos que a cidade vem sendo comida pelas beiradas, infestada por puxadinhos horrendos, como um bigode rabiscado sobre o rosto enigmático da Monalisa.
A frase que foi pronunciada
“É fácil avaliar o juízo ou a capacidade de qualquer homem quando se sabe o que ele mais ambiciona.”
Marquês de Maricá
Respeito
Totalmente humanizado o atendimento no Centro Brasileiro da Visão, na L2 Sul. Respeito ao paciente, e uma raridade: horário marcado e cumprido. As instalações limpas e agradáveis. A gestão diretora e a qualidade do corpo médico mostram uma administração impecável. Dr. Marcos Ávila e equipe lutaram para alcançar esse nível, tanto de atendimento quanto de serviço. A população de Brasília agradece.
Mente brilhante
Se a pessoa é correntista da agência bancária há mais de 24 anos, se está com o crachá funcional e a agência é no órgão público em que trabalha, se todos os dados são de fácil conferência, se a Justiça reconhece um documento autenticado como original, e se o banco diz que “É mais você!”, a dúvida do leitor é a seguinte: Por que negar o atendimento para quem porta um documento de identificação autenticado?
Mais essa
Receita Federal aumenta a burocracia para a chegada de material científico-tecnológico. Se o parlamento não agir, a tributação sobre equipamentos científicos será uma âncora no desenvolvimento principalmente das atividades universitárias.
Discurso
O Diário do Nordeste assinala o transcurso do 50º aniversário de instalação do distrito industrial de Maracanaú, no Ceará, cuja implantação ocorreu no governo Virgílio Távora, quando Mauro Benevides exerceu a Presidência do Poder Legislativo cearense, aprovando as medidas preliminares de ampla ressonância da iniciativa. O resultado foi o desenvolvimento da economia regional, com maior geração de empregos.
História de Brasília
Entre os presentes ao local de desembarque, estavam muitos deputados que votaram a favor da emenda parlamentarista, e votariam, se fosse ocaso, o impedimento do sr. João Goulart. (Publicado em 6/9/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Depois de 13 anos a pão e água, uma luz no fim do túnel acende a possibilidade de o Itamaraty vir a retomar seu importante papel na condução da política externa brasileira. Num mundo onde tecnologias, como a internet, vão tornando obsoletas as fronteiras físicas e a mundivisão pavimenta a estrada da humanidade rumo à Aldeia Global, ao Ministério das Relações Exteriores é reservado, talvez, a mais importante missão entre todas as instituições do Estado.
A posse de José Serra, mesmo não sendo diplomata de carreira, no cargo de chanceler, abre novo tempo na Casa de Rio Branco, colocando-a de volta no eixo da racionalidade e dos reais interesses do Estado. Em seu discurso de posse, considerado atual e realista, Serra traçou importantes diretrizes, para trazer de volta ao Itamaraty o reconhecimento e o respeito que a instituição sempre teve por parte das nações.
A diplomacia, afirmou o novo ministro, “voltará a refletir de modo transparente e intransigente os legítimos valores da sociedade brasileira e os interesses de sua economia, a serviço do Brasil como um todo e não mais das conveniências e preferências ideológicas de um partido político e de seus aliados no exterior”.
O mundo que o novo chanceler encontra pela frente, contudo, é visivelmente diferente daquele do início do século 21, quando os preços das commodities agrícolas e do petróleo estavam em seu mais alto patamar, o que, de certa forma, organizava o conjunto das nações em blocos de acordo com os interesses de cada uma naquele momento específico.
Com relação aos nossos vizinhos do continente, os problemas ganharam um tom mais dramático com o fim do ciclo populista ou esgotamento do chamado bolivarianismo, que afetou negativamente muitos países latino-americanos, empurrando-os de volta ao maniqueísmo vazio dos anos da Guerra Fria na década de 1960.
Adormecida e empobrecida, a América Latina se tornou hoje o maior desafio para os interesses econômicos do Brasil e, por extensão do Itamaraty. Amarrado umbilicalmente a um Mercosul que prometia ser a redenção do continente frente a um mundo que se organizava em blocos, esse organismo, formado em 1991, é um forte entrave ao comércio externo do Brasil.
Transformado em valhacouto de uma esquerda fascista, o Mercosul e a Unasul, assim como o próprio Itamaraty, terão que se repaginar por completo se quiserem fazer frente a um mundo em transformação permanente e onde fantasias de ditadores e salvadores da pátria não têm mais assento.
A frase que não foi pronunciada
“Nenhum país reforma seu Estado e sua política para depois decidir o que fazer com eles reformados. A reforma só acontece quando precisa acontecer — no meio de uma luta para reorientar o caminho econômico e social, e assim será entre nós.”
Roberto Mangabeira Unger, sobre reforma política
Batalha
Ouvindo os ataques do senador Telmário Mota contra o senador Romero Jucá, a foca de uma revista do Rio Grande do Sul comentava no tapete verde do Senado: “Mas bah! Como o senador Telmário atacava o Jucá com veemência. Quase acreditei”.
Jornalismo
Como disse Rangel Cavalcante em sua coluna no portal Política real, o Congresso se transformou em “um amontoado de parlamentares despreparados e muitos, muitos mesmo, envolvidos em processos criminais, principalmente de corrupção. A baderna tomou contra do Legislativo. Jamais se viu um deputado cuspindo na cara de outro em toda a história republicana”.
Ainda
Confirmado pela UnB que Dilma Rousseff será uma das convidadas para o lançamento do livro A resistência ao golpe de 2016, que acontecerá no próximo dia 30, às 18h, na Praça Chico Mendes da Universidade de Brasília.
Riquezas
Embrapa realiza importante pesquisa no cerrado brasileiro para identificar as regiões vulneráveis, aquáticas subterrâneas e as áreas contaminadas ou que correm o risco de contaminação. Com o auxílio de satélites, os dados passam a auxiliar os órgãos de fiscalização que redobrarão a atenção nesses espaços. “Consideramos dados de solo, chuvas e profundidade para mapear o possível grau de proteção da camada de solo com o lençol freático”, disse o gerente-geral da Embrapa e coordenador da pesquisa, Cláudio Spadotto, em entrevista.
História de Brasília
Outro detalhe em que fracassou o cerimonial foi na invasão do local de desembarque. O encontro do sr. João Goulart com o sr. Ranieri Mazzilli foi prejudicado pela multidão de deputados e outras autoridades que queriam cumprimentar o sr. João Goulart. (Publicado em 06/09/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Diante da perspectiva de debandada de 1,5 milhão de usuários ao fim deste ano, os planos de saúde, que outrora rendiam fortunas a muitos empresários e, de certa forma, serviam para aliviar a pressão sobre os Sistema Único de Saúde (SUS), começam a sentir pesadamente os efeitos da crise. Nos últimos anos, o número de usuários de planos apresentou leve queda.
A partir do fim de 2014, esse ritmo se acentuou fortemente e entrou em queda livre no início de 2015. Ao todo, somando-se os anos de 2015 e 2016, a previsão é de que 2,5 milhões de clientes abandonem os planos. Para esse nicho da economia que lida com um mercado de saúde, as previsões são as piores possíveis.
Para o governo — envolto em uma das maiores crises já vividas pelo país —, a notícia é ainda pior. Sem condições de oferecer atendimento de saúde, digamos, minimamente, decentes, a expectativa do governo é de que haja crescimento sem precedentes de retorno de usuários aos serviços públicos, o que aumentará a presssão e a desorganização de um setor, há muitos anos, em estado caótico.
A situação dos planos de saúde se insere em uma imensa engrenagem que age e reage em cadeia e de forma sincronizada. O fechamento de postos de trabalho — fala-se hoje em mais de 14 milhões de desempregados — tem reflexos diretos na queda dos contratos de planos.
Sem dinheiro para bancar os altos custos desses contratos — muitas vezes feito de forma coletiva pelas empresas —, resta ao trabalhador abandonar os planos privados. Por sua vez, a crise empurra os planos para o ciclo perpétuo de reajustes e correções de tabela. Quanto mais as mensalidades dos planos são reajustadas, mais gente deixa de pagar e abandona o sistema privado.
Ao lado da questão previdenciária, os problemas nas áreas de saúde e educação são os que mais afligem os brasileiros. Da montanha de problemas que se anuncia para o governo interino de Michel Temer, a questão da saúde, talvez, seja a mais premente. Aquelas famílias que ainda podem têm optado por fazer uma pequena poupança mensal para cobrir gastos de última hora com saúde. O ideal, num país desigual e com uma das maiores cargas tributárias do planeta, como o nosso, seria que os serviços de saúde e educação fossem totalmente universalizados e de boa qualidade.
Para muitos especialistas no setor, a última década nos afastou ainda mais desse ideal, a ponto de se acreditar quem, nos próximos 10 anos, serão necessários esforço e trabalho gigantescos apenas para alcançarmos o patamar razoável. A fórmula para garantir os serviços de planos de saúde particulares será imensa. São quase 50 milhões de usuários ou 25% da população brasileira. Quem sabe, com um novo governo, as agências reguladoras voltem a operar nos moldes a que foram idealizadas e apontem um caminho para mais essa crise.
A frase que não foi pronunciada:
“Nunca havia lido uma lei tão remendada quanto a Lei Orgânica do DF.”
No pé
Senador Telmário Mota é o regulador do senador Romero Jucá. A assessora jurídica, Fabiana Gadelha, não deixa escapar uma agulha fora do palheiro. Bom para o país. Se atacam, há que se defender.
Absurdo
Operadoras de celular nadam livremente no mercado brasileiro sem que ninguém as atormente. Primeiro, nenhuma loja de operadora de celular tem telefone fixo para atendimento ao público. Segundo, para mudar de plano, na Claro pelo menos, só há possibilidade de fazê-lo pelo telefone. O cliente diz o que pretende e depois a operadora liga de volta. Foi tempo suficiente para que se percebesse que essa armadilha de fidelização não leva a nada.
Fast flu
Excelente o atendimento na loja Fast do Shopping Iguatemi. Não fosse o ar-condicionado congelante com o vento direto no cliente no momento de pegar o produto. O rapaz que entrega as compras é obrigado a aturar a temperatura de um frigorífico. É desumano.
História de Brasília
A Presidência da República mostrou que está sem um chefe do cerimonial. As autoridades se deslocaram para o pátio de manobras, trinta e cinco minutos antes da chegada do avião, e ficaram olhando o céu estrelado em busca de uma luz vermelha que pudesse significar a presença de um avião. (Publicado em 6/9/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Nos momentos de crise é que aflora, com mais vigor, a capacidade de resiliência adormecida no âmago de cada ser humano. No longo aprendizado a que nossos ancestrais foram submetidos para sobreviver em meio a um planeta hostil, nenhum se compara, em eficácia, à capacidade humana ilimitada de inventar uma chance para continuar vivo.
Diante de uma situação de risco iminente, uma terceira via surgiu entre as possibilidades de enfrentar ou correr do perigo. É justamente esse caminho do meio, continuamente desenvolvido, que tem levado a raça humana a se sobressair das demais espécies, dominando o mundo, onde adversidades são submetidas aos seus desígnios.
É de tal potência a capacidade humana, para erguer e dizimar o mundo em volta, que os estudiosos falam numa influência direta do homem sobre os acontecimentos que resultaram no chamado efeito estufa, com consequências diretas nas mudanças climáticas.
É essa perturbação no gigantesco ecossistema planetário, feita pelas mãos humanas, que os cientistas hoje denominam de período antropoceno. A ação humana, introduzida nos períodos naturais da Terra, colocou diante da espécie duas alternativas: enfrentar o problema, com novos paradigmas, ou buscar nas estrelas distantes novo refúgio, novo lar.
Da máquina a vapor, inventada por James Watt, em 1784, passando pelo motor à explosão, com a queima abundante de combustíveis fósseis, muita água rolou sob a ponte do desenvolvimento e com ela foram levados milhares de espécies que simplesmente foram extintas.
Nos mares, a acidificação das águas, provocada pela poluição crescente, tem levado ao declínio acentuado do fitoplâncton (sopa da vida), bem como ao desaparecimento dos recifes de corais, que são considerados, ao lado dos manguezais, os berçários da vida marinha. Qualquer buraco escavado resulta num morro em volta. Estranhamente é no Brasil, transformado por alguma razão em pretenso celeiro da humanidade, que essas mudanças, provocadas pela ação intensiva da agricultura e da pecuária, foram elevadas ao patamar máximo.
Derrubamos nossas florestas para plantar e fornecer milho e soja para o mundo. Dizimamos nossos recursos naturais para produzir e exportar proteína animal. Nosso rebanho criado de modo extensivo adentra as florestas amazônicas. Nossas jazidas de minérios, exploradas à exaustão, deixam para trás feridas profundas e rios de lama.
Não surpreenderá se, num futuro próximo, os atuais heróis do campo forem rebaixados à condição de párias pela destruição do meio ambiente. Hoje, a tão festejada expansão da fronteira agrícola poderá ser lembrada algum dia como a expansão dos desertos. Nada garante que o agronegócio, elevado à condição de salvador da pátria, venha se sentar algum dia no banco dos réus.
O desastre de Mariana poderia se transformar num divisor de águas de um período em que a exploração intensiva e irracional dos recursos naturais deu espaço para o surgimento de uma era. É nessa encruzilhada que o caminho do meio, favorecido pelo engenho e pela arte humana, poderá buscar chances reais para o prolongamento da espécie sobre o planeta. Houve uma época, e não faz tanto tempo assim, que a consciência ecológica era tida como ficção. Esses dias ficaram para trás, soterrados pelas evidências de uma realidade que vem se impondo a olhos vistos.
A frase que não foi pronunciada
“Não haveria corrupção se os eleitores usassem a memória.”
Ulysses Guimarães, de onde estiver, lendo o Brasil.
Ainda
Com a chancela da Anatel, as empresas de telecomunicações ameaçaram introduzir a franquia na banda larga. O serviço de plano de dados contratado pelos clientes seria cortado da mesma forma que conteceu com a internet móvel.
Batalha
“A era da internet ilimitada chegou ao fim.” Por incrível que possa parecer, a declaração foi dada pelo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, e não por algum executivo. Ministério das Comunicações desautorizou a Anatel e exigiu das operadoras a manutenção dos pacotes ilimitados.
Opiniões
Vale a pena assistir à discussão sobre o assunto na página da Câmara no programa Brasil em debate. A conversa é ntre a deputada Margarida Salomão o deputado Eduardo Cury.
História de Brasília
O Hospital Distrital compareceu, novamente, com uma equipe de emergência, em várias ambulâncias, num trabalho elogiável. (Publicado em 6/9/1961)
Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Com a repetição, em curto espaço de tempo, de mais um caso rumoroso de impeachment, o que se verifica é que, de alguma forma, nossos esquemas e modelos de República, previstos na Constituição de 1988, necessitam de recall urgente. São bem conhecidas as falhas na estrutura de poder do Estado, e localizam-se, precisamente, no modelo de presidencialismo de coalizão, em que para governar é preciso ceder a vontades e apetites da base de apoio. A pergunta é: por que, até agora, não foram sanados esse e outros defeitos de fabricação? Desde 1992, com o afastamento do primeiro presidente civil, eleito pós-período militar, a vida dos brasileiros é atormentada.
Afirmar apenas, como fazem muitos, que o impeachment é processo natural previsto em lei não basta. É preciso entender que esse é um processo traumático que, de alguma forma, paralisa a vida do país, suspende a atividade econômica, com reflexos no mercado financeiro e na imagem externa da nação.
O impeachment tem consequências diretas no dia a dia das pessoas, afetando empregos, negócios, investimentos. Afastar um presidente do poder, no nosso caso, em que o Executivo se assemelha à antiga monarquia, desestabiliza o país. Naturalmente, os brasileiros tendem a emprestar aos governantes uma certa dose de cordialidade, identificando-os, de certa forma, com alguém próximo que os socorrerá na hora de aflição.
Temos em nós aquilo que o historiador Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, de 1936, definiu como homem cordial, no pior sentido do termo. À razão, preferimos o coração. Desobedientes, paternalistas, avessos à hierarquia e à disciplina, herdamos essas características da mistura do português, com o índio americano e o negro africano. Essa latinidade permeia tudo o que somos. No caso concreto, a presidente, enxotada do cargo, é vista como aquela irmã mais velha e encalhada da qual sentimos pena e queremos proteger. Levamos para o Estado nossas carências como seres humanos, acreditando na possibilidade de redenção de todos, mesmo os maus.
Os problemas com Collor e Dilma surgem quando buscamos estender à esfera do Estado os mesmos arranjos que fazemos em família. A versão difundida e aceita por parte da população (inclusive pelo filho de Sérgio) de que a presidente foi vítima injustiçada de um golpe serve como uma luva no nosso sentido de cordialidade.
Os desastres provocados com a ruína da economia e os inúmeros casos de corrupção podem ser facilmente perdoados, já que se trata de males necessários ao bem-estar dos menos favorecidos. Pensamos, agimos e votamos nesse sentido. Não é por outra razão que nossos representantes não alteram o modelo de presidencialismo de coalizão que tem nos afligido. Na verdade, eles não alteram esse modelo danoso porque, ao fim ao cabo, somos nós que não queremos que seja mudado.
A frase que não foi pronunciada
“Se a minha herança foi maldita, a herança dos governos Lula e Dilma ainda não foi nominada.”
FHC pensando, enquanto lê um jornal de 2013
Novidade solidária
Sempre com a criatividade intuitiva, a contribuição de brasileiros tem sido importante para os refugiados. Há aplicativos para os recém-chegados ao país com facilidades para localizar serviços importantes da cidade e um banco de dados de voluntários dispostos a acompanhá-los a consultas médicas. A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) apresentou alguns dos seus modelos inovadores no último dia 14, em um painel do Festival Path.
Hoje
Hoje, às 11h30, acontecerá um dos melhores shows da temporada do Clube da Bossa: Indiana Nomma e Alma Thomas. Acompanhadas pelo trompete de Moisés Alves; pela base de José Cabrera, ao piano; Johninha Madeiros, no contrabaixo; e Misael Barros na bateria. No SCS, Quadra 2, Edifício Presidente Dutra, no térreo do prédio do Sesc. Teatro Silvio Barbato. Entrada franca.
Release
O 5º Festineco celebra a arte dos bonecos nacionais e internacionais. Bonecos de cinco países, cinco estados, além do Distrito Federal, se preparam para a quinta edição da mostra competitiva que movimentará a cidade do Gama, de 24 de maio a 5 de junho. O festival é realizado pela Companhia Voar Teatro de Bonecos. Trata-se de uma grande festa que conta com a participação de artistas locais, nacionais e internacionais, com patrocínio do Fundo de Apoio a Cultura (FAC).
História de Brasília
Uma boa parte dos oficiais da Aeronáutica que comandaram o policiamento era constituída por médicos. Um pediatra ficou na entrada do caminho ao aeroporto, e um ortopedista no pátio de manobras, orientando o trabalho dos repórteres. (Publicado em 6/9/1961)