Sobra política, falta gestão

Publicado em ÍNTEGRA

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Somente no dia em que a má gestão administrativa nos serviços públicos resultar em pesadas penas criminais para os responsáveis diretos, os bilhões de reais pagos pelos contribuintes resultarão em atendimento de primeiro mundo. Enquanto esse tempo não chega, a flagrante decadência do modelo de gestão pública é exposta diariamente na imprensa e sentida na pele por todos.

Atesta, além disso, que os maus serviços prestados à população passam longe da escassez de recursos e se centram muito mais no tipo de modelo organizacional adotado, que funciona sem considerar os cidadãos que pagaram por eles.

Escolas, segurança e hospitais públicos são exemplos desse sistema falido que absorve verbas bilionárias, presta serviços sofríveis e, ainda assim, está constantemente sucateado ou com os serviços paralisados por pressões sindicais ou políticas. Nos países onde há seriedade na aplicação dos recursos do contribuinte, a regra é prestar serviços de excelência à população.

Para se ter uma ideia, com as verbas que recebem anualmente e com o número de servidores que dispõem, os hospitais e as escolas públicas do Distrito Federal deveriam apresentar padrão de atendimento similar ao de entidades como Albert Einstein, Rede Sarah, Escola Americana e outros estabelecimentos de ponta, nos quais o modelo é estruturado por uma gestão eficiente. Nelas, há prestação de contas, o que é o mínimo exigido para quem recebe verba pública. Por isso, quando se fala em mudanças de rumos e gestão, esses mesmos grupos vêm a público com discursos alarmistas e outras falácias.

O cidadão brasiliense se deu conta de que, no sistema, sobra política e falta gestão profissional decente. Infelizmente, o Distrito Federal, à semelhança da coragem dos pioneiros e do arrojo de sua arquitetura, não adotou também um sistema exemplar e revolucionário de administração pública. Falta gente de prestígio e pulso para ser respeitada fazendo valer a lei a partir de si.

Vivemos numa casa nova, com velhos hábitos. Fosse permitido ao GDF estabelecer, como ponto de partida, o teto salarial do funcionalismo local, com base no que recebe um professor universitário em fim de carreira, grande parte dos recursos com a folha salarial seriam poupados.

Nos casos frequentes de corrupção, bastaria a fixação da pena de um dia de cadeia para cada real desviado dos contribuintes. O enxugamento da gigantesca máquina pública e de sua folha salarial, que consome grande parte dos recursos, seria outra boa medida. A criação de um sistema de blindagem da máquina do Estado contra a investida de políticos seria, efetivamente, de grande valia.

Na verdade, não faltam soluções corretivas e justas. O que tem faltado é coragem para implementá-las. Nesse sentido, soa como uma boa medida a intenção do governo de adotar novo modelo de gestão do Hospital de Base de Brasília, transformando-o em instituto. O mesmo poderia ser pensado para as escolas públicas, abandonadas à própria sorte.

A frase que foi pronunciada

“Quem fala na cara não é traidor.”

Ditado italiano

Artesanato

» Marcos Linhares nos envia as informações sobre a XI Finnar, Feira Internacional de Artesanato. A novidade deste ano são os mestres santeiros do Piauí. O Iphan faz a apresentação desse grupo: “A criatividade que envolve o trabalho desses artesãos se materializa em formas com temáticas religiosas, permitindo se criar o ofício de santeiro, denominação dada pelos próprios detentores desse saber-fazer”.

Quando

» A Feira Internacional de Artesanato será no Centro de Convenções, de 14 a 23 de abril.

Bola de cristal

» Por falar em denúncias, Vitor Valim, do PMDB do Ceará, conta que a antiga Coelce, atual Enel, resolveu furtar o cidadão cearense de uma forma bastante marota. Todos os meses envia três contas para a residência dos consumidores. Do consumo do mês anterior, do mês atual e do mês seguinte. Até agora o MP do Estado não fez nada.

Novidade

» Santeiros do Piauí reivindicaram o registro da arte de esculpir em madeira como patrimônio imaterial do Piauí. O processo está em curso.

Dinheiro público

» Estelionato, peculato, falsidade ideológica, falsificação de documentos e associação criminosa são apenas alguns dos crimes anotados pelo Ministério Público e Polícia Civil sobre o registro de frequência de médicos do Hospital de Base de Brasília. Muita coisa vai mudar por ali. Novos hábitos em obediência à lei. Os outros hospitais públicos do DF podem ir consertando o que estiver errado porque também estão na mira.

Facilidades

» Denúncias de tráfico de drogas podem ser feitas pelo WhatsApp (61) 98626-1197.

História de Brasília

É quase calamidade o que está acontecendo no Hospital Distrital. Falta tudo, e a falha maior é da direção que não se impõe. Os doentes que ocupam apartamentos, que pagam caro, que deviam ter melhor tratamento são obrigados a levar lençóis de casa para seu próprio uso durante o tempo em que estiverem no Hospital. (Publicado em 23/9/1961)

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